Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Baixe o livro Agrotóxicos no Brasil, um guia para ação em defesa da vida
do blog CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS
”Embora
a agricultura seja praticada pela humanidade há mais de 10mil anos, o
uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças das
lavouras existe há pouco mais de meio século” Flavia Londres.
Veja mais no livro disponível para download AQUI
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alimentação saudável,
consumismo,
ecologia e meio ambiente
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Mauro Iasi
As pessoas comerão
três vezes ao dia
E passearão de mãos
dadas ao entardecer
A vida será livre e
não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!
três vezes ao dia
E passearão de mãos
dadas ao entardecer
A vida será livre e
não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!
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Homenagem a quem constrói o Rio Grande com Sabedoria, Coerëncia e Luta!
EDUCADORES também são TRABALHADORES!
Por Nei Sena, Diretoria e Funcionária do 14º Núcleo/CPERS-Sindicato.
"OS TRABALHADORES"
Foto: 15º Núcleo |
Com o desenrolar da história da humanidade em seus múltiplos períodos e lugares, o homem transforma-se, de um trabalhador submetido a condições escravas e de espoliação, evoluindo para um trabalhador consciente do seu papel na sociedade. Isto acontece graças a muita Luta da classe trabalhadora que a manteve organizada em sindicatos e, inclusive, com o sacrifício de muitos trabalhadores que morreram em confronto, defendendo direitos de sua categoria.
Nos dias de hoje existem, ainda, muitas Lutas a serem conquistadas como, por exemplo, eliminar as diferenças salarias existentes entre homens e mulheres; Buscar a coerência entre o discurso e a prática na política e no dia-dia; Ver na Educação um caminho de desenvolvimento e de assertiva para o País, ... Estas lutas fazem parte, com toda certeza, de um leque maior de reivindicações da classe trabalhadora.
Fonte: 15º Núcleo |
Podemos dizer que Dia dos Trabalhadores são todos os dias. Que passa não só pela sua jornada de trabalho, mas que vai do seu despertar ao seu repouso.
Que a democracia no Brasil evolua e se consolide!
Saudações a todos Trabalhadores deste País!
Por Sergio Augusto Weber, Professor e Diretor Financeiro do 14º Núcleo.
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relações de trabalho,
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segunda-feira, 30 de abril de 2012
Clara Zetkin: Apenas junto com as mulheres proletárias o socialismo será vitorioso
Portal AVERDADE
As
investigações de Bachofen, Morgan e outros parecem provar que a
repressão social das mulheres coincide com a criação da propriedade
privada. O contraste na família entre o marido como proprietário e a
mulher como não proprietária se tornou a base da dependência econômica e
da ilegalidade social do sexo feminino. Essa ilegalidade social
representa, de acordo com Engels, uma das primeiras e mais antigas
formas da exploração de classes. Ele afirma:
“Na família, o marido representa a burguesia e a esposa o proletariado”.
No entanto, a questão das mulheres não
era questionada neste sentido específico do mundo moderno. Somente o
modo de produção capitalista, o modo de produção que criou a
transformação social, que levantou a questão feminina destruindo o
antigo sistema econômico e familiar, trazendo substância e sentido de
vida para a grande massa de mulheres, durante o período pré-capitalista.
Nós não devemos, entretanto, transferir para as atividades econômicas
femininas antigas aqueles conceitos (como futilidade e mesquinhez) que
são ligados às atividades femininas de nosso tempo. Desde que o antigo
tipo de família existia, a mulher encontrará nas atividades produtivas,
um sentido de vida, mesmo que ela não tenha consciência de sua
ilegalidade social e de que seu desenvolvimento de seus potenciais
enquanto indivíduo é limitado.
O período do Renascimento é tempestuoso e
estressante, no sentido de despertar da individualidade moderna que era
capaz de se desenvolver completamente em diversas direções. Encontramos
indivíduos que eram gigantes bons e maus que rejeitam os mandamentos
das religiões, das concepções morais e desprezam igualmente céu e
inferno. Nós descobrimos as mulheres como centro da vida social,
artística e política. E, ainda, não existe um traço de movimento
feminino. Esta é a maior razão para o antigo sistema começar a ruir sob o
impacto da divisão do trabalho.
Milhares e milhares de mulheres não mais encontravam sentido na vida no
interior da família, mas essa questão, de acordo com o que podemos
analisar, foi resolvida na época com conventos, instituições de caridade
e ordens religiosas.
As máquinas, o modo moderno de produção,
lentamente acabaram com a produção doméstica e não apenas para
milhares, mas para milhões de mulheres a pergunta era: Onde
encontraremos nosso meio de vida? Onde nós encontraremos um sentido de
vida assim como um trabalho que nos dê satisfação mental? Milhões
estavam agora forçadas a encontrar seu meio e sentido de vida fora de
suas famílias, na sociedade como um todo. Nesse momento, elas se
tornaram conscientes do fato de que sua ilegalidade social esteve em
oposição com a maioria de seus interesses básicos. A partir deste
momento surgiram as modernas questões das mulheres. Aqui estão algumas
estatísticas que mostram como o modo de produção moderno funciona para
as questões das mulheres, mesmo as mais agudas. Durante 1882, 5,5
milhões das 23 milhões de mulheres e meninas na Alemanha estavam
totalmente desempregadas, um quarto da população feminina não encontrava
mais seu meio de vida na família.
De acordo com o Censo de 1895, o
número de mulheres empregadas na agricultura, no sentido mais amplo
desse termo, havia crescido desde 1882 mais de 8% e no sentido estrito
cerca de 6%, enquanto o número de homens empregados na agricultura
decrescia cerca de 3% a 11%, por ano. Na área das indústrias e das
minas, o número de empregadas cresceu cerca de 35% e o de homens cerca
de 28%. No mercado de tecelagem, o número de mulheres empregadas cresceu
mais de 94% e o de homens apenas 38%. Apenas esses números mostram
muito mais a urgência em se resolver as questões das mulheres do que uma
declamação inflamada.
