sábado, 3 de abril de 2010

Venezuela e Rússia fecham acordo petrolífero bilionário

Thais Romanelli - Opera Mundi

Em sua primeira visita a Venezuela, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin selou uma “aliança estratégica”, nesta sexta-feira (2/04), com o presidente Hugo Chávez. Foram 31 acordos assinados, a maioria nas áreas de energia e defesa.

“Quero destacar que criamos uma nova equação em mecanismos de cooperação bilaterais que nesta década se desenvolveram como nunca antes”, afirmou Chávez ao término do ato no qual foram assinados parte dos documentos.

O presidente e primeiro-ministro russo discutiram possíveis parcerias petrolíferas e formalizaram a criação de uma empresa binacional de produção e extração de petróleo na faixa do rio Orinoco, no norte da Venezuela.


Harold Escalona/Efe



Estima-se que a reserva de petróleo dessa região tenha capacidade de 513 bilhões de barris, o que a tornaria a maior do mundo. A reserva ainda está em processo de certificação.

O acordo prevê que a estatal venezuelana PDVSA e o consórcio russo – formado pelas empresas Rosneft, Lukoil, TNK-BP, Gazprom e Surgutneftgaz – construam uma empresa conjunta para operar no campo Junín 6, e que posteriormente a exploração possa ser ampliada para outros três campos da faixa do Orinoco.

Na associação, a PDVSA terá 60% das ações e o consórcio russo ficará com os outros 40%. A expectativa é que ao final do projeto a produção chegue a 450 mil de barris diários.
Segundo Putin, o documento exige uma “entrada” de um bilhão de dólares para a exploração de Junin 6. Desse valor, 600 milhões de dólares já foram pagos pelo presidente russo no próprio dia da reunião.

Durante a visita, ambos os Governos ajustaram vários memorandos de entendimento para construção de navios-tanque de transporte de gás e petróleo; estudos para a instalação de uma planta de geração de energia elétrica e cooperação em projetos de planejamento energético.

Defesa

Além disso, Vladimir Putin, que disse que seu país está disposto a continuar a fornecer equipamento militar à Venezuela, entregou na ocasião da visita quatro helicópteros russos Mi-17 que completam o lote de 38 comprados em 2006, e firmaram acordos para a renovação da frota aérea venezuelana.

A decisão alarmou os Estados Unidos que se disseram “preocupados com a compra de armamento por parte da Venezuela” em comunicado oficial da Casa Branca.

O presidente Hugo Chávez, questionado sobre a posição norte-americana afirmou que as intenções com a compra de aviões é pacífica. “Não estamos nos armando contra os EUA. Vocês sabem quantos aviões [Barack] Obama têm?”, disse.

Exploração espacial

Vladimir Putin prometeu também avaliar a possibilidade de ajudar a Venezuela a desenvolver sua própria indústria especial, que incluiria um sistema de lançamento de satélites. A proposta de cooperação ainda será discutida por autoridades dos dois países.

“A Rússia ofereceu apoio para que a Venezuela tenha sua própria indústria para o uso de seu espaço extraterrestre e nós temos interesse nisso”, afirmou o presidente venezuelano.

A declaração foi ironizada na Casa Branca, que por meio de seu porta-voz Philip Crowley lembrou que nesta semana Chávez declarou feriado prolongado para poupar energia.

“Já que ele pretende gastar recursos para atender aos interesses do povo venezuelano, talvez devesse se concentrar em assuntos terrestres mais do que nos extraterrestres”, disse Crowley.

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