domingo, 14 de outubro de 2007

Wagner Tiso - Cenas Brasileiras (2003)


Cenas Brasileiras
Wagner Tiso
2003

Como diria Millôr Fernandes a respeito de um dos músicos brasileiros que melhor conhece os caminhos entre o popular e o erudito, “Ninguém se chama Wagner impunemente”. Não se trata, aqui, do compositor das Valquírias, alvo preferido das diatribes do filósofo Nietzsche, mas do Wagner Brasileiro, mineiro, cigano na raiz e nas notas. Nada impunemente, o maestro Wagner Tiso une-se à Orquestra Petrobrás Pró-Música (OPPM), dirigida por Roberto Tibiriçá, para lançar suas Cenas Brasileiras, pela Biscoito Fino.

O álbum foi gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em dois concertos. No primeiro, realizado em 01 de maio de 2001, o compositor e a orquestra apresentam a suíte título, além de Eu sei que vou te amar, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes. O segundo concerto aconteceu em 07 de abril de 2002 e inclui Choros 6, de Heitor Villa-Lobos, na primeira gravação mundial do tema.

A associação entre os nomes de Tiso, Jobim e Villa-Lobos é que não é inédita. Wagner lançou, em 2001, o CD Tom e Villa, acompanhado da Rio Cello Ensemble, onde, dentre outros temas, recriava a mesma Eu sei que vou te amar que agora incorpora a textura irretocável da OPPM, com orquestração do mais brasileiro dos Wagner.

A suíte sinfônica Cenas Brasileiras percorre o país musical de Wagner, dos sons da Amazônia à toada mineira, conjugados com o frenesi sincopado do frevo pernambucano. São seis os temas, desenvolvidos pela orquestra em pouco mais de quarenta minutos, com Wagner no acordeon e no piano: Mata-burro, 7 tempos, A lenda do boto, Trens, Modas / Mineiro pau, O frevo. O clima de grandiloqüência, entretanto, difere do sentido de exaltação presente em outras obras famosas que têm o Brasil como tema. A definição mais contundente vem do cartunista Henfil: ”A música de Wagner Tiso tem o som das raízes queimadas”.

01. Cenas Brasileiras
02. Eu Sei que Vou te Amar
03. Choros 6

Ficha Técnica

Orquestra Sinfônica Petrobras Pró Música
Diretor artístico: Roberto Tibiriçá

Violinos: Andréa Moniz, Antonella Pareschi, Bailon Pinto, Carlos Mendes,
Catherine Hazan, Cremilda Marques, Daniel Passuni, Felipe Prazeres,
Fernando Prates Pereira, Gustavo Menezes, Henrique Eduardo, Iva Rossi,
Ivan Quintana, João Menezes, José Eduardo Fernandes, Lúcia Marengo,
Marluce Ferreira, Milena Baynova, Nelson Abramento, Ricardo Menezes,
Sérgio Struckel.

Violas: Ana Maria Scherer, Helena Buzack, Isabela Passaroto, Ivan
Zandonade, Maria Léa Lugão, Nathércia Teixeira, Noemi Uzeda, Sergio
Bernardo.

Violoncelos: Atelisa de Salles, Eduardo Menezes, Fernanda Bru,
Fiorella Soares, Hugo Pilger, Lylian Moniz, Marcelo Salles, Márcio
Mallard, Marcus Ribeiro, Saulo Moura, Sibely Joaquina.

Contrabaixos: Antônio Botelho, Gael Lhoumeau, Jorge Soares, Ricardo
Cândido, Saulo Bezerra, Sonia Zanon.

Flautas: Luís Cuevas, Marcelo Bonfim, Murilo Barquette.

Oboés: Carlos Fernando Prazeres, Eros Martins, José Francisco Gonçalves.

Clarinetes: Cristiano Alves, José Carlos de Castro, Paulo dos Passos.

Fagotes: Antônio Bruno, Elione Medeiros, Juliano Barbosa.

Trompas: Antônio José Augusto, Francisco de Assis, Ismael Oliveira Jr.,
Josué Silva, Philip Doyle.

Trompetes: David Alves, Nelson Oliveira, Vinícius Lugon.

Trombones Alto e Tenor: Dalmário Oliveira, Jacques Ghestem.

Trombone Baixo: Gilberto Oliveira

Tuba: Carlos Vega, Eliezer Rodrigues

Timpanos e Percussão: André Bochecha, Lino Hoffmann Filho, Paulo Márcio,
Pedro Sá, Rodolfo Cardoso.

Harpa: Silvia Passaroto Braga

Gravação: Eduardo Monteiro e André Cardoso
Mixagem: Eduardo Monteiro e nos estúdios da Biscoito Fino por Rodrigo
Lopes
Masterização no estúdio da Visom por Rodrigo Lopes

Choros 6:
Gravação: Eduardo Monteiro
Assistentes: Eduardo Luiz e Rosimaldo Martins
Edição: Eduardo Monteiro e Roberto Tibiriçá
Mixagem e masterização: Eduardo Monteiro com a colaboração de Roberto Tibiriçá.