O problema das mulheres, entretanto,
está presente apenas entre aquelas classes da sociedade nas quais elas
mesmas se tornaram produtos do modo capitalista de produção. Então, não
encontraremos tais questões nos círculos camponeses, onde existe a
economia natural (embora reduzida e puncionada). Mas, nós certamente
encontraremos esses problemas naquelas classes da sociedade em que todas
as crianças participam do modo moderno de produção. Existe um problema
feminino para cada mulher do proletariado, da burguesia, da
intelectualidade, etc. Assume uma forma diferente de acordo com a
situação de classe de cada uma.
Como se entende um questionamento
feminino na alta sociedade? As mulheres desta classe graças as suas
propriedades, podem desenvolver sua individualidade e viver como
desejam. Em toda sua vida, entretanto, ela ainda depende de seu marido. A
guarda sobre o sexo mais frágil sobrevive na lei da família que afirma:
“Ele deverá ser seu mestre”. E qual é a constituição da alta sociedade
para que a mulher seja legalmente subjugada pelo marido? Em seus
primórdios, essas famílias não seguiam pré-requisitos morais. Não era a
individualidade, mas o dinheiro que decidia sobre o matrimonio. Seu mote
é: No que o capital participa, moralidade sentimental não deve
participar. Então, nessa forma de casamento, duas prostituições são
tomadas como uma virtude. A eventual vida em família se desenvolve de
acordo com os mesmos termos. Onde quer que a mulher não seja mais
forçada a realizar seus deveres, ela transfere seus deveres de mulher,
mãe e dona de casa para serviçais pagos. Se as mulheres destes círculos
tem o desejo de dar a suas vidas um propósito sério, elas devem,
primeiramente, aumentar a possibilidade de dispor de suas propriedades
de forma independente e livre. Esta demanda representa o centro das
demandas apresentadas pelo movimento feminino da alta sociedade. Estas
mulheres, em sua luta pela realização de suas demandas contra o mundo
masculino de suas classes, lutam exatamente a mesma batalha que a
burguesia lutou contra as classes privilegiadas, ou seja, a batalha para
remover todas as diferenças baseadas nas posses das propriedades.
O fato de que esta demanda não lida com
os direitos dos indivíduos está provado pela defesa de Herr Von Stumm no
Reichstag. Mas quando ele defendeu os direitos de uma pessoa? Este
homem, na Alemanha, significa mais do que uma personalidade, ele é o
dinheiro em carne e osso e se este homem se apresenta com uma mascara
barata pelos direitos das mulheres, então isso só aconteceu porque ele
foi forçado a dançar diante da “Arca da Aliança do Capitalismo”. Este é o
Herr Von Stumm que sempre está pronto para colocar um basta para seus
trabalhadores se eles não dançarem conforme sua música e ele certamente
receberia com um sorriso satisfeito se o Estado, enquanto empregador
colocasse os professores e intelectuais que insistem em discutir
políticas públicas sob suas rédeas também. Os esforços de Herr Von Stumm
não almejam nada além do que instituir a posse dos bens móveis no caso
da herança feminina, uma vez que existem pais que adquiriram posses, mas
não tem como escolher seus filhos, deixando apenas as filhas como
herdeiras. Assim, o capitalismo honra a poucas mulheres, permitindo que
elas dispusessem de suas fortunas. Esta é a fase final da emancipação da
propriedade privada.
Como se apresentam os problemas
femininos nos círculos da pequena burguesia, da classe media e da
burguesia intelectual? Nesse caso, não é a propriedade que dissolve a
família, mas principalmente os sintomas concomitantes da produção
capitalista. Neste grau, a produção completa sua marcha triunfal, a
classe media e a pequena burguesia estão cada vez mais próximas de sua
destruição. Entre a burguesia intelectual, outra circunstância leva à
piora das condições de vida: o capitalismo precisa de força de trabalho
inteligente e treinada cientificamente. Isso então favoreceu uma super
produção de trabalhadores cientificamente qualificados e contribuiu para
o fenômeno de que as posições de respeito entre essas classes de
profissionais estão se erodindo.
No mesmo nível, entretanto, o número de
casamentos está caindo; mesmo com bases materias piores, o aumento da
expectativa de vida dos indivíduos, faz com que os homens pensem duas ou
três vezes antes de entrar em um casamento. A idade limite para se
formar uma família aumentou e o homem não sofre pressão para se casar,
pois em nosso tempo existem bastantes instituições sociais que oferecem
uma vida confortável a um velho bacharel sem uma esposa legítima. A
exploração capitalista da força dos proletários até os níveis mais
exaustivos, está ai um grande suprimento de prostitutas que correspondem
às demandas desses homens. Então, dentro dos círculos da burguesia o
número de mulheres solteiras sempre cresce.
As mulheres e filhas destes círculos são
empurradas para dentro da sociedade, elas próprias precisam se
estabelecer em suas vidas nas quais não se espera apenas que elas tenham
seu sustento, mas também saúde mental. Nestes círculos, as mulheres não
são iguais aos homens na forma de donas das propriedades privadas, como
elas são nos altos círculos. As mulheres nestes círculos ainda precisam
garantir sua igualdade econômica com os homens e elas podem fazer isso a
partir de duas demandas: A demanda por treinamento profissional
igualitário e a demanda por oportunidades iguais de trabalho para ambos
os sexos. Em termos econômicos, isto significa nada menos do que a
realização do livre acesso a todos os empregos e competição igualitária
entre homens e mulheres. A realização disso desencadeia um conflito
entre homens e mulheres da burguesia e da intelectualidade. A competição
das mulheres dentro do mercado de trabalho é a força que move a
resistência dos homens contra as demandas daqueles que advogam pelos
direitos das mulheres burguesas. Pura e simplesmente, medo da
competição. Todas as outras razões que são listadas contra o trabalho
feminino qualificado, como o cérebro feminino ser menor e a tendência
natural das mulheres a serem mães são apenas pretextos. Esta batalha
coloca as mulheres deste estrato social diante da necessidade de exigir
seus direitos políticos, lutando politicamente, derrubando todas as
barreiras que foram criadas contra a sua atividade econômica.
