quinta-feira, 26 de março de 2009

Estudantes gaúchos pedem "Fora Yeda" em atos em Pelotas, Santa Maria e Porto Alegre

Ato "Fora Yeda" realizado hoje em Pelotas (Foto: Jurandir Silva)

Do blog Caras-pintadas

Centenas de estudantes de escolas públicas e universidades de Porto Alegre devem reunir-se nesta quinta, 26, dia do aniversário de Porto Alegre, às 10h, na Praça Argentina. Os estudantes, que fazem parte do movimento intitulado “A volta dos Caras-Pintadas – Ella não pode continuar” vão exigir a saída de Yeda Crusius do governo do Estado. Conforme Rodolfo Mohr, um dos líderes do movimento e integrante do DCE da UFGRS, é necessário que os estudantes apresentem uma solução para a crise política do Estado.

“Na nossa opinião, a solução é a saída da governadora”, afirmou. Para Juliano Medeiros, representante da UNE, além de exigir a saída da Yeda, o ato tem o objetivo de “denunciar a governadora e pedir apuração das denúncias de corrupção”. A expectativa dos organizadores é reunir cerca de mil manifestantes.

O movimento deve sair da praça em caminhada até o Palácio Piratini. Os estudantes pretendem entregar aos líderes do governo a “Carta à Sociedade Gaúcha”, assinada por mais de 20 entidades estudantis de todo o Estado, em que denunciam a política de desmonte da educação no Estado e o envolvimento do governo em casos de corrupção, pedindo o “Fora Yeda”. A carta havia sido apresentada ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Ivar Pavan, no dia 5 de março, quando foi lançado o movimento dos Caras-Pintadas.

O ato que acontece hoje em Porto Alegre foi precedido por duas manifestações do movimento no Estado. Em Pelotas, cerca de mil estudantes e ativistas de movimentos sociais fizeram caminhada pelas principais ruas da cidade na manhã desta quarta. O ato encerrou em frente à 5ª Coordenadoria Regional de Educação, onde os manifestantes entregaram aos representantes do governo a carta à sociedade gaúcha. Para a tarde de hoje está prevista também manifestação em Santa Maria.


Estudantes tiveram audiência com OAB

Na manhã desta quinta uma comitiva formada por quatro integrantes do movimento dos Caras-pintadas do RS foi recebida na sede da OAB pelo coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, Ricardo Breier.

Os estudantes pediram a Breier que a OAB acompanhe a manifestação desta quinta e seus possíveis desdobramentos, para garantir a liberdade democrática e a integridade física dos participantes . “O movimento está sentindo na pele a repressão da Brigada, que não é mais exceção. A repressão tem sido uma constante: assim foi no ato dos estudantes contra o aumento das passagens, na greve dos bancários e nas manifestações do CPERS. O que a gente está vendo é a escassez das garantias democráticas no Estado”, afirmou Mohr durante a reunião.

Para Breier, o tema é inédito na Ordem. “A OAB atua quando é provocada, até agora não fizemos nenhuma ação preventiva, é um fato novo”. Ele afirmou que vai levar o tema para reunião interna da Comissão de Direitos Humanos, e garantiu que a Ordem estará atenta à mobilização. Participaram da reunião Rodolfo Mohr e Adrian Dallegrave, estudantes da UFRGS, Juliano Medeiros, diretor da UNE e Rafael Lemes, representando a Federação Nacional dos Estudantes de Direito, FENED.

Também ocorreu um ato "Fora Yeda" em Santa Maria nesta quarta-feira. O jornalista Fritz Nunes relata:

Ato realizado ontem em Santa Maria (Foto: Fritz Nunes)

Cerca de 150 pessoas, em sua maioria estudantes e professores, participaram do ato de lançamento do Fórum Popular da Educação Pública Gaúcha, na praça Saldanha Marinho, centro de Santa Maria, no final da tarde desta quarta, 25. A atividade acabou se tornando um protesto contra o governo estadual. Dezenas de faixas e cartazes registraram em letras grandes o “Fora Yeda”. Pelo menos 15 entidades estavam representadas no protesto, conforme os organizadores. Entre essas, o 2º Núcleo do Centro dos Professores (CPERS), o DCE, a CUT, a Conlutas, o Movimento Nacional de Luta Pela Moradia e partidos de esquerda. Até os estudantes “cara-pintadas” reapareceram durante a manifestação no centro da cidade.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Enquanto isso na Guatemala...

Investimento em educação continua insuficiente






Adital

Mesmo com avanços obtidos por recentes reformas educativas, o desempenho continua sendo insatisfatório na Guatemala. A conclusão foi apresentada, na última sexta-feira (20), pelo Informe de Progresso Educativo da Guatemala (2008), elaborado entre o Programa de Promoção da Reforma Educativa na América Latina e no Caribe (PREAL) e o Centro de Investigações Econômicas Nacionais (CIEN) da Guatemala.

