O Partido Verde vai amadurecer
por Lelê Teles
Nisso crê Marina Silva. Nisso não cremos nós. O PV, como sabemos, faz na política o que Mané Garrincha fazia com seus adversários nos gramados: ilude a todos, faz que vai para a esquerda e vai para a direita; depois finge que vai para a direita e se envereda pela esquerda. O PPS é pai e mãe desses dribles; Roberto Freire é o mentor e já teve como seguidores Heloísa Helena, Cristovam Buarque, Gabeira… uma lista ainda por terminar. Marina Silva é a neófita da vez. Vai lendo.
As eleições que se aproximam serão um plebiscito, disso não se pode fugir. Mas se pode protelar. Nas eleições passadas já o fizeram. Um plebiscito, digo, mas não que seja a disputa entre dois nomes e dois homens – mesmo porque termos aí uma mulher –, mas entre duas forças, duas correntes. De um lado, Lula da Silva, Dilma Rousseff e uma multidão de brasileiros que passaram a comer melhor, se vestir melhor, tiveram acesso à universidade e uma diversidade de melhorias e benesses. De outro lado, o senhor Ali Kamel, que é a mente demente dos filhos do Marinho, os próprios filhos marínicos e umas quatro famílias mais – Mesquita, Frias e os demais, falou de um falou de todos. E o Zé Serra, que até pensou em desistir, mas Lula meteu lá Ciro Gomes em seu calcanhar e ele será candidato, porque teme mais a Ciro do que a Lula e Dilma juntos, porque estes são cordiais; Ciro, jamais.
No passado, as forças anti-Lula lançaram os seus factóides: Heloísa Helena e Cristovam. Candidatos da direita, mas travestidos de esquerda. Tanto é que apareciam nos jornais como nunca. Lembremos que Helô teve sua biografia deslindada numa revistona. O mesmo fazem agora com Marina. Não que jornalões e revistonas torcessem para Cristó e Helô, não estavam preocupados em quantos votos eles poderiam ganhar, que seriam bem poucos, mas quantos conseguiriam tirar de Lula.
Eram caricatos. Cristó era monotemático, portanto inviável. Helô, balcão-de-negócios-sujos, era somente uma frasista. Mas encantou-se com os holofotes, chegou mesmo a levar um sobrinho para uma CPI, coisas de celebridade. Ao fim e ao cabo não fez cócegas no score eleitoral e ainda permitiu a eleição folgada de Fernando Collor para o Senado, ou seja, serviu duas vezes à direita. Enquanto fazia com Lula o que Denilma Bulhões fazia com o seu marido governador, para usar uma metáfora alagoana, ou seja, o lategava com uma toalha molhada em praça pública, Collor sorria o seu sorriso sujo para o Senado. Cristovam prometia uma revolução na educação, o que ele queria ter feito em três meses sendo ministro e que não fez nos quatro anos em que governou o Distrito Federal. Passadas as eleições, nenhum jornal quis saber de Helô, e Cristovam voltou ao noticiário porque serve aos jornalões chicoteando Sarney, depois sumirá novamente.
É nessa seara e no mesmo cenário que surge Marina Silva. Com a vantagem, para a direita, que faz o que os dois faziam sendo uma só: é monotemática e tem a língua afiada. Será a anti-Dilma. Já foi enganada pelo PV quando lhe disseram que ela teria 15% de votos logo de saída. O Datafolha mostrou que é um quinto disso, e vai terminar com menos, mas vai fazer um estrago em Dilma, que chegará um pouco trôpega no segundo turno. Depois Marina se desencantará do PV ou ele dará um jeito de se livrar dela, e ela terá que ir para o PSOL ou para o PSTU, ou criar uma nova legenda.
Todos sabemos que quem veste camisetas com dizeres como salvem as baleias, viva a natureza, libertem as focas… são os jovens da classe média, e estes não elegeram nem Gabeira pra prefeito, como elegerão uma presidente? Mas Marina vai sair bem na foto. Já está saindo – ontem mesmo vi uma foto dela no blog do Noblat, retocada, com luz profissional, parecia uma imagem de Caravaggio. É assim que a direita ilude os vaidosos. Vai nessa, Marina. Ou, usando uma metáfora futebolística: pedala, Robinho!
http://www.amalgama.blog.br/08/2009/o-partido-verde-vai-amadurecer/#more-467
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