Da Página do MST
No Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária, os trabalhadores
rurais do MST realizaram uma série de mobilizações pelo país, com o
trancamento de trechos de rodovias em 20 estados, pela punição dos
responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, e pelo
assentamento das 186 mil famílias acampadas.
Foram realizados
protestos em 20 estados. Houve 105 bloqueios de rodovias, estradas,
avenidas e ferrovias. Já foram ocupados 45 latifúndios, em nove estados,
em abril. Onze superintendências do Incra estão ocupadas (Alagoas,
Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba,
Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe).
No Pará, na
curva do “S”, na PA 150, onde aconteceu o Massacre de Eldorado dos
Carajás, o acampamento da juventude, que reúne 3 mil Sem Terra, fez um
ato político em memória dos mortos e para cobrar a prisão dos
responsáveis. Também foram fechadas três rodovias federais 2 mil pessoas
no estado.
Em Alagoas, 17 rodovias foram interditadas pela
manhã. Ao todo, 3 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais bloquearam
rodovias nos municípios de Maragogi, Flexeiras, Matriz do Camaragibe,
Joaquim Gomes, União dos Palmares, Murici, Atalaia, Arapiraca, Piranhas,
Porto Calvo, Junqueiro, Olho d'água das Flores e duas áreas em Delmiro
Gouveia, ao cobrarem por justiça e denunciando a violência no campo. O
Incra e o Ministério de Desenvolvimento Agrário também foram ocupados em
Maceió. Houve duas retiradas massivas de cana-de-açúcar plantadas
ilegalmente por usinas nas cidades de Messias e Murici.
Em
Pernambuco, mais de 2.500 Sem Terra fecharam 15 pontos das principais
rodovias de acesso do estado, em protesto contra a violência e a
impunidade dos crimes cometidos pelo latifúndio. Foram trancadas 14
rodovias e vias de acesso ao estado, como a ponte que liga as cidades de
Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Também foram bloqueadas
a BR 104 nos trechos norte e sul, que ligam o agreste à zona da mata do
estado, e vários trechos da BR 232, que corta o estado do litoral ao
sertão. Além disso, mais dois latifúndios foram ocupados no estado,
somando oito no estado. No município de Feira Nova, cerca de, 70
famílias ocuparam a fazenda Soledade, um latifúndio improdutivo de mais
de 2.500 hectares. Em Pesqueira, 110 famílias ocuparam a fazenda
Supranor, uma empresa de produção de ração animal.
Em Sergipe, 14
rodovias foram bloqueadas por Sem Terra. Nos protestos, foram
homenageados os mártires do Massacre de Eldorado dos Carajás. Foram
realizadas três ocupações de latifúndios. No município de Santo Amaro,
foi reocupada a fazenda Nossa Senhora das Graças. A Fazenda Camaçari, no
município de Itaporanga da D'Ajuda, foi ocupada com mais de 100
famílias. Mais de 100 famílias reocuparam a fazenda Fortuna, que fica
nos municípios de Caria e Nossa Senhora da Glória.
No Rio Grande
do Sul, foram 16 rodovias federias e estaduais trancadas
simultaneamente. As mobilizações aconteceram nos municípios de São Luiz
Gonzaga, Sarandi, Trindade do Sul, Eldorado do Sul, Piratini, Candiota e
Hulha Negra. Em Livramento, foi realizada uma audiência pública com
participação de governo, prefeitura e Incra. Já em São Gabriel, um grupo
permanece acampado na praça da cidade desde ontem.
No estado de
Minas Gerais, em Belo Horizonte, cerca de 100 pessoas do MST ocuparam a
sede do Incra, ao cobrarem o assentamento das 2.700 famílias acampadas
no estado e reivindicando políticas de melhorias para os assentamentos.
Outros 900 trabalhadores liberaram o pedágio da rodovia federal Fernão
Dias, no município de Perdões, deixando o passe rápido aberto e
isentando toda a população de pagar pedágio. A BR 365, em Jequitaí, no
norte de Minas também foi trancada por mais de 200 pessoas. Foi trancada
também a BR 050 com 300 pessoas.