O informe "Educação, um desafio de urgência nacional" destaca avanços obtidos em matéria de cobertura e de permanência na escola. No entanto, revela que há mais de um milhão de crianças e jovens entre 5 e 18 anos que estão fora do sistema escolar, somente seis de cada dez estudantes terminam a primária e menos de dois em cada dez finalizam a secundária.

"Embora as porcentagens de crianças guatemaltecas inscritas na pré-primária e na secundária também tenham aumentado desde 2000, são ainda muito baixas. Por exemplo, enquanto que na América Latina e no Caribe quase sete em cada dez jovens freqüentam a secundária, na Guatemala, quase quatro em cada dez o fazem", aponta o informe.

Sobre o desenvolvimento de padrões e avaliações, o informe destaca que, em algumas áreas, não se observam nem progressos nem retrocessos, como os resultados dos exames nacionais de matemática e leitura, que continuam sendo baixos, bem como a persistência de desigualdade de gênero e a ausência de mudanças significativas na administração escolar, na participação da comunidade ou na prestação de contas.

A análise não registra grandes avanços em matéria de desenvolvimento docente. Segundo o informe, os professores da primária tiveram baixo desempenho nos exames padronizados de leitura e matemática, e não houve mudanças importantes nos incentivos aos docentes nem em seu nível de envolvimento na reforma educativa no período observado.

O aspecto mais deficitário entre os analisados foi o que diz respeito ao investimento na educação, que recebeu classificação F, o que significa muito deficiente. "Apesar de o governo destinar mais recursos ao setor educativo, esses não são suficientes e não se avalia sua eficiência", ressalta o informe. Segundo o estudo, o gasto público em educação está abaixo do que é investido em outros países da região e muito abaixo do mínimo de 5% do PIB recomendado pela Comissão Centro-americana para a Reforma Educativa da PREAL.

Além disso, o investimento na educação não chega aos mais pobres: "No período 2000-2007, a maior porcentagem do investimento público em educação correspondeu ao nível primário (55%) seguido do universitário (12%). No entanto, o gasto por aluno universitário foi cerca de quatro vezes maior que o de um aluno da primária. Se compararmos os países latino-americanos, Venezuela e Guatemala se encontram entre os países que possuem uma maior relação entre gasto em educação terciária e primária".

terça-feira, 24 de março de 2009

Música nativa...



Um dos trabalhos mais lindos que ja vi, chorei ouvindo este trabalho, ja tenho este disco ha algum tempo, mas somente agora resolvo postar a voces, achando que é o melhor momento, peço encarecidamente que baixem este trabalho e ouçam com muito carinho, pois se trata de uma obra de um genio que nao podemos esquecer, semeiem esta obra prima, pois serao recompensados, entao, deleitem-se
Saravá!!!
Daniel de Mello e a Música da Minha Gente


LP editado em 1980, pela Rádio e Estúdio Eldorado.
Graças a esta iniciativa, herdamos um documento definitivo da obra de um dos nossos grandes músicos populares. Henricão (Henrique Felipe da Costa) nasceu em Itapira-SP (1908) e faleceu no Rio de Janeiro (1984); além de cantor e compositor foi ator de teatro, cinema e televisão.
Registrado em gravações em 78 rotações de 1937 a 1959, ficou fora dos estúdios até 1980, quando então foi realizado este sublime LP, quatro anos antes de seu falecimento; como tantos outros, pobre e completamente esquecido. O vídeo abaixo mostra um trecho do programa MPB Especial (1973), onde Henricão canta a música "Só vendo que beleza (Marambaia)".



Trecho do texto da contra-capa do LP, escrito por Júlio Moreno em outubro de 1980

"Todas as músicas deste disco foram escolhidas pelo próprio compositor e cantor. Tudo foi feito de maneira natural, que é a própria maneira se ser de Henricão. Um tipo de gente que hoje é rara. Sincero, sensível, simples. Como é também a sua música, pois ela não passa do retrato do seu dia-a-dia. A história dos amores perdidos, dos fatos observados na rua. A crioula que ele esperava debaixo do relógio da praça da Sé deu mancada? Não tem importância, isto lhe inspirou um samba. Aquela outra o abandonou, magoando-o muito? De seu coração surgiu “Sou Eu”, que Paulo Vanzolini considera um dos melhores sambas paulistas. Certa vez, durante uma festa pública em Pernambuco, viu que a platéia gostava muito de cantar “Cielito Lindo”, uma música mexicana. Aproveitou, escreveu nova letra para ela, transformando-a num samba de respeito, a tempo de apresentá-lo durante a festa. Assim nasceu a sempre cantada “Está chegando a hora”. Outra vez, num bar, teve a idéia de compor “Casinha da Marambaia” ao escutar a conversa de dois aspirantes a fuzileiros navais...(...)"

texto estraido do maravilhoso blog - Peneira do Rato


Download: Henricão - Recomeço - 1980
Cuito Cuanavale: o princípio do fim do apartheid


Beto Almeida


Há 20 anos, em 23 de março de 1988, travou-se no sudeste de Angola a decisiva Batalha de Cuito Cuanavale, na qual tropas angolanas, de Cuba e da SWAPO, movimento armado de libertação da Namíbia, unidas, derrotaram tropas do regime racista da África do Sul, que tinham o apoio da Unita e dos EUA.