Produção do CD: Giselle Goldoni Tiso
Assessoria de produção: Ana Lucia Castilhos com a colaboração da equipe
da OPPM
Produtor musical: Wagner Tiso e Roberto Tibiriçá
Texto: Geraldo Carneiro
Design gráfico: Ruth Freihof (www.passaredo-design.com.br)
Designer assistente: Anderson Araujo
Fotografia capa: Lena Trindade
Foto Wagner Tiso: Antonio Gaudério
Fotos OPPM e Roberto Tibiriçá: Bruno Veiga
Coordenação de produção: Martinho Filho

Direção geral: Kati Almeida Braga
Direção artística: Olivia Hime
Copiado de: SomBarato

Faixas:
01 Cenas Brasileiras - (studio)
02 Eu Sei Que Vou Te Amar - (studio)
03 Choros 6' - (studio)
04 Cenas Brasileiras: Trens
05 Cenas Brasileiras: Modas/Mineiro Pau
06 Cenas Brasileiras: O Frevo
07 Eu Sei Que Vou Te Amar
08 Choros 6'

sábado, 13 de outubro de 2007

A Guerra do Fogo


Gênero: Comédia // Documentário
Duração: 96min
Elenco:
- -

Sinopse: Filme que relata a História dos nossos antigos irmãos Pré-Históricos! Filme muito educativo com uma boa pitada de comédia, vale a pena Assistir! O Filme é Legendado, porém não se tem fala no Filme, pois naquela época ainda não tinham desenvolvido a técnica da comunicação sonora.

Tamanho: 347Mb Áudio: Inglês
Legenda: Português Formato: rmvb
Link: Megaupload

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O Que é Isso Companheiro, Bruno Barreto




Formato: rmvb
Áudio: Português
Legendas: S/L
Duração: 1:46
Tamanho: 348 MB
Dividido em 04 Partes
Servidor: Rapidshare



http://rapidshare.com/files/60660716/O_que_e_isso_companheiro.part1.rar
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Sinopse: Em 1964, um golpe militar derruba o governo democrático brasileiro e, após alguns anos de manifestações políticas, é promulgado em dezembro de 1968 o Ato Constitucional nº 5, que nada mais era que o golpe dentro do golpe, pois acabava com a liberdade de imprensa e os direitos civis. Neste período vários estudantes abraçam a luta armada, entrando na clandestinidade, e em 1969 militantes do MR-8 elaboram um plano para seqüestrar o embaixador dos Estados Unidos para trocá-lo por prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.


Elenco:

Alan Arkin (Charles Burke Elbrick)
Fernanda Torres (Maria)
Pedro Cardoso (Fernando / Paulo)
Luiz Fernando Guimarães (Marcão)
Cláudia Abreu (Renée)
Nelson Dantas (Toledo)
Matheus Natchergaele (Jonas)
Marco Ricca (Henrique)
Maurício Gonçalves (Brandão)
Caio Junqueira (Júlio)
Selton Mello (César / Osvaldo)
Du Moscovis (Artur)
Caroline Kava (Elvira Elbrick)
Fernanda Montenegro (Dona Margarida)
Lulu Santos (Sargento Eiras)
Alessandra Negrini (Lília)
Antônio Pedro (Padeiro)
Mílton Gonçalves
Othon Bastos
Bruno Barreto
Waldir Amaral (narração do jogo)


Curiosidades:

- O diretor Bruno Barreto e o roteirista Leopoldo Serran optaram por condensar nos personagens principais de O Que É Isso, Companheiro? os vários elementos da guerrilha urbana do Brasil na época da ditadura. Deste modo, os personagens interpretados por Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres, Cláudia Abreu e Nélson Dantas são ao mesmo tempo todos os militantes da época e nenhum em especial.

- O diretor Bruno Barreto parece em uma cena ao fundo tomando café no bar.

- O único guerrilheiro que existiu de verdade foi o interpretado por Matheus Natchergaele. Ele se chamava Virgílio Gomes da Silva e morreu sob tortura.

- Ao ser lançado no Brasil, O Que É Isso, Companheiro? gerou muita polêmica por ter valorizado mais a ação em detrimento da política do período da ditadura militar e também por causa de algumas liberdades históricas tomadas no filme.

- A intenção de filmar O Que É Isso, Companheiro? surgiu ainda em 1980, logo após o livro de Fernando Gabeira ter sido publicado. Na época os direitos para a adaptação cinematográfica foram comprados pela produtora Lucy Barreto, que só pôde fazer do filme uma realidade 17 anos depois.

- No filme, o embaixador é libertado durante um Flamengo x Vasco, enquanto que na verdade ele foi solto durante um Flamengo x Bangu.

- O Que É Isso, Companheiro? teve um orçamento de US$ 4,5 milhões.

- Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.


Fonte: http://www.adorocinemabrasileiro.com.br



sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Paulinho da Viola


01 - E a vida continua
(Madeira - Zorba Devagar)
02 - Argumento
(Paulinho da Viola)
03 - Vida
(Élton Medeiros - Paulinho da Viola)
04 - Nova alegria
(Élton Medeiros - Paulinho da Viola)
05 - Amor à natureza
(Paulinho da Viola)
06 - Jaqueira da Portela
(Zé Keti)
07 - Mensagem de adeus
(Paulinho da Viola)
08 - Cavaco emprestado
(Padeirinho)
09 - Chuva
(Paulinho da Viola)
10 - Nada se perdeu
(Paulinho da Viola)
11 - Deixa rolar
(Sidney Miller)
12 - Pecado Capital
(Paulinho da Viola)(bônus)

Copiado de: CapsulaDaCultura


Os Mutantes é uma banda brasileira formada no ano de 1966, em São Paulo, por Arnaldo Baptista (baixo, teclado, vocais), Rita Lee (vocais) e Sérgio Dias (guitarra, baixo, vocais). Foram um dos grupos mais dinâmicos, talentosos e radicais da era psicodélica. Um trio de experimentalistas musicais, a banda inovou no uso de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos. Os Mutantes se consagraram como um grupo musicalmente criativo e com uma postura de deboche e irreverência.
COPIADO DE: SucoDePregos

