segunda-feira, 7 de abril de 2014

Adital - Pela primeira vez um presidente de esquerda pode ser eleito na Costa Rica





Pela primeira vez um presidente de esquerda pode ser eleito na Costa Rica

Adital


Pela primeira vez na história política da Costa Rica, um candidato de esquerda é o mais votado e enfrentará com ampla vantagem um segundo turno de eleições presidenciais. Luis Guillermo Solís Rivera, candidato pelo Partido Ação Cidadã (PAC), figurou à frente dentre os cinco presidenciáveis, com 30,84% dos votos. Na segunda etapa do pleito, ele enfrenta Johnny Araya Monge, membro do tradicional Partido Liberação Nacional (PLN), que recebeu os votos de 29,64% dos eleitores, mas que quase desapareceu na campanha para o segundo turno. Os dois seguem para as urnas neste domingo, 06 de abril.


O Partido Socialista Centro-Americano (PSOCA) publicou que, com a eleição, aumentam as expectativas de uma gestão mais democrática no país, com possibilidades de mudança na atual estrutura econômica e nas relações sociais. É esperada a superação de um contexto político de forte repressão às vozes da esquerda radical, políticas neoliberais e interesses privados por parte do governo federal. Anteriormente, o líder do PAC, Otto Solís, havia postulado o mandato de presidente por três vezes, sem conseguir.
No início de março deste ano, Johnny Araya chegou a anunciar que renunciaria à candidatura, mas reviu sua posição alguns dias depois, considerando que a Constituição proíbe renúncias a candidaturas presidenciais. Mesmo mantida a campanha, os analistas políticos a consideram ausente. Ele chegou a justificar que não tinha possibilidades de ganhar por falta de recursos e pelas sondagens internas do partido, além de pesquisas desfavoráveis.
Agora, a imprensa hegemônica do país considera a eleição de "um só candidato”. Por isso, debates e enquetes estão quase ausentes no processo. Segundo pesquisa publicada na imprensa nacional, a tendência é de que haja pelo menos 50% de abstenção de votos no próximo domingo.
Inicialmente, a campanha de Araya para o segundo turno se posicionou sob forte conservadorismo, manifestando oposição diante do aborto, do casamento homossexual e da fertilização in vitro, focando nos eleitores cristãos. A candidatura esquerdista também se diz contrária à legalização do aborto e da institucionalização do matrimônio homossexual, porém defende uma legalização de união de casais de mesmo sexo diferente do casamento.
Ambas as candidaturas têm entre as propostas de governo: reforma tributária, Estado laico e fortalecimento dos direitos dos animais. Araya é contra a legalização da maconha, enquanto Solís não se posiciona sobre o tema.
A campanha eleitoral prosseguiu até a última quarta-feira, 02 de abril. Analistas consideram que essa foi a campanha política costarriquenha em que as redes sociais tiveram maior influência, que muito soube capitalizar seus eleitores o candidato esquerdista Solís, alcançando jovens, profissionais e a classe média.
A primeira etapa das eleições presidenciais da Costa Rica de 2014 foi realizada em 02 de fevereiro deste ano, para eleger presidente, primeiro e segundo vice-presidentes, além de deputados da Assembleia Legislativa. O candidato eleito governará a Costa Rica até 2018, sucedendo, a partir de 08 de maio, Laura Chinchilla, primeira mulher presidente na história do país.
O próximo mandatário deverá dedicar-se a fechar acordos com outras bancadas, diante de um Congresso fracionado em uma dezena de partidos e sem maioria, já que o PAC de Solís obteve somente 13 vagas, diante de 18 do PLN de Araya. Os 57 novos deputados do Congresso eleitos em 02 de fevereiro assumirão em 1º de maio.

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