segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Evo Morales denuncia conspiração dos EUA


O presidente boliviano Evo Morales denunciou neste domingo (26) que a embaixada dos Estados Unidos em La Paz financia ações de desestabilização contra seu governo através do pagamento de subornos a dirigentes opositores em um momento que enfrenta um locaute em vários departamentos do interior do país.


Segundo revelou hoje o jornal La Prensa, Morales garantiu que os prefeitos (governadores) de seis dos nove departamentos (províncias) do país, que são opositores a seu governo, estão "trabalhando em uma conspiração" que "conta com a participação da embaixada dos Estados Unidos".


Morales fez a acusação durante uma reunião reservada com organizações sociais, a maioria de camponeses, ocorrida na sexta-feira na sede da vice-presidência da República, informou o jornal boliviano.


La Prensa afirmou que Morales garantiu durante a reunião que "assessores do Podemos (principal partido de oposição) e outros dirigentes opositores do governo são pagos pelos Estados Unidos".


Segundo Morales, a embaixada dos Estados Unidos também "está oferecendo dinheiro a alguns dirigentes do governo para tentar frear o atual processo de transformação" em avanço na Bolívia.


Nesta mesma reunião, o vice-presidente Alvaro Garcia Linera convocou uma mobilização de 100 mil camponeses em Sucre para "reconduzir" a Assembléia Constituinte que suspendeu suas deliberações na semana passada devido a protestos de empresários na capital oficial, La Paz.


Os empresários de Sucre, capital de Chuquisaca, a 720 quilômetros ao sudeste de La Paz, estão liderando protestos há dez dias contra a Assembléia Constituinte, que retirou de sua agenda o pedido de que a cidade se transforme na futura capital real do país.

O presidente denunciou para as organizações camponesas que o pedido de Sucre para que retornem a essa cidade as sedes do governo e do congresso "faz parte de uma estratégia dos setores conservadores para frear e destruir a Assembléia Constituinte".


Em apoio ao pedido dos habitantes de Sucre e com o pretexto de "defesa da democracia", as organizações conservadoras de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Cochabamba convocaram uma "greve cívica para terça-feira", na verdade um locaute, apesar dessas organizações terem antecipado que não participarão.


O pedido dos conservadores de Sucre é rejeitado pelos habitantes de La Paz, para onde foram transferidos estes dois poderes após uma sangrenta guerra civil que terminou em 1899.

O jornal La Prensa publicou hoje com exclusividade a versão sobre a denúncia de Morales e a convocação da mobilização camponesa de García Linera, citando fontes do partido do governo, o MAS (Movimento ao Socialismo).


Morales recordou durante o encontro declarações recentes do embaixador norte-americano, Philip Goldber, quando se pronunciou a favor da "independência" do poder judicial na Bolívia.


Também mencionou um incidente com uma cidadã norte-americana que chegou ao país com 500 balas de munição dentro da sua bagagem, dizendo que eram destinadas a um funcionário diplomático norte-americano.


Em concordância com a denúncia presidencial, o vice-presidente García Linera alertou que "a direita está se mobilizando violentamente" com os protestos em Sucre e com a greve convocada pelas organizações cívicas.


Segundo o vice-presidente, "o objetivo da direita é destruir o governo e voltar ao poder", de acordo com a versão publicada pelo jornal.

García Linera também denunciou "discriminação" dos moradores de Sucre contra a presença de representantes indígenas na Constituinte.


A mobilização camponesa na cidade de Sucre já tinha sido anunciada por dirigentes de várias organizações, com o pedido de que "sejam dadas garantias à Assembléia Constituinte" para que termine de redigir a nova Constituição da Bolívia.

Fonte: Vermelho

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