sábado, 22 de dezembro de 2007

O fantasma do apartheid genético

A seleção de imigrantes segundo seu DNA, adotada pela França, reacende um pesadelo contemporâneo. Ela revela que o estímulo obsessivo à competição, que caracteriza o neoliberalismo, pode descambar para a discriminação — e descarte — dos "indivíduos menos aptos"

Jacques Testart

A institutição, pelo governo francês, de testes de DNA para o controle da imigração visa principalmente atrair os eleitores xenófobos da Frente Nacional, de extrema-direita. A estigmatização dos estrangeiros terá efeito desprezível (algumas centenas ou milhares de casos) sobre o fenômeno que pretende controlar. Mas, além desse objetivo político imediato, talvez a medida se destine a tornar costumeiro o fichamento genético generalizado, fazendo do estrangeiro somente o elo frágil por meio do qual se introduz a nova prática.

Já somos identificados por meios biométricos (altura, cor dos olhos e dos cabelos, impressões digitais, íris, sistema sangüíneo etc.), pelo registro da imagem (câmeras de segurança e, em breve, robôs-espiões), por nosso comportamento como consumidores ou cidadãos (cartão de crédito, chips, internet, GPS etc.) e até mesmo por nosso gestual (que pode suscitar desconfiança para câmeras ditas “inteligentes”), sem falar das técnicas reservadas aos mais suspeitos (escutas telefônicas, bracelete eletrônico etc.). Todas essas medidas preocupam o Comitê Nacional [francês] Consultivo de Ética [1]. No entanto, o Grande Irmão ainda quer mais.

O antropólogo Gérard Dubey observa que, apenas um século após o advento da biometria, os critérios evoluíram do “ser identificado socialmente” ao “ser definido biometricamente”. Ao longo do século 20, a biometria passou do estudo quantitativo dos seres vivos à identificação das pessoas em função de características biológicas. Quanto tempo será preciso, após o advento da genética molecular, para definir os seres geneticamente? E em que o critério genético se diferencia dos critérios biométricos clássicos?

Sabe-se que gêmeos idênticos, que compartilham o mesmo DNA, exibem impressões digitais diferentes, resultantes de combinações entre fatores genéticos e ambientais (ditos “epigenéticos”). Daí resulta que o DNA, a “rainha das provas” segundo a Justiça, não permite distinguir gêmeos tão bem quanto a ficha de impressões digitais. Porém, essa ocorrência um tanto rara constitui inconveniente desprezível, diante da possibilidade excepcional oferecida pelo DNA para identificar um indivíduo, desde o estágio embrionário e segundo sinais imutáveis que constituem também marcadores da filiação – aquilo que os identificadores biométricos clássicos são incapazes de realizar.

Através da análise do DNA, determinar que embriões, "mais aptos", merecem sobreviver...

Na verdade, a famosa “decodificação” do DNA ainda é somente uma leitura elementar, pois as relações entre a constituição genômica particular de cada um e seus parâmetros fenotípicos (riscos de doenças, características fisiológicas etc.) são de tamanha complexidade [2] que esse conhecimento será provavelmente de natureza estatística. As variações infinitas do DNA serão comparadas com as ocorrências epidemiológicas. Por exemplo, a maioria daqueles que mostram uma particularidade P em seu DNA está sujeita a desenvolver a doença D. Será possível, portanto, definir probabilidades de risco em função de cada genoma [3] e de sua exposição a ambientes definidos [4].

Essa estratégia de identificação, aliás, pode ser a base para compreender os mecanismos moleculares que conectam determinada informação trazida pelo DNA com as proteínas implicadas em tal função, tal característica ou tal patologia. Decididamente, o recurso à estatística, que já dava suporte ao eugenismo de Francis Galton [5], permanece como a caução científica de toda pretensão a se predizer o futuro de um indivíduo.

