Arca Russa
(Russkiy kovcheg) Arca Russa
Créditos: Makingoff
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Poster
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Sinopse
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Um
museu como um ser vivo, uma entidade que respira e tem personalidade
própria. Sokúrov empresta alma ao colossal palacete do Hermitage, em São
Petersburgo, um dos maiores museus do mundo. Arca Russa foi filmado em
um único plano-seqüência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35
salas do museu, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por
onde desfilam personagens importantes da história da Rússia: Pedro, o
Grande; Catarina, a Grande; Catarina II, Nicolau e Alexandra.
Simbiose perfeita de cinema, história e artes plásticas, Arca Russa é uma experiência visual única e inesquecível.
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Elenco
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Informações sobre o filme
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Informações sobre o release
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Sergei Dontsov, Mariya Kuznetsova, Leonid Mozgovoy, Mikhail Piotrovsky, David Giorgobiani, Aleksandr Chaban, Lev Yeliseyev, Oleg Khmelnitsky, Alla Osipenko, Artyom Strelnikov, Tamara Kurenkova, | Gênero: Drama / Fantasia Diretor: Aleksandr Sokurov Duração: 99 minutos Ano de Lançamento: 2002 País de Origem: Russia Idioma do Áudio: Russo IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0318034/ | Qualidade de Vídeo: DVD Rip Vídeo Codec: DivX 5 Vídeo Bitrate: 1591 Kbps Áudio Codec: AC3 Áudio Bitrate: 448 kbps CBR 48 KHz Resolução: 640 x 352 Aspect Ratio: 1.818 Formato de Tela: Widescreen (16x9) Frame Rate: 25.000 FPS Tamanho: 1.362 GiB Legendas: Em anexo |
Premiações
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- Indicado à Palma de Ouro em Cannes. outros prêmios aqui. | ||
Crítica
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`A
Rússia é como um teatro`, diz alguém em certo momento de Arca Russa,
uma surpreendente produção dirigida por Aleksandr Sokurov – e esta
afirmação certamente encontra reflexo no próprio filme. Rodado
inteiramente em um único plano-seqüência (ou seja: sem corte algum ao
longo de seus 96 minutos), Arca Russa leva o espectador a um fascinante
passeio através de 35 salas do Museu Hermitage, em São Petersburgo,
recriando, através de elaboradas encenações, diversos momentos da
história russa entre os séculos XVII e XX. Tomadas longas não são novidade alguma na história do Cinema, é verdade: bem antes de Sokurov, o neo-realismo italiano se notabilizou pela utilização deste recurso, que também aparece em filmes como A Marca da Maldade, no qual Orson Welles deslumbra o público com a tensa abertura sem cortes; Festim Diabólico, que Alfred Hitchcock dividiu em oito takes de dez minutos cada; além de Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese; Boogie Nights e Magnólia, de Paul Thomas Anderson; e, é claro, O Jogador, de Robert Altman; entre diversos outros. E, vale lembrar, o recente Time Code (de Mike Figgis) tinha como chamariz o fato de utilizar 4 câmeras digitais para contar, também sem cortes, várias histórias que se entrecruzavam. Ainda assim, o feito de Sokurov pode ser considerado inovador: ao contrário de Figgis, que trabalhou com elenco pequeno e diálogos improvisados, Arca Russa envolveu a coordenação de cerca de 2.000 atores e figurantes, tendo que driblar a complexa geografia do Hermitage, onde foi rodado: ao longo da projeção, a câmera percorre estreitos corredores, sobe escadas em caracol, atravessa um pátio coberto de neve e mergulha no meio de uma multidão de dançarinos – e tudo isso sem jamais perder a marcação previamente estabelecida, já que sempre consegue encontrar o ator certo no momento de sua fala. E, ao contrário do que poderíamos esperar, Arca Russa não é um filme de enquadramentos e movimentos rígidos: em certo momento, por exemplo, a câmera percorre um palco e `salta` sobre a orquestra, flutuando como um fantasma (algo apropriado, como explicarei adiante). Além disso, o diretor de fotografia – e operador da steadicam – Tilman Büttner consegue evitar ser surpreendido por qualquer reflexo, o que é notável, se considerarmos a abundância deste tipo de superfície no museu. É, portanto, fácil imaginar que a produção do filme tenha representado um verdadeiro inferno logístico para todos os envolvidos. Porém, Arca Russa não impressiona apenas por sua proeza técnica - sua narrativa também se beneficia da estrutura planejada por Sokurov: à medida em que passeamos pelo Hermitage, os séculos passam diante de nossos olhos, promovendo encontros com figuras como Pedro, o Grande, Catarina II (em dois momentos bem distintos de sua vida) e com a trágica família de Nicholas e Alexandra Romanov. Mas o cineasta vai além, permitindo que o tempo assuma uma fluidez ainda maior a partir do momento em que as eras começam a se `cruzar`, como no instante em que o Fantasma que serve como guia para o espectador passa por uma freira que, mais tarde, será vista `perseguindo` a princesa Anastácia (há, ainda, um outro personagem misterioso e melancólico que `atravessa` os séculos e cujo significado não consegui decifrar – ainda). Apesar disso, conhecer a história russa não é pré-requisito para aproveitar o filme, já que várias passagens possuem significado claro: a terrível sala na qual o Fantasma encontra um carpinteiro construindo caixões é, por exemplo, uma referência inequívoca ao massacre ocorrido durante a Revolução Bolchevique; e a melancolia deste mesmo Espectro ao final do Grande Baile que encerra Arca Russa é um indicativo claro do que está por vir (aliás, sua recusa em sair do salão e acompanhar os demais convidados é comovente). Produzido com o apoio do próprio Hermitage (um dos diretores da instituição faz uma ponta interpretando a si mesmo), Arca Russa é uma produção riquíssima, impressionando graças ao seus belíssimos figurinos, `objetos de cena` e, é claro, ao seu cenário – todo o Museu. E como esquecer os momentos finais da projeção, que leva o espectador a descer uma longa escadaria em meio a centenas de figurantes até chegar a uma paisagem sombria e pouco promissora? Não sei se o filme retrata uma curiosa viagem no tempo ou se é protagonizado por fantasmas: estamos testemunhando episódios da vida de todas aquelas célebres figuras ou apenas nos encontramos com espíritos que habitam o Hermitage? A resposta para esta dúvida pode ser difícil de ser encontrada (embora seja relevante, no mínimo, como curiosidade), mas ao menos uma coisa é certa: Arca Russa já entrou para a História do Cinema como uma obra inesquecível. Pablo Villaça Fonte: Cinema em Cena | ||
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
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