Rachel Duarte no SUL21
A primeira aparição pública do ministro do Trabalho e Emprego,
Brizola Neto (PDT) fora de Brasília foi ao estado berço do trabalhismo.
Nesta sexta-feira (25), ele cumpre agendas partidárias no Rio Grande do
Sul, que incluem conversas com correligionários, visita ao prefeito de
Porto Alegre, José Fortunati (PDT) e um ato de recepção na sede do
Partido Democrático Trabalhista. O ministro permanece no estado até
sábado (26), quando participa da abertura do XV Congresso Estadual da
Juventude Socialista do PDT. Nas primeiras palavras proferidas em solo
gaúcho, o ministro afirmou que sabe o peso de ser um brizolista no
governo federal. “Tenho noção da minha responsabilidade”, disse na
primeira agenda com os trabalhistas.
O primeiro compromisso foi cedo da manhã, em um café de recepção ao
novo ministro escolhido por Dilma Rousseff entre uma lista de três nomes
oferecidos pelo PDT. O baixo quórum no ato refletiu que as divergências
internas com a escolha da presidenta ainda não foram superadas. Os
trabalhistas gaúchos desejavam ver uma das principais lideranças do
partido no RS, o deputado federal Vieira da Cunha no lugar do neto de
Leonel Brizola. Mas a decisão pessoal de Dilma prevaleceu. “A gente
entende estas coisas no processo de articulações e preferências pessoais
mas, no momento em que isso é definido, nós temos o compromisso
partidário e com o trabalhismo brasileiro para nos unir. Eu sei que ele (Vieira da Cunha) sabe que isso é forte nele e em mim, será isso que nos unirá”, falou ao final do ato.
Porém, o parlamentar não esteve no ato e justificou motivos de
agenda. “Nos avisaram que ele estava viajando. Eu lamento. Ele é uma
grande liderança no partido, mas com certeza deve estar em algum
compromisso mais importante que este aqui”, disse a deputada estadual
Juliana Brizola. Segundo ela, o momento de disputa já deveria ter sido
superado. “Agora já temos um ministro indicado pela presidenta. Espero
que os companheiros preteridos por um motivo ou outro também olhem pra
frente, para uma construção coletiva”, disse.
Ouvindo as primeiras palavras do ministro ao PDT gaúcho estavam o
ex-governador Alceu Collares; o prefeito de Porto Alegre, José
Fortunati; o deputado federal Giovani Cherini; o deputado estadual
Gilmar Sossela e os representantes do PDT no governo Tarso Genro, Kalil
Sehbe, Ciro Simoni e Afonso Mota. Outros parlamentares do estado e da
capital, bem como representantes de outros municípios também estiveram
presentes, formando um enxuto grupo de anfitriões.
A ausência do deputado federal Vieira da Cunha estava passando
despercebida. Nas saudações a Brizola Neto, muitos votos de êxito ao
novo ministro a frente da pasta do Trabalho e reconhecimentos ao legado
brizolista que ele carrega em seu nome. E, a afirmação de unidade no
partido fez parte da todas as falas.
“Vim buscar a nossa unidade partidária. Todos que fazem gestos assim
pensam no crescimento do partido. Estamos à vontade com a sua presença”,
disse o presidente do PDT-RS, Romildo Bolzan Jr.. Em nome dos sete
deputados da bancada gaúcha na Assembleia Legislativa do RS, Gilmar
Sossela disse que “a indicação de Brizola Neto honrou o partido”. Já o
deputado federal Giovani Cherini disse que, apesar de alguns processos
aguçarem as diferenças internas, o momento exige unidade. “Temos que
aproveitar a representatividade no governo federal e reforçar o partido
para disputar as eleições”, falou.
“Só vou ficar feliz quando Vieira da Cunha abraçar o ministro”, diz Collares
Foi quando o ex-governador Alceu Collares usou a palavra para fazer
sua saudação “ao menino que recebe uma nobre tarefa”, que a ausência de
Vieira da Cunha foi posta na mesa. “Cadê o Vieira da Cunha que eu não to
vendo aqui?”, perguntou o líder trabalhista. Ao ser informado da razão
da viagem, disse que se tratava de uma velha desculpa. “Eu só vou ficar
feliz quando o Vieira abraçar o ministro”, disse arrancando aplausos.