De acordo com essa tradição, e com a ambição de “otimizar” a contribuição das pessoas a uma sociedade cujo único sonho é ser eficiente, pode-se prever a irrupção de análises sistemáticas do DNA, permitindo tanto o fichamento das pessoas quanto a predição de suas potencialidades. Trata-se sobretudo de avaliar riscos de doenças, mas alguns geneticistas esforçam-se por descobrir marcadores não-patológicos (entre outros, humor, sexualidade e até mesmo o QI).

“Fatores de risco”, detectados no adulto, poderão justificar preços diferenciados nos planos de saúde e a adoção de certas práticas de medicina preventiva. Detectados na criança, poderão, além disso, apoiar políticas de orientação escolar e, em seguida, profissional. Mas, detectados no embrião (diagnóstico genético pré-implantatório: DPI), poderão até mesmo obstar um direito à vida. É o número relativamente pequeno (cerca de cinco) de embriões obtidos graças à fecundação in vitro que ainda impede o DPI de responder aos desejos dos pais e às “necessidades” da saúde pública. Observemos, porém, que a triagem dos embriões com risco de estrabismo acaba de ser autorizada na Grã-Bretanha.

Em diversos procedimentos da vida atual, multiplicam-se sinais de práticas eugênicas

Assim que for conseguida a produção de óvulos às dezenas [6], o DPI poderá responder ao velho sonho eugênico dos “bons nascimentos”, sem deixar de se conformar aos novos padrões da bioética (consentimento esclarecido, promessa médica de saúde, ausência de violência contra as pessoas etc.)

Esse horóscopo genômico, destinado a “colocar o eugenismo a serviço do liberalismo” [7], terá de ser validado no nível estatístico (o das populações, o único que importa ao sistema econômico ou de saúde), ainda que as predições se revelem menos confiáveis, ou francamente erradas, para uma pessoa particular. Eis um programa conforme à mística genética que se apoderou de nossas vidas com a importância exagerada dada aos genes (eles controlariam até mesmo a homossexualidade, segundo o presidente francês, Nicolas Sarkozy), as prioridades atribuídas à “genética molecular” nas pesquisas em biologia, ou a escolha inédita de um geneticista como conselheiro do presidente. De fato, em vez de se valer de um climatologista ou de um especialista em energia, Sarkozy recorreu ao conselho do professor Arnold Munnich, que é também a eminência parda das análises moleculares conduzidas para detectar patologias, em particular na ocasião da triagem dos embriões (DPI).

Estamos na fase da identificação das pessoas pelos testes de DNA a fim de refinar o fichamento biométrico para uso da polícia ou da justiça. Recordemos que a biometria sempre funcionou pelo medo, o medo do outro [8], e se generalizou sem oposição organizada, deixando lugar para uma verdadeira atonia social. De “detalhe” em “detalhe”, constrói-se um mundo que logo poderá nos anunciar “Bem-vindos a Gattaca!” [9]. E por que não o acúmulo dos elementos identificadores e dos elementos funcionais numa mesma carteira de identidade genética atribuída a cada indivíduo? Afinal, é o mesmo filamento de DNA que corre da delegacia para o tribunal e o consultório médico (medicina preditiva-preventiva), passando por utopias terapêuticas (genes-remédios) ou industriais (plantas transgênicas), pelos escritórios de seguradoras (níveis de riscos), por empresas de orientação escolar e profissional e, finalmente, suscita o ressurgimento de mitos fabulosos (super-homem, clones, quimeras).

Muitos opositores dos testes de DNA têm evocado “as horas mais sombrias da história” ou a “purificação da raça” [10], sem enxergar que os problemas hoje são muito diferentes, embora igualmente graves. Não se trata mais de identificar o indivíduo por sua “raça”, tanto mais porque esses parâmetros, freqüentemente disponíveis com os identificadores clássicos, não são revelados pelo DNA. A economia neoliberal não tem necessidade alguma de estigmatizações raciais, já que prefere se empenhar em descobrir os melhores elementos disponíveis em cada comunidade humana e em rejeitar os que lhe parecem pouco aptos a contribuir para o “crescimento competitivo”, qualquer que seja sua cor de pele. Trata-se de uma nova espécie de triagem, tão detestável quanto a triagem racial, entre os indivíduos.

