Antes que vocês morram de infarto
A cobertura dos jornais brasileiros sobre o lançamento de um foguete da Coréia do Norte meramente repete propaganda dos Estados Unidos, sem oferecer qualquer contexto. Nem o New York Times se mostra tão escandalizado.
Os Estados Unidos dispõe hoje de 450 mísseis balísticos intercontinentais com 500 ogivas nucleares. A Rússia dispõe de 415, com 1.422 ogivas "a bordo". Outros 30 países do mundo contam com mísseis balísticos em seus arsenais, com alcances de 120 a 10 mil quilômetros, de produção doméstica ou comprados das grandes potências.
Quando se diz que a Coréia do Norte poderia alcançar com seu míssil o território dos Estados Unidos, estão falando "em tese". Muito pouco se sabe sobre a confiabilidade do sistema que dá direção ao foguete. Quando se diz que o país poderia colocar uma arma nuclear no foguete, é mentira. Não há nenhum indício de que a Coréia do Norte tenha desenvolvido a capacidade de transformar um artefato nuclear rústico em uma ogiva suficientemente sofisticada para ser colocada na ponta de um foguete.
Além de vender jornal, essa "imagem" presume que os norte-coreanos seriam suficientemente malucos para atacar os Estados Unidos com um único foguete, recebendo de volta uma chuva de bombas nucleares. Por causa da crise econômica, o Pentágono corre o risco de ter parte de seu orçamento cortado pelo governo Obama. Por isso, criar novas "ameaças externas" é fundamental. Especialmente quando se debate se é mesmo necessário construir o sistema anti-mísseis que foi apelidado de "guerra nas estrelas" e que renderia polpudas verbas aos construtores de armas norte-americanos.
Não desfazendo da paranóia do patético regime da Coréia do Norte, é curioso ver que a Folha de S. Paulo, por exemplo, soa o alarme dos neocons como nem mesmo a mídia dos Estados Unidos vem fazendo. São as "armas de destruição em massa" de volta.
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