Os Editores
O
derrubamento de Hosni Mubarak pelo povo egípcio será recordado pelo
tempo adiante como um dos grandes acontecimentos históricos do século
XXI.
A demissão e fuga do ditador que há três décadas oprimia uma nação
com 7000 anos de História, criadora de grandes civilizações, foram o
desfecho de uma luta épica das massas. Na Praça Tahrir do Cairo,
multidões que em algumas jornadas ultrapassaram um milhão de
manifestantes resistiram durante 17 dias a todas as tentativas da
engrenagem do poder, liderada por Mubarak, para as intimidar e
desmobilizar. À brutal repressão inicial, responsável por três centenas
de mortos, seguiu-se, já com a presença do exército, o ataque brutal de
esquadrões de polícias mascarados de partidários do ditador.
A violência e as ameaças foram impotentes contra a firmeza do povo
que respondeu com combatividade reforçada aos discursos de Mubarak e às
promessas dos seus ministros e generais.
Para onde caminha o Egipto? Qualquer previsão de momento seria pouco responsável.
Uma rebelião vitoriosa, mesmo com o carácter massivo da egípcia, não deve ser confundida com uma revolução social.
Embora o comportamento das massas tenha deixado transparecer uma
vontade de organização crescente, o movimento torrencial de contestação
assumiu um carácter espontaneista, inevitável, porque no país não existe
uma organização revolucionária com forte implantação popular.
Nestas circunstâncias, o imperialismo tudo fará para evitar que o
povo seja o sujeito do processo tomando nas mãos o futuro do país.
Para já o Conselho Superior das Forças Armadas assumiu transitoriamente o poder. Cabe lembrar que os seus membros foram todos nomeados por Mubarak e a maioria mantém estreitas relações com Washington.
Para já o Conselho Superior das Forças Armadas assumiu transitoriamente o poder. Cabe lembrar que os seus membros foram todos nomeados por Mubarak e a maioria mantém estreitas relações com Washington.
De assinalar também que o presidente Obama manteve desde o inicio da
rebelião uma atitude de grande ambiguidade. Não hesitou mesmo em
manifestar a esperança de que o vice-presidente Omar Souleiman – o chefe
dos serviços secretos, intimo colaborador da CIA - dirigisse «uma
transição pacífica para a democracia».
A baronesa britânica Ashton, falando em nome da União Europeia, usou
uma linguagem semelhante ao fazer votos para «uma transição com ordem
para a democracia».
O conceito de «democracia» dos líderes do Ocidente capitalista é
suficientemente conhecido para que haja ilusões sobre aquilo que
pretendem.
Os media ocidentais omitem que ainda há poucos meses o presidente
dos EUA elogiava Mubarak como um «aliado» e o felicitou efusivamente
quando do Cairo dirigiu ao mundo árabe um discurso farisaico.
A desorientação e o temor do imperialismo não surpreendem. A
rebelião do povo egípcio na sequência dos acontecimentos da Tunísia e a
vaga de contestação que alastra por todo o mundo árabe representa um
golpe demolidor para toda a sua estratégia na Região. Mubarak foi o
grande aliado de Israel. O sionismo neofascista é o outro derrotado na
insurreição que teve por cenário a milenária cidade do Nilo.
Nesta hora em que o povo do Egipto festeja nas ruas a vitória
alcançada, os editores de odiario.info compartilham a sua alegria.
Independentemente do amanhã imediato, essa vitória confirma que as
massas são irresistíveis e constroem história quando se levantam contra
aqueles que as oprimem.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO
Nenhum comentário:
Postar um comentário