Pré-candidato do PSOL à Presidência encampa
reforma agrária do MST
Redação - jornal correio do Brasil
Plinio de Arruda Sampaio se fortalece no PSOL
Pré-candidato à Presidência da
República, Plínio de Arruda Sampaio (P-SOL) disse, em conversa com
jornalistas, nesta quinta-feira, que a reforma agrária é o ponto central
das transformações sociais que urgem acontecer no país. Ele participou
de uma manifestação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), encerrada no fim da noite passada. Usando um boné vermelho do
MST, Plínio reclamou da ausência dos demais pré-candidatos e afirmou que
a reforma agrária é um problema sério, que deveria estar na plataforma
política das eleições deste ano.
Segundo ele, o P-SOL está
preparando um programa político para as próximas eleições e a reforma
agrária deve ser o ponto principal, seguido pela educação.
– Este
é o tema do país. Este é o problema mais sério do país – afirmou
Plínio
também aproveitou para negar divergências em seu próprio partido quanto
à sua pré-candidatura.
– No meu partido, fatura liquidada. Lá
dentro tem um grupo recalcitrante, mas isso é um direito de todos. O
esperneio é permitido – disse.
Ações do MST
O
aumento das ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) com
ocupações de propriedades rurais e de prédios públicos ocorridas neste mês
teria o objetivo de colocar a questão da reforma agrária como tema a ser
debatido nas eleições deste ano. A avaliação é do historiador da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Clifford Welch.
– O
MST quer ter certeza que essa questão da reforma agrária vai estar na
pauta política da eleição – afirmou.
Até esta quarta-feira, o
MST, que conta com o economista João Pedro Stédile entre seus
coordenadores, afirma ter ocupado 68 propriedades rurais, além da sede
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em
Brasília e as superintendências do órgão em São Paulo, Pernambuco, no
Rio de Janeiro, Pará, Piauí e na Paraíba. O número é semelhante ao
registrado pela Comissão Pastoral da Terra em 2008 e 2007, quando
ocorreram 64 e 69 ocupações respectivamente. No entanto, é mais que o
dobro do ano passado, quando as ocupações do Abril Vermelho realizadas
pelo MST somaram 32 ações.
Welch chama atenção para a aparente
mudança de estratégia na ocupação de prédios públicos.
– Essa é
uma estratégia para fazer uma conexão entre a ocupação de terra e o
Poder Público, que é o responsável por fazer a reforma agrária – disse.
Segundo o geógrafo da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo
Umbelino, mesmo tendo apresentado um nova tática de luta neste ano, os
movimentos sociais têm diminuído a mobilização nos últimos anos. Para
ele, a redução da pressão social possibilitou que o governo abandonasse o
projeto de reforma agrária.
– Os governos só fizeram
assentamentos quando os movimentos fizeram lutas – afirmou.
Umbelino
não acredita que, sem mobilização social, seja possível uma atualização
dos índices de produtividade das propriedades rurais, como defendido
pelo MST. Apesar de a Constituição Federal determinar que a cada dez
anos esses índices sejam atualizados. A última atualização foi em 1976.
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