Até então, me posicionei apenas diante
da estrutura política básica e pura. Nós iremos, entretanto, cometer uma
injustiça contra o movimento burguês pelos direitos das mulheres se nós
atribuíssemos apenas motivações econômicas. Não, este movimento também
contém um aspecto mais profundo. As mulheres da burguesia exigem não só
seu sustento, mas também querem poder desenvolver sua individualidade.
Exatamente junto a esse segmento encontramos esta trágica, porém
psicologicamente interessante figura “Nora”, mulheres que estão cansadas
de viver como bonecas, em casas de bonecas e que querem compartilhar do
desenvolvimento da cultura moderna. A economia, bem como a
intelectualidade empreendida pelos defensores dos direitos das mulheres
da burguesia são completamente justificáveis.
No que diz respeito ao proletariado
feminino, foi a necessidade do capitalismo de explorar e buscar
incessantemente por uma força de trabalho barata que criou questão das
mulheres. Essa também é a razão pela qual o proletariado feminino se
tornou parte do mecanismo da vida econômica de nosso período e foi para
as oficinas e para as máquinas. Elas saíram para a vida econômica para
ajudar seus maridos na subsistência, mas o sistema capitalista as
transformou em competidoras desleais. Elas queriam trazer prosperidade
para a família, entretanto, a miséria se estabeleceu. As mulheres
proletárias se empregaram porque queriam construir uma vida feliz e
prazerosa para seus filhos, entretanto, elas ficaram totalmente
separadas deles. Elas se tornaram iguais aos homens como trabalhadores;
as máquinas davam as forças necessárias e em qualquer lugar o trabalho
das mulheres gerava o mesmo resultado que o dos homens. E como as
mulheres constituem uma força de trabalho barata e acima de tudo
submissas, tanto que apenas raros casos se colocam contra a exploração
do capitalismo, os capitalistas aumentaram as possibilidades de trabalho
das mulheres na indústria. Como resultado, as mulheres proletárias
alcançaram sua independência. Mas, verdadeiramente, o preço para isso
foi muito alto e para o momento elas ganharam muito pouco. Se durante a
Era da Família, o homem tinha o direito (pense na lei eleitoral da
Bavária!) de domar sua mulher com um chicote, o capitalismo está, agora,
domando-a ainda mais. Antigamente, o governo de um homem sobre sua
mulher era amenizado por sua relação pessoal. Entre um empregador e um
empregado, entretanto, existe apenas o vínculo financeiro. O
proletariado feminino ganhou sua independência, mas nem como ser humano,
nem como mulheres ou esposas elas tem a possibilidade de desenvolver
sua individualidade. Para suas tarefas como esposa e mãe, restam apenas
as migalhas que a produção capitalista deixa cair da mesa.
Então as lutas pela libertação das
mulheres proletárias não podem ser comparadas às lutas que as mulheres
da burguesia enfrentam contra os homens de sua classe. Ao contrário,
elas devem empreender uma luta unitária com os homens de sua classe
contra toda a classe capitalista. Elas não precisam lutar contra os
homens de sua classe para derrubar as barreiras que foram erguidas
contra sua participação no mercado da livre competição. A necessidade do
capitalismo de explorar e desenvolver o modo moderno de produção as
libera totalmente de travarem tal briga. Ao contrário, novas barreiras
precisam ser erguidas contra a exploração do proletariado feminino. Seus
direitos como esposa e mãe precisam ser restaurados e garantidos
permanentemente. Seu clamor final não é a livre competição com os
homens, mas o poder político nas mãos do proletariado. As mulheres
operárias lutam lado a lado com os homens de sua classe contra a
sociedade capitalista. Para se ter certeza, elas também concordam com as
demandas do movimento feminino burguês, mas elas sabem que a simples
realização dessas demandas é uma forma de impedir que o movimento entre
na batalha, equipado com as mesmas armas, ao lado de todo o
proletariado.
A sociedade burguesa não é
fundamentalmente contra o movimento feminino burguês, o que pode ser
provado pelo fato de que em vários estados foram iniciadas reformas das
leis, em âmbito público e privado. Existem duas razões pelas quais a
implementação dessas reformas parece demorar excepcionalmente na
Alemanha: primeiramente, os homens temem a competição nas profissões
liberais e precisa-se levar em consideração que o desenvolvimento da
democracia burguesa é bastante lento e fraco na Alemanha, que não
acompanha sua tarefa histórica porque sua classe dominante teme o
proletariado. Temem que estas reformas só trarão vantagens para os
social-democratas. Quanto menos a democracia burguesa se deixar levar
pelo medo, mais estará preparada para realizar tais reformas. A
Inglaterra é um bom exemplo. A Inglaterra é o único país que ainda tem
uma burguesia verdadeiramente poderosa, enquanto a burguesia alemã,
tremendo de medo do proletariado, se intimida em realizar reformas
políticas e sociais. Assim como está a Alemanha, existe o fator
adicional de visão Filistina ampla. A noção Filistina de prejuízo atinge
profundamente a burguesia alemã. Para se ter certeza, este medo da
burguesia alemã é muito raso. Garantir igualdade política para homens e
mulheres não muda o atual balanço de forças. As mulheres proletárias
acabam no proletariado e as da burguesia acabam no campo da burguesia.
Não podemos nos deixar enganar pelas tendências socialistas no movimento
de mulheres burguês, que só persistirá enquanto a burguesia feminina se
sentir oprimida.
