Elaine Tavares no Correio do Brasil
Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em
Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista
responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela
derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo
assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece
que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenando o
ataque.
Haveria especialistas em direito internacional alegando que um
país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre,
que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra.
Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas
estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.
Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece
coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre
invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até
mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama
não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma
novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais
nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.
Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo
número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem
do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo
próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados
aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes
foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito,
eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o
corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o
próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua
religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.
E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo?
Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.
O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo
repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada.
Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria
ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do
jornalismo mundial.
Olha, eu sei lá, mas o que vi na televisão chegou às raias do
absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são
absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de
direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos
sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império.
Darth Vader é fichinha!
Elaine Tavares é jornalista.
Um comentário:
Boa tarde! A mídia em geral parece estar anesteciada pelos estadunidenses, o jornalismo deixou de ser independente, repassam a notícia que EUA e Israel criam e ainda fazem propaganda a favor deles. Quando se noticia sobre Israel e Palestina, os jornalistas dão ênface nos atentados à bomba que acontecem em Israel e deixam lá no meio da matéria para falar em off, com poucas palavras as mortes ocorridas na Palestina, feita pelos israelenses, que não são poucas. Como aconteceu a pouco tempo atrás, onde uma pessoa morreu em Jerusalém, num atentado em um ônibus, que a imprensa toda noticiou em manchetes, escaladas, cabeças de vts, etc. e no meio da matéria, depois de justificar os atos de Israel, foi dito em off que 3 crianças e 2 adultos da Palestina, tinha sido mortos pelos exército israelense.
é sempre assim, O povo Palestino luta com pedras e paus e a imprensa diz que houve confronto com exército de Israel. Vamos prestar mais atenção!
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