Israel - PCO
- Perante as eleições de janeiro de 2013, a direita sionista tenta
criar um fato contra a população de Gaza, que vive num cárcere a céu
aberto, para calar a voz de qualquer oposição e manter a bilionária
ajuda dos EUA.
Os
sionistas israelenses empreenderam uma nova agressão em larga escala
contra os palestinos da Faixa de Gaza. A imprensa burguesa, seguindo o
roteiro de sempre, se apressou a justificar a ação e a culpar o Hamas e
os militantes de outros grupos da resistência por ter lançado foguetes
contra as cidades de Israel. Mas além da versão sionista e do
imperialismo, o que realmente está acontecendo em Gaza e por quê?
O primeiro ponto que deve ser destacado são as eleições gerais que
acontecerão em Israel no próximo mês de janeiro. A direita sionista,
liderada pelo primeiro ministro Benjamin Netanyahu, busca gerar um
barulho diversionista e, principalmente, distrair a atenção do
aprofundamento da crise capitalista no País, silenciando os setores
oposicionistas, em cima do aumento da histeria sobre os “terroristas
islâmicos” e os perigos aos quais a “democrática” nação judia está
submetida.
Ao mesmo tempo, a agressão ajuda aumentar a pressão dos lobistas
sionistas sobre o governo Obama para que a ajuda militar, que soma em
torno de US$ 3 bilhões, seja mantida no contexto das discussões sobre o
chamado “abismo fiscal” e os cortes no orçamento público. O cinismo é
recorrente. Após os sionistas atacarem e arrasarem o sul do Líbano em
2006, mas tendo sido derrotados, na prática, pelas milícias do Hizbolá, o
governo norte-americano liberou uma ajuda bilionária especial para
reconstruir as localidades que sofreram danos no norte de Israel,
enquanto as Nações Unidas chamaram a desarmar o Hizbolá.
Os especuladores financeiros também agradecem à nova agressão, pois
ajudou a segurar os preços do petróleo que há mais de uma semana tinham
caído abaixo de US$ 110 o barril, o que hoje tem um enorme impacto
devido ao esgotamento da especulação financeira nos mercados futuros de commodities provocada
pela queda dos preços das matérias primas minerais e, nas últimas
semanas, também de algumas matérias primas agrícolas, como a soja.
Como a nova ofensiva iniciou e por quê o líder militar do Hamas foi assassinado?
Durante os últimos meses, tinham acontecido vários ataques da aviação
israelense que a resistência tinha respondido basicamente com o
lançamento de mísseis a Israel.
O Hamas e o grupo Jihad Islâmica buscaram uma trégua com o governo
sionista, com a intermediação do governo do Egito. O primeiro ministro
de Gaza, Ismail Haniyed, chegou a declarar, no dia 12 de novembro, a
satisfação pelo fato dos principais grupos da resistência terem
concordado com a trégua. A própria imprensa noticiou as declarações,
começando pela agência Reuters no dia seguinte.
Umas horas mais tarde, o exército sionista assassinou o chefe da
brigada al-Qassam, o braço militar do Hamas, Ahmad al-Jaffari, lançando
um míssil contra o seu automóvel. al-Jaffari tenha sido um dos
principais orquestradores da trégua com Israel e um elemento moderado do
Hamas. Pouco antes dele ter sido morto, de acordo com o jornal
israelense Haaretz e confirmado em blogs de ativistas
palestinos, al-Jaffari tinha recebido uma primeira versão de um acordo
de cesse ao fogo a longo prazo proposto pelos principais grupos da
resistência palestina. Apesar da propaganda sionista, al-Jaffari era
tido como uma espécie de “empreiteiro” político de Israel na Faixa de
Gaza, durante os últimos cinco anos e meio, com a condição de que
mantivesse a segurança sob controle. Ou seja, o governo israelense
queria evitar a trégua e detonar uma guerra em condições favoráveis.
