PCO
- Ao contrário do que afirma a esquerda burguesa, de que a solução para
o Egito estaria na democracia, a revolução colocou em questão o
problema dos povos oprimidos, que só pode ser resolvido pela ditadura do
proletariado.
A revolução no Egito que derrubou Hosnik Mubarak,
há 30 anos no poder, foi, sobretudo, motivada pela miséria crescente da
população e pelo aumento no preço dos alimentos no mercado mundial, em
resumo, pelos efeitos diretos da crise capitalista mundial.
Hosnik
Mubarak e seu regime eram um dos principais pontos de apoio dos Estados
Unidos e de Israel no Oriente Médio. Os EUA eram os responsáveis por
praticamente sustentar o aparato bélico das forças armadas egípcias com a
transferência de milhões de dólares todo ano.
Após a queda de
Mubarak pela ação revolucionária do povo egípcio, a esquerda burguesa e
pequeno-burguesa e seus analistas de plantão procuram apresentar que a
solução para o país seria a democracia, que mantêm bilhões de pessoas
abaixo da linha da miséria para sustentar um punhado de capitalistas.
Um
dos propagandistas dessa ideia é Mohamed Habib, professor da Unicamp e
vice-presidente do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe).
Ele
declarou recentemente: "Se Israel for inteligente, se for governada por
pessoas inteligentes, tem que perceber que acordos firmados com
ditadores não se sustentam. É melhor para Israel viver cercado por
países democráticos do que por ditaduras supostamente amigas. É muito
mais justo e muito mais duradouro também. Os dirigentes de Israel, dos
Estados Unidos e da Europa precisam estar atentos a estes detalhes. Um
ditador amigo e corrupto não é sinônimo de paz e prosperidade. Há
chances muito melhores para paz se países democráticos estiverem
sentados à mesa de negociações". Nada poderia ser mais falso. A
revolução opõe-se verticalmente à sobrevivência do Estado de Israel.
Hosnik
Mubarak foi fiel aliado de Israel e dos Estados Unidos por longos
trinta anos. Inclusive, a política e o modo de agir dos países
neoliberais, democráticos, é justamente sustentar ditaduras em países
subdesenvolvidos. Elas são estabelecidas e mantidas para garantir a
politica do imperialismo nesses países.
A questão no Egito não é,
como declarou Habib, chegar a um acordo com os EUA ou com Israel ou
estabelecer eleições e uma constituição, mas acabar com a situação de
miséria em que vive a população do país, mantida por uma ditadura, a
serviço da política neoliberal dos seus aliados.
A democracia é a política neoliberal de super-exploração e opressão
Para
tentar justificar o fato dos Estados Unidos serem uma "democracia", o
que seria a solução para o mundo árabe, e financiar ditaduras nos outros
países, Habiba firmou: "Chega uma hora em que a incoerência começa a
ter efeitos negativos. Os EUA são um país democrático. Mas, na sua
política externa, não aplicam os mesmos conceitos que pregam em sua
democracia interna. Essa incoerência acaba desmoralizando o seu discurso
frente aos demais países. No caso da revolta no Egito, demoraram muito
para abrir a boca e quando abriram foi para apoiar a indicação como vice
do chefe de serviço de inteligência de Mubarak durante 18 anos, amigo
da CIA e do Mossad. Acharam que os egípcios eram tão burros e ignorantes
que aceitariam isso. Mas acabaram se surpreendendo com a reação do povo
egípcio. Resultado: os Estados Unidos acabaram se queimando
politicamente. Quando o mundo ficou sabendo de tudo isso, os EUA se
desmoralizaram. Esse episódio mostra que, para o mundo viver em paz,
deve-se buscar a coerência em primeiro lugar: democracia para todos e
não apenas no nosso país. Aí poderemos ter um mundo mais justo, com
ética e prosperidade...".
A democracia é o regime da burguesia e
dos capitalistas, seu modo de atuar é subjugando países e continentes
inteiros aos interesses do imperialismo. No entanto, mesmo assim, se os
EUA são uma democracia como explicar que o seu reflexo no Egito seja uma
ditadura brutal? É que, na realidade, os EUA são a maior ditadura do
mundo dentro dos próprios limites nacionais norte-americanos.
Embora
a democracia, defendida pela esquerda burguesa como solução para os
problemas do imperialismo no Oriente Médio, seja um enfraquecimento da
política do imperialismo nessa região, não revolve o problema das
massas. Ela representa a política neoliberal, que precisa de milhões de
miseráveis para sustentar um punhado de capitalistas.
O que foi
colocado em questão pela revolução no Egito e demais países não foi a
solução dos problemas do imperialismo no mundo árabe, mas dos problemas
dos povos oprimidos do Egito e dos demais países da região.
Nenhuma democracia vai resolver os problemas de miséria, super-exploração e opressão dos povos árabes.
Nesse
sentido, a revolução colocou o problema da ditadura do proletariado
como única solução para a miséria e opressão dos povos do Oriente Médio.
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