Antes que o ministro se justificasse que pretende resolver qualquer
mal-estar ainda existente junto ao parlamentar, Collares seguiu expondo
outras feridas do partido. “Os últimos acontecimentos da pasta do
Trabalho foram lamentáveis. Este ministério foi criado pelo trabalhismo
de Getúlio Vargas. Brizola Neto precisa restabelecer as funções
esvaziadas, por diversos motivos, do Ministério do Trabalho”, falou. E
deu um conselho digno de um antigo quadro partidário. “Ele assume com
obrigação da unidade e terá que construí-la, pois não sei se teremos
outra oportunidade”, disse.
Recuperar o tradicional trabalhismo no governo de uma trabalhista
Embora a visita de Brizola Neto ao Rio Grande do Sul não seja
ministerial, ele aproveitou para reforçar suas intenções como
representante do governo federal. “O trabalho era assunto de polícia
antes da era Vargas. Depois da redemocratização, os autênticos
trabalhistas e os novos trabalhistas tiveram diferenças de projetos de
poder. Hoje, precisamos retomar nossa afinidade pelo bem do crescimento
econômico do país com justiça social”, falou.
Brizola Neto diz que está à vontade no governo Dilma, devido à
trajetória da presidenta no PDT gaúcho. O ministro disse que reconhece o
peso de ser neto de Leonel Brizola, mas que está confiante no espaço
dado a ele por Dilma. “Apenas fazer lembrar a memória de Brizola no país
já seria suficiente, mas vou cumprir os compromissos pelo tradicional
trabalhismo no governo Dilma”, garantiu aos colegas de partido.
Segundo ele, a principal tarefa será devolver o protagonismo da pasta
antes dos escândalos de suspeitas de esquema de propinas que resultou
na queda do antecessor Carlos Lupi. “Precisamos voltar a contribuir para
colocar o trabalho como instrumento principal para o desenvolvimento
nacional. O crescimento da economia brasileira esta relacionado com a
valorização do trabalho e do trabalhador”, disse.
Sobre o encontro com Vieira da Cunha, o ministro desconversou. “A
gente sempre se fala e se procura”. A irmã, deputada Juliana Brizola
defendeu que “terão outras oportunidades para ele abraçar o deputado”.
Após deixar o ato na sede estadual do PDT gaúcho, o ministro do
Trabalho e Emprego, Brizola Neto visitou o ex-marido de Dilma Rousseff,
Carlos Araújo. Sobre o apadrinhamento de Araújo na indicação para o
ministério, Brizola Neto disse que “é um grande amigo e foi um grande
orientador na trajetória que eu tenho”.
1 milhão de vagas para Porto Alegre no Pronatec
Em visita ao prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, o ministro
Brizola Neto anunciou a abertura de 1 milhão de vagas para cursos de
qualificação em Porto Alegre, por meio do Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Segundo o ministro, a coordenação
do Pronatec será dividida com o ministério da Educação (MEC). A visita
ao prefeito teve o objetivo de consolidar a parceria da União com os
municípios. “Dependemos 100% das prefeituras para execução dos programas
do governo federal na área da qualificação profissional”, destacou.
Segundo Fortunati, a prefeitura já mantém convênios com o ministério
para a realização de cursos de qualificação profissional. Este ano, a
Secretaria Municipal do Trabalho Emprego projeta a criação de oito mil
vagas em cursos na parceria com o governo federal, através dos programas
Pronatec e Setorial de Qualificação (PlanSeQ). Os cursos de
qualificação em Porto Alegre oferecem vagas em 40 especialidades, em
áreas como comércio, serviços, construção civil, hotelaria, indústria e
empreendedorismo. As novas vagas devem ser disponibilizadas até o final
do ano.
Um comentário:
Luis, apesar do saco de gatos que se tornou o PDT, admiro muito o Brizola Neto, que tenta, às duras penas, honrar o ideal trabalhista-socialista de Leonel Brizola. Cumprimento-o por lhe dar espaço em seu blog. Um grande abraço!
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