Por Gabriela Moncau
Criado
em 2006 na Suécia e com atuação em mais de 30 países, inclusive no
Brasil, a organização partidária defende a liberação dos direitos
autorais e adoção de software livre na Internet.
Com
o interesse de manter a exclusividade de exploração comercial sobre os
produtos, a indústria cultural elabora leis que visam conter a cópia e
o compartilhamento de conteúdos. Sérgio Amadeu, sociólogo e professor
da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, estudioso da questão da
exclusão digital e do software livre, explica que as práticas de
colaboração são intrínsecas à sociedade e surgiram muito antes da
internet. “As pessoas não acham que estão fazendo nada errado. Esse
costume sempre existiu. Antigamente, por exemplo, você pegava um vinil,
colocava num aparelho de som 3 em 1, escolhia 3 ou 4 músicas, tocava o
vinil, montava uma fita, levava pra uma festinha, dava pro seu amigo
que copiava”, assinala.
Com
o advento das redes, os controladores da indústria cultural
desenvolveram diferentes estratégias de repressão. A primeira delas foi
criar casos exemplares: identificavam uma pessoa que havia desenvolvido
algum programa de compartilhamento ou que copiava muitos conteúdos e
abriam grandes processos contra ela. Cobravam multas, ameaçavam de
prisão e davam grande publicidade ao caso. As pessoas, no entanto,
deram-se conta que a chance de ser identificado era irrisória.
Colocaram em prática, então, processos contra um grande número de
pessoas. No entanto, a popularização e o barateamento da banda larga
fizeram com que a estratégia tivesse alcance limitado.
Terceira onda repressiva
Vivemos agora a tentativa de implementação da terceira onda repressiva no âmbito digital, conhecida como “resposta gradual”, ou “three strikes”, que apesar de ainda não ter sido posta em prática, está tramitando em diversos parlamentos. Trata-se de transferir a responsabilidade do judiciário para os provedores de acesso à internet. Cria-se uma regulação do provedor na qual ele é obrigado a notificar a pessoa que está baixando conteúdo ilegal uma, duas vezes. Na terceira, corta-se definitivamente o acesso à internet. Estudiosos do tema e defensores da democratização do conhecimento recorrem à Constituição e afirmam que tal penalização é ilegal, já que impedir o acesso à internet significa restringir a liberdade de expressão, o acesso à informação, cultura e serviços governamentais.
De acordo com Pablo Ortellado, integrante do Grupo de Pesquisa
Defesa das licenças livres
Direitos autorais dão às pessoas a exclusividade de exploração comercial, o que permite controlar quem tem acesso ao produto por meio da barreira de preço. Só que se a pessoa tem o direito de fazer essa exclusão, ela pode também fazer a autorização. O software livre surgiu a partir dessa idéia de inverter a lógica da exclusão dos direitos autorais por meio das licenças livres. Nos anos 1980, o programador americano Richard Stallman fez essa inversão e criou o conceito de software livre, impedindo que fosse usado segundo a lógica tradicional competitiva. Nos anos 1990, várias iniciativas pegaram esse espírito do software livre e traduziram pra outros âmbitos de expressão da cultura.
Simultaneamente,
com o advento da tecnologia de reprodução e a possibilidade de cópias
digitais em massa e sem custo, houve a ascensão de práticas espalhadas
na sociedade de cópia e colaboração. Uma delas são as redes
“pear-to-pear” (P2P) ou
par-a-par,
uma arquitetura de rede caracterizada pela descentralização do sistema,
onde cada computador realiza, no compartilhamento de arquivos, tanto a
função de servidor quanto a de cliente. Ou seja, os arquivos são
enviados de computador para computador diretamente.
Lei dos direitos autorais
Entre os movimentos que surgiram com a ascensão do software livre e das práticas de compartilhamento, organizou-se um partido político internacional, tendo como principais bandeiras a reforma da lei dos direitos autorais, a extinção do sistema de patentes e a defesa dos direitos civis. O Partido Pirata surgiu na Suécia em 2006, como uma reação às alternativas de impor controle sobre a Internet, por razões de segurança e defesa da propriedade intelectual.
Gabriela Moncau é estudante de jornalismo.
Para ler a reportagem completa e outras matérias confira a edição de janeiro da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou clique aqui e compre a versão digital da Caros Amigos. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Partido alternativo....
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário