Moscou,
10 mai (Prensa Latina)
A confrontação na Ucrânia escalou hoje dimensões
sem precedentes no conflito das autoridades golpistas com regiões do
sudeste do país, depois da fase ativa da operação de castigo, com saldo
de numerosos mortos e feridos.
Após a tragédia em Odessa o 2 de maio último, a cidade de Mariúpol foi
enlutada a véspera pelo ataque do Exército com apoio de tanques, a
Guarda Nacional e esquadrões fascistas de Setor da Direita.
Segundo um preliminar da administração regional de Donetsk, os disparos
indiscriminados contra manifestantes e transeuntes deixaram ao menos
sete mortos e 39 feridos.
O Ministério de Interior de Ucrânia
informou que foram abatidos durante a operação conjunta uns 20
milicianos populares, com duas baixas nas forças de assalto, segundo a
fonte oficial.
Os militares e armados de Setor Direito
dispararam contra civis que marchavam pelo centro dessa cidade, na
região de Donetsk, durante a celebração da vitória contra o fascismo, o 9
de maio de 1945.
Pouco depois, as forças regulares assaltaram
com tanques a sede regional da Polícia, custodiada por agentes locais
que se negaram a reprimir aos civis desarmados.
Durante a
cobertura desses fatos foi ferido no estômago um repórter e produtor, de
23 anos, da agência Ruptly, pertencente ao grupo da corrente
internacional Russia Today, quem encontra-se grave mas estável, segundo
confirmou neste sábado a diretora do canal Margarita Simonyan, através
de seu Twitter.
O ataque de ontem em Mariúpol é o segundo na
semana que conclui, nas tentativas das forças governamentais de retomar o
controle das sedes ocupadas pelos partidários da federação no leste
ucraniano e para sufocar a resistência à junta, em véspera da celebração
do referendo, convocado em todo o território do Donbass, para manhã.
A cidade de Slavyansk, na mesma região de Donetsk, foi epicentro também
de intensos combates durante dias entre as forças regulares e as
milícias de autodefesa que resistem a uma investida do Exército com o
emprego de todo tipo de armamentos, incluídos morteiros, bazucas e,
segundo se denunciou, até com os sistemas múltiplos coheteriles Grad, de
elevado potencial de destruição em massa.
Os defensores da
federação resistem pela segunda semana consecutiva a uma operação a
grande escalada declarada pela junta golpista de Kiev sobre as cidades
de Donetsk, Kramatorsk e Slavyansk, e a um feroz cerco, sem que lhe
permita aos civis abandonar as cidades sitiadas, no meio de uma crise
humanitária.
No entanto, as forças governamentais e esquadrões
de apoio não têm podido sufocar mediante a violência desmedida e sem
precedentes neste país a rebelião no leste ucraniano, nem impedir a
preparação da consulta popular.
O massacre em Odessa o 2 de
maio, com saldo oficial de 46 mortos e mais de 200 feridos, foi
considerada por ativistas e políticos opositores como o "Jatín de
Odessa", análogo à matança nazista nessa aldeia, em Belarús, durante a
Grande Guerra Pátria.
O ex candidato presidencial e outrora
deputado pelo agora opositor partido das Regiões Oleg Tsariov declarou
que a junta quer ocultar as verdadeiras cifras do massacre a fim de
evitar maior comoção e rebeldia na opinião pública ucraniana.
Assegurou que os mortos superam os 116, entre os queimados e arrematados
pelos fascistas de Setor Direito, depois do incêndio intencional da
Casa dos Sindicatos. Para a ativista Tatiana Guiorguieva, o massacre em
sua cidade por grupos fascistas, unido à operação repressiva no leste
com saldo de numerosas vítimas, confirmam o início de uma guerra civil
fratricida em Ucrânia.
Nenhuma dessas mortes podem ser
considerado isoladas ou ocasionas produto de um suposto acidente, pelo
que estamos ante um aberto confronto armado interno, comentou aqui
Guiorguieva a Prensa Latina, consternada pela tragédia em seu país.
O autoproclamado governo de Kiev leva a cabo uma guerra contra o povo
de Donbass, usando todos os meios, incluídos armamentos modernos e
sofisticados, com emprego de forças terrestres e a aviação, declarou, a
sua vez, a esta agência, o sociólogo ucraniano Leonid Ilderkin.
A
junta procura, sublinhou o dirigente da resistência popular em Járkov,
pela via armada e a repressão sufocar os focos de resistência à ditadura
fascista em toda Ucrânia, e não só no este.
Deputados do
parlamento alternativo de Donetsk advertiram em um comunicado à Suprema
Rada (legislativo nacional) que a inflamação da confrontação e a
deterioração da situação por causa das ações militares a grande escala
ameaçam com reverter na Ucrânia o palco para um conflito social de
consequências irreversíveis.
As auto declaradas repúblicas
populares de Donetsk e Lugansk decidiram não adiar a realização do
referendo fixado para o dia 11 deste mês, uma iniciativa proposta nesta
semana pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a idéia de contribuir a
um diálogo nacional nesse país.
O referendo de autodeterminação
foi a resposta no leste ucraniano à reticencia de Kiev a negociar uma
reforma constitucional inclusiva dos interesses das regiões e sobre o
status do idioma russo como segunda língua oficial. |
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