terça-feira, 19 de julho de 2011

Euforia em torno de redes sociais reacende temor de bolha especulativa


19/7/2011 9:24,  Por Deutsche Welle

via CORREIO DO BRASIL

Jovens empresas online como o LinkedIn são atualmente as favoritas dos investidores. Munidos de gordas somas, eles especulam que algo grandioso irá acontecer, o que lembra os tempos da “bolha” da New Economy, pouco antes da virada do século.
Será a história que se repete? Desde meados de maio, empresas pontocom se lançam, uma atrás da outra, nas bolsas de valores dos Estados Unidos, aproveitando-se da euforia em torno das assim chamadas mídias sociais.
Segundo estimativa da emissora CNBC, o valor do Facebook, quando entrar no mercado de ações, deverá ultrapassar os 100 bilhões de dólares. Isso significa que o valor de mercado da rede social seria superior ao do Deutsche Bank, Deutsche Post e Lufthansa juntos – para citar três conglomerados alemães de peso internacional.

Paralelos e diferenças

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Reid Hoffman, fundador do LinkedInO número é respeitável: a rádio online Pandora é ouvida por mais de 90 milhões de usuários em todo o mundo. O problema é que o lucro da empresa é zero, e isso não deverá mudar num prazo previsível. Então o que justifica sua cotação de mercado de 3 bilhões de dólares?
Recentemente, tanto ela como a rede profissional online LinkedIn entraram na bolsa, enriquecendo seus proprietários originais. Nos próximos meses, várias outras firmas – como o site de jogos Zynga e o de descontos Groupon – planejam dar o mesmo passo, com cotações megalomaníacas.
Mesmo sem produzir um único centavo de lucro, a Pandora foi efusivamente saudada pela Bolsa de Valores de Nova York e pelos analistas de mercado. Já as ações do LinkedIn duplicaram de cotação poucas horas após seu lançamento. “Está uma loucura aqui”, descreveu a apresentadora da rede de TV ABC.
Só que, depois dessa vertiginosa valorização inicial, logo em seguida os títulos caíram sensivelmente. As comparações com a “bolha pontocom”, que explodiu no final da década de 1990, são inevitáveis. Scott Kessler, perito em internet da agência de rating Standard & Poor’s, estava em Wall Street na ocasião: “Havia centenas de empresas sem qualquer modelo de negócios. Todos sabem aonde isso levou”.
Porém aqui reside uma diferença quanto ao fenômeno atual: não são centenas, mas sim cerca de uma dezena de firmas pontocom e de mídia social lançando-se no mercado de títulos. E os calouros têm tanto um modelo de negócios quanto investidores poderosos por trás.

Cotações vertiginosas, faturamento zero

Há pouco a Zynga também anunciou a intenção de emitir ações. Ela é conhecida por jogos de computador, como o Farmville. E, bem ou mal, em 2010 alcançou um lucro de 90 milhões de dólares. Quando entrar para Wall Street, no próximo trimestre, deverá contar com uma cotação de aproximadamente 10 bilhões de dólares.
Já o Facebook ostenta 750 milhões de usuários registrados, em todo o mundo. O mercado espera uma cotação entre 100 bilhões e 200 bilhões de dólares quando a empresa entrar na bolsa, no início do próximo ano. Para comparar: a capitalização da HP (Hewlett-Packard), maior fabricante de computadores do mundo, encontra-se atualmente em 70 bilhões de dólares.
O empresário Bo Peabody criou sua própria plataforma online no final dos anos 90, e ainda hoje ele investe exclusivamente em empresas de internet. Mas mantém distância das redes sociais, pois não consegue perceber qual seria o modelo de sucesso delas.
“No caso das redes sociais, não se trata realmente de empresas de mídia. São as pessoas que falam e se comunicam entre si. Não é fácil ganhar dinheiro com algo assim. As operadoras de telefone, por exemplo, cobram taxas pelas conversas ou pela linha. As redes sociais tentam lucrar com a publicidade. Mas é difícil colocar propaganda no meio das conversas”, analisa Peabody.

Google-Yahoo x Facebook & cia.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Google x Facebook: duas realidades virtuais diferentesKessler continua apostando no sucesso das empresas de tecnologia. Entretanto, em sua opinião, isso não significa investir nos novos cometas no firmamento internáutico. Os paralelos com a “bolha pontocom” existem, porém “uma grande parte das empresas de tecnologia, sobretudo as estabelecidas, estão com as cotações mais atraentes das últimas décadas”, afirma.
O perito se refere especialmente às cotações de empresas como Google ou Yahoo. Em sua opinião, elas estão extremamente subvalorizadas e, com o hype em torno de Facebook e companhia, foram deixadas de lado de forma precipitada.
Para que ocorra uma crise semelhante à de dez anos atrás, seria preciso que muito mais firmas – e muito mais obscuras – entrassem no mercado de ações. No momento, esse não é o caso. O que não significa que seja totalmente livre de riscos empatar capital em ações como as de Pandora, Facebook, Groupon, Twitter ou Zynga.

Autor: R. Wenkel / J. Korte / A. Valente
 
Revisão: Alexandre Schossler

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