Morena Marina...
Gilvan Rocha - Correio da Cidadania
É saudável termos na disputa eleitoral uma figura do quilate de Marina
Silva. Pessoa de luta, leal e convicta. Se bem que já se tenha dito ser
a convicção mais grave do que a mentira, pois uma convicção pode
representar uma intransigência no erro. Adolf Hitler e Mussolini
tinham, sim, as suas convicções e por elas deram as suas próprias
vidas.
As qualidades de Marina são insuficientes para a tarefa histórica que
se faz necessária. Para ela, o problema reduz-se à ecologia. E vai mais
longe com seu equívoco de imaginar e praticar uma política fundada em
especialistas. Ora, o nosso problema crucial é salvar o universo da
catástrofe para que o capitalismo nos arrasta e isso não será obra
apenas de experts, trata-se de uma obra social. O socialismo e o
ambientalismo exigem, como tudo, o conhecimento, mas sobretudo a sua
democratização.
Quando Plínio de Arruda Sampaio, nosso provável candidato à presidência
da República (caso prevaleça a lucidez política), considerou que Marina
era apenas uma ecocapitalista ele o fez com justeza.
É preciso dizer que não somos ameaçados apenas pelo aquecimento global,
essa é uma questão. Centenas de outras questões colocam-se como
responsáveis pela ameaça à sobrevivência da humanidade. É que os
trovões, os furacões, os tsunamis são mais agressivos e tocam mais
fortemente os nossos olhos e ouvidos. Mas não está aí o centro da
questão.
Houve uma redução política. Passou-se a considerar a direita tão
somente àqueles que defendem o Estado mínimo, o livre mercado. Enquanto
isso, os partidos dos grupos e movimentos de esquerda passaram a ser
definidos como defensores do "Estado máximo", atropelando o conceito
socialista de que Estado é um instrumento de dominação de uma classe
sobre outra.
Não falam mais em classes sociais. Segundo eles, isso é coisa do
passado, o Estado seria apenas o árbitro das questões sociais ou,
sobretudo, o promotor da justiça e do bem estar social. Ora, quem assim
pensa, por desinformação ou má-fé, não pode ser considerado de
esquerda. E nós queremos candidatos realmente socialistas nas próximas
eleições.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
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