Quanto menos a democracia burguesa
entende seu papel, mais importante é para a Social Democracia defender a
igualdade política das mulheres. Não queremos parecer melhores do que
somos. Não estamos reivindicando por um princípio, mas interessados na
classe operária. Quanto mais o detrimento do trabalho feminino
influenciar na vida dos homens, mais urgente se tornará a necessidade de
incluí-las na batalha econômica. Quanto mais a batalha política afetar a
existência de cada indivíduo, mais urgente será a participação das
mulheres nessa luta. Foi a lei anti-socialista que deixou claro para as
mulheres o que significava justiça de classe, Estado de classe e leis de
classe. Foi esta lei que ensinou às mulheres a necessidade de aprender
sobre a força que intervém tão brutalmente em suas famílias. A lei
Anti-Socialista cumpriu com sucesso seu trabalho que não teria sido
realizado por uma centena de agitadoras e, portanto, somos profundamente
gratas a essa lei que como todos os órgãos do governo (desde o
ministério até a polícia local) que participaram e contribuíram
maravilhosamente com esses serviços involuntários de propaganda. Então,
como podem acusar a nós, social democratas de ingratidão? (Risos) – sic.
Ainda existe outro evento que deve ser
levado em consideração. Estou me referindo à publicação de Augusto
Bebel, o livro “Mulheres e o Socialismo”. Este livro não deve ser
julgado de acordo com seus aspectos positivos ou pelos seus atalhos.
Deve ser julgado pelo contexto de quando foi escrito. Foi mais do que um
livro, foi um evento – um maravilhoso tratado. (Bastante preciso). O
livro apontou pela primeira vez a conexão entre a questão feminina e o
desenvolvimento histórico. Pela primeira vez, deste livro soou um apelo:
Nós apenas conquistaremos o futuro se persuadirmos as mulheres a se
tornarem co-batalhadoras. Reconhecendo isso, não estou falando apenas
como mulher, mas como uma camarada do partido.
Quais conclusões práticas nós podemos
esboçar para nossa propaganda junto as mulheres? A tarefa que deste
congresso do Partido não deve ser resumida a sugestões de detalhes
práticos, mas desenhar diretrizes gerais para o movimento de mulheres.
Nossa linha de pensamento deve ser: não
devemos conduzir propaganda especial para as mulheres, mas fazer
agitação socialista entre as mulheres. Os interesses mesquinhos e
momentâneos interesses do mundo feminino não podem ser permitidos nesse
estágio. Nossa tarefa deve ser incorporar as trabalhadoras modernas na
nossa luta de classes! Não temos tarefas especiais para a agitação junto
às mulheres. Essas reformas para as mulheres que devem ser realizadas
no âmbito da sociedade de hoje já são exigidas dentro do programa mínimo
de nosso partido.
A propaganda das mulheres deve tocar
naquelas questões que são de grande importância para todo o movimento
operário. A principal tarefa, portanto, de acordar a consciência de
classe das mulheres e incorporá-las à luta de classes vigente. A
sindicalização das trabalhadoras é extremamente difícil. Durante os anos
de 1892 a 1895, o número de trabalhadoras organizadas em centrais
sindicais cresceu para cerca de 7000. Se adicionarmos a esse número as
trabalhadoras organizadas em sindicatos locais e enxergarmos que ao
menos 700.000 mulheres estão envolvidas ativamente nas grandes
indústrias, então começaremos a entender o tamanho do trabalho de
organização que ainda está a nossa frente. Nosso trabalho se torna mais
difícil pelo fato de que muitas mulheres estão ativas na indústria
caseira e podem, portanto, ser organizadas apenas com grande
dificuldade. Também temos que lidar com a difundida crença entre as
garotas jovens que seu trabalho industrial é apenas transitório e que
terminará quando se casarem. Para muitas mulheres existe a dupla
obrigação de ser ativa tanto na fábrica quanto em casa. O que é mais
necessário para as trabalhadoras é obter uma jornada de trabalho
legalmente fixada. Enquanto na Inglaterra todos concordam que a
eliminação da indústria caseira, o estabelecimento de uma jornada de
trabalho legal e o pagamento de salários mais altos são importantes
requisitos para a sindicalização das trabalhadoras – na Alemanha, além
desses obstáculos, enfrentamos também a obrigação da sindicalização e
das assembléias. A completa liberdade de formar coalizões, que era
garantida pela lei do Império, foi ilusoriamente retida pelas leis de
cada estado federativo. Não quero discutir a forma como tal direito de
formar um sindicato é tratado na Saxônia (mesmo que alguém possa falar
de um direito lá). Mas em dois dos maiores estados federativos, a
Bavária e a Prússia, as leis sindicais são tratadas de tal forma que a
participação feminina nos sindicatos tem se tornado cada vez mais
impossível. Mais recentemente na Prússia, o distrito do “liberal”, o
eterno candidato a ministro, Herr Von Bennigsen tem feito o humanamente
possível na interpretação da Lei da Sindicalização e das Assembléias. Na
Bavária todas as mulheres são excluídas de reuniões públicas. Na Câmara
de lá, Herr Von Freilitzsch declarou muito abertamente que ao lidar com
a lei da sindicalização, não apenas o texto, mas também a intenção do
legislador deve ser levada em consideração. Herr Von Freilitzsch está na
melhor posição para saber exatamente as intenções dos legisladores,
todos eles acabaram de morrer, antes deixando a Bavária com mais sorte
do que qualquer um pudesse imaginar nos seus melhores sonhos, apontando
Herr Von Freilitzsch como seu ministro da polícia. Isso não me
surpreende por quem quer que receba um ofício de Deus também recebe a
inteligência concomitante, e em nossa Era do Espiritualismo, Herr Von
Freilitzsch obteve tanto sua inteligência oficial, como por meio da
quarta dimensão, descobriu as intenções dos falecidos legisladores.
(Risos.)
Esta situação, portanto, não dá
possibilidade para que as trabalhadoras se organizem junto aos homens.
Até agora, elas enfrentaram uma luta contra o poder policial e
estratagemas jurídicos e, superficialmente, parecem ter sido derrotadas.
Na realidade, entretanto, elas se tornaram vitoriosas porque todas as
medidas usadas para esmagar a organização das trabalhadoras só serviram
para despertar sua consciência de classe. Se quisermos ter uma poderosa
organização de mulheres, tanto no aspecto econômico como político,
devemos então, primeiramente, cuidar da possibilidade para um movimento
feminino livre, lutando contra a indústria caseira, por jornadas de
trabalho menores e, acima de tudo, contra o conceito de organização da
classe dominante.