Os Mutantes – 1968

1. Panis Et Circenis
2. A Minha Menina
3. O Relógio
4. Adeus Maria Fulô
5. Baby
6. Senhor F
7. Bat Macumba
8. Le Premier Bonheur Du Jour
9. "Trem Fantasma
10. Tempo No Tempo
11. Ave Genghis Khan


Mutantes -1969


1. Dom Quixote
2. Não Vá Se Perder Por Ai
3. Dia 36
4. Dois Mil E Um
5. Algo Mais
6. Fuga N°2 dos Mutantes
7. Banho De Lua (Tintarella di Luna)
8. Rita Lee
9. Mágica
10. Qualquer Bobagem
11. Caminhante Noturno

Link do CD – http://lix.in/0eb490


A Divina Comedia ou ando meio desligado – 1970



1. Ando meio desligado 2. Quem tem medo de brincar de amor
3. Ave Lúcifer
4. Desculpe, baby
5. Meu refrigerador não funciona
6. Hey boy
7. Preciso urgentemente encontrar um amigo
8. Chão de estrelas
9. Jogo de calçada
10. Haleluia
11. Oh! Mulher infiel



Tecnicolor – 1970


1. Panis Et Circenses 2. Bat Macumba
3. Virginia
4. She My Shoo Shoo ( A Minha Menina )
5. I Feel A Little Spaced Out ( Ando Meio Desligado)
6. Baby
7. Tecnicolor
8. El Justiceiro
9. I m Sorry Baby ( Desculpe, Babe )
10. Adeus , Maria Fulô
11. Le Premier Banheur Du Jour
12. Saravah



Jardim Elétrico - 1971



1 - Top top
2 - Benvinda
3 - Tecnicolor
4 - El justiciero
5 - It's very nice pra xuxu
6 - Portugal de navio
7 - Virgínia
8 - Jardim elétrico
9 - Lady, Lady
10 - Saravá
11 - Baby - (em Inglês)



Mutantes E Seus Cometas No Pais Dos Baurets - 1972




1. Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde que Eu Tenha o Rock and Roll 2. Vida de Cachorro
3. Dune Buggy
4. Cantor de Mambo
5. Beijo Exagerado/ Todo Mundo Pastou
6. Balada do Louco
7. A Hora e a Vez do Cabelo Nascer
8. Rua Augusta
9. Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets
10. Todo Mundo Pastou II




A e o Z – 1973

1 "A" e o "Z" 2 Rolling Stones
3 Você sabe
4 Hey Joe
5 Uma pessoa só
6 Ainda vou transar com você



Tudo Foi Feito pelo Sol – 1974


1 - Deixe entrar um pouco d'agua no quintal
2 - Pitágoras
3 - Desanuviar
4 - Eu só penso em te ajudar
5 - Cidadão da terra
6 - O Contrário de nada é nada
7 - Tudo foi feito pelo sol

Mutantes Ao Vivo – 1976



1 - Anjos do sul
2 - Benvindos
3 - Mistérios
4 - Trem
5 - Dança dos ventos
6 - Sagitárius
7 - Esquizofrenia
8 - Rio de Janeiro
9 - Loucura pouca é bobagem
10 - Hey tu
11 - Rock'n'Roll City
12 - Tudo explodindo
13 - Gran finale
14 - Anjos do sul



Mutantes Ao Vivo, Barbican Theatre Londres – 2006



CD 1
1. Dom Quixote
2. Caminhante Noturno
3. Ave Gengis Khan
4. Tecnicolor
5. Virginia
6. Cantor de Mambo
7. El Justiciero
8. Baby
9. I'm Sorry Baby (Desculpe, Babe)
10. Top Top
11. Dia 36

CD 2
1. Fuga nº II
2. Le Premier Bonheur du Jour
3. Dois Mil e Um
4. Ave Lúcifer
5. Balada do Louco
6. I Feel a Little Spaced Out (Ando Meio Desligado)
7. A Hora e a Vez do Cabelo Nascer (Cabeludo Patriota)
8. A Minha Menina
9. Bat Macumba
10. Panis et Circenses



Condenação de padre argentino abre precedente para A. Latina


O coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira (11) que a condenação do padre argentino Christian Federico von Wernich ''abre um precedente também para toda a América Latina e até para o mundo''.


O padre Wernich tem 69 anos e foi condenado à prisão perpétua por participar de 42 detenções ilegais, 32 casos de tortura, 7 homicídios e violar o sigilo de confissão. ''Nós esperamos também que o Brasil também comece a seguir essa mesma linha'', disse Alves.


O coordenador disse que o padre Wernich só foi condenado porque o crime dele foi considerado imprescritível. Ou seja, é um crime que não tem prazo legal para ser julgado e ele poderia ser condenado a qualquer momento. Segundo Alves a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos já emitiu um informe, em 1992, em que considera execuções sumárias, torturas, seqüestros e desaparecimento de pessoas como crimes contra a humanidade. ''E o entendimento geral mundial é que são crimes imprescritíveis'', disse Alves.


Alves disse também que é muito importante para o Brasil rever as anistias e os indultos para os que cometeram crimes políticos. Segundo ele, a anistia foi exatamente de acordo com a reabertura política para beneficiar os perseguidos políticos, as pessoas que lutaram pela democracia no Brasil.


''Aquelas pessoas que cometeram torturas, que cometeram desaparecimentos, que fizeram perseguições política e assassinatos, essas não deveriam ter sido atingidas pela Lei de Anistia'', disse Alves.


