professor Marcio Abip*
“De
tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria
interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho
novo, fazer da queda um passo de dança, do medo, uma escada, do
sonho, uma ponte, da procura, um encontro”. (Fernando Pessoa)
Assim,
devemos nos portar como seres humanos de busca, como seres
inconclusos, porque eternamente grávidos da esperança da vida na
luta transformar...Disso trata-se quando se fala e pratica o ato de
educar, revolucionar-se individualmente e coletivamente de forma
permanente. O que ontem nos bastava, hoje História Viva queremos
mais e distinta de ontem, "A
História é um profeta com o olhar voltado para trás. Pelo que foi
e contra o que foi, anuncia o que será." (Eduardo Galeano).
Quem parte, sai de algum lugar onde estava e como estava sendo, não
somos seres vazios e sem pertença ao contexto que nos influencia e
no qual colocamos nosso “pitaco” , nosso tempero existencial. Por
isso se diz que devemos partir da realidade e do universo de vida dos
educandos, mas vai além, nos fala da humildade de querermos mais
junto com nossos companheiros de caminhada, queremos nos apropriar do
que a humanidade historicamente criou porque esta obra inacabada nos
pertence enquanto humanos, são construções coletivas. Não
inventamos a roda, sim sabemos, mas devemos, para que as coisas
andem, colocá-la em movimento. “Um
passo a frente e você não estará no mesmo lugar” (Chico
Science).
Desta forma, instigados pelo mundo que se põe a nossa frente,
curiosos, humildes e persistentes, investigamos, pesquisamos, nos
encharcamos de realidade, de realidades, para que possamos, ato
continuo, construir pontes, edificar caminhos pelo tudo que andamos a
fazer, para que possamos criar outros mundos distintos do que ai
está, novos portos, novas naus, novas incertezas, novas esperanças:
“Talvez
seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a
escrever a sua vida, como autor e como testemunha da sua história.
Isto é, biografar-se, existencializar-se, historicizar-se.”
(Ernani Maria Fiori).
Escrever e Viver pelo exemplo a palavra-ação. Disponibilizar-se ao
dialogo que emancipa porque problematizador, refletir sobre o que
estou fazendo e de que forma estou fazendo, investigo-me enquanto
interveio no mundo, com a necessária generosidade de quem aprende de
quem ensina, ter compromisso com tudo isso, com o que faço, com o
que sou, com o mundo de gentes que comigo estão sendo,
comprometimento ético de intervenção no mundo. Romper os silêncios
que nos aprisionam, minha voz não tem sentido sem o direito dos
outros a voz, “Tu
não podes ensinar a ninguém a amar, tu tens que amar, A única
forma de ensinar a amar é amando” (PF).
Se colocar em movimento, a andar...”A
marchar revelando o ímpeto da vontade amorosa de mudar o mundo
...”Me alegraria ver o Brasil em seu tempo histórico cheio de
Marchas: as marchas dos Sem-Terra, marcha dos que não tem escola,
marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem,
marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se
rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser, marchas
que nos afirmam como gente, como sociedade querendo democratizar-se.
(PF).
Estar não muito certo de nossas certezas...este deve ser nosso
horizonte próximo, a dignidade humana, a justiça e a liberdade
nosso horizonte da vida e da alma. Paulo Freire...Aqui entre nós
Presente!! Agora e Sempre!. "Aos
esfarrapados do mundo e aos que neles se encontram e, assim
descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam".
(Paulo Freire).
BEM
VINDOS A TODAS (OS) AO – I CURSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO
POPULAR – Sintam-se em sua casa em nossa morada.
"Aos
esfarrapados do mundo e aos que neles se encontram e, assim
descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam"
... Quem é esse menino que atende pelo nome de Paulo? Que aprendendo
e ensinando em barracos, em clarões na mata - mundo afora - anda
falando de palavras que libertam, de utopias que alguns nos tentaram
crer estarem mortas, diziam não mais existir espaço, que a História
e nossos mais ternos sonhos, de um mundo justo e solidário haviam
acabado. Onde andará este Menino - Paulo Freire? Uns dizem terem
visto Paulo empinando pandorgas da esperança - bem alto - acima da
arrogância dos poderosos, do individualismo, da estupidez de
qualquer tipo de miséria. Outros afirmam que Paulo virou mais uma
humilde estrela da constelação dos que fizeram de suas vidas palco
de luta. "E se nada ficar destas palavras, algo, pelo menos,
esperamos que permaneça: nossa confiança no povo, nossa fé nos
homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar".
Texto:
Marcio Abip - trechos grifo - Paulo freire e Educadores Populares.
¿Quién
dijo que todo está perdido? /Quem
disse que tudo esta perdido / yo vengo a ofrecer mi corazón / Eu
venho oferecer meu coração. Luna
de los pobres siempre abierta,
/ Lua
dos pobres sempre aberta, yo vengo a ofrecer mi corazón, como un
documento inalterable
/ como
um documento inalterável / yo vengo a ofrecer mi corazón.
Y
hablo de países y de esperanzas,
/ E
falo de paises e de esperança / Hablo por
la vida, hablo por la
nada, / Falo pela vida, falo por nada. Hablo de cambiar ésta,
nuestra casa, / Falo de trocar esta nossa casa, de cambiarla por
cambiar, nomás... Quem
disse que tudo esta perdido? Eu venho te oferecer meu coração.
Trechos música Fito Paez.
Das
coisas suaves, dos cheiros, das cores das flores...do mundo dos
pequenos...dos humildes gestos e atos sem preço...do justo...do
beija-flor e do néctar, do arco-íris, das coisas que fazem da vida
existência, disso lembro quando penso em vocês, me lembram
húmus...mata...os seres que nela habitam...o feminino, a essência
das deusas, as crianças que brincam, o simples, aquilo que eles não
vêem nem imaginam existir, o mistério que acalenta a noite e a faz
menina, as estrelas cadentes, a possibilidade de vida que
humildemente ofertam pra todos as sementes, as mãos femininas que
carregam flores também levantam bandeiras de múltiplas cores que
incitam a primavera e a liberdade dos povos da Terra...Gaia ao útero
voltar.
* Marcio
Abip é professor da rede pública estadual do RS e atualmente exerce a função de Diretor da E.E.Arnaldo Faria, em Bagé-RS
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