A imprensa, Yeda e Lula no Pampa
Paulo Cezar da Rosa
Muita
gente acredita na recuperação de Yeda Crusius, na possibilidade dela
vir até a reelege-se em 2010. Crê que vencidos os inquéritos, os
processos administrativos, judiciais e políticos, como o impeachment e
a CPI ainda em curso na Assembleia, a governadora renascerá das cinzas
numa campanha eleitoral restauradora de sua imagem e sua política. O
trabalho que está sendo feito nos últimos 60 dias para Yeda reforça
essa tese. No lugar da governadora geradora de conflitos, uma Yeda "paz
e amor" passou a ser apresentada em todos os meios de comunicação em
fotos e manchetes.
Até ano passado a possibilidade de recuperação era real. Um conjunto de elementos indicava que Yeda poderia afirmar seu governo e, um pouco como Lula no pós-mensalão, dar a volta por cima. Agora, não existe mais gerenciamento de imagem que resolva seus problemas. Os que acreditam poder recompor sua viabilidade eleitoral em geral subestimam a inteligência do eleitor. Acham que o marketing e mídia podem tudo.
Os motivos que levaram Lula às alturas na avaliação do cidadão brasileiro são os mesmos que colocam Yeda entre os piores governos da história do Rio Grande. O presidente Lula chegou aos 80% de aprovação por causa da sua política e navegando na contra-mão do PIG. Já Yeda fez o inverso. Com uma proteção permanente do PIG, a governadora hoje tem cerca de 80% de desaprovação. Ou seja, assim como o PIG não derrotou Lula, o PIG não será capaz de reerguer Yeda em 2010.
Políticas inversas
A saga de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul repete, em grande medida, a de seus antecessores. Jair Soares, Alceu Colares, Antonio Britto, Olívio Dutra, Germano Rigotto foram governadores que buscaram acertar e acabaram recusados pelo eleitor. Mas Yeda tem uma particularidade: ela sempre dependeu da força das suas ideias e pôde desprezar, em sua trajetória, partidos, forças sociais e soluções de compromisso. Até chegar, quase por acaso, ao cargo que ocupa hoje.
Tudo o que se pensar sobre Lula e suas políticas, deve-se colocar um sinal de negativo para compreender Yeda. Enquanto Lula agrega, Yeda confronta. Enquanto Lula conversa, Yeda briga. Enquanto o Brasil segue em frente, O Rio Grande vai para trás.
Yeda faz um governo que teve a ousadia de instalar uma representação em Brasília chamando-a de "embaixada", como se o Brasil fosse um outro país. No governo gaúcho, confrontada com uma posição em que, obrigatoriamente, é preciso "fazer política", Yeda revelou-se incapaz. Sua gestão é uma sucessão de confrontos e feitos inúteis ou negativos, a maior parte deles com os próprios aliados. Incluem-se nesta lista o vice-governador, Paulo Feijó, do DEM; o assessor morto em Brasília, que chegou a ser nomeado "embaixador" da "representação gaúcha"; o "companheiro" Lair Ferst, que teria feito uma delação premiada; o ex-secretário da Segurança Pública, Otávio Germano (PP), que teria a ver com a corrupção no Detran.... A lista é longa e deve frequentar as atas de julgamentos e condenações judiciais nos próximos anos. Diante de tudo isso, Yeda mostrou-se inconfiável ao eleitor. Ela havia prometido "um novo jeito de governar". O mínimo que deveria ter cumprido seria encarar de um modo diferente a corrupção. Mas, não. Yeda acabou decorando o quarto do neto em sua casa particular com dinheiro público. Comprou puffs e assoalhos emborrachados. E não existe PIG no planeta que consiga justificar isso. Nem vai resolver o PSDB intervir no estado gaúcho, nomeando uma agência paulista para cuidar da imagem de Yeda.
O papel do PIG gaúcho
Já manifestei aqui meu distanciamento crítico quanto ao termo PIG. Esqueçam! Vocês, leitores, me convenceram de que é preciso trabalhar com o conceito. Mas vamos ao que interessa: O PIG gaúcho fez tudo o que podia e não podia por Yeda Crusius. Se alguma coisa vale a minha palavra, eu testemunho: nunca um governante teve tamanha boa vontade da mídia quanto Yeda Crusius. Nem mesmo Antônio Britto foi tão defendido. Yeda teve tudo, tudo, tudo. E ainda está tendo. E, em que pese o peso e importância da mídia na formação da opinião das pessoas, todo o apoio que foi dado à governadora não conseguiu forjar uma imagem positiva de seu governo.