Não surpreende que os meios de comunicação comerciais, sempre tão zelosos em comemorar as datas mais banais, seja sobre um desfile de moda, uma festa grã-fina ou um festival de cerveja ou de rock, tenham a mais completa insensibilidade para um registro, ainda que informativo, sobre esta Batalha de Cuito Cuanavale, epopéia tão marcante na caminhada da humanidade para enterrar um dos mais selvagens e brutais regimes da história, o apartheid mantido por décadas pela oligarquia racista da África do Sul, obviamente, com a sustentação da "democracia" norte-americana.

Vale relembrar. Em 1987, a situação em Angola se agravara drasticamente. Aliás, nunca tinha sido tranqüila a situação para o movimento de libertação de Angola, desde o início de sua luta contra o colonialismo português. Depois de fundado no início dos anos 60, o MPLA, dirigido pelo poeta e médico Agostinho Neto, consegue grandes avanços a partir da Revolução dos Cravos, quando o movimento de militares revolucionários derruba a ditadura salazarista em Portugual, a 25 de abril de 1974. O colonialismo português entrava em colapso total, o novo governo português, dirigido por militares revolucionários adota posição de solidariedade para com os movimentos de libertação das ex-colônias portuguesas. A 11 de novembro de 1975 as tropas do MPLA tomam a capital Luanda e declaram a Independência e a fundação da República Popular de Angola. Mas, não houve paz. Imediatamente, os EUA que já haviam patrocinado com dinheiro e armas a criação da Frente Nacional para a Libertação de Angola, dirigida por Holden Roberto e com apoio total do governo reacionário do Zaire, de Mobuto Sezeke, e também a Unita, dirigida por Jonas Savimbi, com apoio direto do regime racista da África do Sul, determinam ações para desestabilizar o novo governo angolano, impedindo que a independência fosse seguida da reconstrução de um país dilacerado pela guerra colonial. A guerra recrudesce em Angola, país rico em diamantes e petróleo; o exército da África do Sul intervém diretamente.


Brasil reconhece Angola e Kissinger vem ao Brasil


Agostinho Neto solicita ajuda militar de Cuba, que, com o apoio da URSS, atende. Um fato notável é que o primeiro país a reconhecer o novo governo de Angola é o Brasil, então presidido por Ernesto Geisel. A posição brasileira causou grande insatisfação junto ao governo dos EUA. Aliás, o reconhecimento brasileiro á Independência de Angola inseria-se num leque de medidas da política externa brasileira de então - tais como o reatamento com a China, a Romênia, o acordo nuclear Brasil-Alemanha e o rompimento de um Tratado Militar com os EUA e outras - que já indicava um outro alinhamento internacional do Brasil, chegando a motivar uma visita repentina do Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger , ao Brasil. Segundo os relatos, Kissinger teria reclamado junto ao presidente Geisel da política externa brasileira. Teria mesmo dito, em tom de ingerência, que a postura brasileira reconhecendo o governo de Agostinho Neto representaria na prática "fazer o jogo do comunismo internacional, o Brasil alia-se a Cuba". A resposta de Geisel teria deixado Kissinger surpreendido e irritado: "Senhor Secretário, a nossa política externa não está em debate com o senhor!" Bem diferente da diplomacia de "pés descalços" e subserviente que o Brasil veio a experimentar nos anos 90, a era da privatização


Cuba pega em armas contra o apartheid


Apesar da solidariedade militar cubana a Angola, a crescente intervenção dos EUA no conflito, através da África do Sul, faz com que boa parte do território angolano escape do controle do governo angolano. Em outubro de 1987, o Presidente angolano José Eduardo Santos expõe a Fidel Castro as dificuldades monumentais e o risco de uma derrota militar. Solicita, uma vez mais, que Cuba conceda mais apoio militar. A dramática situação angolana é analisada exaustivamente pela direção cubana que decide empenhar-se ainda mais decisivamente na guerra de libertação do povo angolano, baseando-se nos princípios do Internacionalismo Proletário, inscrito na Constituição Socialista de Cuba.

As tropas angolanas e cubanas posicionadas na localidade de Cuito Cuanavale, estavam sob intenso bombardeio do exército racista da África do Sul. O risco de massacre era iminente. Enquanto resistiam, um novo plano estava sendo elaborado em Cuba para inverter esta situação desfavorável. Em sucessivas viagens de 15 horas de Havana até Luanda - num itinerário inverso ao dos navios negreiros - aviões transportam dezenas de milhares de soldados cubanos. Há também o fornecimento de mil tanques, milhares de baterias anti-aéreas e num prazo recorde de 60 dias é construído um aeroporto com estrutura suficiente para pouso e decolagem dos modernos aviões Mig-23, de fabricação soviética, que Cuba também forneceria a Angola, juntamente com seus melhores pilotos. O plano estava traçado para a Batalha final de Cuito Cuanavale: 40 mil soldados cubanos bem armados e treinados, 30 mil soldados angolanos e 3 mil guerrilheiros da SWAPO, o exército de libertação da Namíbia, país que também estava ocupado por tropas da África do Sul.