Não podemos determinar, neste congresso
do Partido, qual forma nossa propaganda entre as mulheres deve tomar.
Devemos, primeiramente, aprender como faremos nosso trabalho junto às
mulheres. Na resolução que vos foi apresentada, propõe-se para eleger
delegadas sindicais, cuja tarefa será a de estimular a união e
organização econômica das mulheres e para consolidá-la de maneira
uniforme e planejado. Esta proposta não é nova; foi adotada em princípio
pelo Congresso do Partido de Frankfurt, e em algumas regiões foi
implanado com sucesso. O tempo irá dizer se essa proposta, quando
aplicada em maior escala, é adequada para colocar as mulheres em maior
medida no movimento proletário.
Nossa propaganda não deve ser realizada
apenas de maneira falada. Um grande número de pessoas passivas não estão
em nossas reuniões e incontáveis esposas e mães não podem vir. Na
verdade, não deve ser tarefa da propaganda socialista alienar a mulher
trabalhadora de seus deveres como mãe e esposa. Ao contrário, ela deve
ser encorajada a realizar essas tarefas melhor do que nunca. Quanto
melhor suas condições em sua família, quanto mais eficiente for em casa,
maior será sua capacidade de lutar. Quanto mais ela for modelo e
educadora de seus filhos, mais hábil ela será para faze-los continuar na
luta com o mesmo entusiasmo e sacrifício que tivemos para a libertação
do proletariado. Quando um trabalhador disser: “Minha esposa!” ela
pensará “camarada de meus ideais, companheira em minhas batalhas e mãe
dos meus filhos, para as futuras batalhas.” Muitas mães e esposas que
despertam a consciência de classe em seus maridos e filhos fazem tanto
quanto as camaradas que nós vemos em nossas reuniões.
Se a montanha não vai a Maomé, Maomé
deve ir à montanha: Nós devemos levar o Socialismo para as mulheres
através de uma propaganda escrita planejada. Para tal campanha, eu
sugiro a distribuição de panfletos e eu não quero dizer do tradicional
panfleto no qual todo o programa socialista e todo o conhecimento
científico do século estão condensados em um quarto de página. Não, nós
devemos usar pequenos panfletos nos quais se discuta um problema prático
de um ponto de vista, principalmente aquele da luta de classes, que é a
tarefa principal. E não devemos assumir uma atitude indiferente para a
produção técnica de panfletos. Não devemos usar, como é nossa tradição, o
pior papel e o pior tipo de impressão. Tal panfleto miserável será
amassado e jogado fora pelas trabalhadoras que não tem o mesmo respeito
pela palavra impressa do que os trabalhadores. Devemos imitar os norte
americanos e ingleses que faziam pequenos livretos de quatro a seis
páginas. Pois mesmo uma trabalhadora é mulher suficiente para dizer para
si mesma: “Isso é mesmo encantador. Terei que pegá-lo e mante-lo.” As
frases que realmente importam devem ser impressas em letras grandes.
Então as trabalhadoras não ficarão com medo de ler e sua atenção será
estimulada.
Por causa de minhas experiências
pessoais, não posso defender a fundação de um jornal especial para as
mulheres. Minha experiência não é baseada na minha posição como editora
do “Gleichheit” (que não é destinado à massa feminina, mas à sua
vanguarda progressista), mas como distribuidora de literatura entre as
trabalhadoras. Estimulada pelas ações de Frau Gnauck-Kuhne, eu distribui
jornais por semanas em certa fábrica. Eu me convenci que as mulheres lá
não só não aprenderam com aquele jornal o que era esclarecedor, mas o
que era engraçado e de entretenimento. Dessa forma, os sacrifícios de se
publicar um jornal barato não valeriam a pena.
Também criamos uma série de brochuras
que traziam o Socialismo mais próximo das mulheres como trabalhadoras,
esposas e mães. Exceto pela poderosa brochura de Frau Popp, não tivemos
uma só que chegou ao número de requerimentos que precisávamos. Nossa
imprensa diária, também, precisa realizar mais do que fez até então.
Alguns jornais diários tiveram a intenção de esclarecer as mulheres
adicionando o suplemento especial para mulheres. O “Magdeburger
Volkstimme” é um exemplo e o camarada Goldstein no Zwickau tem
estimulado habilidosamente e com sucesso. Mas até agora a imprensa
diária manteve a trabalhadora como assinante, enaltecendo sua
ignorância, seu gosto ruim e informe, no lugar de esclarecê-las.
Repito que estou apenas colocando
sugestões para vossa consideração. Propaganda entre as mulheres é
difícil e onerosa e requer grande devoção e sacrifício, mas este será
recompensado e deve ser trazido à luz. O proletariado poderá se libertar
apenas se lutar unido, sem diferenciar-se por nacionalidade ou
profissão. No mesmo sentido, só se libertará sem a distinção por sexo. A
incorporação de grandes massas de trabalhadoras na luta pela libertação
do proletariado é um pré-requisito para a vitória do ideal socialista e
para a construção da sociedade socialista.
Apenas a sociedade socialista irá
resolver o conflito que hoje é gerado pela atividade profissional das
mulheres. Uma vez que a família como uma unidade econômica irá
desaparecer e seu lugar será tomado pela família como uma unidade moral,
as mulheres terão igualdade em direitos, igual em criatividade, será
companheira de frente de seu marido; sua individualidade poderá crescer
no mesmo tempo e ela cumprirá suas tarefas de esposa e mãe da melhor
forma possível.
16 de Outubro de 1896
Tradução de Mayra Garcia da Silva
Movimento de Mulheres Olga Benário, Belo Horizonte
Movimento de Mulheres Olga Benário, Belo Horizonte
Altamiro Borges: 1º de Maio e a histeria da mídia
no PORTAL VERMELHO
Já virou rotina. Sempre que se aproxima a comemoração do Dia Internacional do Trabalhador, a mídia patronal publica editoriais e “reporcagens” contra o sindicalismo. É a mesma ladainha: as leis trabalhistas são “anacrônicas” e “engessam” o crescimento econômico, há libertinagem nas greves e o Brasil caminha para uma “república sindicalista” – o refrão preferido dos golpistas de 1964.
