Como
esta criança, 30 mil pessoas tiveram lesões e intoxicações provocadas
pela lama tóxica gerada na limpeza do navio do Probo Koala
Brizola Neto em seu blog Tijolaco
Uma notícia que não saiu, que eu visse, em qualquer jornal brasileiro, é importantíssima. A Justiça da Holanda condenou a multinacional Trafigura -
que opera na comercialização de petróleo e derivados – em 1 milhão de
Euros por ter ocultado a natureza tóxica de uma carga de gasolina com
alto teor de enxofre, transportada no navio Probo Koala e
tê-la exportado para Abdijan, na Costa do Marfim, sem antes saber se
haveria condição de tratar lá este lixo tóxico. A multa é menos
importante pelo seu valor em dinheiro – a Trafigura teve um lucro 340
vezes maior, ano passado – do que pelo caminho que abre para que a
empresa responda em diversas cortes pela intoxicação que seu produto
causou em milhares de marfinenses, levando 16 deles à morte, em 2006.
No ano seguinte, a empresa teria feito um acordo com o governo da
Costa do Marfim para evitar processos e iniciou uma ofensiva contra os
meios de comunicação para abafar o escândalo.
A Trafigura entrou com uma ação judicial para proibir o jornal britânico The Guardian de publicar um documento – conhecido como Relatório Milton – no qual especialistas atribuíam os problemas em Abidjan aos resíduos do Probo Koala. O jornal foi proibido de mencionar não só o relatório, como o próprio recurso judicial da Trafigura. Mas os detalhes do Relatório Milton,
e o próprio documento, rapidamente começaram a circular na Internet. A
ação foi movida também contra a BBC, que teve censurada, no final do
ano passado, uma peça jornalística anterior, com o título “Dirty tricks
and toxic waste in the Ivory Coast” (“Jogos sujos e lixo tóxico na
Costa do Marfim”). A estatal, porém, não parou de noticiar o caso.
A nossa imprensa, que diz estar tendo sua liberdade “ameaçada” –
ninguém sabe como nem porque – não se interessou em noticiar nem o caso,
nem a tentativa de abafá-lo na imprensa.
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