É possível conseguir uma geração livre da aids se a comunidade internacional intensificar esforços a fim de providenciar acesso universal a prevenção, tratamento do HIV, bem como proteção social, afirma o relatório da ONU Children and AIDS: Fifth Stocktaking Report 2010, lançado hoje em Nova Iorque.
Por Roshan Khadivi e Genine Babakian
É possível conseguir uma geração livre da aids se a
comunidade internacional intensificar esforços a fim de providenciar
acesso universal a prevenção, tratamento do HIV, bem como proteção
social, afirma o relatório da ONU Children and AIDS: Fifth Stocktaking
Report 2010, lançado hoje em Nova Iorque.
Atingir esse objetivo depende, no entanto, da capacidade de chegar aos membros da sociedade mais marginalizados. Embora, de um modo geral, as crianças tenham se beneficiado significativamente dos progressos alcançados nas respostas à Aids, há milhões de crianças e mulheres que têm ficado à margem devido a desigualdades enraizadas em relação a gênero, condição econômica, localização geográfica, nível educacional e status social. Derrubar essas barreiras é, pois, crucial para o acesso universal, para todas as mulheres e crianças, ao conhecimento, a cuidados e à proteção, bem como à prevenção da transmissão da mãe para o filho – a chamada transmissão vertical. “Para se conseguir uma geração livre de HIV, é necessário fazer mais a fim de chegar às comunidades mais atingidas. Todos os dias, cerca de 1.000 bebês são infectados com o HIV na África ao sul do Saara pela transmissão vertical”, declarou Anthony Lake, Diretor Executivo do UNICEF. “O nosso quinto relatório-balanço sobre as crianças e a aids destaca intervenções inovadoras como o Pacote Mãe-Bebê, que pode proporcionar tratamento antirretroviral decisivo a mais mães e bebês do que nunca antes”, disse Lake.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reviu as suas linhas orientadoras no início deste ano, a fim de assegurar serviços de qualidade para a prevenção da transmissão vertical para mulheres grávidas que vivem com o HIV e os seus bebês. No ano de 2009, em países de baixo e médio rendimento, 53% das mulheres grávidas que vivem com HIV receberam antirretrovirais (ARV) para prevenir a transmissão da mãe para o filho, porcentagem que, em 2008, foi de 45%. Um dos aumentos mais significativos ocorreu na África Oriental e Meridional, onde a proporção aumentou dez pontos percentuais, passando de 58%, em 2008, para 68%, em 2009. “Temos provas substanciais de que a eliminação da transmissão vertical é viável”, afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “Mas a concretização desse objetivo vai requerer, em primeiro lugar, muito melhor prevenção entre mulheres e mães”.
Globalmente, a Aids ainda é uma das principais causas de mortalidade entre mulheres em idade reprodutiva e uma importante causa de mortalidade materna em países onde a epidemia é generalizada. Na África ao sul do Saara, 9% da mortalidade materna é atribuível ao HIV e à Aids. “Anualmente, cerca de 370 mil crianças nascem com o HIV. Cada uma dessas infecções é evitável”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Temos de impedir a morte das mães e evitar a infecção dos bebês com o HIV. Essa é a razão pela qual tenho apelado à eliminação praticamente total da transmissão do vírus da mãe para o filho até 2015”.
A OMS também divulgou novas linhas de orientação sobre ARV para o tratamento de bebês e crianças, abrindo o caminho para que muito mais crianças com HIV sejam alcançadas de imediato pelo tratamento antirretroviral. Em países de baixa e média renda, o número de crianças menores de 15 anos que receberam tratamento subiu de 275.300, em 2008, para 356.400, em 2009. Esse aumento significa que 28% dos 1,27 milhão de crianças que, estima-se, precisam de tratamento antirretroviral recebem-no. Os bebês são particularmente vulneráveis aos efeitos do HIV, o que conferiu um caráter de urgência à campanha global em relação ao diagnóstico precoce em bebês. Embora a disponibilidade de serviços de diagnóstico prematuro tenha aumentado significativamente em muitos países, a cobertura global continua baixa, mantendo-se em apenas 6% em 2009. Sem tratamento, cerca de metade dos bebês infectados com HIV morre antes do seu segundo aniversário.