Rumo ao sul

Fidel havia encarregado o general Cintra Frias, veterano guerrilheiro de Sierra Maestra, do comando destas operações em território angolano. Na oportunidade, Castro teria confessado ao líder do Partido Comunista da África do Sul, o branquelão Joe Slovo, que a estratégia seria como a de um boxeador: "Enquanto seguramos o inimigo com a mão esquerda (Cuito Cuanavale) , vamos atacando com o punho direito". A situação militar se inverte graças a esta massiva e preparada intervenção cubana, país que chegou a enviar a Angola, ao longo anos, cerca de 350 mil homens e mulheres internacionalistas, garantindo de fato a verdadeira independência na jovem nação africana.

Não suportando os golpes recebidos, em especial uma grande surra promovida pela atuação dos pilotos cubanos nos MIG-23, a Batalha decisiva ocorre no dia 23 de março de 1987, uma derrota fundamental das tropas da África do Sul que Nelson Mandela assim descreveria: " Cuito Cuanavale foi a virada para a luta de libertação do meu continente e do meu povo do flagelo do apartheid!"

Sem dúvida, a luta de libertação da Namíbia também recebia um grande impulso, e dois anos mais tarde, este país também declararia a sua Independência. Entretanto, o governo racista de Botha preocupava-se, pois pela potência e envergadura da estratégia armada por Cuba no sul de Angola chegou a imaginar que as tropas cubanas pudessem dirigir-se rumo ao sul, ou seja, rumo a Pretória.Na fuga, as tropas racistas bombardearam pontes, revelando medo de uma ofensiva rumo ao sul. Enquanto as batalhas ocorriam, com sucessivas derrotas impostas às tropas da África do Sul, ocorriam no âmbito da ONU as famosas negociações em busca de um acordo, negociações em que os representantes dos EUA exibiam toda sua hipocrisia. Mas, há um diálogo que merece ser relembrado, quando o representante do regime racista nestas negociações pergunta ao representante de Cuba, Jorge Risquet, se havia a intenção de uma ação militar rumo ao Sul, a resposta é dessas que entram para os anais de história militar: "Se eu lhe disser que vamos rumo ao Sul isto seria tomado como uma ameaça, se eu lhe disser que não vamos rumo ao sul, isto seria para vocês um calmante". Deixou o racista atônito e confuso. E em outra oportunidade deu o toque de realismo que a arrogância sul-africana não queria reconhecer. "A África do Sul não tem condições de impor na mesa de negociações uma situação de vantagem quando no campo de batalha está sendo fragorosamente derrotada." De fato, os negociadores sul-africanos diziam que se retirariam "para a Namíbia". A história foi diferente, tiveram que sair também da Namíbia.


Condolezza e o Ministro Negro


Exatamente quando a Secretária de Estado dos Eua, Condolezza Rice visitava o Brasil, onde, entre muitos temas mais importantes e nada divulgados, assinou um Plano de Ação pelo qual Brasil e EUA decidem atuar conjuntamente para "eliminar a discriminação racial", a TV Cidade Livre, o canal comunitário de Brasília, realizava um debate sobre a Batalha de Cuito Cuanavale, com participação de embaixadores de Cuba, Angola, Namíbia e África do Sul, agora livre do apartheid. O texto firmado por Condolezza e o Ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, afirma que Brasil e EUA "partilham a característica de serem sociedades democráticas multi-éticas e multi-raciais", o que teria motivado um comentário de Fidel Castro em uma de suas Reflexões do Comandante: "É assombroso. Penso que é exatamente o contrário o que acontece nos EUA".

Sem dúvida, basta verificar as condições de vida da população negra que ainda hoje vegeta sob os escombros do Furacão Katrina, em Nova Orleans. Ou contar o contingente de negros nas prisões norte-americanas. Ou a quantidade de eleitores negros que foram sub-repticiamente retirados do cadastro eleitoral para assegurar a vitória suspeita de Bush nas decisivas eleições presidências na Flórida em 2000.

Quanto ao Brasil, sabemos que os negros são maioria nas prisões, nas filas do desemprego, entre os que recebem os salários mais baixos, entre os que vivem nas favelas, entre os que estão nas fazendas com trabalho escravo. Num quadro dantesco como este, a simples existência de um Ministério da Igualdade, pode ser uma boa notícia, demonstrando a sensibilidade que o presidente Lula tem para a questão racial, afinal, um de seus grandes amigos na época da fábrica era um negro. Também é importante que uma das primeiras leis por ele sancionada é exatamente a que introduz a disciplina História da África nos currículos da escola brasileira.