É este o sentido da aceitação dos estrangeiros segundo o critério de “competências e talentos”. Ou da exortação a “trabalhar mais para ganhar mais!”, que se dirige bem mais ao indivíduo do que à sua comunidade, e corresponde ao sonho do dirigente neoliberal de constituir uma sociedade de indivíduos selecionados por sua competitividade.

Glossário

DNA: Ácido desoxirribonucleico; molécula suporte da informação genética hereditária.

Biometria: Conjunto das técnicas informáticas que permitem a identificação ou a autenticação de uma pessoa a partir de algumas de suas características físicas.

Arquivo Nacional Automatizado das Impressões Genéticas: Inicialmente reservado aos delinqüentes sexuais, este “fichário” francês logo se estendeu aos destruidores de plantas transgênicas ou coladores de cartazes políticos.

Gene: Seqüência de DNA, presente nos cromossomos de todas as células nucleadas do organismo, responsáveis pelas características fenotípicas do indivíduo.

Genoma: Conjunto do material genético de um indivíduo.



[1] Em seu “Parecer n.o 98”, de 31 de maio de 2007, o Comité National Consultatif d’Éthique (CCNE) exige um “contra-poder”, diante da “generalização excessiva da biometria”.

[2] Um recente estudo internacional sobre a expressão do genoma humano surpreende-se com essa complexidade e chega a levantar uma questão que todos acreditavam resolvida: “O que é um gene?” (“The ENCODE project consortium”, Nature, Londres, 14 de junho de 2007).

[3] Jacques Testart, Des hommes probables, Paris, Seuil, 1999.

[4] Na França, o Inserm lançou recentemente um estudo (SAGE) das “interações entre fatores ambientais e fatores genéticos” nos estabelecimentos escolares da região de Champagne-Ardennes.

[5] O britânico Francis Galton (1822-1911), médico e estatístico, é o pai-fundador do eugenismo contemporâneo.

[6] Jacques Testart, Des ovules en abondance?Médecine/Sciences, n.o 20, Montreal-Paris, 2004.

[7] Le Monde, 19 de abril de 2007.

[8] Em cinco aeroportos dos Estados Unidos, os passageiros considerados como “sem perigo” podem integrar o programa “Clear Registered-Traveler”. Este oferece a 45 mil pessoas uma passagem acelerada pelos controles de segurança, mediante seu registro biométrico (impressões digitais e scan da íris) e um bônus anual de 75 euros; Technology Review (edição francesa), Paris, novembro-dezembro de 2007.

[9] Filme de Andrew Niccol (1997): num mundo perfeito, Gattaca é um centro de estudos e de pesquisas espaciais para jovens com patrimônio genético impecável, graças à sua seleção com o DPI.

[10] Ver “ADN: le front du refus”, Libération, 3 de outubro de 2007.

João Bosco

Gerry Mulligan & Chet Baker - The Original Quartet with Chet Baker 2-CD Set

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Gerry Mulligan & Chet Baker - The Original Quartet with Chet Baker 2-CD Set
Uploader: redbhiku
MP3
192Kbps
RS.com: 184mb
BlueNote LP Covers
Genre: Jazz / West Coast, cool

Recording Date: Jun 10, 1952-May 20, 1953
Release Date 1998, Pacific Jazz


Disc: 1
1. Get Happy
2. 'S Wonderful
3. Godchild
4. Dinah
5. She Didn't Say Yes, She Didn't Say No
6. Bernie's Tune
7. Lullaby Of The Leaves
8. Utter Chaos #1
9. Aren't You Glad You're You
10. Frenesi
11. Nights At The Turnstable
12. Freeway
13. Soft Shoe
14. Walkin' Shoes
15. Aren't You Glad You're You
16. Get Happy
17. Poinciana
18. Godchild
19. Makin' Whoopee
20. Cherry
21. Motel
22. Carson City Stage

