A Bossa Nova, um jeito de cantar e tocar samba surgido no Brasil ao
final da década de 50, tornou-se um dos gêneros musicais brasileiros
mais populares, levada pelas vozes de João Gilberto, Luiz Bonfá,
Vinicius de Morais, Tom Jobim e, atualmente, por uma série de artistas
jovens. Tom, seu principal compositor, autor de Águas de Março, Chega de Saudade, Garota de Ipanema
e tantas obras-primas, estaria comemorando hoje 83 anos de vida. Por
isso, em 25 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional da Bossa Nova.
(Até o Google curvou-se a Jobim e à Bossa, alterando seu logotipo).
A palavra “bossa” surgiu pela primeira vez na música popular
brasileira num samba de Noel Rosa ainda na década de 30. “O samba, a
prontidão e outras bossas…”. Nos anos seguintes, a bossa apareceu nos
sambas de breque. O breque era o espaço que o cantor usava para dizer
livremente alguma coisa (com bossa, com jeito). A “bossa nova” como
seria conhecida mais tarde, teve a influência da música americana do
pós-guerra — principalmente o jazz — e começou a ser criada através do
sucesso de cantores como Dick Farney e Lúcio Alves, que cantavam com um
maneira mais tranquila e sussurrada, sem empostar a voz.
O movimento da bossa nova começou com um compacto simples do baiano
João Gilberto. No lado A estava “Chega de Saudade”, de autoria de Tom
Jobim e Vinicius de Morais; no lado B estava “Bim Bom”, do próprio João
Gilberto. Era agosto de 1958. O escritor Ruy Castro, autor do livro
“Chega de Saudade”, diz que a batida do violão de João Gilberto e as
letras de abordagem leve e descompromissada de Vinicius, Tom, Carlos
Lyra e outros foram as primeiras características da Bossa Nova.
Garota de Ipanema, sucesso mundial na voz de João Gilberto e
depois nas de Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e de
centenas de artistas, foi uma das canções mais gravadas de todos os
tempos, rivalizando com algumas dos Beatles.
Em 1965, com Arrastão, de Edu Lobo e, curiosamente, Vinícius
de Moraes, a Bossa Nova foi equivocadamente declarada extinta. Em
verdade, o que ocorreu foi a cisão de viés ideológico que criou a MPB.
Um grupo formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime e
estimulado pelo Centro Popular de Cultura da UNE, tinha uma visão mais
popular e nacionalista, criticando a influência do jazz norte-americano
na bossa nova. Propunha uma reaproximação com compositores de morro,
como o sambista Zé Keti. Um dos pilares da Bossa Nova, Carlos Lyra,
aderiu a esta corrente, assim como Nara Leão, que promoveu parcerias com
artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e baião e xote
nordestinos como João do Vale. Nesta fase de releituras da Bossa Nova,
foi lançado em 1966 o antológico LP “Os Afro-sambas”, de Vinicius de
Moraes e Baden Powell. Porém, uma revisão da produção desta época deixa
claro que, se houve uma mudança no conteúdo das letras, a música e o
modo de interpretar da Bossa Nova tinha invadido tudo de tal forma que
hoje poucos identificam Edu Lobo — depois grande parceiro de Tom — ,
Carlos Lyra e Marcos Valle como uma reação a ela e sim como membros do
movimento.
Entre os artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966)
da bossa nova estão Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo, Ruy Guerra, Dori
Caymmi, Nelson Motta, Francis Hime, Wilson Simonal, entre outros.
E a MPB até hoje não quer saber deste negócio de você longe de mim, como deixa claro as palavras de Vinícius em Chega de Saudade.
Um comentário:
Adorei a homenagem ao nosso maestro maior.Que falta ele faz. Hoje a música brasileira vive um péssimo momento, e é agora essencial lembrar deste que elevou o nome do Brasil e é tão querido lá fora.
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