No dia internacional da Mulher, devemos não só reafirmar a nossa
memória colectiva evocando as conquistas politicas económicas e sociais
já alcançadas pelas mulheres, mas também, e sobretudo evidenciar o muito
que ainda está por fazer quanto ás inadmissíveis discriminações que
persistem no século XXI.
Ainda que muitos liberais e neoliberais pretendam confundir o 8 de
Março tentando transformá-lo numa data meramente simbólica, em que se
oferecem postais com poemas insípidos e lamechas ou apenas flores de
todas as formas e feitios, a verdade é que esta é uma data que deve ser
amplamente comemorada por tod@s as que lutam numa sociedade capitalista e
patriarcal contra as diferentes discriminações de que as mulheres são
alvo.
Ainda que os discursos oficiais exaltem que a igualdade de género é
hoje um dado adquirido, tal discurso caí por terra quando um século
passado as desigualdades salariais persistem e as discriminações na área
do trabalho são mais do que evidentes.
Não se pergunta a um homem candidato a um emprego se pensa casar, se tem filhos ou tem intenção de ser pai!
Convive-se muito bem com a desproporção que existe nos cargos de chefia
e de direcção, nos cargos políticos e até nos cargos governamentais.
Admite-se como normal que as empresas dispensem mais facilmente as
mulheres justificando o seu absentismo motivado a maior parte das vezes
por assistência aos seus filhos e progenitores.
E se estas são questões particularmente graves, a gravidade do número
de mortes em 2010 (43 contra as 29 contabilizadas em 2009) torna
evidente o falhanço das políticas do governo nesta área, quando a maior
parte dos casos foram antecedidas de denúncias.
Neste tempo de incerteza como o que vivemos, multiplicam-se sempre as
solicitações geradoras de descrenças e dúvidas, desmoralizando as lutas,
enviesando a participação, camuflando de consenso “mole” as
contradições óbvias. Acho por isso necessário que novas linhas de
intervenção e de activismo terão que emergir para que a igualdade de
género seja de facto alcançada. A par da luta contra a violência, o
direito ao trabalho e à independência económica devem estar no centro
das reivindicações das mulheres neste dia 8 de Março de 2011.
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