Hoje, a Folha criticou o fato das
centrais sindicais receberem patrocínios oficiais para a realização dos
atos do 1º de Maio. Para a mídia patronal, só os patrões deveriam
receber recursos públicos – que proveem dos impostos dos trabalhadores –
para realizar as suas festivas atividades. Dinheiro público para as
elites empresariais, sim; para eventos dos trabalhadores, nunca!
O falso discurso da transparência
Segundo a matéria, que parece ter sido encomendada, “o governo federal dobrou, em três anos, o valor repassado às principais centrais [através de um percentual da contribuição sindical], que preparam festas milionárias para celebrar o feriado do Dia do Trabalho. O bolo destinado às centrais saltou de R$ 62 milhões em 2008 para R$ 124 milhões no ano passado”.
A Folha garante que, “apesar da origem pública, não há nenhuma fiscalização sobre o uso da verba”. Já que é tão transparente, o jornal bem que poderia publicar quanto recebe de publicidade oficial ou de isenções no papel para a impressão; também poderia informar aos leitores quanta grana as empresas e os governos destinam para financiar os seus inúmeros eventos.
Asfixiar financeiramente os sindicatos
Além de criticar os patrocínios às comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, o diário da famiglia Frias aproveita para satanizar a contribuição sindical descontada na folha de pagamento. Para os empresários, o sindicalismo deveria receber menos recursos. De preferência, deveria morrer à míngua. Desta forma, não promoveria tantas lutas e greves. Não daria tanta dor de cabeça!
Segundo a Folha, o ex-presidente Lula, que teve a sua origem no sindicalismo, beneficiou as centrais ao garantir recursos para a sua atuação. “Nos primeiros quatro anos da regra, as seis centrais receberam um total de R$ 370 milhões. A exemplo do Ministério do Trabalho, todas defendem a cobrança obrigatória, à exceção da CUT”, informa jornal, que sempre pregou o fim deste “privilégio”.
Restrições ao direito de greve
No mesmo rumo da satanização do sindicalismo, editorial do Estadão de segunda-feira passada (23) criticou o aumento do poder de mobilização dos trabalhadores do setor público. Para o jornalão da famiglia Mesquita, que iniciou a sua trajetória publicando anúncios da venda de escravos, o governo deveria restringir drasticamente o direito de greve do funcionalismo.
“Números divulgados pelo Dieese chamam a atenção, mais uma vez, para a urgência de regulamentação do direito de greve de servidores públicos civis. Em 2009 houve 518 greves, o maior número no país desde 1978, com 266 no setor privado, ou 51,5% do total, número ligeiramente superior às 251 greves do setor público... Em 2010, porém, o setor público passou a liderar em número de greves, tendo deflagrado 269 paralisações, 60% do total de 448”.
Que tal o retorno à escravidão?
Para o Estadão, estes números são absurdos. Os servidores deveriam ser reprimidos – ou melhor, sumariamente demitidos. “Com tantas greves e horas não trabalhadas, a máquina do governo, que não prima pela eficiência, é ainda mais emperrada e aumentam os gastos de custeio”. O jornal da famiglia Mesquita culpa os governos Lula/Dilma por não restringirem as greves no setor público.
Sem esconder as suas predileções partidárias, o Estadão apoia descaradamente um projeto do senador Aloysio Nunes, do PSDB, que tramita no Congresso. “O projeto ataca o cerne da questão, definindo com clareza serviços que não podem ser paralisados, em hipótese alguma - abastecimento de água, fornecimento de energia, segurança pública, defesa civil, assistência médico-hospitalar, transporte coletivo, telecomunicações, serviços judiciários, etc”. Ou seja: quase todos os servidores públicos!
Como se observa, a mídia patronal não tolera as lutas dos trabalhadores. O seu desejo insaciável é para retirar direitos trabalhistas, criminalizar as greves e asfixiar financeiramente o sindicalismo. Se pudesse, até proibiria a comemoração do Dia Internacional dos Trabalhadores – como ocorre nos EUA. Ou melhor: ela imporia um decreto pelo retorno da escravidão! Seria bem mais simples.
O falso discurso da transparência
Segundo a matéria, que parece ter sido encomendada, “o governo federal dobrou, em três anos, o valor repassado às principais centrais [através de um percentual da contribuição sindical], que preparam festas milionárias para celebrar o feriado do Dia do Trabalho. O bolo destinado às centrais saltou de R$ 62 milhões em 2008 para R$ 124 milhões no ano passado”.
A Folha garante que, “apesar da origem pública, não há nenhuma fiscalização sobre o uso da verba”. Já que é tão transparente, o jornal bem que poderia publicar quanto recebe de publicidade oficial ou de isenções no papel para a impressão; também poderia informar aos leitores quanta grana as empresas e os governos destinam para financiar os seus inúmeros eventos.
Asfixiar financeiramente os sindicatos
Além de criticar os patrocínios às comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, o diário da famiglia Frias aproveita para satanizar a contribuição sindical descontada na folha de pagamento. Para os empresários, o sindicalismo deveria receber menos recursos. De preferência, deveria morrer à míngua. Desta forma, não promoveria tantas lutas e greves. Não daria tanta dor de cabeça!
Segundo a Folha, o ex-presidente Lula, que teve a sua origem no sindicalismo, beneficiou as centrais ao garantir recursos para a sua atuação. “Nos primeiros quatro anos da regra, as seis centrais receberam um total de R$ 370 milhões. A exemplo do Ministério do Trabalho, todas defendem a cobrança obrigatória, à exceção da CUT”, informa jornal, que sempre pregou o fim deste “privilégio”.
Restrições ao direito de greve
No mesmo rumo da satanização do sindicalismo, editorial do Estadão de segunda-feira passada (23) criticou o aumento do poder de mobilização dos trabalhadores do setor público. Para o jornalão da famiglia Mesquita, que iniciou a sua trajetória publicando anúncios da venda de escravos, o governo deveria restringir drasticamente o direito de greve do funcionalismo.
“Números divulgados pelo Dieese chamam a atenção, mais uma vez, para a urgência de regulamentação do direito de greve de servidores públicos civis. Em 2009 houve 518 greves, o maior número no país desde 1978, com 266 no setor privado, ou 51,5% do total, número ligeiramente superior às 251 greves do setor público... Em 2010, porém, o setor público passou a liderar em número de greves, tendo deflagrado 269 paralisações, 60% do total de 448”.
Que tal o retorno à escravidão?
Para o Estadão, estes números são absurdos. Os servidores deveriam ser reprimidos – ou melhor, sumariamente demitidos. “Com tantas greves e horas não trabalhadas, a máquina do governo, que não prima pela eficiência, é ainda mais emperrada e aumentam os gastos de custeio”. O jornal da famiglia Mesquita culpa os governos Lula/Dilma por não restringirem as greves no setor público.
Sem esconder as suas predileções partidárias, o Estadão apoia descaradamente um projeto do senador Aloysio Nunes, do PSDB, que tramita no Congresso. “O projeto ataca o cerne da questão, definindo com clareza serviços que não podem ser paralisados, em hipótese alguma - abastecimento de água, fornecimento de energia, segurança pública, defesa civil, assistência médico-hospitalar, transporte coletivo, telecomunicações, serviços judiciários, etc”. Ou seja: quase todos os servidores públicos!
Como se observa, a mídia patronal não tolera as lutas dos trabalhadores. O seu desejo insaciável é para retirar direitos trabalhistas, criminalizar as greves e asfixiar financeiramente o sindicalismo. Se pudesse, até proibiria a comemoração do Dia Internacional dos Trabalhadores – como ocorre nos EUA. Ou melhor: ela imporia um decreto pelo retorno da escravidão! Seria bem mais simples.
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Rede de supermercados britânica anuncia boicote a produtos de colônias israelenses
Filipe mauro das redação do Opera mundi
Desde 2009, itens israelenses que são vendidos no país trazem uma etiqueta informando o local de origem
Uma das maiores redes de supermercados do Reino Unido, a cooperativa
Co-op, anunciou anunciou neste final de semana que não importará mais os
produtos agrícolas cultivados nas colônias judaicas da Cisjordânia.
Já há alguns anos que varejistas britânicos etiquetam os produtos com
origem em assentamentos israelenses. Contudo, esse é o primeiro caso de
ruptura com os fornecedores da região. A Agrexco, cujo principal cliente
é a União Europeia, é a maior companhia de produtos agrícolas de Israel
e está entre as mais afetadas.
A decisão resultou da forte pressão de grupos pró-palestina que atuam
no Reino Unido. Entretanto, em anúncio à imprensa, o grupo Co-op faz
questão de ressaltar que esse não é um boicote completo e que continuará
a adquirir os produtos de Israel desde que sejam criteriosamente
cultivados ou produzidos dentro da Linha Verde, a fronteira de Israel
definida a partir do fim do conflito com árabes em 1949.
Em 2009, o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown determinou com
as grandes redes varejistas do país que os produtos -- manufaturados ou
não -- importados de Israel deveriam trazer uma etiqueta que deixasse
claro se vinham de Gaza ou da Cisjordânia ou do território determinado
pela Linha Verde. À época, Israel se recusou a seguir essas diretrizes e
iniciou uma tensão comercial com o Reino Unido.
WikiCommons
Repercussão
Hilary Smith, uma das lideranças do Boycott Israel Network (Rede de
Boicote a Israel em inglês), apoiou a decisão da Co-op's alegando que a
rede varejista "assumiu uma liderança internacional ao bloquear
companhias que são cúmplices das violações de Direitos Humanos por
Israel”. Ela agora espera que outras companhias ajam de forma
semelhante.
Em replica à decisão, o Ministério das Relações Exteriores de Israel
argumentou que "é uma pena ver aqueles que buscam contribuir
ostensivamente para a paz e para a reconciliação avançar em uma agenda
negativa de boicotes”.
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domingo, 29 de abril de 2012
Microcrédito, o negócio da miséria
Ao
emprestar somas módicas a fim de possibilitar o desenvolvimento de uma
atividade produtiva, o microcrédito deveria emancipar os mais pobres.
Mas, na Índia, a lógica dos acionistas triunfou: empresas de
microcrédito constroem fortunas vampirizando os mais vulneráveis
|
por Cédric Gouverneur no LeMondeBrasil |
Laksmi e sua esposa Rama não aguentavam mais confeccionar, dia após dia, quase mil beedies(cigarros aromáticos), em doze horas de trabalho, na esperança de ganhar
70 rupias (R$ 2,50) ao final do mês. Esse casal com duas crianças fez
então um empréstimo de 5 mil rupias (R$ 180) em uma empresa de
microcrédito para abrir uma minúscula lojinha de noz de bétele na
periferia de Warangal, no estado de Andhra Pradesh, no sul da Índia.
Isso deveria permitir-lhes uma vida melhor, reembolsando 130 rupias por
semana. Mas, conta Rama, Laksmi ficou doente: “Durante quatro meses, ele
não pôde trabalhar”. Os vencimentos se acumularam e, com eles, os
juros. Os vizinhos começaram a ficar agressivos, pois as empresas de
microcrédito colocaram em ação um sistema de corresponsabilidade: quando
um devedor falha, os outros devem reembolsar. Assediado, aterrorizado, o
casal contratou um segundo empréstimo para pagar o primeiro. Depois um
terceiro para pagar o segundo... Um total de cinco empréstimos, pelo
equivalente a cerca de R$ 2.300.
Os credores acabaram por literalmente acampar diante do casebre de
Laksmi e Rama. Depois – em completa ilegalidade – tomaram a lojinha de
bétele, o fogão, as joias de ouro e finalmente a máquina de costura com a
qual uma das filhas do casal, Eega, de 20 anos, fazia roupas para
revender. “Você é bonitinha, vá se prostituir!”, disseram os credores
quando ela perguntou como sua família iria conseguir comer. Humilhada,
ela se imolou com fogo no dia 28 de setembro de 2010.