Qual foi a nossa solidariedade?


No entanto, não se deve deixar passar a oportunidade para uma reflexão bem mais profunda, por exemplo, a partir da divulgação pela TV Brasil da histórica importância da Batalha de Cuito Cuanavale para a libertação da África do Sul e para o começo do fim do apartheid, permitindo às novas gerações tomar conhecimento de que houve um povo capaz de levar sua solidariedade à expressão máxima de concretude: Cuba socialista foi o único país que pegou em armas para combater o apartheid e para defender a independência de uma nação irmã ameaçada pela ação colonialista dos EUA em apoio à África do Sul e ao exército mercenário da Unita. Ou seja, nada pode ser mais assombroso, como disse Fidel, que a Condolezza venha reivindicar seu país como uma democracia multi-racial e multi-étnica.

Cuito Cuanavale deve servir também para os movimentos sociais, especialmente ao movimento negro brasileiro, para refletir que a solidariedade deve ter tradução real, pois não se tem notícia de que os nossos irmãos angolanos tenham recebido do movimento negro, em solidariedade, uma aspirina que fosse. Enquanto que Cuba enviou para Angola 350 mil homens e mulheres, de lá trazendo apenas seus mortos e as medalhas desta vitória que jamais poderá ser apagada da consciência da humanidade. Muito se exalta que o Brasil é o país como maior população negra fora da África, mas qual foi a nossa solidariedade concreta quando ela foi tão necessária? Quando vários estudos registram o seqüestro impiedoso de contingentes negros africanos para formar o escravagismo nas Américas, e isto é uma verdade cruel e inapagável, Cuba foi capaz de inverter o itinerário: negros, brancos e mestiços partiam do Caribe para a Mãe África que estava sendo estuprada pelo apartheid e pelos EUA para oferecer solidariedade, para lutar com armas nas mãos, ombro a ombro com angolanos e namibiamos e impor a primeira derrota, que tinha que ser militar, ao apartheid. Como disse Mandela, em Cuito Cuanavale se deu a virada. Mas, uma virada marcada pela consciência das tropas cubanas de serem a continuidade histórica do internacionalismo proletário, de fazerem reviver o brado heróico de Stalingrado, de retomarem o exemplo revolucionário das massas vietnamitas que também derrotaram os EUA. Para a África Cuba enviou negros, brancos e mestiços alfabetizados, cultos, um exército bem treinado, com consciência socialista, e que não esteve em Angola para rapinar petróleo ou de diamante, como hoje fazem de modo selvagem e assassino as tropas norte-americanas no Iraque. E a solidariedade cubana com a África não se esgotou naquela histórica epopéia militar: hoje milhares de médicos e professores cubanos trabalham em dezenas de países africanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o contingente de médicos cubanos na África supera o número de médicos que todos países ricos somados têm hoje naquele continente que tanto rapinaram....Por isso, é indispensável um debate mais aprofundado sobre o papel de Cuba e Angola na luta contra o apartheid, pois, não faz nenhum sentido falar da luta contra o racismo desconhecer esta contribuição, ignorar a dimensão histórica da Batalha de Cuito Cuanavale e, ao mesmo tempo, tomar como exemplo de luta anti-racial o modelo norte-americano, quando foram os EUA os principais sustentadores do apartheid.

Recomendação ao Ministro Edson Santos: que tal promover um debate sobre a Batalha de Cuito Cuanavale na TV Brasil, exibindo lá os excelentes documentários cubanos sobre esta guerra de libertação, com o que poderíamos furar este enorme bloqueio informativo contra esta verdadeira façanha histórica realizada por Cuba para derrotar o criminoso regime do apartheid? O momento é importante, não apenas pela data, mas também porque uma das missões que trouxe Condolezza Rice ao Brasil é a de intimidar a comunidade de países sul-americanos diante da excelente proposta brasileira de criação de um Conselho de Defesa do Atlântico Sul. Há quem acredite que ela veio aqui para combater o racismo, mesmo sendo tão assombroso acreditar nisto.