Em quase todo o mundo, o número de novas infecções com HIV está decrescendo de forma consistente ou se estabilizando. Em 2001, estimava-se que 5,7 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos viviam com HIV. No final de 2009, esse número caiu para 5 milhões. No entanto, em nove países – todos no sul da África –, pelo menos um em cada 20 jovens vive com HIV. As mulheres jovens ainda carregam o maior fardo da infecção, e, em muitos países, as mulheres enfrentam maior risco de infecção antes dos 25 anos. Globalmente, mais de 60% de todos os jovens que vivem com HIV são mulheres. Na África ao sul do Saara, essa porcentagem é próxima dos 70%. “Precisamos tomar medidas contra as desigualdades de gênero, incluindo as que colocam as mulheres e crianças num risco desproporcionado perante o HIV e a outras consequências adversas da saúde sexual e reprodutiva” declarou Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO. “Apesar de nos sentirmos encorajados por um declínio da incidência do HIV nos jovens superior a 25% em 15 países-chave da África ao sul do Saara entre 2001 e 2009, devemos fazer todo o possível para manter e aumentar essas tendências positivas a fim de concretizar o objetivo de acesso universal à prevenção, ao tratamento, a cuidados e ao apoio”.
Os adolescentes continuam a ser infectados com HIV porque não têm nem conhecimentos nem acesso a serviços para se proteger. Atingir uma geração livre da Aids significa apagar as desigualdades que alimentam a epidemia e proteger aqueles que continuam à margem. Iniciativas de proteção social – incluindo transferências em dinheiro e esforços para promover acesso a serviços – desempenham um papel importante para quebrar o ciclo da vulnerabilidade. O relatório enfatiza ainda a importância da adaptação de programas educativos destinados aos jovens mais vulneráveis – os que estão fora da escola – com informação sobre prevenção do HIV. “Devemos aumentar o investimento na educação e saúde de jovens, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, para prevenir a infecção pelo HIV e melhorar a proteção social”, disse Thoraya Ahmed Obaid, Diretora Executiva do UNFPA. “Chegar aos jovens marginalizados, incluindo às adolescentes vulneráveis e os que não estão na escola, deve continuar a ser uma prioridade”. O relatório está disponível no site global do UNICEF, somente em inglês.
Fonte ENVOLVERDE: http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=84181&edt=1
Foto: http://www.flickr.com/photos/nygus/2783391591/sizes/z/
Atingir esse objetivo depende, no entanto, da capacidade de chegar aos membros da sociedade mais marginalizados. Embora, de um modo geral, as crianças tenham se beneficiado significativamente dos progressos alcançados nas respostas à Aids, há milhões de crianças e mulheres que têm ficado à margem devido a desigualdades enraizadas em relação a gênero, condição econômica, localização geográfica, nível educacional e status social. Derrubar essas barreiras é, pois, crucial para o acesso universal, para todas as mulheres e crianças, ao conhecimento, a cuidados e à proteção, bem como à prevenção da transmissão da mãe para o filho – a chamada transmissão vertical. “Para se conseguir uma geração livre de HIV, é necessário fazer mais a fim de chegar às comunidades mais atingidas. Todos os dias, cerca de 1.000 bebês são infectados com o HIV na África ao sul do Saara pela transmissão vertical”, declarou Anthony Lake, Diretor Executivo do UNICEF. “O nosso quinto relatório-balanço sobre as crianças e a aids destaca intervenções inovadoras como o Pacote Mãe-Bebê, que pode proporcionar tratamento antirretroviral decisivo a mais mães e bebês do que nunca antes”, disse Lake.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reviu as suas linhas orientadoras no início deste ano, a fim de assegurar serviços de qualidade para a prevenção da transmissão vertical para mulheres grávidas que vivem com o HIV e os seus bebês. No ano de 2009, em países de baixo e médio rendimento, 53% das mulheres grávidas que vivem com HIV receberam antirretrovirais (ARV) para prevenir a transmissão da mãe para o filho, porcentagem que, em 2008, foi de 45%. Um dos aumentos mais significativos ocorreu na África Oriental e Meridional, onde a proporção aumentou dez pontos percentuais, passando de 58%, em 2008, para 68%, em 2009. “Temos provas substanciais de que a eliminação da transmissão vertical é viável”, afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “Mas a concretização desse objetivo vai requerer, em primeiro lugar, muito melhor prevenção entre mulheres e mães”.
