segunda-feira, 8 de agosto de 2011

José Otávio Germano é apontado como chefe da quadrilha que agia no Detran





Reportagem de Fabio Schaffner, da sucursal de Zero Hora em Brasília, traz detalhes sobre a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra o deputado José Otávio Germano (PP), apontado como o chefe do esquema que teria desviado R$ 44 milhões do Detran. A Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou José Otávio Germano no Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha, peculato e dispensa de licitação sem amparo legal. A PGR considera que a ação do deputado gaúcho foi de “fundamental importância para o sucesso da empreitada criminosa”.
Ainda segundo a denúncia, o esquema de fraudes no Detran teria iniciado em 2003, durante o governo de Germano Rigotto (PMDB), quando José Otávio germano assumiu a Secretaria Estadual da Segurança. Durante o governo Yeda Crusius (PSDB), diz ainda a PGR, teve início a segunda fase do esquema.
A reportagem de Zero Hora revela indícios de enriquecimento suspeito por parte do deputado. De 2005 a 2007, ele teria movimentado R$ 2,59 milhões em suas contas bancários, um valor quase quatro vezes maio que os rendimentos tributáveis declarados por Germano no mesmo período. Somente em 2007, o parlamentar teria movimentado R$ 1,2 milhão, cinco vezes mais do que o total recebido como parlamentar na Câmara Federal. Essa movimentação financeira, na avaliação do procurador Roberto Urgel, indica que o deputado teria recebido parte das verbas desviadas no esquema.
Advogado do deputado, José Antônio Paganella Boschi, em declarações ao jornal Zero Hora, não contestou o teor da denúncia, mas sim o fato de seu cliente ter sido “investigado ilegalmente”. Para o advogado, José Otávio Germano não poderia ter sido investigado sem autorização prévia do STF. Assim, todas as provas levantadas contra seu cliente seriam ilícitas. Essa parece ser a estratégia de defesa do ex-secretário, que quando assumiu a Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul no governo Rigotto anunciou que, a partir daquele momento, a polícia passaria a agir “sem freio de mão”.
Procuradores do MP Federal do Rio Grande do Sul concluíram que Germano ajudou Yeda Crusius a arrecadar recursos após a campanha eleitoral de 2006, em troca do direito de nomear o diretor do Detran (o ex-secretário de Segurança acabou indicando Flávio Vaz Netto, acusado hoje de integrar uma quadrilha que agia no órgão).
Em 2009, a revista Isto É teve acesso a elementos do inquérito que tramita no STF revelando a conexão entre José Otávio Germano e Yeda Crusius. A matéria intitulada “O arrecadador de Yeda” afirmou então:
Os documentos, segundo o MP, provam que as fraudes foram possíveis graças à formação de uma “quadrilha criminosa”, que lesou os cofres públicos gaúchos por cinco anos. No período em que o esquema mais desviou dinheiro, José Germano era secretário de Segurança Pública do Estado, no governo de Germano Rigotto (PMDB).
O STF, disse ainda a Isto É, recebeu cópia dos depoimentos de um dos coordenadores de campanha de Yeda, o empresário Lair Ferst: “Ele confirma que José Germano ajudou a arrecadar dinheiro para a governadora e, em retribuição, nomeou o presidente do Detran. As escutas mostram que José Germano recebia o dinheiro da propina do Detran e trocava parte em dólares com os doleiros Benami Zandwais e Davi Trachtenberg Goferman”.
Foto: Eduardo Quadros

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