Encéfalos esponjosos
Terminou o "BBB10".
Graças a Deus. Estamos livres. Estava ficando difícil evitar os
comentários sobre o Besteirol Baixaria Brasil. Ou Bundas Brasileiras
Balançando. Bastava ligar a televisão, a qualquer hora do dia ou da
noite, para se ver ao menos uma chamada com uma bunda rebolando ou um
cara afagando os países baixos. Pensei em fugir para o exterior. Havia
sempre alguém no lotação falando no celular sobre as espetaculares
discussões filosóficas travadas entre os protagonistas do jogo. Poucas
vezes uma rede de televisão foi tão bem-sucedida na escolha de um grupo
de QI reduzido. Não deve ter passado de 180 somando-se todos os
integrantes.
A televisão costuma ser um poderoso instrumento de emburrecimento. O "Big Brother", para usar mais uma expressão de Jean Baudrillard, privilegia os encéfalos esponjosos, tanto dos participantes quanto dos telespectadores. É o programa mais idiota da história recente da televisão brasileira. Vi duas noites seguidas e senti meu cérebro tomando a consistência de uma gelatina ou de um mocotó. Ganhou um tal de Marcelo Dourado, gaúcho, filho de uma astróloga, certamente responsável pela sofisticada cultura do filho. Dourado destacou-se pelas suas declarações contra os homossexuais. O Brasil reacionário adorou. Venceu aquele que tem a cara do país: bronco, conservador e homofóbico.
Durante meses, milhões de pessoas submeteram-se a um triste espetáculo com disputas infantilizadoras e uma terminologia babaca escolhida para tocar o coração de antas, pacas e telespectadores: colar do anjo, brothers, sisters, big fone, confessionário, casa mais vigiada do Brasil, castigo do monstro, pular amarelinha vestido de criança, imunização, etc. Dourado levou R$ 1,5 milhão pela sua extraordinária capacidade de representar a estupidez nacional. Certamente desfilará em carro de bombeiro ao chegar em Porto Alegre. É o nosso novo Bento Gonçalves. O Rio Grande do Sul está orgulhoso do seu filho dileto. O "BBB" é uma atividade terapêutica de regressão. Até o apresentador, Pedro Bial, regrediu. Passou de bom repórter a animador de uma baixaria anual. Parece feliz. Deve ter encontrado o seu "eu" profundo.
Por que as pessoas veem o "Big Brother"?
Porque está à altura das suas competências intelectuais. O "BBB" é o equivalente televisivo da literatura de Paulo Coelho. Dizem que a Rede Globo assinou contrato para exibir mais 40 edições do "BBB". Se isso for verdade, quero migrar para a Sibéria com uma coleção de DVDs de Zorra Total e um pôster da dupla Victor e Leo. Topo tudo. Suporto qualquer coisa. O Ronan Prigent, adido cultural da França em Porto Alegre, foi transferido para Ekaterinemburgo. Pedirei que me acolha por lá. Trabalharei fazendo faxina ou recuperando encadernações das obras de Lenin. Suportarei temperaturas de 45 graus negativos. Só quero ficar livre dos fãs do "BBB". Não quero ter o azar de encontrar o Dourado na rua.
A televisão costuma ser um poderoso instrumento de emburrecimento. O "Big Brother", para usar mais uma expressão de Jean Baudrillard, privilegia os encéfalos esponjosos, tanto dos participantes quanto dos telespectadores. É o programa mais idiota da história recente da televisão brasileira. Vi duas noites seguidas e senti meu cérebro tomando a consistência de uma gelatina ou de um mocotó. Ganhou um tal de Marcelo Dourado, gaúcho, filho de uma astróloga, certamente responsável pela sofisticada cultura do filho. Dourado destacou-se pelas suas declarações contra os homossexuais. O Brasil reacionário adorou. Venceu aquele que tem a cara do país: bronco, conservador e homofóbico.
Durante meses, milhões de pessoas submeteram-se a um triste espetáculo com disputas infantilizadoras e uma terminologia babaca escolhida para tocar o coração de antas, pacas e telespectadores: colar do anjo, brothers, sisters, big fone, confessionário, casa mais vigiada do Brasil, castigo do monstro, pular amarelinha vestido de criança, imunização, etc. Dourado levou R$ 1,5 milhão pela sua extraordinária capacidade de representar a estupidez nacional. Certamente desfilará em carro de bombeiro ao chegar em Porto Alegre. É o nosso novo Bento Gonçalves. O Rio Grande do Sul está orgulhoso do seu filho dileto. O "BBB" é uma atividade terapêutica de regressão. Até o apresentador, Pedro Bial, regrediu. Passou de bom repórter a animador de uma baixaria anual. Parece feliz. Deve ter encontrado o seu "eu" profundo.
Por que as pessoas veem o "Big Brother"?
Porque está à altura das suas competências intelectuais. O "BBB" é o equivalente televisivo da literatura de Paulo Coelho. Dizem que a Rede Globo assinou contrato para exibir mais 40 edições do "BBB". Se isso for verdade, quero migrar para a Sibéria com uma coleção de DVDs de Zorra Total e um pôster da dupla Victor e Leo. Topo tudo. Suporto qualquer coisa. O Ronan Prigent, adido cultural da França em Porto Alegre, foi transferido para Ekaterinemburgo. Pedirei que me acolha por lá. Trabalharei fazendo faxina ou recuperando encadernações das obras de Lenin. Suportarei temperaturas de 45 graus negativos. Só quero ficar livre dos fãs do "BBB". Não quero ter o azar de encontrar o Dourado na rua.
Um comentário:
Olá, essa é a primeira vez que entro no seu blog e quero dar meus parabéns!
O post sobre o BBB está ótimo!
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