Maioria de mortos em Gaza foram civis




Gaza (Prensa Latina) O Centro Palestino para os Direitos Humanos (CPDH) confirmou nesta sexta (13) dois mil 434 mortos em Gaza durante os 22 dias de bombardeios israelenses, 960 foram civis, incluídos um número significativo de crianças e mulheres. Do total de vítimas fatais, 239 foram oficiais da polícia e só 235 eram combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e outros grupos, assinalou o CPDH em seu site. Até agora fontes da ONU e meios jornalísticos manejavam a cifra a mais de mil 350 mortos e cinco mil 300 feridos palestinos pelos bombardeios por ar, mar e terra contra este enclave iniciados em 27 de dezembro de 2008. O CPDH acrescentou que 238 crianças e 121 mulheres perderam a vida pelos ataques, enquanto coincidiu com o Ministério de Saúde do governo de Hamas em Gaza no total de cinco mil 303 feridos, incluídos mil 606 infantes e 828 mulheres. De acordo com os pesquisadores do grupo humanitário, as estatísticas corroboram que os militares israelenses fizeram uso excessivo e indiscriminado da força, violando o princípio de distinção” entre civis e combatentes. Os níveis “desproporcionais” de baixas fatais entre civis e milicianos islâmicos evidenciam que os israelenses não respeitaram esse princípio, apontou o CPDH, ao anunciar que publicará na próxima semana uma lista com a identidade dos falecidos, em árabe e inglês. O referido centro defende uma investigação internacional dos “crimes cometidos pelas forças de Israel” e “o julgamento de todas as autoridades políticas e militares” responsáveis. Tel Aviv declarou um cessar fogo unilateral em 18 de janeiro, três semanas depois de utilizar inclusive armas e munições como fósforo branco em zonas civis, o qual proíbem tratados internacionais. Atualmente a situação considera-se volátil nesta faixa costeira devido à negativa de Israel de assinar com Hamas um acordo de cessar do fogo duradouro e condicioná-lo à libertação do soldado israelense Gilad Shalit, capturado em 2006. Apesar dos esforços mediadores do Egito, grupos palestinos continuam disparando foguetes contra o território israelense em resposta aos bombardeios da aviação israelense e ao bloqueio das cruzes fronteiriços. Segundo fontes locais, Hamas criticou ontem o lançamento de foguetes e morteiros, e pediu às milícias islâmicas que executam essas ações depor sua atitude por ocorrer “no momento equivocado”, em um aparente esforço por facilitar o lucro de uma trégua em longo prazo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Em época de crise...

Salários invioláveis: uma questão de liberdade

Os bancos públicos falam num potencial a atingir de nove milhões de pessoas no crédito consignado. Leia-se nove milhões de pessoas com seus salários provisoriamente bloqueados. Os refinanciamentos sucessivos são o triste resultado dessa camisa de força do crédito consignado

Walter Cezar Addeo


Desgraças, às vezes, veem embaladas em boas intenções equivocadas. O governo do P.T. ofereceu aos trabalhadores aposentados empréstimos com desconto dos pagamentos diretamente em folha. Como contrapartida, exigiu juros menores dos bancos, se é que juros de até 3% ao mês podem ser considerados decentes. Este presente de grego aos aposentados agraciou os bancos com o fim da inadimplência. Os pagamentos das prestações dos empréstimos passaram a ser garantidos diretamente pelo INSS que os descontam dos holerites dos aposentados e os repassam contabilmente aos bancos. Isso permitiu também uma grande redução de custos às entidades financeiras que não precisam mais arcar com as despesas de cobrança sejam nos seus caixas ou através de carnês. Já o aposentado não tem mais como administrar seu pagamento. Ele já vem reduzido da prestação contratada, diretamente na fonte, restando ao aposentado administrar apenas a sobra do seu salário.

Estranho capitalismo brasileiro. É inerente aos negócios capitalistas, tanto o auferir dos lucros quanto o risco do negócio. Por aqui, o governo cuida de eliminar o risco e garantir o lucro do sistema bancário e financeiro. Ou seja, o melhor dos mundos possíveis para quem tem um banco ou uma financeira neste país. Agora, os jornais anunciam outro futuro “benefício” aos assalariados do país. Os empréstimos da casa própria serão também descontados diretamente da folha de pagamento dos mutuários. Ou seja, o risco do negócio, da falta de pagamento, será mais uma vez anulado. O mutuário pagará compulsoriamente quer possa ou não. Poderá passar fome, deixar de comprar remédios e comida para seus filhos, mas as prestações ao sistema financeiro estarão garantidas todo mês diretamente na fonte. A modernidade acabou com a prisão por dívida, mas a tendência atual de bloquear pagamentos diretamente nos holerites dos trabalhadores os condena à penúria forçada até o final dos contratos. Possibilidades de renegociação das dívidas contraídas em valores mais acessíveis e prazos mais longos deixam de ser uma possibilidade para o devedor. Uma propaganda maciça na televisão e nos jornais cuida em convencer os aposentados desconfiados do ótimo negócio que farão ao hipotecar e bloquear parcialmente seus salários. Se os funcionários públicos e os aposentados são os alvos preferenciais desses empréstimos, o consignado para os empregados de empresas privadas é o próximo mercado a ser ampliado e conquistado. Os bancos públicos falam num potencial a atingir de nove milhões de pessoas no crédito consignado. Leia-se nove milhões de pessoas com seus salários provisoriamente bloqueados. Os refinanciamentos sucessivos são o triste resultado dessa camisa de força do crédito consignado.

