quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A cara de pau dos ruralistas


Do blog animot

Digamos que um proprietário de terras rurais tenha 20 mil hectares, mas produza o mesmo que se produziria em 2 mil hectares. Levando em conta as práticas agrárias atuais e a tecnologia, esse proprietário está mantendo 18 mil hectares ociosos. Quem ganha com isso? Talvez ele, como especulador de terras. Quem perde com isso? Vários:
  • os agricultores que querem trabalhar e produzir, pois as terras encarecem pela menor oferta
  • os famintos, pois menos alimentos produzidos é alimentos mais caros
  • o país, pois exporta menos
Assim, é fácil ver o que ocorre se é exigido que a terra seja devidamente utilizada: mais emprego, mais produção, mais divisas e menos fome. Levando isso em conta, é pura cara de pau os ruralistas fazerem tanto barulho contra a atualição dos índices de produtividade agrária.

E, por mais estranho que pareça, temos que reconhecer que, no fundo, Elton Brum da Silva foi morto por defender as bases do capitalismo contra o feudalismo. Aliás, o quanto a reforma agrária é importante para o desenvolvimento do capitalismo é muito bem explicado no livro O Mistério do Capital. Nesse livro, Soto mostra que, na história da Américas, a diferença fundamental entre os ricos países da América do Norte e os pobres países da América Latina está, fundamentalmente, na facilidade com que terras são negociadas nos primeiros, mas se mantém estagnadas nas mãos de uns poucos nos segundos. Se nossas leis fundiárias fossem mais modernas, muitos bilhões de dólares entrariam na nossa economia, sem precisarmos de empréstimo externo algum. A atualização dos índices de produtividade agrária vai nessa direção.

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