Leia a íntegra da entrevista com Ariel de Castro Alves:


A primeira coisa que eu lhe pediria, Ariel, é se você poderia nos dar uma visão da perspectiva do que significa a condenação de um padre.
Nós entendemos que é uma decisão extremamente importante e abre um precedente também para toda a América Latina e até para o mundo. E tem total previsão nas convenções internacionais de direitos humanos, no caso da América Latina, na própria Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Inclusive a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos até já emitiu um informe no ano de 1992, tratando de que execuções sumárias, torturas, seqüestros e desaparecimento de pessoas são casos de crimes contra a humanidade e o entendimento geral mundial é que são crimes imprescritíveis. Então, aquelas pessoas que cometem (esses crimes), podem responder em qualquer momento. E nós esperamos também que o Brasil também comece a seguir essa mesma linha. Nós temos alguns juristas brasileiros, como o Fábio Konder Comparato, como o Dalmo de Abreu Dallari, que já têm esse entendimento. No caso da Argentina, tem um ministro da Corte Suprema, Eugenio Raúl Zaffaroni, que tem tido um trabalho muito importante lá naquele país. E essa condenação do padre vem exatamente de acordo com isso. Agora, geralmente, nós vemos na Igreja Católicas os padres – principalmente no Brasil – como pessoas que estão do lado dos direitos humanos. Inclusive no Brasil nós tivemos um excelente trabalho da Igreja Católica, principalmente do dom Paulo Evaristo Arns e tantos outros nessas questões de direitos humanos e no próprio período da ditadura militar. E agora nós vemos no caso da Argentina um padre que na prática fazia parte do regime totalitário, que colaborava bastante para as mortes, os genocídios, os desaparecimentos de pessoas. E por isso que ele foi condenado e exatamente com esse entendimento, que os crimes que ele teria praticado são imprescritíveis.


No caso da revisão das anistias e dos indultos, talvez valesse à pena você falar sobre a questão específica do Brasil. Na Argentina, durante o regime militar, houve 30 mil mortos ou desaparecidos. No Brasil, aparentemente 300, 350. Aqui no Brasil não há nenhum caso de alguém que tenha sido julgado por tortura por assassinato durante o regime militar. Você acha que essa revisão vai depender de quem? Vai depender do Executivo, do Legislativo, do Judiciário? Se é que vai haver.
Olha, Paulo Henrique, essa revisão é extremamente pertinente. Nós inclusive realizamos um seminário agora em setembro, do Movimento Nacional de Direitos Humanos e com representantes da Comissão de Anistia em Brasília exatamente para discutir o direito à memória e à verdade e discutir a própria revisão da Lei da Anistia. A anistia foi exatamente de acordo com a reabertura política para o retorno de aqueles que estavam exilados, também para que todas as pessoas que estavam respondendo a processos, que estavam presos, para que fossem soltas, no caso dos perseguidos políticos, no caso das pessoas que lutaram pela democracia no Brasil e pela abertura política. Agora, aquelas pessoas que cometeram torturas, que cometeram desaparecimentos, que fizeram perseguições política e assassinatos, essas não deveriam ter sido atingidas pela Lei de Anistia. Mesmo que o Brasil tenha feito essa Lei de Anistia que, na prática, fez também com que essas pessoas ficassem impunes, o Brasil está subordinado a um regime jurídico internacional. Existem tratados, existem convenções internacionais, tanto no âmbito da Organização das Nações Unidas como na Organização dos Estados Americanos, que o Brasil reconheceu, ratificou, é signatário. E também há entendimento de cortes internacionais, tanto do Tribunal Penal Internacional como da própria Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e da própria Corte Interamericana de que esses crimes são imprescritíveis. Portanto, nós precisamos urgente de uma revisão da Lei de Anistia para que essas pessoas respondam. Nós temos um caso atualmente na Justiça brasileira, mas não é no âmbito criminal, que é o caso do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, uma ação movida pela família de Maria Amélia Telles, que foi uma perseguida política, torturada, inclusive participa do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, mas é na Justiça civil, na prática, uma reparação de danos.


Fonte: Conversa Afiada

24 de outubro: marcha pelos direitos da classe trabalhadora



Fernando Silva

No próximo dia 24 de outubro milhares de trabalhadores, trabalhadoras, estudantes e militantes de movimentos sociais estarão em Brasília para realizar uma grande marcha de protesto.


Motivos não faltam.

Por trás dos números do crescimento econômico, cantados em verso e prosa pelo governo Lula, esconde-se uma brutal ofensiva sobre os direitos sociais e trabalhistas, um aumento da superexploração do trabalho e da precarização do emprego, amparados em um crescente processo de repressão e criminalização dos movimentos sociais das classes trabalhadoras.


Também será uma oportunidade de protestarmos contra a corrupção sistêmica nos podres poderes da república, com especial relevância na conjuntura atual para o alastramento da corrupção no Senado, não apenas restrita ao governista Renan Calheiros, mas agora com fortes evidências de que o “valerioduto” começou com o “tucanoduto”, na figura do senador Eduardo Azeredo.


Aliados na corrupção, aliados na ofensiva contra os direitos dos trabalhadores.


Um projeto que visa limitar o direito de greve foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (isso mesmo, do Senado, que não deveria ter mais legitimidade para aprovar nada, menos ainda em se tratando de direitos sociais).


Vale destacar que esse projeto anti-direito de greve vem sendo costurado pelo governo Lula desde o primeiro semestre e contou, nessa primeira fase do Senado, com o apoio entusiasmado, entre outros, de Eduardo Azeredo...


O segundo objetivo deste projeto contra as greves é facilitar a implantação de reformas neoliberais, especialmente a (terceira) da Previdência Social, que está no forno e que vem para tentar acabar com o direito da aposentadoria e com o aumento da idade mínima para homens e mulheres, entre outras medidas.


Enquanto isso, o governo tucano de José Serra em São Paulo incrementa a criminalização e a repressão. Foram 66 metroviários afastados ou demitidos desde o final do primeiro semestre; nesse momento, há 100 militantes do MST indiciados em inquérito policial após a jornada de lutas pela educação e a violenta desocupação pela tropa de choque da PM na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Há sete estudantes da Unicamp indiciados após a greve e ocupação nesta Universidade.

