quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Portugal, Greve Geral: o país amanhece paralisado

 



A noite e a madrugada da Greve Geral desta quarta-feira indicam uma adesão significativa dos trabalhadores ao protesto contra a austeridade e o orçamento do assalto fiscal. Transportes, hospitais e comunicações com adesões a rondar os 100 por cento.
Foto de Miguel A. Lopes/LUSA.
Foto de Miguel A. Lopes/LUSA.

Distrito de Lisboa
Segundo a União de Sindicatos de Lisboa, registam-se elevadas adesões nos Hospitais e Centros de Saúde, nos Serviços Municipalizados da recolha do lixo e limpeza urbana; nos transportes ferroviários, fluviais e Metropolitano; nos correios e telecomunicações; nos sectores industriais (Portugal Ibéria, Europack; Cobert Telhas, Centralcer, Tudor, Valorsul, Acral, TAP (manutenção), BA-Vidro, Saint Gobain Sekurit, etc.).
Alguns números:
100% de adesão no turno da manhã da recolha de lixo em Loures; 100% de adesão na recolha de resíduos sólidos na Câmara Municipal da Amadora; recolha de resíduos sólidos em Sintra com 100% de adesão; 100% de adesão no serviço especial de limpeza da CM Lisboa; 90% de adesão na recolha de resíduos sólidos em Vila Franca de Xira.
90% dos enfermeiros da Maternidade Alfredo da Costa fizeram greve; 100% dos enfermeiros do Hospital da Estefânia aderiram à greve; apenas serviços mínimos no Instituto de Medicina Legal; 100% de adesão no pessoal auxiliar e administrativo do Hospital dos Capuchos; 90% de adesão no INEM; 100% na urgência pediátrica do Hospital Amadora Sintra.
100% de adesão na Acral; 97% na Tudor Exide; 71% no primeiro turno da BA-Vidro; 93% de adesão na Centralce; 91% na Saint-Gobain Sekurit Portugal.
O metropolitano de lisboa está encerrado; a adesão à Greve Geral nos portos de Lisboa é de 100%; os pilotos da barra fizeram greve e o VTS (controle da navegação no rio Tejo), em Algés e Paço D’Arcos não está a funcionar.
Saúde
Os primeiros dados confirmados indicam uma adesão à greve geral superior a 90% no turno da noite nos hospitais de Lamego, Covilhã e Litoral Alentejano, IPO do Porto e São José, em Lisboa, disse à Lusa fonte da CGTP.
O dirigente da CGTP José Augusto Oliveira indicou que "a maternidade Magalhães Coutinho e o hospital D. Estefânia em Lisboa registaram uma adesão de 100%, funcionando apenas os serviços mínimos".
José Augusto Oliveira sublinhou também a paralisação registada no Instituto de Medicina Legal. "Pela primeira vez, parou de uma forma generalizada", disse.
Transportes e comunicações
Nestas primeiras horas da Greve Geral regista-se uma grande adesão dos trabalhadores a esta forma de luta que está a provocar a paralisação total do Metropolitano de Lisboa, dos STCP no Porto, da circulação ferroviária da CP em todo o País, da circulação fluvial em Lisboa e Setúbal, da circulação ferroviária da CP-Carga, que acabou por suprimir também os dois comboios denominados como mínimos, dos portos e controlo da navegação marítima. Regista-se, igualmente, o encerramento da maioria dos estabelecimentos da REFER e os que funcionam, apenas estão a assegurar os serviços denominados como mínimos.
Os centros operacionais de correios também estão paralisados, registando-se uma adesão superior a 85% em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Lisboa, o piquete desta noite contou coma participação de mais de uma centena de pessoas, entre trabalhadores e populares.
A greve de hoje “é a que regista uma maior adesão quer no setor privado quer no setor público”
Os primeiros dados da greve geral nos transportes apontam para uma forte adesão quer no setor público quer no privado, adiantou esta manhã à Lusa fonte da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. “Tendo como referência as últimas três greves podemos dizer que a de hoje é a que regista uma maior adesão quer no setor privado quer no setor público, com alguns transportes a registarem 100%, como o Metropolitano [de Lisboa] e uma paralisação quase total na CP e nos transportes rodoviário e fluvial”, disse à Lusa José Manuel Oliveira, da FECTRANS.