Disc: 2
1. My Old Flame
2. Love Me Or Leave Me (Alternate Take)
3. Love Me Or Leave Me
4. Swinghouse (10in LP Take)
5. Swinghouse (12in LP Take)
6. Jeru
7. Utter Chaos #2
8. Darn That Dream
9. Darn That Dream (Alternate Take)
10. I May Be Wrong (12in LP Take)
11. I May Be Wrong (10in LP Take)
12. I'm Beginning To See The Light (10in LP Take)
13. I'm Beginning To See The Light (12in LP Take)
14. The Nearness Of You
15. Tea For Two
16. Five Brothers
17. I Can't Get Started
18. Ide's Side
19. Funhouse
20. My Funny Valentine

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charlie parker - sessions II

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Os Boas-Vidas,
de Federico Fellini



Sinopse:
Numa pequena cidade da Itália, cinco jovens amigos são típicos "vitelloni" (inúteis) e vivem uma vida boêmia cheia de bebidas e mulheres. Sem perspectivas de vida, cada um encontra um modo de escapar da monotonia da vida provinciana tentando aproveitar e curtir as aventuras que esse mundo os reserva.

Título Original: I Vitelloni
Gênero: Drama
Origem/Ano: ITA/FRA/1953
Direção: Federico Fellini
Roteiro: Federico Fellini e Ennio Flaiano

Formato: rmvb
Áudio: Italiano
Legendas: Português
Duração: 102 min
Tamanho: 365 MB
Partes: 4
Servidor: Rapidshare

Créditos:RapaduraAzucarada - ZeQualquer

Elenco:
Franco Interlenghi...Moraldo Rubini
Alberto Sordi...Alberto
Franco Fabrizi...Fausto Moretti
Leopoldo Trieste...Leopoldo Vannucci
Riccardo Fellini...Riccardo
Leonora Ruffo...Sandra Rubini

Crítica:
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Bolero de Ravel - Maurice Bejar


Bolero 2
Colocado por audiodelux

Flora Purim - Everyday, Everynight (1978)




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Incenso e Mirra: Resinas Preciosas

Angelo C. Pinto e Valdir F. Veiga Jr
Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia, Bloco A
Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, 21945-970- Brasil

A propagação e o conhecimento científico têm estreita relação com a frequência de citação que é realizada na literatura. Algumas destas citações nos acompanham há milênios e estão localizadas em textos tão antigos que remontam ao início da história escrita e nos ajudam a entendê-la.

Entre algumas das mais antigas citações de produtos naturais, duas resinas merecem especial destaque, a mirra e o incenso.

Resinas são secreções sólidas ou semi-sólidas produzidas por plantas e árvores. As resinas verdadeiras são solúveis em solventes orgânicos e as gomo-resinas parcialmente solúveis em qualquer tipo de solvente1. Na antiguidade, as resinas eram coletadas de árvores que cresciam na Bacia Ocidental do Mediterrêneo, enquanto as gomo-resinas eram colhidas de árvores no sul da Península da Arábia e na Somália.

Incenso e mirra estão entre os produtos mais antigos comercializados pelo homem. Foram dois dos três presentes ofertados pelos três reis magos a Maria quando Jesus Cristo nasceu em Belém da Judéia.

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: "Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo."

Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes e, com ele, toda Jerusalém.2

"...então convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer."

Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim esta escrito por intermédio do profeta:

"E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá. Porque de ti sairá o guia que há de apascentar o meu povo, Israel."

Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera.

E, enviando-os a Belém, disse-lhes: "Ides informar-vos cuidadosamente a respeito do menino, e, que quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo."

Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou onde estava o mesmo.

E vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo.

Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros,entregaram-lhes suas ofertas: ouro, incenso e mirra.

Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho à sua terra."3

A palavra Incenso em português refere-se tanto a resina natural, extraída principalmente de plantas das famílias Burseracereae, Estiracaceae e Anacardiaceae,como as preparações nas quais são adicionadas essências às resinas naturais para aumentar o aroma exalado durante a queima.

Incenso ou Olíbano4,5 é uma resina extraída por incisão do tronco de árvores da família Burseraceae, que se recolhe do tronco depois que a resina seca e endurece. O incenso genuíno era obtido de plantas do gênero Boswellia, que cresciam nas montanhas do sul da Arábia e da Abíssinia (atual Etiópia). Durante muito tempo sua origem foi desconhecida, e depois acreditou-se que viesse da Índia.

O comércio do incenso era sagrado, cheio de riscos e de lendas, e seu uso perde-se na noite do tempo. Havia a lenda de que cada árvore de olíbano- Boswellia serrata- era guardada por bandos de pequenas serpentes aladas,que só podiam ser afastadas das árvores com a fumaça produzida pela queima da resina do estoraque6. Se o incenso fosse colhido por um homem que tivesse tido contato com a esposa ou a amante durante uma fase lunar, torna-se-ia acre ou rançoso.

Em Alexandria o incenso era tão valioso que os escravos dos comerciantes que o colhiam eram obrigados a trabalharem nus, com exceção de uma pequena tanga, para não o roubarem, e reis pagavam por suas esposas favoritas seus pesos em incenso. O incenso era queimado pela maior parte dos povos orientais em honra de suas divindades, e os primeiros cristãos o empregavam para purificar o ar dos lugares subterrâneos onde celebravam suas cerimônias religiosas. No tempo do feudalismo, o "direito de incenso" era o que tinha o senhor de ser incensado durante as cerimônias como são os eclesiásticos no altar-mor das igrejas.

As primeiras evidências arqueológicas da queima de incenso datam dos primeiros reinados do Antigo Império Egípicio onde foram encontrados queimadores de incenso em formato de colheres de cabos longos. Os fabricantes devem ter usado um grande número de ingredientes de grande valor comercial na preparação de incenso. No entanto, nenhum conhecimento químico se tinha dessas resinas. Recentemente, um grupo de cientistas ingleses identificou por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas e por técnicas de pirólise os ácidos a e b-boswélico e seus derivados acetilados em amostras amorfas de incenso que datam aproximadamente de 400 a 500 DC, que foram coletadas durante escavações na adega de uma casa, na região fronteiriça a Qasr Ibrim, no extremo sul do Egito4.

Estes ácidos triterpênicos são os principais constituintes químicos das gomo resinas aromáticas de espécies do gênero Boswellia5. Nas mesmas escavações foram encontradas resinas ricas em diterpenos ácidos tricíclicos, como o ácido isopimárico, abiético e di-hidroabiético, caracteristícos de resinas da família Pinaceae.

Esta é a primeira vez que resinas ricas em triterpenos e ricas em diterpenos são encontradas na mesma localidade. Como o gênero Boswellia não cresce próximo a Qasr Ibrim, sendo encontrado principalmente no norte da Somália e no sul da Península da Arábia, o incenso deveria ser importado da região do Médio Nilo. Como as espécies de Pinaceae também não crescem na região de Qasr Ibrim, a resina destas árvores também era importada. O principal período de comércio foi o grego-romano, quando o incenso era transportado por navios vindos do sul da Arábia e possivelmente em caravanas por terra.

A descoberta de amostras semelhantes dos dois tipos de resina pode indicar que estas eram usadas em cerimônias religiosas. No fim do império romano o incenso deveria vir da África pelo mar Vermelho. A chegada da cristandade no Mediterrâneo e no Egito aparentemente reduziu sua demanda. Isto coincide com a data arqueológica do incenso encontrado em Qasr Ibrim.