Globalmente, a Aids ainda é uma das principais causas de mortalidade entre mulheres em idade reprodutiva e uma importante causa de mortalidade materna em países onde a epidemia é generalizada. Na África ao sul do Saara, 9% da mortalidade materna é atribuível ao HIV e à Aids. “Anualmente, cerca de 370 mil crianças nascem com o HIV. Cada uma dessas infecções é evitável”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Temos de impedir a morte das mães e evitar a infecção dos bebês com o HIV. Essa é a razão pela qual tenho apelado à eliminação praticamente total da transmissão do vírus da mãe para o filho até 2015”.
A OMS também divulgou novas linhas de orientação sobre ARV para o tratamento de bebês e crianças, abrindo o caminho para que muito mais crianças com HIV sejam alcançadas de imediato pelo tratamento antirretroviral. Em países de baixa e média renda, o número de crianças menores de 15 anos que receberam tratamento subiu de 275.300, em 2008, para 356.400, em 2009. Esse aumento significa que 28% dos 1,27 milhão de crianças que, estima-se, precisam de tratamento antirretroviral recebem-no. Os bebês são particularmente vulneráveis aos efeitos do HIV, o que conferiu um caráter de urgência à campanha global em relação ao diagnóstico precoce em bebês. Embora a disponibilidade de serviços de diagnóstico prematuro tenha aumentado significativamente em muitos países, a cobertura global continua baixa, mantendo-se em apenas 6% em 2009. Sem tratamento, cerca de metade dos bebês infectados com HIV morre antes do seu segundo aniversário.
Em quase todo o mundo, o número de novas infecções com HIV está decrescendo de forma consistente ou se estabilizando. Em 2001, estimava-se que 5,7 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos viviam com HIV. No final de 2009, esse número caiu para 5 milhões. No entanto, em nove países – todos no sul da África –, pelo menos um em cada 20 jovens vive com HIV. As mulheres jovens ainda carregam o maior fardo da infecção, e, em muitos países, as mulheres enfrentam maior risco de infecção antes dos 25 anos. Globalmente, mais de 60% de todos os jovens que vivem com HIV são mulheres. Na África ao sul do Saara, essa porcentagem é próxima dos 70%. “Precisamos tomar medidas contra as desigualdades de gênero, incluindo as que colocam as mulheres e crianças num risco desproporcionado perante o HIV e a outras consequências adversas da saúde sexual e reprodutiva” declarou Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO. “Apesar de nos sentirmos encorajados por um declínio da incidência do HIV nos jovens superior a 25% em 15 países-chave da África ao sul do Saara entre 2001 e 2009, devemos fazer todo o possível para manter e aumentar essas tendências positivas a fim de concretizar o objetivo de acesso universal à prevenção, ao tratamento, a cuidados e ao apoio”.
Os adolescentes continuam a ser infectados com HIV porque não têm nem conhecimentos nem acesso a serviços para se proteger. Atingir uma geração livre da Aids significa apagar as desigualdades que alimentam a epidemia e proteger aqueles que continuam à margem. Iniciativas de proteção social – incluindo transferências em dinheiro e esforços para promover acesso a serviços – desempenham um papel importante para quebrar o ciclo da vulnerabilidade. O relatório enfatiza ainda a importância da adaptação de programas educativos destinados aos jovens mais vulneráveis – os que estão fora da escola – com informação sobre prevenção do HIV. “Devemos aumentar o investimento na educação e saúde de jovens, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, para prevenir a infecção pelo HIV e melhorar a proteção social”, disse Thoraya Ahmed Obaid, Diretora Executiva do UNFPA. “Chegar aos jovens marginalizados, incluindo às adolescentes vulneráveis e os que não estão na escola, deve continuar a ser uma prioridade”. O relatório está disponível no site global do UNICEF, somente em inglês.
Fonte ENVOLVERDE: http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=84181&edt=1
Foto: http://www.flickr.com/photos/nygus/2783391591/sizes/z/
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