E sobre as condições de trabalho no governo Lula?

Para este assunto, ficamos em apenas em um exemplo: o devastador estudo feito pela socióloga da Unesp Maria Aparecida de Moraes e Silva*, sobre a condição de trabalho dos cortadores de cana no estado de São Paulo.

Segundo essa pesquisa, o tempo de vida útil de um cortador de cana na região de Ribeirão Preto não chega a 15 anos de trabalho, comprovadamente inferior, segundo a socióloga, ao tempo de vida útil dos negros em alguns períodos da escravidão no Brasil!

Este padrão de exploração do trabalho é o mesmo padrão que o capitalismo busca implantar em todo o planeta. Para conseguir impor esse “modelo asiático” de exploração será necessária a combinação de repressão com limitação do direito de greve, embora seja parte do arsenal do governo e do capital a cooptação de setores do movimento para legitimar ou esconder essa situação.

Portanto, o próximo dia 24 em Brasília é uma nova oportunidade para denunciar ampla e claramente ao país a sórdida unidade, sob o manto da manutenção da política econômica neoliberal, entre governo Lula e tucanos quando se trata de afrontar os direitos dos trabalhadores.

Será nova oportunidade para potencializar a necessária unidade de todos os setores e segmentos combativos da classe trabalhadora, que não se limitam em lutar contra os governos tucanos e esconder ou proteger o governo Lula.

Na defesa dos direitos da classe trabalhadora, contra a reforma da Previdência, contra a criminalização dos movimentos sociais e na defesa do direito de greve, contra a corrupção e todos os corruptos, o movimento social e estudantil combativos têm um encontro marcado dia 24 de outubro em Brasília.

*Atrás das cortinas no teatro do etanol, publicado na Folha de S.Paulo em 02/10/2007

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do conselho editorial da revista Debate Socialista.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

LED ZEPPELIN - Discografia


1969 - Led Zeppelin
1969 - Led Zeppelin II
1970 - Led Zeppelin III
1971 - Led Zeppelin IV
1973 - Houses Of The Holy
1975 - PHysical Graffiti 1 / 2
1976 - Pressence
1976 Led Zeppelin The Song Remains The Same
1979 - In Through The Out Door
1982 - Coda


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Led Zeppelin
January 12, 1969
Remastered 1994
1. Good Times Bad Times (Page/Jones/Bonham)
2. Babe I'm Gonna Leave You (Page/Plant/Anne Bredon)
3. You Shook Me (Willie Dixon)
4. Dazed and Confused (Page)
5. Your Time Is Gonna Come (Page/Jones)
6. Black Mountain Side (Page)
7. Communication Breakdown (Page/Jones/Bonham)
8. I Can't Quit You Baby (Willie Dixon)
9. How Many More Times (Page/Jones/Bonham)

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Led Zeppelin II
October 22, 1969
Remastered 1994
1. Whole Lotta Love (Page/Plant/Jones/Bonham)
2. What Is and What Should Never Be (Page/Plant)
3. The Lemon Song (Page/Plant/Jones/Bonham)
4. Thank You (Page/Plant)
5. Heartbreaker (Page/Plant/Jones/Bonham)
6. Living Loving Maid (She's Just A Woman) (Page/Plant)
7. Ramble On (Page/Plant)
8. Moby Dick (Page/Jones/Bonham)
9. Bring It On Home (Page/Plant)

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Led Zeppelin III
October 5, 1970
Remastered 1994
1. Immigrant Song (Page/Plant)
2. Friends (Page/Plant)
3. Celebration Day (Page/Plant/Jones)
4. Since I've Been Loving You (Page/Plant/Jones)
5. Out On The Tiles (Page/Plant/Bonham)
6. Gallows Pole (Traditional)
7. Tangerine (Page)
8. That's The Way (Page)
9. Bron-Y-Aur Stomp (Page/Plant/Jones)
10. Hats Off To (Roy) Harper (Traditional)

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[untitled fourth album]
November 8, 1971
Remastered 1994
1. Black Dog (Page/Plant/Jones)
2. Rock and Roll (Page/Plant/Jones/Bonham)
3. The Battle of Evermore (Page/Plant)
4. Stairway To Heaven (Page/Plant)
5. Misty Mountain Hop (Page/Plant/Jones)
6. Four Sticks (Page/Plant)
7. Going To California (Page/Plant)
8. When The Levee Breaks (Page/Plant/Jones/Bonham/Memphis Minnie)

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http://rapidshare.com/files/47136733/_1971...Zeppelin_IV.zip
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Houses Of The Holy
March 28, 1973
Remastered 1994 (82639)
1. The Song Remains The Same (Page/Plant)
2. The Rain Song (Page/Plant)
3. Over The Hills and Far Away (Page/Plant)
4. The Crunge (Page/Plant/Jones/Bonham)
5. Dancing Days (Page/Plant)
6. D'yer Mak'er (Page/Plant/Jones/Bonham)
7. No Quarter (Page/Plant/Jones)
8. The Ocean (Page/Plant/Jones/Bonham)