Da mirra obtida de Commiphora molmol foram identificados os sesquiterpenos 1,3-dieno furoeudesmano, curzareno e furodieno, sendo o primeiro o mais abundante7. O 1,3-dieno furoeudesmano e o curzareno apresentaram atividade analgésica que é bloqueada pelo naloxona. Isto pode explicar porque a mirra era usada antigamente como analgésico, provavelmente substituída pelos derivados do ópio.

Para ler mais sobre o assunto:
1- Langenheim, J. H., American Scientist, 1990, 78, 16.
2- Bíblia Sagrada, Evangelho de Mateus, 3.
3- Bíblia Sagrada, Evangelhos, 2-3.
4- Evershed, R. P., et al, Nature, 1997, 390, 687.
5- Hairfield, E. M., Hairfield Jr., H. H., McNair, H. M., Journal of. Chromatography Science, 1989, 27, 127.
6- Estoraque - Bálsamo extraído da resina produzida por arbustos da família das Estiráceas.
7- Menichetti, S., et al, Nature, 1996, 379, 29.
8- http://www.pe.net/~genetrix/eohistory.htm, consultado em agosto de 1998.
9- Ácidos boswélicos no projeto "Molecule of the Month"
A gravura é de autoria de Antonio Poteiro de Natal (1984). Óleo sobre tela - 100x120 cm (acervo CEF).

Dinah Washington - The complete Mercury vol. 1

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Dinah Washington - The complete Mercury vol. 1 @ 320 - CD 1

01. Embraceable You.mp3
02. I Can't Get Started With You.mp3
03. When a Woman Loves a Man.mp3
04. Joy Juice.mp3
05. Oo Wee Walkie Talkie.mp3
06. The Man I Love.mp3
07. You Don't Want Me Then.mp3
08. A Slick Chick (On The Mellow Side).mp3
09. A Slick Chick (On The Mellow Side).mp3
10. Postman Blues.mp3
11. Postman Blues.mp3
12. That's Why A Woman Loves a Heel.mp3
13. Mean and Evil Blues.mp3
14. Stairway to the Stars.mp3
15. I Want to Be Loved.mp3
16. You Satisfy.mp3
17. Fool That I Am.mp3
18. There's Got to Be a Change.mp3
19. Mean and Evil Blues.mp3
20. Since I Feel For You.mp3
21. West Side Baby.mp3
22. You Can Depend on Me.mp3
23. Early In The Morning.mp3

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Dinah Washington - The complete Mercury vol. 1 @ 320 - CD 2

01. I'm Afraid of You.mp3
02. I Love You, Yes I Do.mp3
03. Don't Come Knockin' at My Door.mp3
04. I Wish I Knew the Name of the Boy.mp3
05. No More Lonely Gal Blues.mp3
06. Walkin' and Talkin'.mp3
07. Ain't Misbehavin'.mp3
08. What Can I Say After I'm Sorry.mp3
09. Tell Me So.mp3
10. I Can't Face the Music.mp3
11. Pete.mp3
12. Am I Asking Too Much.mp3
13. I'm Getting Old Before My Time.mp3
14. I'm Getting Old Before My Time.mp3
15. Record Ban Blues.mp3
16. Resolution Blues.mp3
17. I Want to Cry.mp3
18. Long John Blues.mp3
19. In The Rain.mp3
20. I Sould My Heart to the Junkman.mp3

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Dinah Washington - The complete Mercury vol. 1 @ 320 - CD 3

