Orlando Silva (PCdoB-SP) não é mais ministro dos Esportes. A decisão foi comunicada na tarde desta quarta-feira (26) pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e confirmada em seguida pelo próprio Orlando Silva em entrevista coletiva. Fragilizado em razão das denúncias de corrupção, o ministro abandona o comando da pasta responsável pela organização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Ainda não foi divulgado o substituto para Orlando Silva, embora o secretário diga que a “tendência” é da manutenção do PCdoB no comando da pasta. Os principais cotados para a vaga são os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Luciana Santos (PCdoB-PE) e Flávio Dino (PCdoB-MA). O secretário executivo da pasta de Esportes, Waldemar Manoel Silva de Souza, deverá ser nomeado interinamente para ocupar o posto.
O próprio Orlando Silva optou por entregar uma carta de renúncia, o que ocorreu no começo da noite de quarta-feira. “Estou sofrendo um linchamento público, sem provas”, disse, após o encontro com Dilma Rousseff onde oficializou sua saída. De acordo com Orlando Silva, sua saída é para que tenha condições de se defender das acusações que pesam sobre ele, reiterando que nenhuma evidência concreta contra sua pessoa surgiu ou surgirá no futuro. “Vou salvar a minha honra”, garantiu.
“Há 12 dias, estou sendo vítima de ataques baixos. Nesses 12 dias, nenhuma prova foi apresentada contra mim. Mas isso gerou uma crise política e eu tenho compromisso com esse governo”, disse o ex-ministro, aproveitando para exigir que os repórteres presentes divulgassem as notícias futuras de sua inocência com a mesma intensidade que noticiavam as acusações. “Espero que os senhores jornalistas dediquem as mesmas páginas para publicar as provas da minha inocência. A maior injustiça está em calúnias ganharem ares de verdade”.
Decisão do STF precipitou queda de ministro
A saída de Orlando Silva começou a ser negociada em reunião ocorrida na manhã desta quarta no Palácio do Planalto entre o agora ex-ministro, o secretário geral da Presidência e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. A situação de Orlando se agravou nesta terça-feira (25), data em que o STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou as investigações de um suposto envolvimento do ministro em irregularidades nos convênios do ministério com organizações não governamentais. A ordem para abertura do inquérito para investigar Orlando Silva partiu da ministra Carmem Lúcia do STF, atendendo pedido feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Denúncias veiculadas em jornais iniciaram a crise no ministério. Há duas semanas, o policial militar João Dias Ferreira acusou o ministro de participar de um esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo para alimentar o caixa do partido. A denúncia foi publicada pela revista Veja. Em seguida, a Folha de S. Paulo revelou que, em julho de 2006, Orlando teria assinado um despacho que reduziu o valor que a ONG do policial militar João Dias Ferreira precisava gastar como contrapartida para receber verbas do governo, permitindo que o policial continuasse participando de um programa social do ministério. Desde então, Orlando Silva vem negando participação no esquema. Ele também pediu ao Ministério Público que o investigasse para garantir sua inocência.
Na segunda-feira (24), Ferreira prestou depoimento à Polícia Federal e disse ter entregado áudios de uma reunião que fez com funcionários da pasta para tentar resolver a prestação de contas de um de seus convênios. Em entrevista após o depoimento, o policial afirmou que existia ao menos 20 dirigentes de ONGs que poderiam confirmar o esquema. Com a proximidade da queda de Orlando Silva, o policial militar cancelou sua participação em encontro da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal, que ocorreria na tarde de quarta-feira.
Com a queda do ministro do Esporte, a gestão de Dilma Rousseff à frente do Palácio do Planalto perdeu seu sexto ministro em menos de 11 meses de governo. Orlando Silva se junta agora a Pedro Novais (PMDB-MA) do Turismo, Wagner Rossi (PMDB-SP) da Agricultura, Antonio Palocci (PT-SP) da Casa Civil, Alfredo Nascimento dos Transportes (PR-AM) e Nelson Jobim da Defesa (PMDB-RS). Desde junho, tem caído ao menos um ministro do governo Dilma por mês. Apenas Nelson Jobim não caiu após denúncias de corrupção, tendo sido afastado após uma sequência de críticas públicas a integrantes do governo federal.
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