A
sociedade capitalista é fundamentada na opressão e exploração do povo
trabalhador para garantir privilégios a uma minoria que nada produz e de
tudo se apropria, gerando desigualdade e violência, sobretudo contra os
pobres e as mulheres.
A desigualdade entre
homens e mulheres se instala sempre pelo crescimento da ideologia
burguesa da submissão da mulher ao homem. Essa ideologia responsabiliza
as mulheres pelos cuidados dos filhos e tarefas domésticas, garantindo
ao capitalismo ganhos exorbitantes com a exploração da mulher dentro e
fora do espaço doméstico.
Dados do Censo 2010,
divulgados pelo IBGE, afirmam que no Brasil cerca de 37% das mulheres
são chefes de família, isto é, são responsáveis pelo sustento da
família, lembrando que grande parte dessas são constituídas apenas pela
mãe e seus filhos.
Dados da OIT mostram que
mais 42% das mulheres da América Latina estão no mercado de trabalho,
no entanto, são submetidas a condições degradantes de trabalho e
salários inferiores aos dos homens. No Brasil, a diferença salarial
entre homens e mulheres chega a 30%.
É nessa sociedade
capitalista que milhões de mulheres morrem todos os anos, vítimas das
mais diversas formas de violência. Na última década, 43,5 mil mulheres
foram assassinadas no país.
A cada 15 segundos, uma
mulher é agredida no Brasil. Essas agressões, em geral, são cometidas
por pessoas do seu convívio: namorados, maridos, irmãos ou pais, que
expressam através da violência a posse sobre a mulher.
O problema precisa ser
enfrentado de forma séria pelo Estado e pela sociedade. Às mulheres
vitimadas deve ser garantido o apoio necessário para superação das
condições de violências a que estão submetidas, principalmente às
mulheres pobres que, muitas vezes, dependem economicamente do agressor.
Na cidade de São Paulo,
as mulheres de baixa renda que sofrem violência têm à disposição apenas
dez Centros de Defesa e Convivência da Mulher, que são equipamentos
públicos com o objetivo de apoiar e fortalecer mulheres em situação de
risco social e violência doméstica. Nesses serviços, as mulheres são
acolhidas, orientadas e encaminhadas para outros serviços conforme a
necessidade: delegacia de defesa da mulher para denunciar o agressor,
abrigos, quando há risco de morte, serviços de saúde, etc. Em alguns
equipamentos são oferecidos cursos e oficinas de geração de renda. Já na
Grande São Paulo, várias cidades não possuem sequer um abrigo.
As mulheres que desejam
romper com a situação de violência na qual estão inseridas não contam,
portanto, com políticas públicas que viabilizem esta ruptura. As
mulheres pobres têm ainda menos condições, pois, muitas vezes, não têm
para onde ir com seus filhos e filhas. Por isso, para garantir alimento e
moradia para suas crianças, muitas mulheres aguentam caladas essa
opressão.
É fundamental fortalecer
as mulheres para que compreendam as raízes dessa violência se
fortalecendo e se unindo ao conjunto das mulheres para lutar contra essa
barbárie. O dia 25 de novembro é uma data simbólica desta luta, já que é
o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. É um
dia importante para se intensificar a denúncia e o combate à violência e
para conscientizar todas as mulheres que sofrem essa triste realidade
sobre a necessidade de se organizarem e lutarem pelo fim de tais crimes.
Toda essa situação é
fruto da sociedade em que vivemos, que lucra milhões com a exposição do
corpo feminino e com o estímulo direto ou indireto à exploração sexual e
à violência. Por isso, é necessário também lutar contra esse sistema.
Lutar para construir uma sociedade na qual todos possam ser, de fato,
iguais.
Camila Matos, Carolina Vigliar e Ana Rosa Carrara, São Paulo
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