terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Hoje é o aniversário de Tom Jobim, Dia Nacional da Bossa Nova

Jorge Seadi e Milton Ribeiro no Sul21


A Bossa Nova, um jeito de cantar e tocar samba surgido no Brasil ao final da década de 50, tornou-se um dos gêneros musicais brasileiros mais populares, levada pelas vozes de João Gilberto, Luiz Bonfá, Vinicius de Morais, Tom Jobim e, atualmente, por uma série de artistas jovens. Tom, seu principal compositor, autor de Águas de Março, Chega de Saudade, Garota de Ipanema e tantas obras-primas, estaria comemorando hoje 83 anos de vida. Por isso, em 25 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional da Bossa Nova.

(Até o Google curvou-se a Jobim e à Bossa, alterando seu logotipo).

A palavra “bossa” surgiu pela primeira vez na música popular brasileira num samba de Noel Rosa ainda na década de 30. “O samba, a prontidão e outras bossas…”. Nos anos seguintes, a bossa apareceu nos sambas de breque. O breque era o espaço que o cantor usava para dizer livremente alguma coisa (com bossa, com jeito). A “bossa nova” como seria conhecida mais tarde, teve a influência da música americana do pós-guerra — principalmente o jazz — e começou a ser criada através do sucesso de cantores como Dick Farney e Lúcio Alves, que cantavam com um maneira mais tranquila e sussurrada, sem empostar a voz.
O movimento da bossa nova começou com um compacto simples do baiano João Gilberto. No lado A estava “Chega de Saudade”, de autoria de Tom Jobim e Vinicius de Morais; no lado B estava “Bim Bom”, do próprio João Gilberto. Era agosto de 1958.  O escritor Ruy Castro, autor do livro “Chega de Saudade”, diz que a batida do violão de João Gilberto e as letras de abordagem leve e descompromissada de Vinicius, Tom, Carlos Lyra e outros foram as primeiras características da Bossa Nova.
Garota de Ipanema, sucesso mundial na voz de João Gilberto e depois nas de Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e de centenas de artistas, foi uma das canções mais gravadas de todos os tempos, rivalizando com algumas dos Beatles.
Em 1965, com Arrastão, de Edu Lobo e, curiosamente, Vinícius de Moraes, a Bossa Nova foi equivocadamente declarada extinta. Em verdade, o que ocorreu foi a cisão de viés ideológico que criou a MPB. Um grupo formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime e estimulado pelo Centro Popular de Cultura da UNE, tinha uma visão mais popular e nacionalista, criticando a influência do jazz norte-americano na bossa nova. Propunha uma reaproximação com compositores de morro, como o sambista Zé Keti. Um dos pilares da Bossa Nova, Carlos Lyra, aderiu a esta corrente, assim como Nara Leão, que promoveu parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e baião e xote nordestinos como João do Vale. Nesta fase de releituras da Bossa Nova, foi lançado em 1966 o antológico LP “Os Afro-sambas”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell. Porém, uma revisão da produção desta época deixa claro que, se houve uma mudança no conteúdo das letras, a música e o modo de interpretar da Bossa Nova tinha invadido tudo de tal forma que hoje poucos identificam Edu Lobo — depois grande parceiro de Tom — , Carlos Lyra e Marcos Valle como uma reação a ela e sim como membros do movimento.
Entre os artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966) da bossa nova estão Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo, Ruy Guerra, Dori Caymmi, Nelson Motta, Francis Hime, Wilson Simonal, entre outros.
E a MPB até hoje não quer saber deste negócio de você longe de mim, como deixa claro as palavras de Vinícius em Chega de Saudade.

Um comentário:

Milu disse...

Adorei a homenagem ao nosso maestro maior.Que falta ele faz. Hoje a música brasileira vive um péssimo momento, e é agora essencial lembrar deste que elevou o nome do Brasil e é tão querido lá fora.