Em São Paulo, aconteceram sete
paralisações de trechos rodovias pelo estado. A Rodovia Anhanguera foi
paralisada em quatro diferentes trechos, mobilizando cerca de 600
pessoas ligadas ao MST e outros movimentos e organizações sociais. Em
Andradina, a paralisação mobilizou 300 pessoas e aconteceu no km 650 da
Rodovia Marechal Rondon. No município de Sandovalina, região do Pontal
do Paranapanema, 150 pessoas fecharam a Rodovia General Euclides
Figueiredo. Em Itaberá, a paralisação durou uma hora e aconteceu na
Rodovia Alves de Negrão (SP 258), mobilizando cerca de 100 pessoas dos
assentamentos da região.
No Rio de Janeiro, cerca de 300 Sem
Terra bloquearam a Av. Presidente Vargas, na altura do prédio do Detran,
onde fica a sede do Incra no Rio de Janeiro,que está ocupado. Depois do
protesto na avenida Getúlio Vargas, os manifestantes partiram para o
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, onde realizaram ato
cobrando ações efetivas do Judiciário.
No Paraná, o MST trancou
quatro rodovias. Na BR-116, em Curitiba, cerca de 1000 trabalhadores
fecharam a rodovia, trazendo consigo faixas, cartazes e cruz em memória
aos trabalhadores. No município de Cascavel, a BR-277 também foi
trancada, onde aproximadamente 300 integrantes do Movimento levaram
bandeiras e fizeram uma apresentação na rodovia. Já na BR-158, em Rio
Bonito do Iguaçu, 60 pessoas pararam a rodovia em forma de protesto
também. A Rodovia PR 317 por 70 integrantes de 15 assentamentos do MST
da região norte e noroeste do Paraná, junto com moradores da Escola
Milton Santos de Agroecologia, na altura de Maringá.
No estado de
Santa Catarina, os mais de 400 trabalhadores rurais que ocupam o Incra
desde segunda-feira (16), em Florianópolis, fizeram um protesto em
frente ao Tribunal de Justiça, para relembrar o Massacre e depois se
juntaram à outras 10 mil pessoas na 3ª Marcha dos Catarinenses,
organizada pela Central dos Movimentos Sociais (CMS).
Em Mato
Grosso, trabalhadores rurais fecharam a BR-163, no município de Sorriso,
e a Av. Historiador Rubens de Mendonça, mais conhecida como Av. CPA, em
Cuiabá. No período da tarde, os camponeses deram continuidade aos
protestos com uma marcha que passou na Secretaria de Saúde e no Tribunal
da Justiça
Mais ações
Na Bahia, foram fechadas duas
ferrovias e sete rodovias federais. Houve bloqueios em pontos da BR-242,
que liga as cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, na BR-116,
próximo à cidade de Feira de Santana, na BR-110, próximo a Paulo Afonso,
no norte do estado, em três localidades da BR-101 e em duas ferrovias
importantes do estado, uma que liga Brumado a Sapeaçu e a outra perto de
Juazeiro.
Em Tocantins, foi realizado um ato político contra o
despejo do acampamento Sebastião Ribeiro no município de Palmas, com
1.000 famílias. Foram fechadas cinco rodovias federais, mobilizando
2.000 pessoas.
No Piauí, 600 pessoas fecharam a principal rodovia que dá acesso à capital, Teresina.
No Maranhão, foram fechadas a BR 316 e a rodovia Belém Brasília, com 600 militantes.
Em
Rondônia, o fluxo na BR 364 ficou parado por 21 minutos. Depois, os
trabalhadores rurais seguiram em marcha para a cidade de Ji-Paraná. Foi
realizado um ato público no Fórum de Justiça, com 400 pessoas.
No
Rio Grande do Norte, o trânsito da BR 304 ficou parado por 21 minutos,
próximo a Natal, com 600 pessoas. Depois do ato, os Sem Terra fizeram
protesto no Tribunal de Justiça, em Natal, juntos com mais movimentos
sociais. Em seguida, fizeram manifestação em frente ao Incra.
Na
Paraíba, o protesto foi na Avenida Epitácio Pessoa ,em João Pessoa, com
500 pessoas. Depois houve protesto no Tribunal do Justiça.
No
Ceará, a BR 116 foi trancada com apoio de uma comunidade que luta pela
construção de uma passarela e para denunciar o número de acidentes
nessa.
No Mato Grosso do Sul, foi trancada a rodovia 163, em Itaquirai, com cerca de 800 pessoas.