Vivian Virissimo no SUL21
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann apresentou na tarde desta terça-feira (31), na Fundação de Economia e Estatística (FEE), em Porto Alegre, o relatório Situação Social: o caso do Rio Grande do Sul. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), com período de referência de 2001 a 2009.
“Não são informações inéditas, mas a nossa intenção ao apresentar os dados por estado e também por município é contribuir com uma visão mais holística para romper com o ciclo de aprofundamento e manutenção do quadro de desigualdade e para elevar o padrão de forma mais homogênea no país”, afirmou Pochmann. A pesquisa aborda áreas de interesse das políticas sociais: demografia, previdência social, pobreza e desigualdade, saúde, seguridade, trabalho e renda, educação, cultura, saneamento e habitação.
Esmiuçando os dados de cada área e comparando com o panorama nacional e regional, Pochmann destacou quatro aspectos relevantes para compreender as mudanças ocorridas na primeira década do século no Rio Grande do Sul. O primeiro deles colocou a diminuição da taxa de fecundidade como um dos principais fatores que irão alterar a elaboração de políticas públicas. “Teremos uma mudança demográfica de grande magnitude. Num cenário de falta de crianças será mais importante financiar transporte escolar de qualidade do que construir mais escolas”, exemplificou.
O segundo ponto analisado por Porchmann indica que a taxa de crescimento da renda não gerou impacto apenas na redução dos índices de pobreza, mas principalmente nos padrões que medem a desigualdade social. Este crescimento na renda foi detectado sobretudo no meio rural. “Os dados mostram uma profunda transformações do perfil da população do campo. No Rio Grande do Sul, as desigualdades de renda média diminuíram um pouco, uma vez que a renda domiciliar per capita na zona rural teve crescimento de 68,3%, superior ao observado na urbana (18,3%), passando de R$ 332,8 em 2001 para R$ 560,0 em 2009”, disse
Pochmann também ressaltou as estatísticas do Rio Grande do Sul que apontam uma quase universalização nos serviços de saneamento básico, água e energia, tanto no campo quanto na cidade como fatores relevantes para compreender o cenário atual. “O aumento foi particularmente considerável no contexto rural, cuja cobertura de água encanada cresce de 88,2% para 95,8%, superando a população urbana. Com relação à energia elétrica, o Rio Grande do Sul encontra-se em melhor situação do que a média brasileira. Este serviço está praticamente universalizado, inclusive na área rural do estado, onde 98,9% da população estavam cobertas”.
O quarto ponto destacado pelo pesquisador é o crescimento da taxa de homicídios masculina no Estado, na contramão do que ocorre no Brasil. “A violência no Rio Grande do Sul não é tão explosiva quanto em estados como Pernambuco e Espírito Santo, mas cresceu está acima da média nacional. No caso do Brasil, a taxa caiu de 101,4 em 2001 para 94,3 em 2007, um decréscimo de 7%. O Rio Grande do Sul apresentou aumento de 20,5% nesse indicador,contra 41,8% da região como um todo”, indicou. De acordo com o pesquisador, de cada 100 homicídios no Rio Grande do Sul, 5 ocorrem por motivos ligados ao crime, 15 pela polícia e 80 são mortes que resultam das relações sociais. “Violência não pode ser tratada apenas como um problema de caráter, de detenção. Talvez a repressão pouco possa ajudar nesses casos”, comentou.
Na ocasião o presidente do IPEA e o presidente da FEE, Adalmir Marquetti assinaram um acordo de cooperação técnica para estimular pesquisa aplicada no Rio Grande do Sul. “O IPEA presta informações para o Executivo, Legislativo e Judiciário. Agora queremos produzir conhecimentos para assessorar entidades da sociedade civil e a parceria com a FEE poderá fazer essa aproximação com a realidade gaúcha”, disse Pochmann.
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