01. I'll Wait.mp3
02. It's Too Soon to Know.mp3
03. Why Can't You Behave.mp3
04. It's Funny.mp3
05. Laughing Boy.mp3
06. Laughing Boy.mp3
07. Am I Really Sorry.mp3
08. How Deep Is The Ocean.mp3
09. New York, Chicago & Los Angeles.mp3
10. Give Me Back My Tears.mp3
11. Good Daddy Blues.mp3
12. Good Daddy Blues.mp3
13. Baby Get Lost.mp3
14. Baby Get Lost.mp3
15. I Only Know.mp3
16. Drummer Man.mp3
17. Drummer Man.mp3
18. I Challenge Your Kiss.mp3
19. Fast Movin' Mama.mp3
20. Juice Head Man of Mine.mp3
21. Shuckin' and Jivin'.mp3
22. Richest Guy in the Graveyard.mp3
23. Richest Guy in the Graveyard.mp3

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RECUPERAÇÃO DE CDs ARRANHADOS

Post.: Gabriel Torres

Todo usuário alguma vez na vida já se deparou com o problema de ter um CD arranhado. No caso de CDs de dados (CD-ROM), o CD não é lido corretamente pela unidade, dando erro de leitura. Já no caso de CDs de áudio, o CD "pula" quando colocamos para tocar.

A primeira providência ao encontrar um CD dando erro de leitura é limpá-lo, para ver se não é uma sujeira que está em sua superfície que está impedindo a sua leitura. Você pode inclusive lavar o CD suavemente com um pouco de detergente, usando os dedos da mão para limpar o CD (não use esponja, pois a esponja pode arranhar o CD). Se continuar dando erro, experimente ler ou tocar o CD em outra unidade. Se em outra unidade (ou em outro aparelho de som, no caso do CD de áudio) o CD estiver apresentando o mesmo sintoma (dando erro de leitura ou pulando, no caso de CDs de áudio), então significa que ele está arranhado.

Olhando contra a luz a superfície de gravação (o lado oposto ao do rótulo) de um CD dando esse tipo de problema, você conseguirá facilmente identificar um ou mais arranhões existentes. Os dados de um CD estão gravados em uma camada metálica dentro dele, camada essa que é prateada nos CDs comerciais e normalmente dourada nos CDs-R. Essa camada metálica é envolvida por uma camada plástica transparente (policarbonato), que tem justamente a função de proteger a camada metálica do CD e permitir que um rótulo seja impresso no lado que não é usado para a leitura.

A unidade de CD-ROM ou o CD player utilizam um feixe laser para ler a camada metálica. Esse feixe laser atravessa a camada plástica transparente e efetua a leitura. Se a camada plástica estiver arranhada, o feixe não consegue ultrapassá-la, dando erro de leitura ou "pulando" a música. Ou seja, os dados a serem lidos ainda estão dentro do CD, o problema é em sua camada plástica.

Como o conteúdo do CD está preservado, é possível recuperar um CD arranhado fazendo um polimento da sua superfície plástica. Se após os procedimentos de limpeza que sugerimos acima o CD continuar dando erro de leitura, basta você polir a superfície do CD com pasta de dentes. Isso mesmo, pasta de dentes. Funciona que é uma beleza e você não irá gastar uma fortuna comprando kits de limpeza profissionais. O polimento deverá ser feito usando um chumaço de algodão sobre os arranhões. Esfregue suavemente o chumaço de algodão com a pasta de dentes até os arranhões sumirem ou então você perceber que eles já saíram ao máximo. Pode ser que a pasta de dente crie novos arranhões, mas esses serão superficiais que sairão facilmente depois. Após ter removido os arranhões, limpe o CD na água.

Se ainda existirem arranhões que a pasta de dentes não removeu, use um polidor de metais (Brasso), da mesma maneira descrita. Por fim, passe vaselina na superfície do CD, bem suavemente (não use força), no sentido de dentro para fora.

O passo final é testar o CD. Se ele passar a funcionar, maravilha. Caso contrário, repita o procedimento descrito em nossa coluna de hoje, tentando localizar visualmente o arranhão que está causando o erro e concentrando seu polimento nesse arranhão.