Jovens empresas online como o LinkedIn são atualmente as favoritas
dos investidores. Munidos de gordas somas, eles especulam que algo
grandioso irá acontecer, o que lembra os tempos da “bolha” da New
Economy, pouco antes da virada do século.
Será a história que se repete? Desde meados de maio, empresas
pontocom se lançam, uma atrás da outra, nas bolsas de valores dos
Estados Unidos, aproveitando-se da euforia em torno das assim chamadas
mídias sociais.
Segundo estimativa da emissora CNBC, o valor do Facebook, quando
entrar no mercado de ações, deverá ultrapassar os 100 bilhões de
dólares. Isso significa que o valor de mercado da rede social seria
superior ao do Deutsche Bank, Deutsche Post e Lufthansa juntos – para
citar três conglomerados alemães de peso internacional.
Paralelos e diferenças
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:
Reid Hoffman, fundador do LinkedInO número é respeitável: a rádio
online Pandora é ouvida por mais de 90 milhões de usuários em todo o
mundo. O problema é que o lucro da empresa é zero, e isso não deverá
mudar num prazo previsível. Então o que justifica sua cotação de mercado
de 3 bilhões de dólares?
Recentemente, tanto ela como a rede profissional online LinkedIn
entraram na bolsa, enriquecendo seus proprietários originais. Nos
próximos meses, várias outras firmas – como o site de jogos Zynga e o de
descontos Groupon – planejam dar o mesmo passo, com cotações
megalomaníacas.
Mesmo sem produzir um único centavo de lucro, a Pandora foi
efusivamente saudada pela Bolsa de Valores de Nova York e pelos
analistas de mercado. Já as ações do LinkedIn duplicaram de cotação
poucas horas após seu lançamento. “Está uma loucura aqui”, descreveu a
apresentadora da rede de TV ABC.
Só que, depois dessa vertiginosa valorização inicial, logo em seguida
os títulos caíram sensivelmente. As comparações com a “bolha pontocom”,
que explodiu no final da década de 1990, são inevitáveis. Scott
Kessler, perito em internet da agência de rating Standard & Poor’s,
estava em Wall Street na ocasião: “Havia centenas de empresas sem
qualquer modelo de negócios. Todos sabem aonde isso levou”.
Porém aqui reside uma diferença quanto ao fenômeno atual: não são
centenas, mas sim cerca de uma dezena de firmas pontocom e de mídia
social lançando-se no mercado de títulos. E os calouros têm tanto um
modelo de negócios quanto investidores poderosos por trás.
Cotações vertiginosas, faturamento zero
Há pouco a Zynga também anunciou a intenção de emitir ações. Ela é
conhecida por jogos de computador, como o Farmville. E, bem ou mal, em
2010 alcançou um lucro de 90 milhões de dólares. Quando entrar para Wall
Street, no próximo trimestre, deverá contar com uma cotação de
aproximadamente 10 bilhões de dólares.
Já o Facebook ostenta 750 milhões de usuários registrados, em todo o
mundo. O mercado espera uma cotação entre 100 bilhões e 200 bilhões de
dólares quando a empresa entrar na bolsa, no início do próximo ano. Para
comparar: a capitalização da HP (Hewlett-Packard), maior fabricante de
computadores do mundo, encontra-se atualmente em 70 bilhões de dólares.
O empresário Bo Peabody criou sua própria plataforma online no final
dos anos 90, e ainda hoje ele investe exclusivamente em empresas de
internet. Mas mantém distância das redes sociais, pois não consegue
perceber qual seria o modelo de sucesso delas.
“No caso das redes sociais, não se trata realmente de empresas de
mídia. São as pessoas que falam e se comunicam entre si. Não é fácil
ganhar dinheiro com algo assim. As operadoras de telefone, por exemplo,
cobram taxas pelas conversas ou pela linha. As redes sociais tentam
lucrar com a publicidade. Mas é difícil colocar propaganda no meio das
conversas”, analisa Peabody.
Google-Yahoo x Facebook & cia.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:
Google x Facebook: duas realidades virtuais diferentesKessler continua
apostando no sucesso das empresas de tecnologia. Entretanto, em sua
opinião, isso não significa investir nos novos cometas no firmamento
internáutico. Os paralelos com a “bolha pontocom” existem, porém “uma
grande parte das empresas de tecnologia, sobretudo as estabelecidas,
estão com as cotações mais atraentes das últimas décadas”, afirma.
O perito se refere especialmente às cotações de empresas como Google
ou Yahoo. Em sua opinião, elas estão extremamente subvalorizadas e, com o
hype em torno de Facebook e companhia, foram deixadas de lado de forma
precipitada.
Para que ocorra uma crise semelhante à de dez anos atrás, seria
preciso que muito mais firmas – e muito mais obscuras – entrassem no
mercado de ações. No momento, esse não é o caso. O que não significa que
seja totalmente livre de riscos empatar capital em ações como as de
Pandora, Facebook, Groupon, Twitter ou Zynga.
Autor: R. Wenkel / J. Korte / A. Valente
Revisão: Alexandre Schossler
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