“Posso dizer também que o transporte fluvial está reduzido aos serviços mínimos quer no rio Tejo quer no Sado, a CP nem sequer está a conseguir fazer aquilo que são os serviços mínimos. Temos os Transportes Sul do Tejo (TST) com 90% de adesão e a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) com 100%”, disse.
De acordo com José Manuel Oliveira, a Rodoviária de Entre Douro e Minho, em Braga está a trabalhar com serviços mínimos, a rodoviária da Beira litoral, em Coimbra com 95% e os transportes urbanos de Coimbra com 90%.
“A Carris em Santo Amaro está com 70% de adesão e na Pontinha, apesar da intervenção da polícia que carregou sobre o piquete de greve, só tinham às 07:00 saído 20 autocarros”, contou.
No que diz respeito aos portos e controlo de navegação marítima e dos centros operacionais de correios, a FECTRANS refere que está a ser registada uma adesão superior a 85% em Lisboa, Coimbra e Porto.
A FECTRANS registou também vários tumultos envolvendo as forças de segurança e piquetes de greve na estação rodoviária da Pontinha e da Musgueira, nas instalações da Vimeca/Lisboa transportes e na estação ferroviária da Pampilhosa, Mealhada, “impedindo que se exercesse o direito previsto na lei”. Um dos elementos do piquete que foi agredido pela GNR na Pampilhosa teve de receber tratamento hospitalar.
Serviços municipalizados de cinco autarquias parados
Os serviços municipalizados de cinco autarquias do país estão parados devido à greve geral, que começou às 00:00 desta quarta-feira, registando-se uma adesão de cem por cento dos seus trabalhadores, indicou a CGTP, que convocou a paralisação.
Os serviços municipalizados de Almada, Loulé, Palmela, Évora e Seixal estão parados, indicou aos jornalistas o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que falava aos jornalistas junto ao piquete de greve do Metropolitano de Lisboa, onde se concentraram algumas dezenas de trabalhadores.
Madeira
A empresa Aeroportos e Navegação Aérea da Madeira (ANAM) estima em 1.600 o número de passageiros afetados pela greve geral desta quarta-feira, que já determinou o cancelamento de 18 voos com origem e destino na Região.
A adesão de trabalhadores de limpeza urbana e recolha de lixo da Câmara Municipal do Funchal atinge os 100 e os 60% respetivamente, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) relativos aos turnos iniciados dia 13, às 20 e às 21 horas.
Governo está “nervoso” com esta greve geral
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou esta manhã o Governo de estar nervoso por causa da greve geral e de querer intimidar os trabalhadores de empresas de transportes com polícia de choque para os forçar a quebrar a sua adesão à greve.
"Não é pela intimidação e repressão que vão por em causa o direito à greve e reafirmamos que os trabalhadores não deixarão de dar a resposta devida a esta provação do Governo, de quem está numa situação de desespero e que procura pela via da força impor a sua posição", afirmou.
Arménio Carlos fez, no entanto, um "balanço extremamente positivo" da greve geral iniciada às 00:00 de hoje, afirmando estarem a ser registadas adesões entre os 80% e os 100%.
O secretário-geral da CGTP referiu adesões muito significativas no setor da saúde, nomeadamente nos hospitais, um pouco por todo o país. Segundo o dirigente da central sindical, a estação da CP do Poceirão, em Palmela, está encerrada. Em várias empresas de Leiria do setor químico e metalúrgico, a adesão foi superior a 70 por cento.
A greve geral de hoje, de 24 horas, foi convocada pela CGTP em protesto contra o agravamento das políticas de austeridade e em defesa de políticas alternativas que favoreçam o crescimento económico. O protesto conta ainda com a adesão de 28 sindicatos independentes, bem como com a participação de cerca de 30 sindicatos da UGT, embora esta estrutura se tenha demarcado da paralisação.
A Confederação Europeia de Sindicatos convocou uma Jornada de Luta Europeia para esta quarta-feira, num protesto contra as medidas de austeridade em 20 países da Europa, com greves gerais também noutros países europeus, como Espanha, Itália, Bélgica e Grécia.

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