Bem, isso é uma violação da liberdade do cidadão brasileiro. Cada cidadão deste país deve ter o sagrado direito de decidir o que quer pagar no fim do mês com seu salário. Isso se chama liberdade! Salário é o resultado da venda de sua capacidade de trabalho e de seu talento a terceiros. Mais ainda, ao receber um salário ele trocou horas e dias do seu tempo de vida em prol da produção de alguma empresa privada ou estatal. É, portanto, um legítimo fruto que lhe pertence por inteiro e não pode ser reduzido e fragmentado por deduções compulsórias que anulam o direito de administrar esse seu bem exclusivo e às vezes único. É uma questão de liberdade civil fundamental que todo cidadão brasileiro possa decidir sobre a totalidade de seu salário e onde e quando ele deverá ser gasto, quais despesas e contratos honrar, pois no caso de inadimplências já existe aparato jurídico adequado protegendo os credores, leis essas à que os devedores estão sujeitos. Os bancos e financeiras, portanto, contam com leis mais do que suficientes para sua proteção, além dos seguros especiais para enfrentarem inadimplências, perdas e quebra de lucros em seus contratos e negócios. Ao permitir que prestações de qualquer tipo sejam descontadas compulsoriamente dos holerites, passamos a ser tutelados pelo estado sobre nossos ganhos de trabalho, como crianças que não têm competência e discernimento para administrar suas vidas. Pagar ou deixar de pagar, em face de contingências imprevistas que possam surgir inesperadamente na vida de cada cidadão, é direito legítimo da pessoa. Não cabe ao estado ou às instituições financeiras decidirem sobre isso. Cabem a eles as cobranças e execuções previstas em lei. Não poderiam nunca invadir e seqüestrar valores no holerite de cada trabalhador. Sobre isso, inclusive, há jurisprudência firmada orientando que em contratos são proibidas cláusulas onde um dos contratantes abra mão de seus direitos futuros. Salários integrais são direitos futuros. Não se hipoteca o futuro.

É chegada a hora de se criar um movimento de conscientização nacional contra qualquer investida do governo e do sistema financeiro na folha de pagamento dos trabalhadores brasileiros. Lamentável que seja um partido nascido das lutas trabalhistas que faça esse assalto ao bem maior do trabalhador que é o seu salário, expresso em seu holerite mensal. O salário deve ser inviolável e constitucionalmente protegido, sendo proibido nele efetuar qualquer desconto, sob qualquer pretexto, principalmente os de origens contratuais. Caberá sempre à liberdade de cada cidadão decidir como e quando gastá-lo ou poupá-lo. É isso, entre outras decisões, que se chama liberdade civil. Tanto a moradia como o salário de cada cidadão deve ser sempre inviolável. O resto é mera proteção e outorga de privilégios a segmentos poderosos da sociedade. Que se termine com os empréstimos consignados em folha de pagamento neste país. Pelo direito de todo trabalhador a um salário inviolável como cláusula pétrea a ser inserida na constituição brasileira. Trata-se de novo em delimitar até onde pode o governo intervir no espaço de nossa vida particular, lugar de autonomia e liberdade de cada ser humano. Espaço de cidadania e direitos conquistados que não podem ser vendidos no balcão dos negócios.

domingo, 22 de março de 2009

Genocídio em Gaza...

Palestina grávida no centro da mira. Legenda: 1 shot 2 kill

Camiseta de soldado israelense: 1 shot 2 kill

Esta é uma das camisetas usadas por jovens soldados da IDF (Israel Defense Forces). Há outros modelitos, que você pode conferir na reportagem Dead Palestinian babies and bombed mosques - IDF fashion 2009.

A denúncia não é de nenhuma publicação antissionista, antissemita ou anti-Israel. Está no Haaretz, principal jornal de Israel.

Não é de causar espanto, portanto, que ainda outro dia o mesmo Haaretz (aqui, via BBC) tenha informado que soldados israelenses confirmaram que assassinaram civis em Gaza, obedecendo a ordens superiores:

"Entrávamos em um prédio e recebíamos ordens de subir de andar em andar e atirar em qualquer pessoa que víssemos... chamo isso de assassinato".

"Superiores nos disseram que podemos atirar nas pessoas que não fugiram, pois são terroristas, mas eles não tinham para onde fugir... isso me amedrontou, tentei fazer alguma coisa, da minha posição inferior, para mudar a situação".

Eles assassinam e ainda se divertem.

Como contraponto, publico novamente aqui o vídeo a seguir, para que você sinta a revolta, o sofrimento e o orgulho de um povo na voz de uma menina palestina. Não deixe de assistir.

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sábado, 21 de março de 2009

A crise e os trabalhadores


Emir Sader


Os trabalhadores foram e continuam sendo as vítimas privilegiadas das políticas neoliberais. A instauração do neoliberalismo se fez montado numa imensa virada na correlação de forças entre as classes fundamentais, com um aumento exponencial na apropriação do excedente pelo grande capital às custas dos trabalhadores.


As formas foram múltiplas, pela combinação entre precarização das relações de trabalho, que levou a que a maioria dos trabalhadores não tenha contrato de trabalho; o desemprego aberto e velado; a extensão das jornadas de trabalho; a intensificação das condições de trabalho; a fragmentação da classe trabalhadora e as conseqüentes dificuldades de organização que produz, entre outras.