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http://rapidshare.com/files/47145016/_1973...Of_The_Holy.zip
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Physical Graffiti
February 24, 1975
Remastered 1994
Disc 1:
1. Custard Pie (Page/Plant)
2. The Rover (Page/Plant)
3. In My Time of Dying (Page/Plant/Jones/Bonham)
4. Houses of The Holy (Page/Plant)
5. Trampled Under Foot (Page/Plant/Jones)
6. Kashmir (Page/Plant/Bonham)
Disc 2:
1. In The Light (Page/Plant/Jones)
2. Bron-Yr-Aur (Page)
3. Down By The Seaside (Page/Plant)
4. Ten Years Gone (Page/Plant)
5. Night Flight (Page/Plant/Jones)
6. The Wanton Song (Page/Plant)
7. Boogie With Stu (Page/Plant/Jones/Bonham/Ian Stewart & Mrs. Valens)
8. Black Country Woman (Page/Plant)
9. Sick Again (Page/Plant)

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http://rapidshare.com/files/47128055/_1975...raffiti_CD2.zip
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Presence
March 31, 1976
Remastered 1994
1. Achilles Last Stand (Page/Plant)
2. For Your Life (Page/Plant)
3. Royal Orleans (Page/Plant/Jones/Bonham)
4. Nobody's Fault But Mine (Page/Plant)
5. Candy Store Rock (Page/Plant)
6. Hots On For Nowhere (Page/Plant)
7. Tea For One (Page/Plant)

DOWNLOAD

http://rapidshare.com/files/47188137/_1976...in_Presence.zip
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(1976) Led Zeppelin The Song Remains The Same
CD1
01 - Led Zeppelin - Rock And Roll
02 - Led Zeppelin - Celebration Day
03 - Led Zeppelin - The Song Remains The Same
04 - Led Zeppelin - Rain Song
05 - Led Zeppelin - Dazed And Confused
CD2
01 - Led Zeppelin - No Quarter
02 - Led Zeppelin - Stairway To Heaven
03 - Led Zeppelin - Moby Dick
04 - Led Zeppelin - Whole Lotta Love

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In Through The Out Door
August 15, 1979
Remastered 1994
1. In The Evening (Page/Plant/Jones)
2. South Bound Saurez (Plant/Jones)
3. Fool In The Rain (Page/Plant/Jones)
4. Hot Dog (Page/Plant)
5. Carouselambra (Page/Plant/Jones)
6. All My Love (Plant/Jones)
7. I'm Gonna Crawl (Page/Plant/Jones)

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Coda
November 19, 1982
Remastered 1994
1. We're Gonna Groove (Ben E. King/James Bethea)
2. Poor Tom (Page/Plant)
3. I Can't Quit You Baby (Willie Dixon)
4. Walter's Walk (Page/Plant)
5. Ozone Baby (Page/Plant)
6. Darlene (Page/Plant/Jones/Bonham)
7. Bonzo's Montreux (Bonham)
8. Wearing and Tearing (Page/Plant)

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A gaiola se abre e a audiência voa: o caso da novela 2 Caras


Despenca a audiência da Globo, especialmente a da novela das oito. É prova de que "a era da massificação acabou", segundo o jornalista Nelson Hoineff. "O problema não está no 2 Caras, mas no que essa novela - e toda a programação que gira em sua volta - representa. Ontem, quem não via essa programação não fazia parte do mundo. Hoje, é justamente o contrário." Leia a íntegra de seu artigo.




Por Nelson Hoineff

A entrevista de Aguinaldo Silva para a Folha de S.Paulo de quinta-feira ("2 Caras desaba; autor culpa DVD e Orkut", 4/10/2007) sintetiza o que todos sabem, mas as emissoras de televisão fingem que não existe: a era da massificação acabou.

A novela das 8 está fazendo 35 pontos, o que não acontecia há dez anos. Mas não está sozinha. O Fantástico estacionou em pouco mais de 20 pontos. Nos bons tempos chegava a cravar 65. O Casseta e Planeta não passa dos 25. E o próprio Jornal Nacional está amargando a casa dos 30. A Record e o SBT disputam o segundo lugar com médias mensais entre os 6 e 7 pontos, como lembra a reportagem de capa da Veja com data de capa de 10 de outubro.

O público não está migrando para outras redes. Está caminhando na direção de outras mídias. "Agora até as criancinhas estão viciadas em Orkut", diz Aguinaldo. Não só em Orkut e não só as criancinhas. As pessoas estão desligando seus aparelhos de televisão e ligando seus computadores. Cerca de 36% dos televisores brasileiros estão desligados em pleno horário nobre. Isso nunca havia acontecido.

O índice vai cair muito na medida em que o brasileiro tenha acesso à internet em banda larga. E os televisores que estiverem ligados estarão cada vez menos construindo o imenso bloco dos cidadãos que precisam ser parte da audiência massiva para fazer parte da sociedade.

Televisão pelo celular

A Telefônica, a BrT, a Oi, todas as teles, enfim, estão lançando suas grades de IPTV, ainda timidamente, mas que em pouco tempo darão acesso à programação de TV a todos que tiverem uma linha telefônica. O tempo em que 80% da sociedade brasileira estava consumindo a mesma informação ao mesmo tempo é parte da história. Não voltará jamais. As crianças que estão nascendo agora demorarão para acreditar que isso um dia aconteceu.

A personalização do consumo midiático é um fato extraordinário num país que tem a televisão aberta mais abrangente do mundo. (Nos Estados Unidos, as três grandes redes abertas navegam hoje em torno dos 7% para cada uma.) As transmissões digitais vão potencializar esse quadro. Por isso as emissoras temem tanto qualquer passo que possa impactar o modelo de negócios estabelecido há mais de 50 anos.

Mas o impacto é inevitável. A grande batalha será travada nas transmissões para receptores móveis e portáteis. As transmissões começam oficialmente em 2 de dezembro, mas desde maio a Globo e a Band vêm colocando o sinal digital no ar. Ele pode ser captado hoje por qualquer um que disponha de um receptor digital portátil. Ele é do tamanho de um celular. Não pode ser encontrado ainda nas Casas Bahia, mas está disponível em qualquer esquina do Japão.

