O Poder Paralelo
Fausto BrignolFica cada vez mais claro que a chamada "abertura" política, com a consequente nova Constituição e eleições diretas, em 1989, foi mais uma concessão dos militares do que uma conquista do povo. Isso aconteceu em toda a América Latina onde haviam ditaduras militares orquestradas pelos Estados Unidos. Houveram acordos tácitos, não escritos, entre as elites civil e militar para que o povo pudesse votar a cada dois ou quatro anos, elegendo os seus representantes, o que pareceria, aos olhos do próprio povo, que estaria vivendo em uma democracia.
O recente episódio entre o comandante militar da Amazônia e o presidente Lula mostra de que lado estão os militares, que são e sempre foram golpistas de plantão a serviço dos Estados Unidos. Eles são treinados nas bases amerikanas e obedecem, servilmente, as ordens de seus verdadeiros patrões. Haja vista a intervenção brasileira no Haiti, ajudando a formar uma "força de paz" da ONU - leia-se Estados Unidos - contra o que eles apelidaram de bandidos e desordeiros e que, na verdade, são pequenos focos de guerrilha contra a situação calamitosa daquele país.
A declaração dos militares de que as Forças Armadas não obedecem aos Governo, mas ao Estado deixa claro a consciência que os militares tem, atualmente, de que estão acima do Governo. E isso é um sintoma de golpismo. Da mesma forma, a aceitação subserviente do Ministro Nelson Jobim revela o quanto o Governo encontra-se desarmado e inerte em relação ao poder paralelo representado pelas Forças Armadas.
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