A anunciada queda do dólar
por Mike Whitney
[*]
Robert Fisk disparou o detonador com o seu super-debatido
artigo publicado terça-feira 6 no Independent
britânico, o qual difundiu-se do dia para a noite por todos os cantos
da Internet e disparou o preço do ouro para US$1.026 por
onça. Agora todo sítio web do juízo final no
ciberespaço põe em manchete a "história chocante"
de Fisk e os blogs estão atulhados com comentários
frenéticos daqueles que querem sobreviver abrigando-se em bunkers e de
compradores ansiosos por ouro certos de que o mundo tal como o conhecemos
está prestes a acabar.
Do artigo de Fisk:
Do artigo de Fisk:
"Na mais profunda alteração financeira da história recente do Médio Oriente, árabes do Golfo estão a planear – juntamente com a China, a Rússia, o Japão e a França – acabar com negócios de petróleo em troca de dólar, comutando para um cabaz de divisas incluindo o yen japonês, o yuan chinês, o euro, ouro e uma nova divisa unificada planeada para países do Conselho de Cooperação do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, o Abu Dhabi, o Kuwait e o Qatar.
"Já foram efectuadas reuniões secretas de ministros das Finanças e governadores de banco central na Rússia, China, Japão e Brasil para tratarem do esquema, o qual significará que o petróleo não será mais apreçado em dólares.
"Os americanos, que estão conscientes das reuniões efectuadas – embora não tenham descoberto os pormenores – estão decididos a combater esta cabala internacional o que incluirá aliados até agora leais como o Japão e os árabes do Golfo. Contra o pano de fundo destas reuniões, Sun Bigan, o ex-enviado especial da China para o Médio Oriente, advertiu que há um risco de aprofundar divisões entre a China e os EUA acerca de influência e de petróleo no Médio Oriente. "Querelas bilaterais e choques são inevitáveis", disse ele à Asia and Africa Review. "Não podemos reduzir a vigilância contra a hostilidade no Médio Oriente sobre interesses energéticos e de segurança".
"Cabala internacional?" Por favor, Fisk, você se excedeu.
Os relatos sobre a morte do dólar são grandemente exagerados. O dólar pode cair, mas não entrará em crash. E, no curto prazo, está destinado a fortalecer-se quando o mercado de acções reentrar no campo gravitacional da terra após uma cavalgada de seis meses ano espaço exterior. O relacionamento entre acções em queda um dólar mais forte está bem estabelecido e, quando o mercado se corrige, o dólar saltará mais uma vez. Pode apostar nisso. Então porque todas estas asneiras acerca de homens no Médio Oriente reunidos em "reuniões secretas" a cofiarem as suas barbas enquanto conspiram contra o império?
Não é isto a essência do artigo de Fisk?
Sim, o dólar cairá (finalmente), mas não pela razões que a maior parte das pessoas pensa. É verdade que o salto em despesas deficitárias tem preocupado os possuidores estrangeiros de dólares. Mas eles estão mais preocupados acerca do programa de facilidade quantitativa (quantitative easing, QE) do Fed o qual aumenta a oferta monetária com a compra de títulos apoiados por hipotecas e Títulos do Tesouro (Treasuries). Bernanke está simplesmente a imprimir dinheiro e a despejá-lo no sistema financeiro para impedir o início do rigor mortis. Naturalmente, o Fed têve de quantificar exactamente quanto dinheiro pretende "criar a partir do nada" para aplacar os seus credores. E fez isso. (O programa está programado para finalizar no princípio de 2010). Dito isto, a China e o Japão ainda estão a comprar US Treasuries, o que indica que ainda não "saltaram do navio".
A razão real porque o dólar perderá o seu papel como divisa de reserva do mundo é que os mercados dos EUA, os quais até recentemente proporcionavam até 25 por cento da procura global, estão em declínio agudo. Países dependentes de exportações – como o Japão, China, Alemanha, Coreia do Sul – já viram o desastre inevitável. Os consumidores dos EUA estão enterrados sob uma montanha de dívida, o que significa que a sua profusão de gastos não será retomada tão cedo. No topo disto, o desemprego está em ascensão, a riqueza pessoal está em queda, as poupanças estão a subir e o viés anti-trabalho de Washington assegura que os salários continuarão estagnados no futuro previsível. Portanto, a classe média americana não continuará mais a ser a força condutora por trás do consumo/procura global como antes da crise. Uma vez que os consumidores são menos capazes de comprar novos Toyota Prius ou encherem-se no Walmart com as mais recentes tralhas fabricadas na China, haverá menos incentivo para governos e bancos centrais estrangeiros acumularem as notas verdes ou comerciarem exclusivamente em dólares.
Aqui está um recorte do Globe and Mail citado no Washington's Blog:
Os relatos sobre a morte do dólar são grandemente exagerados. O dólar pode cair, mas não entrará em crash. E, no curto prazo, está destinado a fortalecer-se quando o mercado de acções reentrar no campo gravitacional da terra após uma cavalgada de seis meses ano espaço exterior. O relacionamento entre acções em queda um dólar mais forte está bem estabelecido e, quando o mercado se corrige, o dólar saltará mais uma vez. Pode apostar nisso. Então porque todas estas asneiras acerca de homens no Médio Oriente reunidos em "reuniões secretas" a cofiarem as suas barbas enquanto conspiram contra o império?