“Os pobres têm acesso a um crédito fácil, na porta de casa”, resume
Reddy Subrahmanyam, na chefia do ministério do Desenvolvimento Rural do
estado. “Mas a que custo! Com os impostos, as taxas de juros beiram os
60%.” Seguindo o espírito de seu inventor, o bengali Muhammad Yunus,
Prêmio Nobel da Paz, o microcrédito deveria permitir a aquisição de uma
nova fonte de renda,
e não atuar como um complemento. Uma nuance fundamental, o microcrédito
indiano se assemelha agora aos créditos de consumo: “Os mais pobres
contratam créditos para pagar gastos médicos, um dote, um casamento, até
uma televisão ou uma peregrinação”, fulmina Subrahmanyam. “O
microcrédito deveria emancipar [empower] os mais
desfavorecidos, devolver-lhes a dignidade. Agora ele os está afundando
na miséria.” E em vez de criar solidariedades, a corresponsabilidade dos
devedores implode as comunidades dos vilarejos.
Andhra Pradesh concentra um quarto dos microcréditos privados do país,
ou seja, 52 bilhões de rupias (R$ 1,866 milhão) emprestados a 6,25
milhões de lares em 2010.1 “Nos anos 2000”, conta Abhay N., editor do jornal on-line India Microfinance,
“o governo regional lançou diversos programas sociais para conter a
influência dos maoístas”, cuja guerrilha é ativa na zona rural.2 O estado incitou os bancos a fazer empréstimos aos habitantes dos vilarejos reunidos no seio de grupos de cooperação (self-help groups, ou SHG), ele mesmo se encarregando de uma parte dos juros.
No vilarejo de Dharmasagaram, no distrito de Warangal, uma mãe de
família, Bhergya, conta como pôde, graças ao SHG, fazer um empréstimo de
pouco mais de R$ 2.300 no banco, com uma taxa de 12% (da qual 9% por
conta do Estado) para adquirir um riquexó (carro de duas rodas para
transporte de passageiros a tração humana) que ela depois alugou ao
irmão: “O aluguel do riquexó me paga 6 mil rupias (R$ 215) líquido por
mês, e eu devo reembolsar 2.700”, indica ela, satisfeita.
Mas empresas privadas utilizaram essa rede para abordar os habitantes
dos vilarejos e vender créditos para consumo segundo o modelo europeu.
Esse desvio se explica pela evolução da maioria dos setenta órgãos de
microcrédito indianos, agora guiados por uma só lógica, a do lucro.
Número um do setor, a SKS foi fundada em 1998 por Vikram Akula, um
trabalhador social diplomado na Universidade de Chicago. A SKS era
originalmente uma organização sem fins lucrativos. “Esse statusjurídico
a impedia de emprestar dinheiro suficiente”, justifica o porta-voz da
empresa na sede social em Hyderabad. “Akula decidiu então, em 2005,
fazê-la evoluir para uma companhia financeira não bancária.” Em direito
indiano, uma empresa empresta dinheiro, mas não pode receber depósitos.
Assim como todos os patrões de órgãos de microcrédito contatados, Akula
está “muito ocupado” para nos receber.
Uma ordem recente do governo de Andhra Pradesh (Partido do Congresso)
proíbe os coletores de ir ao domicílio de seus devedores e condiciona a
contratação de novos empréstimos ao aval das autoridades. Medidas
julgadas insuficientes pela oposição: o Telugu Desam Party (TDP), no
poder em Andhra Pradesh entre 1999 e 2004, incita os milhões de
devedores a parar de pagar.
Na periferia de Hyderabad, encontramos Kaushalya e suas vizinhas. Essa
enérgica avó fez um empréstimo para cuidar da saúde de seu marido
paralítico. Incapaz de reembolsar, ela deveria ter sido assediada pelas
outras devedoras do bairro, obrigadas a pagar em seu lugar. Mas essas
senhoras decidiram se unir no enfrentamento e não pagar mais nada: “Não
demos mais nada desde novembro de 2010”, dizem elas ao mesmo tempo
orgulhosas e graves em seus saris. “As pessoas da empresa de crédito nos
ameaçam, dizem que vamos para a prisão, mas nada acontece, a gente nem
dá mais atenção a elas!” Tais exemplos de solidariedade nos vilarejos se
multiplicam em todo o estado. E as taxas de reembolso afundam, passando
de 97% para 20%, até 10%... Enfim, “investigações estão em andamento
sobre uns cinquenta suicídios. Os responsáveis pelo assédio deverão
responder por seus atos diante dos tribunais”, promete Subrahmanyam.
Sentindo o vento mudar, 39 dirigentes da SKS liquidaram suas stock optionsdesde o começo da crise, no fim de 2010.3
Segundo nossas informações, as empresas de microcrédito se instalam
agora no interior profundo, nas cidades dos indígenas Adivasis:
isolados, miseráveis, analfabetos, eles são menos suscetíveis a
desconfiar... A microfinança indiana poderia tomar para si a tirada do
humorista Alphonse Allais (1854-1905): “É preciso procurar o dinheiro
onde ele está: com os pobres. Eles não têm muito, mas são muitos...”.
Cédric Gouverneur é jornalista.
Ilustração: Daniel Kondo 1 Narasimhan Srinivasan, “Microfinance India: state of the sector report” [Microfinança na Índia: relatório sobre o estado do setor], SAGE Publications India Pvt Ltd, Nova Déli, 2010. 2 Ler “En Inde, expansion de la guérilla naxalite” [Na Índia, expansão da guerrilha naxalita], Le Monde Diplomatique, dez. 2007. 3 Express India, Nova Déli, 11 fev. 2011. |
Incompreensível para as massas - Maiskóvski
Do blog CINEFUSÃO
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
não tolera
linhas breves.
(E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev!)
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:
- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a mim,
a vocês
ao camponês
e ao operário.
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Jamelão – Aqui Mora O Ritmo (1962)
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