Não é a primeira vez que os sionistas “fabricam” uma crise para
justificar massacres contra a população palestina com o objetivo de
encobrir interesses escusos. O fizeram em dezembro de 2008, por exemplo,
numa operação que, em dois meses, matou 1.400 palestinos. Desta vez,
também vários civis têm sido mortos ou feridos, inclusive o filho de um
fotografo da BBC, que tinha menos de dois anos de idade. Vários outros
casos gritantes foram praticamente silenciados pela imprensa burguesa,
como o do menino de 13 anos de idade, Hameed Abu Daqqa, que foi atingido
no estômago, enquanto jogava futebol com os amigos, desde um
helicóptero.
Por quê Gaza?
De fato, o verdadeiro interesse da direita sionista enlouquecida,
liderada por Netanyahu, gostaria de atacar o Irã, pois o impacto seria
muito maior. Até o exército e o Massad rejeitaram a ideia nos últimos
meses, segundo foi amplamente divulgado na imprensa burguesa. Por esse
mmotivo, a aposta era a eleição do candidato republicano Mitt Romney,
nos EUA.
A vitória de Obama levou a questão do Irã novamente aos trilhos
diplomáticos e distanciou a possibilidade de uma agressão militar. Este
inclusive foi um dos motivos pelos quais setores majoritários da
burguesia imperialista apoiaram Obama – até figuras republicanas bem
direitistas, como o prefeito de Nova Iorque, Bloomberg, o governador de
New Jersey, Richie, e a revista The Economist apoiaram publicamente Obama.
O regime dos aiatolás do Irã está muito longe de representar uma
ameaça importante para o imperialismo e os sionistas. O programa nuclear
também não representa uma ameaça nuclear real por vários motivos – as
negociações, para o uso nuclear civil, que começaram a ser intermediadas
pelo governo Lula e o governo turco, em 2010, tinham sido encomendadas
pelo próprio Obama, mas logo a seguir desautorizadas pelo forte lobbysionista.
Por trás estão os interesses dos setores ligados ao setor de armamentos
nos EUA, os especuladores que dependem dos altos preços do petróleo e a
direita israelense que depende das fartas ajudas dos EUA.
Mas um ataque sionista ao Irã poderia ser uma operação suicida e
incendiar o Oriente Médio. As próprias tentativas de sufocar as
revoluções árabes pela via democrática (Tunísia, Egito e Iêmen), pelo
controle militar das milícias (Líbia e Síria), ou mesmo pela força
militar direta (Bahrein), poderiam facilmente sair do controle
imperialista e provocar a escalada do ascenso revolucionário na região,
que é responsável pela maior parte da produção mundial de petróleo e
pelos próprios petrodólares – base da ditadura do dólar e da especulação
financeira.
A chamada operação “Pilar das Nuvem” contra a Faixa de Gaza, que a
imprensa sionista e imperialista apresentam como uma espécie de base
avançada do Irã, teria o mesmo objetivo, numa escala muito menor, mas
com riscos muito menores, simplesmente confrontando uma população
indefesa, cercada, que vive numa espécie de prisão a céu aberto, com
baixa capacidade de reação contra uma das mais poderosas máquinas de
guerra em escala mundial.
A tentativa de prejudicar o avanço das negociações entre o
imperialismo norte-americano e o regime dos aiatolás pretende também
criar uma provocação ao estilo do Golfo de Tonkin, que em 1964 levou o
Congresso a autorizar os ataques contra o então Vietnam do Norte.
A política da direita israelense, em relação à população palestina, é
elimina-la do mapa para poder viabilizar o sonho sionista da Grande
Israel. Por esse motivo, mesmo a expansão dos assentamentos judaicos nas
regiões ocupadas, longe de terem sido congelados, conforme o próprio
Obama solicitou em 2010, continuam a todo vapor.
Logo após a escalada dos ataques sionistas o governo norte-americano e
a imprensa imperialista propagandearam as centenas de mísseis que o
Hamas teria lançado contra Israel e o direito dos sionistas a se
“defenderem dos terroristas”.
As reacionárias monarquias do Golfo e a União Europeia, muito
preocupadas em reconhecer o reacionário CNS (Conselho Nacional Sírio),
com o qual querem sufocar a revolução na Síria, não se pronunciaram.
As massas populares palestinas somente podem contar com elas mesmas, e
com a solidariedade internacionalista dos demais povos árabes, na luta
anti-imperialista e pelo justo direito à autodeterminação.
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