EUA e UE aumentam agressões em África*
Carlos Lopes Pereira
À
UE não basta ser o pior inimigo dos povos da Europa. Nos mais recentes
conflitos em África – agressão da NATO à Líbia, golpe na Costa do
Marfim, ocupação do Mali, intervenção na RCA –, a França, primeiro com
Sarkozy, agora com Hollande, tem sido o mais fiel polícia do
imperialismo norte-americano. O intervencionismo militar da UE quer
rivalizar com o dos EUA.
Os Estados Unidos e a Espanha vão prolongar por mais um ano a
presença de tropas norte-americanas no Sul da Península Ibérica. Alegam
que a instabilidade no Norte de África e em especial no Sahel coloca em
risco a segurança e os interesses dos dois países.
O acordo entre Washington e Madrid prevê o aumento de efectivos e a
duplicação de aviões estacionados na base militar de Morón de la
Frontera, a 66 quilómetros de Sevilha.
Na base da Andaluzia, os EUA passam a dispor de 850 a 1100 marines e
de 17 aviões de guerra – uma dúzia de MV-22 de descolagem vertical,
quatro KC-130 de reabastecimento em voo e um aparelho de apoio
logístico.
O objectivo desta força, criada em Abril de 2013, sob o comando do
Africom, é «a protecção de cidadãos e instalações» dos EUA em África,
bem como a resposta a «situações de crise».
Este é mais um indicador recente do aumento do intervencionismo
militar dos EUA e da União Europeia (UE) em África – directamente ou por
intermédio e com a conivência de alguns governos mais reaccionários –,
visando impor o domínio imperial aos países do continente para saquear
as riquezas dos seus povos.
Um outro exemplo que ilustra o expansionismo belicista da UE é o previsto envio de tropas para a República Centro-Africana, no quadro da missão Eurofor RCA. Trata-se de um contingente de cerca de 1000 militares e polícias, de diversas nacionalidades, que em Abril seguirá para Bangui, a capital do país, com o pretexto de ajudar a «restabelecer a ordem».
Um outro exemplo que ilustra o expansionismo belicista da UE é o previsto envio de tropas para a República Centro-Africana, no quadro da missão Eurofor RCA. Trata-se de um contingente de cerca de 1000 militares e polícias, de diversas nacionalidades, que em Abril seguirá para Bangui, a capital do país, com o pretexto de ajudar a «restabelecer a ordem».
Segundo o «El Pais», a Espanha contribuirá com 60 militares e 25
guardas civis para esta operação europeia na RCA. De acordo com o
«Diário de Notícias», também Portugal poderá enviar um pelotão (20
elementos) da unidade de intervenção da GNR.
Para os espanhóis, a presença de tropas suas na África subsaariana
não é novidade, uma vez que que Madrid dispõe já de 300 militares no
Djibuti, na Somália, no Senegal e no Mali.
No Mali onde, depois da operação «Serval», em 2013 – quando os
franceses intervieram em socorro do regime de Bamako, ameaçado por
rebeldes islâmicos e separatistas tuaregues –, permanecem tropas
africanas, «capacetes azuis» e, também, uma missão militar da UE.
Neste momento, além de 2300 soldados franceses a combater, há cerca
de 560 instrutores e assessores europeus que treinam e enquadram o
exército maliano. O mandato desta missão da UE termina em Maio e deverá
ser renovado por mais 24 meses.
Na República Centro-Africana a tragédia repete-se. Em Março do ano
passado uma coligação armada derrubou o governo eleito de François
Bozizé e substituiu-o pelo seu líder, Michel Djotodia. Em Dezembro a
França enviou a legião estrangeira – operação «Sangaris» –, despachou
Djotodia para o exílio e colocou Catherine Samba-Panza na presidência,
mudanças que não travaram um sangrento conflito entre facções rivais.
Face à situação humanitária catastrófica, e apesar da presença de
2000 expedicionários franceses e 6000 militares da União Africana, as
Nações Unidas acham necessário enviar para a RCA, até meados de
Setembro, mais 12 mil soldados e polícias. Nesta operação, que custará
centenas de milhões de dólares, os «capacetes azuis» substituirão as
tropas africanas.
Antes disso, chegará a Bangui a missão militar da UE, para ajudar a
«pacificar» o país e, depois, claro, para permitir um programa de
«auxílio económico» que aprofundará a sua dependência e favorecerá a
exploração das suas riquezas pelo Ocidente…
O gendarme do imperialismo
Nestes recentes conflitos em África – agressão da NATO à Líbia,
golpe na Costa do Marfim, ocupação do Mali, intervenção na RCA –, a
França, primeiro com Sarkozy, agora com Hollande, tem sido o mais fiel
polícia do imperialismo norte-americano.
A coberto desta aliança, a burguesia francesa, com largo cadastro
colonial e neocolonial, reforça a aposta nos negócios africanos, em
parceria com os amigos indígenas. Negócios que vão da exploração do
petróleo e do urânio às pescas, passando pela venda de armamento e pelas
telecomunicações.
Em artigo na «Jeune Afrique», Christophe Boisbouvier calcula que o
orçamento de Paris para as «operações exteriores», em 2014, atingirá 450
milhões de euros. A operação «Serval» custou 650 milhões de euros em
2013 e a «Sangaris» já vai em 100 milhões.
Para assegurar os interesses económicos, a França reforça o
dispositivo militar em África. Tem bases permanentes em Dakar (Senegal),
Libreville (Gabão) e Djibuti, ocupa o Mali e a RCA e mantém tropas
estacionadas em países como Mauritânia, Níger, Costa do Marfim, Burkina
Faso, Camarões e Chade…
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2102, 14.03.2014
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