Não é isto a essência do artigo de Fisk?
Sim, o dólar cairá (finalmente), mas não pela razões que a maior parte das pessoas pensa. É verdade que o salto em despesas deficitárias tem preocupado os possuidores estrangeiros de dólares. Mas eles estão mais preocupados acerca do programa de facilidade quantitativa (quantitative easing, QE) do Fed o qual aumenta a oferta monetária com a compra de títulos apoiados por hipotecas e Títulos do Tesouro (Treasuries). Bernanke está simplesmente a imprimir dinheiro e a despejá-lo no sistema financeiro para impedir o início do rigor mortis. Naturalmente, o Fed têve de quantificar exactamente quanto dinheiro pretende "criar a partir do nada" para aplacar os seus credores. E fez isso. (O programa está programado para finalizar no princípio de 2010). Dito isto, a China e o Japão ainda estão a comprar US Treasuries, o que indica que ainda não "saltaram do navio".
A razão real porque o dólar perderá o seu papel como divisa de reserva do mundo é que os mercados dos EUA, os quais até recentemente proporcionavam até 25 por cento da procura global, estão em declínio agudo. Países dependentes de exportações – como o Japão, China, Alemanha, Coreia do Sul – já viram o desastre inevitável. Os consumidores dos EUA estão enterrados sob uma montanha de dívida, o que significa que a sua profusão de gastos não será retomada tão cedo. No topo disto, o desemprego está em ascensão, a riqueza pessoal está em queda, as poupanças estão a subir e o viés anti-trabalho de Washington assegura que os salários continuarão estagnados no futuro previsível. Portanto, a classe média americana não continuará mais a ser a força condutora por trás do consumo/procura global como antes da crise. Uma vez que os consumidores são menos capazes de comprar novos Toyota Prius ou encherem-se no Walmart com as mais recentes tralhas fabricadas na China, haverá menos incentivo para governos e bancos centrais estrangeiros acumularem as notas verdes ou comerciarem exclusivamente em dólares.
Aqui está um recorte do Globe and Mail citado no Washington's Blog:
"Um relatório do Deptº de Investigação de Investimentos do UBS diz que apesar de ser errado cancelar o dólar como divisa de reserva global, o seu punho de ferro em tal posição durante quase 90 anos está a relaxar. 'A utilização do US dólar como uma divisa de reserva internacional está em declínio", afirmou o economista da UBS Paul Donovan.
"A fatia de mercado do dólar em transacções internacionais é provável que declina ao longo dos próximos meses e anos, mas provavelmente só persistentes erros políticos – ou considerável tensão fiscal – provocará a perda completa do estatuto de divisa de reserva.
"O relatório do UBS sustenta que o deslizamento gradual do US dólar está a ser conduzido não pelos bancos centrais do mundo, mas pelo sector privado, pois companhias individuais abandonam cada vez mais a nota verde como a sua divisa internacional preferida.
"A utilização de reservas do sector privado é mais importante do que as reservas oficiais dos bancos centrais – qualquer coisa como até 20 vezes a importância, dependendo da interpretação", afirmou o sr. Donovan. "Há evidência de que o movimento de afastamento do dólar como divisa de reserva do sector privado tem estado a acelerar-se desde 2000".
Quando a indústria privada se desvia para longe do dólar, os
governos, investidores e bancos centrais seguem-na. A suave tirania da
dominância do dólar desgastar-se-á e a paridade entre
divisas e governos crescerá. Isto criará melhores oportunidades
para consensos sobre questões de interesse mútuo. Um só
país não será mais capaz de ditar a política
internacional.
A chamada "hegemonia do dólar" aumentou grandemente o brutal desequilíbrio de poder no mundo de hoje. Ela colocou a tomada de decisão global nas mãos de um punhado de senhores da guerra em Washington cuja visão estreita nunca se estendeu para além dos interesses materiais deles próprios e dos seus clientes. Quando o dólar enfraquece e a procura do consumidor declina, os Estados Unidos serão forçados a restringir as suas guerras e a ajustar o seu comportamento para conformar-se aos padrões internacionais. Ou isso ou ser banido da paisagem política.
Então, qual é exactamente o aspecto negativo?
O status de super-potência repousa sobre o frágil fundamento do dólar e este começa a estalar. Fisk está certo neste nível, grandes mudanças estão a caminho. Apenas não ainda.
A chamada "hegemonia do dólar" aumentou grandemente o brutal desequilíbrio de poder no mundo de hoje. Ela colocou a tomada de decisão global nas mãos de um punhado de senhores da guerra em Washington cuja visão estreita nunca se estendeu para além dos interesses materiais deles próprios e dos seus clientes. Quando o dólar enfraquece e a procura do consumidor declina, os Estados Unidos serão forçados a restringir as suas guerras e a ajustar o seu comportamento para conformar-se aos padrões internacionais. Ou isso ou ser banido da paisagem política.
Então, qual é exactamente o aspecto negativo?
O status de super-potência repousa sobre o frágil fundamento do dólar e este começa a estalar. Fisk está certo neste nível, grandes mudanças estão a caminho. Apenas não ainda.
O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney10062009.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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