A partir de 2008 será, sim, o celular. A partir de então, o horário nobre (que concentra mais de 80% da receita das emissoras) não será mais o período em que o cidadão está em casa, mas todos os períodos em que ele estiver ocioso, seja no trânsito ou no intervalo para o lanche. No Japão, 40% da audiência televisiva já se dá pelo celular ou por qualquer outro tipo de receptor portátil. O japonês, em grande medida, já prefere ver televisão pelo seu aparelho de bolso, mesmo quando está em casa.

Procurando sua turma

Não é simplesmente uma tendência local. Ganha um doce quem encontrar um garoto de 15 anos que veja hoje televisão seqüencialmente. Que se sente com a família diante de um aparelho, como induziam os anúncios de revistas dos anos 50.

O consumo se individualizou e vai se individualizar mais e mais, fazendo com que a curva assintótica, conhecida como cauda longa, se estenda ao infinito. Mas as emissoras não perceberam isso - ou não querem acreditar no que estão vendo. Ficam espantadas quando o garoto não está vendo Paraíso Tropical. Acham que 2 Caras vai resolver o problema. Mas esse problema não mais será resolvido.

Até porque a fuga da audiência não é o problema, mas a solução, como erroneamente dizia Darcy Ribeiro sobre as favelas. A exacerbação da televisão generalista foi lida no Brasil como a necessidade de se tratar o espectador como débil mental. De tanto fazer isso, as emissoras passaram a acreditar que o espectador era mesmo um idiota. Compuseram para ele um cardápio oligofrênico que expressa muito mais o que os realizadores são capazes de fazer do que aquilo que o povo é capaz de entender.

A expansão da oferta do produto audiovisual está simplesmente fazendo com que a verdade venha à tona. O jovem, que tem acesso a inúmeras fontes de informação, sobretudo mas não apenas pela web, olha para a sua televisão e tudo aquilo lhe parece uma idiotice. Bota o seu fone de ouvido e vai procurar a sua turma.

Virando as costas

Não há um único argumento no mundo para sugerir que ele esteja errado. Durante muito tempo a sociedade brasileira via a sua televisão e não sabia o que poderia existir do lado de fora da gaiola. O que as novas mídias fizeram foi abrir a porta da gaiola. Levará menos de uma geração para que o modelo de programação desenvolvido pelas emissoras vá parar num museu antropológico.

Disso não escapa, é claro, a qualidade da informação jornalística. Antes mesmo que a informação objetiva apareça, o tratamento dado a quem vai consumi-la é bizarro. Que credibilidade pode ter quem se dirige a nós como idiotas?

O entorpecimento promovido pela própria televisão - que faz com que o espectador, devidamente lobotomizado, pareça não perceber como está sendo tratado, pretenda não saber qual é o passado da fonte da informação "isenta" que lhe está sendo passada - está tendo a sua resposta no comportamento das novas audiências, para as quais a gaiola está aberta e que se espantam, sim, vendo no televisor dos seus pais uma dramaturgia incrivelmente primária, um cardápio de atrações que parecem saídas de um circo de horrores, uma informação com sabor de hipocrisia que parece saída de um mundo construído sabe-se lá por quem.

Esse novo espectador está virando as costas a tudo isso. A informação que está procurando fala da sua tribo, dos seus anseios, da sua atitude, da sua visão do mundo, que certamente não é a visão filtrada pelos que estão comprometidos com a possibilidade de emburrecê-lo.

O problema não está no 2 Caras, mas no que essa novela - e toda a programação que gira em sua volta - representa. Ontem, quem não via essa programação não fazia parte do mundo. Hoje, é justamente o contrário.



Che (1): homem e exemplo



Escrito por Pietro Alarcón

Lembro que nos setenta a imagem do Che, estampada no muro de algum lugar da avenida e algo desgastada pelo sol e a chuva, me aguardava todos os dias quando me dirigia à Escola. Anos depois, ao final dos oitenta, observei a mesma imagem, quando no meio da praça que leva seu nome – Praça Che – na Universidade Nacional de Bogotá, discutíamos em um encontro estudantil sobre a necessidade de lutar pela redução do valor das matrículas, nossa oposição à guerra contra a União Patriótica e a solidariedade mais efetiva com o movimento agredido pelo paramilitarismo.

De volta a nossa Universidade, surgiu a idéia de desenhar um imenso Che em um dos muros centrais da Faculdade. Com um modelo pré-desenhado o trabalho foi mais simples do que pensávamos. Demoramos cerca de três horas – entre as 22 de segunda e a primeira hora da terça-feira.

À manhã seguinte o Che estava lá, eterno. Os cabelos ao vento. O olhar no futuro. E não foram poucos os que vieram a dar os parabéns para a gente. Época de lutas na rua, "Livros Sim... Armas Não!", de música e sonhos, os que não se vão ainda que amadureçam e mudemos de cenário.

Quarta feira, cedo chegamos à Faculdade. Para nossa surpresa: cadê o Che? Em seu lugar, a parede, agora pintada de branco, um branco intenso, para apagar qualquer sombra. Não pensamos muito, essa noite estava tudo pronto de novo. Na quinta, o Che estava lá. Montamos guarda a noite toda. Os porteiros não deixaram que ingressássemos na Universidade. Mesmo assim vigiávamos em sistema de rodízio. Descobrimos o que já sabíamos, a direção da faculdade contratou pintores para executar o serviço. Os pintores – três – foram convencidos de que não existiam condições objetivas para retirar a imagem, que passou a ser o símbolo da luta ideológica. Era questão de princípios: a pintura do Che era muito mais do que um capricho, pois representava o espírito de resistência organizada de um movimento estudantil que teimava em prosseguir, apesar das ameaças constantes à vida. E nada era mais vivo que o nosso Che. Aquele que, como todo que amamos, o consideramos nossa propriedade. Ao dia seguinte, festa na Faculdade, um grupo de alunos coletou mais de 1000 assinaturas para manter o Che. O resto foram reuniões, discursos, a Universidade sitiada, enfim, histórias a contar em outra oportunidade.