Ao mesmo tempo, o PIG gaúcho vem martelando contra Lula noite e dia nos últimos anos mas também não consegue imprimir uma imagem negativa ao presidente. Ao contrário, hoje Lula tem no RS praticamente os mesmos índices que possui no país. Ou seja, o papel do PIG gaúcho, cada vez mais, é enrolar peixe no dia seguinte.
Até ano passado a possibilidade de recuperação era real. Um conjunto de elementos indicava que Yeda poderia afirmar seu governo e, um pouco como Lula no pós-mensalão, dar a volta por cima. Agora, não existe mais gerenciamento de imagem que resolva seus problemas. Os que acreditam poder recompor sua viabilidade eleitoral em geral subestimam a inteligência do eleitor. Acham que o marketing e mídia podem tudo.
Os motivos que levaram Lula às alturas na avaliação do cidadão brasileiro são os mesmos que colocam Yeda entre os piores governos da história do Rio Grande. O presidente Lula chegou aos 80% de aprovação por causa da sua política e navegando na contra-mão do PIG. Já Yeda fez o inverso. Com uma proteção permanente do PIG, a governadora hoje tem cerca de 80% de desaprovação. Ou seja, assim como o PIG não derrotou Lula, o PIG não será capaz de reerguer Yeda em 2010.
Políticas inversas
A saga de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul repete, em grande medida, a de seus antecessores. Jair Soares, Alceu Colares, Antonio Britto, Olívio Dutra, Germano Rigotto foram governadores que buscaram acertar e acabaram recusados pelo eleitor. Mas Yeda tem uma particularidade: ela sempre dependeu da força das suas ideias e pôde desprezar, em sua trajetória, partidos, forças sociais e soluções de compromisso. Até chegar, quase por acaso, ao cargo que ocupa hoje.
Tudo o que se pensar sobre Lula e suas políticas, deve-se colocar um sinal de negativo para compreender Yeda. Enquanto Lula agrega, Yeda confronta. Enquanto Lula conversa, Yeda briga. Enquanto o Brasil segue em frente, O Rio Grande vai para trás.
Yeda faz um governo que teve a ousadia de instalar uma representação em Brasília chamando-a de "embaixada", como se o Brasil fosse um outro país. No governo gaúcho, confrontada com uma posição em que, obrigatoriamente, é preciso "fazer política", Yeda revelou-se incapaz. Sua gestão é uma sucessão de confrontos e feitos inúteis ou negativos, a maior parte deles com os próprios aliados. Incluem-se nesta lista o vice-governador, Paulo Feijó, do DEM; o assessor morto em Brasília, que chegou a ser nomeado "embaixador" da "representação gaúcha"; o "companheiro" Lair Ferst, que teria feito uma delação premiada; o ex-secretário da Segurança Pública, Otávio Germano (PP), que teria a ver com a corrupção no Detran.... A lista é longa e deve frequentar as atas de julgamentos e condenações judiciais nos próximos anos. Diante de tudo isso, Yeda mostrou-se inconfiável ao eleitor. Ela havia prometido "um novo jeito de governar". O mínimo que deveria ter cumprido seria encarar de um modo diferente a corrupção. Mas, não. Yeda acabou decorando o quarto do neto em sua casa particular com dinheiro público. Comprou puffs e assoalhos emborrachados. E não existe PIG no planeta que consiga justificar isso. Nem vai resolver o PSDB intervir no estado gaúcho, nomeando uma agência paulista para cuidar da imagem de Yeda.
O papel do PIG gaúcho
Já manifestei aqui meu distanciamento crítico quanto ao termo PIG. Esqueçam! Vocês, leitores, me convenceram de que é preciso trabalhar com o conceito. Mas vamos ao que interessa: O PIG gaúcho fez tudo o que podia e não podia por Yeda Crusius. Se alguma coisa vale a minha palavra, eu testemunho: nunca um governante teve tamanha boa vontade da mídia quanto Yeda Crusius. Nem mesmo Antônio Britto foi tão defendido. Yeda teve tudo, tudo, tudo. E ainda está tendo. E, em que pese o peso e importância da mídia na formação da opinião das pessoas, todo o apoio que foi dado à governadora não conseguiu forjar uma imagem positiva de seu governo.
Ao mesmo tempo, o PIG gaúcho vem martelando contra Lula noite e dia nos últimos anos mas também não consegue imprimir uma imagem negativa ao presidente. Ao contrário, hoje Lula tem no RS praticamente os mesmos índices que possui no país. Ou seja, o papel do PIG gaúcho, cada vez mais, é enrolar peixe no dia seguinte.
Paulo Cezar da Rosa
Direto de Porto Alegre para Carta Capital
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