Qual melhor maneira de manipular as massas senão propagando mentiras como se fossem verdades, sem falar nada realmente importante como se o dito fosse o mais transparente possível. Este é o discurso dúbio do mais novo famoso norte americano, ainda que cínico e oportunista, chamado Barack Hussein Obama. Ele é mais uma prova de que "América é como um caldeirão de mistura. As pessoas do fundo se queimam e a espuma flutua no topo".
A superficialidade e o racismo da América branca é amplamente exposta pela tendência de hoje afirmar que uma real mudança econômica e política depende somente da cor de pele. É um fato, que com certeza, o Sr. Obama ou os seus companheiros não ignoram. Uma mulher branca, educadora de universidade e defensora de Barack Obama, recentemente afirmou em rede nacional que gostaria de "ver o componente 'cor' eliminado das 'ações afirmativas'", pois que "há igualdade de raça na América". Ela deixou claro que se acha injustiçada em sua missão racial porque, como ela orgulhosamente afirmou, depois de tudo, "voto
Alguém se lembra da Condoleeza Rice? Ela é biologicamente negra e com certeza ela não representa mudança econômica e política. Ah, sim, e não podemos esquecer-nos do, também biologicamente negro, Colin Powell. Lembra-se dele, não lembra? O primeiro Secretário do Estado negro dos EUA, que foi às Nações Unidas e contou ao mundo todo a maior mentira, afirmando que "o Iraque possuía armas de destruição em massa", o que resultou na justificativa para a invasão e ocupação do Iraque pelos EUA. Assim, identificar mecanicamente a realidade e necessidade de mudanças sociais, políticas e econômicas com cor de pele é absurdo, é cínico e muito perigoso.
Mas trata-se de um fator importante do qual Barack Obama e seus manipuladores estão cinicamente contando. Eles sabem que uma parte significante da população americana, incluindo muitos brancos, quer reais mudanças. Então porque não dar a eles "meias verdades", grandes doses de discursos ambíguos ao invés da realidade? Esta estratégia serve para agradar, gerar confiança da população e ao mesmo tempo confundir eleitores, especialmente os jovens e aqueles que participam do processo pela primeira vez. É uma tática efetiva, mas cínica e desonesta.
Naturalmente, não resistindo à dose enorme de discurso ambíguo, há o disfarce de Obama, que retoricamente esconde-se "como candidato da paz", quando de fato ele é o candidato da guerra, tendo afirmado ser a favor de ações militares "unilaterais" dos EUA em outras nações -- supostamente em "busca dos reais terroristas". Em outras palavras, ele é a favor destas ações que são a sanção do Estado para supostamente perseguir indivíduos e organizações "terroristas" em outras nações. Enquanto esta retórica militarista disfarçada de Obama soa como mordidas saborosas para meios de comunicação, na verdade é material de cinismo, traição do povo e loucura.
Por mais de sete anos, George W. Bush e seu grupo, repetidamente, têm ilustrado um absurdo e perigoso programa, nacional e internacionalmente. Ainda, Obama, o tão chamado "candidato da mudança", está simplesmente trazendo as mesmas ações antigas, perigosas e falhas com uma retórica brilhosa, mas extremamente perigosa. Ele não é o candidato da paz. De acordo com o próprio Obama, ele está desejoso a empreender uma guerra, mas da "maneira correta", com uma máquina de matar mais eficiente.
Com certeza, ele nunca esteve pessoalmente em uma batalha mortal, nesta nação ou fora dela, onde partes do corpo se quebram e vidas se acabam. Ele nunca foi confinado e torturado em prisões norte americanas, ou teve familiares negros torturados por membros do Departamento de Polícia de Chicago ou Illinois. Esta não é a "maneira correta" de empreender uma guerra. Guerra não é anti-séptica. Não é limpa. É sangrenta e horrível: a única "maneira correta" de fazer Guerra é evitando-a e especialmente o uso da força militar unilateral dos USA.
Os partidos dos Democrata e Republicano há um longo tempo se igualam por negarem, em qualquer sentido real, os interesses da vasta maioria da população. As políticas destes dois partidos continuam a mover a América, como uma nação, da frigideira ao fogo proverbial. Para pessoas negras, indíginas ou de qualquer outra etnia da América e por todo o mundo, isto deve ser - e é - uma grande preocupação.
Ironicamente, é uma séria candidata do povo quem está fora dos partidos Democrata e Republicano. Trata-se da a ex-integrante do Congresso Americano, Cynthia McKinney, que teve a integridade e bravura de deixar o partido Democrata e declarar seu apoio à coalizão nacional "Poder para o Povo", que hoje apóia a sua candidatura a Presidência dos EUA. Por isto, ela tem sido ignorada e freqüentemente atacada pela mídia dos EUA. Muitos na América do século 21, o povo, não tem acesso à integridade, mas sim à hipocrisia.
Mudança e poder real não virão de retórica cínica, sem substância e ofuscante que manipula a população. Antes, virá da mudança do sistema, começando pelas pessoas – que são alimentadas pelas conspirações e hipocrisias dos partidos Democratas e Republicanos.
Não importa o que aconteça em breve ou continue acontecendo nos meios de comunicação, referindo-se a comitês eleitorais nos Estados Unidos. Não importa quem esses meios de comunicação irão apresentar como grandes "favoritos" a presidência, pelos Democratas e Republicanos, pois justiça e integridade nunca pode emanar de um sistema intrinsecamente injusto, amoral e hipócrita, como dos EUA. Além do mais, quando vemos os candidatos destes partidos, incluindo a candidatura de Barack Obama, lembramo-nos de um velho provérbio africano: "Cuidado com o homem nu que te oferece vestimentas".
Neste ano de 2008 está na hora de analisar, organizar, educar e liberar verdadeiramente a nós, e nossos irmãos e irmãs. É tempo de fazer isto tornar se realidade. Vamos
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Mumia Abu-Jamal, jornalista, radialista e militante negro, foi apresentador do popular programa de rádio "A voz dos sem-voz". Mumia foi preso em 9 de dezembro de 1981, sob a acusação de ter assassinado um oficial de polícia de Filadélfia, EUA. Condenado à morte injustamente como suposto assassino, Mumia Abu-Jamal está há quase 27 anos no corredor da morte lutando por justiça e liberdade. É autor do livro "Ao vivo no corredor da morte" (Conrad Editora).
The Radical Alternative, coluna escrita em 28/1/08
Fonte: http://www.runcynthiarun.org
(c) '08 Mumia Abu-Jamal
Tradução: Sara Rangel
Revisão: Alexandre Magalhães
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