quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As Malvinas são argentinas! E luta agora é do Continente


Há três anos iniciei neste blog uma campanha pela  unificação política e econômica da América do Sul. Como frase síntese escolhi, na verdade, um grito: As Malvinas são argentinas. Era uma forma de mostrar um sentimento de unidade continental que vai muito além dos interesses comerciais de um Mercado Comum.
Creio não estar sendo pretensioso se disser que minha iniciativa foi pioneira. Seja como for, hoje o grito das Malvinas ecoa de forma comovente e contagiante no Twitter e outros veículos da Internet, no Brasil e na América do Sul.
Mas, independente de tudo, isso a luta pelas Malvinas prossegue de forma  efetiva.  Há uma solidariedade oficial e prática de quase todas as  nações  sulamericanas. Exemplo disso é o fato de que navios britânicos, com destino às ilhas, estão proibidos de atracar na grande maioria dos portos do Continente. Sendo que Brasil e Uruguai foram os primeiros a adotar essa medida.
E agora, lembrando o 30º Aniversário Guerra da Malvinas, vou apenas destacar a absoluta coincidência entre o que temos dito neste blog e o discurso feito ontem pela presidenta argentina, Cristina Fernandez Kirchner:
“As Malvinas deixaram de ser causa argentina para passar a ser uma causa da América do Sul”, disse a presidenta em seu  discurso. Para ela, o problema das Malvinas se tornou uma causa regional e global, pois a Inglaterra está militarizando o Atlântico Sul. “Não podemos interpretar de outra forma o envio do moderno navio de guerra inglês às ilhas”, afirmou. Além disso, Cristina aponta outro indício da tentativa da Grã Bretanha de militarizar a região com o fato de o Príncipe William ter aparecido em público utilizando roupas militares – e não civis.
A presidenta afirmou que a Argentina vai denunciar essa militarização das ilhas no Conselho de Segurança da ONU e na assembléia da organização. O país já havia levado anteriormente à organização o problema da disputa pela soberania na região.
Por outro lado, ela lembrou que os conflitos na América do Sul nunca necessitaram do apoio de organizações internacionais para serem solucionados. E aponta o contraste: “Os conflitos que acontecem atualmente em outras regiões do mundo e que foram levados ao Conselho de Segurança acabaram por se aprofundar e não foram solucionados”, acusou.
 A presidenta defendeu uma solução pacífica com a Inglaterra e lembrou a resolução das Nações Unidas, que determina que ambos os países iniciem negociações para solucionar a disputa sobre as ilhas que possuem  uma quantidade incalculável de petróleo. “A Inglaterra se recusa a cumprir essa resolução e usurpa as Malvinas como se fossem troféu de guerra”, disse.

Reflexos na Espanha

O aumento da tensão entre Argentina e Inglaterra em relação às ilhas gerou reflexos na Espanha, que reabriu o debate sobre a soberania de Gibraltar, também sob domínio britânico. Assim como a Argentina, a Espanha mantém há anos uma disputa com o governo britânico para tentar recuperar território que lhe pertence historicamente.

Pimentel: da inércia à intolerância

Na semana passada, em Nova York, o ministro Fernando Pimentel, da Indústria e Comércio Exterior, disse a seguinte sandice aos jornais e agências locais: “Nossas relações com a Argentina são boas, mas na área comercial eles nos criam muito problemas”.
Só espero que esta pérola da inconveniência política e diplomática seja algo que passou pela cabeça do ministro, apenas. E que ela são seja compartilhada pela presidenta Dilma.
Dificuldades entre parceiros político e de zonas de livre comércio são naturais, como atestam as atuais negociações no âmbito da  União Européia. E na própria Federação Brasileira há uma concorrência acirrada entre os estados. Veja-se a disputa pelos royalties do pré-sal e a permanente guerra fiscal  travada entre estados produtores e consumidores ou que disputam grandes investimentos privados.
De resto, é normal que cada país defenda, em primeiro lugar, o emprego de seus trabalhadores. E, em função disso, assistimos em todos os países a algumas atitudes protecionistas  como as que o Brasil pratica corriqueiramente.
Finalmente, os argentinos argumentam que a queixa do ministro brasileiro e descabida, posto que no ano passando  as relações comerciais entre os dois países deixaram um saldo de US$ 6 bilhões a favor do Brasil.
Se o Brasil decidiu que o Mercosul, e portanto a Argentina,  é nossa aliança estratégica número 1, é preciso criar mecanismos de compensações e, sobretudo, programas de integração industrial, com exploração compartilhada de alguns seguimentos.
Recentemente o presidente da FIESP, Paulo Skaf fez uma proposta criativa e construtiva. Ele se  dispõe a liderar uma comitiva de industriais brasileiros para entregar à presidenta  Cristina  F Kirchner uma proposta no sentido de que as  enormes encomendas  da Petrobras, sejam compartilhadas pelas indústrias navais dos dois países.
Este é apenas um bom exemplo. Na área da indústria aeronáutica e da aviação regional,  também poderiam ser feitos muitos acordos  do mesmo tipo, bem como no setor da aviação regional, com a utilização de aviões de médio porte. A EMBRAER poderia instalar, na Argentina, uma unidade onde seriam montados parte de seus produtos.   
Ainda ontem, o presidente Chávez, da Venezuela, anunciou a possível compra de aparelhos da EMBRAER, para operar nas linhas regionais de seu país. A encomenda, da ordem de  US$ 800 milhões, contaria com financiamento parcial do BNDES.
O ministro Pimentel é pouco criativo e quase inerte, como demonstra o fato de até hoje  não ter apresentado algo nem ao menos parecido com um programa nacional de desenvolvimento industrial. Se é assim, que ele seja econômico também com as palavras.

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