Ontem, assistimos, mais uma vez, ao espetáculo deprimente que é a política sendo feita sem pudor, sem tergiversações. A repercussão da doença de Lula na mídia revela que essa atividade se baseia, hoje, em absoluta falta de decência e de lealdade nos embates entre os que deveriam terçar idéias para melhorar a vida das pessoas.
Na busca por causar o maior abatimento moral possível ao adversário, vale tudo. Principalmente chocá-lo com ausência de um traço de humanidade em seus adversários e, assim, deixá-lo assustado ao imaginar a que ponto chegariam para destruí-lo.
Nos últimos dias, dois casos se encadearam em demonstrações análogas, ainda que em níveis extremamente desiguais, de como, não raro, a política passa até pelo ato supremo de tirar a vida de um adversário da forma mais selvagem que se possa conceber.
Um desses casos reside nos detalhes sobre como Muamar Kadafi, ex-ditador da Líbia, foi assassinado por seus adversários… políticos. O outro caso, de nível de virulência infinitamente menor, mas igualmente assustador, foi ver a forma como a mídia tratou a doença de Lula.
Melhor não entrar nos detalhes sobre o assassinato de Kadafi, pois ainda visualizo a imagem mental que se me formou ao saber das sevícias que sofreu antes de colocarem fim ao seu suplício. Sobre Lula, a mídia o acusou de supostamente ter se causado o mal que o acomete, e comemorou a possibilidade de a doença ter êxito onde seus adversários “humanos” falharam.
A política, como a conhecemos, não requer capacidade, honestidade, talento ou boas intenções; requer capacidade de ser canalha ao impensável, de trair sem culpa, de não ter piedade ou comedimento algum na busca por atingir o oponente. Para vencer o adversário, vale tudo. Principalmente cinismo, muito cinismo.
É uma atividade para profissionais com “couro duro”. Nesse aspecto, somente alguém que saiu de uma região miserável, que passou fome e privações de toda sorte, que sofreu humilhações que arrasariam moralmente qualquer pessoa pode suportar a deslealdade da política em suas manifestações menos contidas.
Enganam-se, porém, os que julgam que um tumorzinho conterá alguém que, apesar de tudo pelo que passou, fez do Brasil a terra de promessas mil que jamais sonhamos que se tornaria. A selvageria dos adversários é antiga, conhecida e previsível. Lula, portanto, só precisa se precaver contra a traição, que se confunde com a política.
Por fim, resta, apenas, uma dúvida: será que esses 80% dos brasileiros que pesquisas recentes mostraram que devotam carinho extremado a Lula estão gostando de ver a mídia comemorar a sua doença?
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Conheçam melhor, abaixo, quem é a comentarista da CBN que atribuiu a doença de Lula ao “alcoolismo”
Um comentário:
Amigo Turquinho, o que ocorre é que ainda somos pouco evoluídos. O homem atual mistura tudo, não conhece o perdão; é vingativo, mal intencionado...
Mas chegará um dia, quando estivermos num padrão vibratório melhor, num futuro talvez distante, que todas essas picuinhas desaparecerão da face da terra...
Um abração. Continues lutando por um mundo melhor!
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