Como resultado, se enfraqueceu o sindicalismo, assim como a identidade com o mundo do trabalho, ao mesmo tempo que a mídia contribuía decisivamente invisibilizando os temas do mundo do trabalho. As teorias do “fim do emprego” na realidade se referem às tentativas de extinção do emprego formal, porque nunca tantos viveram do seu trabalho como no mundo atual, porém ao fazê-lo sob condições heterogêneas, trabalhando em varias atividades ao mesmo tempo ou mudando de atividades de um mês para outro, terminam dificultando a organização, enfraquecendo a cultura do trabalho e a assunção da identidade de trabalhador, assim como das profissões, que mudam de um tempo a outro.


As políticas neoliberais produziram também um grande processo de proletarização de amplos setores das classes médias, empobrecidas pela perda do emprego formal e pela concentração de renda das políticas implementadas pelos governos. O mundo do trabalho nunca congregou a tanta gente, embora as condições do trabalho concreto nunca foram tão diversificadas. O que não impede que todos sejam superexplorados e fonte fundamental da gigantesca acumulação de capital que produzem as grandes fortunas exibidas obscenamente pela mídia.


Políticas minimamente anti-neoliberais de alguns governos – concentrados na América Latina – permitiram a retomada de certo nível de empregos formais, mesmo se com baixa qualificação, voltando a dar certa força de negociação aos sindicatos e protagonismo às centrais sindicais. Políticas redistributivas mediante programas sociais, elevação real dos salários, promoveram a extensão e o fortalecimento do mercado interno de consumo popular, ao mesmo tempo que, em alguns casos, o movimento sindical voltou a obter certos espaços de protagonismo público, mesmo se quase sempre sabotado pela mídia.


A crise fez voltar a recair sobre os trabalhadores o peso da recessão provocada pela especulação financeira, de que se valem as empresas para, como primeira medida, dispensar trabalhadores. Nos anos de crescimento que antecederam a crise, se multiplicaram os lucros; no momento da recessão, as empresas nem sequer queimam uma parte dos lucros acumulados, dispensando imediatamente a milhares de trabalhadores, como se o direito ao emprego não fosse um direito essencial para a imensa maioria da população, que vive do seu trabalho.


Os governos e as forças políticas neste momento se diferenciam se jogam todos seus esforços para diminuir os efeitos da recessão e garantir ritmos de continuidade no crescimento econômico, ao lado da garantia do emprego, e as que apostam na catástrofe econômica, acreditando que, com isso, se enfraquecem governos que colocam ênfase nas políticas sociais. Os trabalhadores e suas organizações tem que se alinhar em torno dessa polarização, lutando para que as medidas dos governos para alimentar o nível de crescimento econômico sejam todas indissociavelmente ligadas à garantia do emprego – direito essencial, se queremos construir uma democracia social.



Município paraibano realiza campanha de valorização do trabalho doméstico







Adital


Imagine se as trabalhadoras domésticas decidissem fazer uma greve? Provavelmente, assim, muitas pessoas perceberiam a diferença que essas mulheres fazem em suas vidas. É justamente para mostrar a importância do trabalho doméstico que a Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande e o Centro de Ação Cultural (Centrac), na Paraíba, estão promovendo a "Campanha pela Valorização do Trabalho Doméstico: na luta por direitos, igualdade e reconhecimento".

A Campanha, que tem caráter permanente, tem o objetivo de sensibilizar a sociedade civil e os agentes públicos para o reconhecimento dos direitos das trabalhadoras domésticas. De acordo com Maria Madalena de Medeiros, coordenadora da Campanha, o trabalho doméstico ainda não é valorizado no Brasil. "Ele é importante para a organização social do trabalho", ressalta.

A coordenadora comenta que, caso as trabalhadoras domésticas resolvessem fazer uma greve, várias pessoas enfrentariam problemas. Ela explica que, enquanto os patrões estão no trabalho, as domésticas ficam nas casas realizando tarefas essenciais, como lavar e "passar" roupas, e fazer almoço.

Além da falta de valorização, a coordenadora acrescenta que as trabalhadoras ainda sofrem preconceito por parte da sociedade, principalmente pelo fato de a maioria ser mulher, negra e de baixa escolaridade. Segundo a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), existem oito milhões de pessoas inseridas no trabalho doméstico, sendo que 93,2% são mulheres e, dessas, 61,8% são pardas ou negras.

De acordo com Madalena de Medeiros, a Campanha pretende não somente mostrar a sociedade o valor do trabalho doméstico, mas também informar as próprias trabalhadoras sobre os direitos que possuem através de seminários, cursos e distribuição de materiais de divulgação.

No próximo dia 28 começam as aulas de direito trabalhista e previdenciário. Segundo a Madalena, os cursos são gratuitos e ainda estão com inscrições abertas. "São voltados principalmente às mulheres de baixa renda e que não tenham acesso à informação", comenta.

Contato: (83) 3341.2800

As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF 2008.

Olívia Byington - Música (1984)




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