Polícia Civil deve abrir sindicância para apurar investigação de caso Eliseu
Ex-mulher de acusado do crime é casada com investigador do Deic, segundo o MP
A cúpula da Polícia Civil deve abrir
sindicância interna para apurar investigação do Departamento de
Investigações Criminais (Deic) sobre a morte do ex-secretário municipal
de Saúde Eliseu Santos, assassinado em 26 de fevereiro. O caso -
desvendado pela polícia uma semana depois, indiciando três executores -
está sob suspeita após denúncia do Ministério Público. Diferentemente da
polícia, que tratou o caso como tentativa de latrocínio, os
procuradores da 1ª Vara do Tribunal do Júri apuraram que a morte do
ex-vice-prefeito foi tramada por pelo menos cinco dos oito denunciados
ao Poder Judiciário. Entre eles, Jorge Renato Mello, um dos
proprietários da empresa de vigilância Reação, que teve o contrato
rompido com a prefeitura depois do escândalo de suposto pagamento de
propina para o então secretário Eliseu Santos.
A ex-mulher de Mello é casada com o investigador Pedro Diniz, chefe de
investigação da Delegacia de Homicídios, responsável pelo inquérito,
segundo o MP. No pedido de prisão preventiva à Justiça feito pelos
quatro promotores em 31 de março, o texto se refere ao dono da empresa
Reação: “A referência ao comportamento ardiloso de Jorge Renato Hardoff
Mello se deve, em muito, ao fato de ser policial militar na reserva, que
chegou a ser cedido para a Polícia Federal, que trabalhou com empresa
de vigilância, o qual tinha contato com diversos policiais civis, até
porque sua ex-esposa, com quem tem uma filha, é atualmente casada com o
chefe de Investigação da Delegacia de Homicídios, Pedro Diniz, aliás,
com atuação efetiva na investigação e na conclusão prematura do presente
inquérito”.
“O servidor não deveria ter participado da investigação. Não vamos
prevaricar”, disse o chefe de Polícia, delegado João Paulo Martins. Ele
afirmou que, assim que tiver acesso às investigações do Ministério
Público, a cúpula da Polícia Civil se manifestará, não descartando a
abertura de uma sindicância pela Corregedoria da instituição. De acordo
com as conclusões do Ministério Público, Jorge Renato Mello, ex-PM e
apontado como um dos mandantes da morte de Eliseu Santos, seria um
"informante" do Deic. Um policial civil que prestou depoimento ao MP
disse que Mello trabalhava ainda como informante, inclusive tendo
atuação na noite da morte de Eliseu.
Ex-assessor da Secretaria da Saúde se apresentou à Justiça
O ex-assessor jurídico da Secretaria Municipal da Saúde Marco
Antônio Bernardes se apresentou, na manhã desta sexta-feira, à
Justiça. Ele é um dos oito
denunciados pelo Ministério Público por participação na morte de Eliseu
Santos.
Outros três denunciados já estão no Presídio Central: Eliseu Pompeu
Gomes, Fernando Treib Krol, o "Alemão", presos após inquérito da Polícia
Civil, e Marcelo Dias Souza, detido ontem pela Brigada Militar.
Com isso, apenas Janine Ferri Bitello, de 25 anos, de Sapucaia do Sul, e
Robinson Teixeira dos Santos, de 23 anos, também de Sapucaia do Sul,
seguem foragidos.
De acordo com o MP, Bernardes teria perdido um cargo em comissão junto à
Secretaria comandada pela vítima. Além disso, outros denunciados teriam
sido prejudicados pelo fechamento da empresa de vigilância e segurança
Reação. A empresa perdeu mais de R$ 1 milhão quando o seu contrato foi
rompido devido à descoberta do esquema de propina.
Na quinta-feira, foram presos dois integrantes da quadrilha durante
investigações realizadas pela Delegacia de Homicídios. O Batalhão de
Operações Especiais da Brigada Militar prendeu Marcelo Pio e Marcelo
Souza, que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça a pedido do
MP.
O original encontra-se no sitio do Correio do Povo
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