sexta-feira, 10 de julho de 2009

O fabuloso destino de Tom Harrell


Ele é considerado por muitos um gênio em termos musicais. Possui uma habilidade de compor ao vivo solos em escalas e notas nunca antes ensaiadas com numa velocidade fora do comum. Ele é Tom Harrell, trompestista norte americano nascido Illinois. No seu currículo musical tocou com Dizzy Gillespie, Lionel Hampton, Horacer Silver, Bill Evans entre outros. A sua maestria em soprar o trompete e o seu status de band leader são atributos reconhecidos, mas é a doença de Tom que o particulariza no universo jazz.

Tom Harrell sofre de esquizofrenia paranóica há mais de 20 anos. A maneira como a doença se manifesta é psicológica, um distúrbio mental que o faz ter medo e fobia de pessoas e vozes e isto explica a sua performance em palco. Quem não o conhece e o ver tocar pela primeira vez no mínimo acha estranho aquele homem de mais de meia idade a tocar de maneira autista e isolada. Sua performance chega ser teatral: Enquanto os outros musicos interagem ele se isola no palco, fica imóvel. Quando chega a sua vez de solar se aproxima do microfone e o faz, no final se isola outra vez. Harrell não se comunica verbalmente com os músicos da seu banda, a comunicação é musical. Harrell tem medo de ouvir vozes e entrar em paranoia, tem medo de que os outros não queiram mais ouvir tocá-lo e por esta razão as vezes nem passa muito tempo em palco.

No palco existem riscos de Harrell manifestar algum surto ( mas não é sempre) o que consequentemente o faz imobilizar. Foi o que aconteceu na sua última perfomance em Itália no festival de jazz de Vicenza. Harrell dividiu o palco com o pianista italiano Dado Moroni, em concerto espetacular onde o diálogo entre os dois fruiu muito bem, mas, os aplausos do público por alguns momento fez Harrell ficar imóvel, sem reações aparente.

Apesar dessa particularidade, Tom Harrell é um músico de jazz por excelência. Começou a tocar aos oito anos de idade inspirado por Dizzy Gillespie. Harrell divide a sua vida entre a música e os medicamentos que toma para controlar esse distúrbio. É bastante filosofico ao refletir a sua arte: "I like to think of my music as a play of colors over a rhythm” he has said: “it’s like inviting the listeners to visit an art gallery to view an exhibition of various paintings. We express our feelings through timbres and colors within our world of sense, so as to then transcend them and enter the spiritual dimension”.

Assim como qualquer outro músico respeitado de jazz, Harrell é bastante ativo com uma agenda cheia de shows pelos Estados Unidos e Europa. A sua doença não parece ser um obstáculo, mas o jazz é a sua cura e a música o seu fabuloso destino.


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