A “luta ideológica”

Sempre acho que, desde esse episódio, das clássicas formas de luta que se registram tradicionalmente na sociedade entre aqueles que impulsionam a transformação em prol do progresso e a justiça contra os que teimam em perenizar seus privilégios, a luta ideológica me pareceu a mais complexa. Isso porque a idéia é gerar uma consciência tal que motive ou bem seja uma atuação pela modificação ou uma pela conservação do status quo.

Nesse campo ideológico, a reconstrução do passado de conquistas e experiências dos movimentos sociais e das constantes práticas políticas dos trabalhadores, camponeses, intelectuais, ou seja, do acervo de lutas dos povos, constitui um dever. Até porque as constantes pressões dos meios de comunicação – aqueles em mãos de transnacionais midiáticas e com laços indissolúveis com a esquematização e mantença do poder por minorias sociais - criam caos, semeiam confusões, distorcem realidades, acomodam fatos. Enfim, tentam sempre impedir o reconhecimento justo aos seres humanos que, para além da própria vida, permitem inspirar a atuação presente e, ainda, oferecer um caminho em perspectiva vitoriosa, com reflexões e ações que, embora desde outra época, ainda podem encontrar validez, quando interpretadas com criatividade, diante do flagrante desrespeito à dignidade humana.

Não em vão divulgam valores a partir da promoção de certos heróis e falsos messias, proclamam símbolos que supostamente encarnam os desejos de todos Ainda que finjam de profetas, sabe-se do seu compromisso com poderosos esquemas. Tratam, assim, de moldar pensamentos de muitos, para sustentar ou dar estabilidade à situação que favorece apenas a uns quantos.

O fenômeno não é novo. É mais uma constante histórica. O Império Romano mostrava Espartacus, o pastor trácio que lutava contra a escravidão desde o Monte Vesúvio, de maneira sistemática como um assassino, visando criar uma imagem profundamente negativa entre as chamadas personas livres. Em que pese a máquina de propaganda da minoria romana no poder, a força do exemplo de Espartacus tem sido permanente no desenvolvimento de outros episódios em que se pretende o reconhecimento ou ampliação dos direitos.

Claro está que, no terreno da luta social, há os referentes legítimos, aqueles que os povos reconhecem, pessoas de carne e osso, que nascem e desenvolvem seu pensamento e ação nas mais difíceis circunstâncias. Como homens, seu diagnóstico sobre assuntos como a correlação de forças em determinado momento e espaço, sobre a conjuntura e a capacidade para agir em favor das mudanças, pode ser sempre discutido, – ao final, são homens, isso não desmerece sua atuação, pelo contrário, a dignifica ainda mais. Contudo, seu compromisso com a mudança histórica necessária, sua legitimidade ética, sua honestidade e transparência como atores históricos não admitem dúvidas. Esses aceleram o curso da história e fazem trânsito a ela e nela.

Como o vitupério não faz efeito – insensível, brutal -, então um setor dos formadores de opinião a serviço de interesses bem conhecidos usa uma outra fórmula: pretende convertê-lo em ícone inofensivo, um mito ideológico do qual se retira seu profundo potencial transformador. Assim, aventureiro irracional ou romântico ou até inatingível para o comum dos mortais são adjetivos nesse sentido, como se a aventura e o romance não fossem inerentes ao ser humano ou como se sua vida tivesse transcorrido fora da história.

Não, nada há fora da história e, nela, Che, assim como naquele tempo de estudante, continua vivo. Na verdade, não sem certa alegria constatamos que, se há quem tem necessidade de falar tão mal de alguém cuja morte faz 40 anos neste 09 de outubro, então, não há melhor reconhecimento de que seu pensamento, ação, sonhos, imagem e representação persistem ao tempo. No caso, não somente isso acontece, mas Che é ainda escandalosamente ameaçador para aqueles assentados nas galerias atuais do mais selvagem dos modelos econômicos.

Assim, a lembrança na nossa época não é melancólica, mas profundamente alegre. Como tampouco a reflexão sobre o vigor do pensamento de Che é uma retrospectiva dogmática ou uma leitura mecânica, mas apenas a constatação de que a apropriação criativa das experiências é uma virtude para todos os que pretendem contribuir a novos tempos.

Do nascimento à medicina

O caso é que, como se sabe, Che nasce no inverno austral de 1928 na Mesopotâmia Argentina, na antiga região Guarani, de sangre irlandesa e espanhola. Aos dois anos, após uma pneumonia, descobre-se a asma que, aliada ao mate, serão seus companheiros por toda a sua existência.

Sua primeira infância em Alta Gracia, na Serra de Córdoba, transcorre em um cenário no qual se misturam a austera elegância pós-colonial e o surgimento de uma classe operária, que prontamente é marginalizada. Ainda que alguns, dentre eles o próprio pai - Ernesto Guevara Lynch –, reconheçam a preocupação do Che com a questão social desde os tempos de juventude, é sabido que ele rejeitava essa idéia:

“No tuve nunca preocupaciones sociales durante la adolescencia ni participé mínimamente en la lucha política y estudiantil en Argentina”, diz em carta ao escritor Lisandro Otero, em 1963.

Como atesta seu amigo de sempre, Alberto Granado, o que nunca poderia ter rejeitado, ainda que quisesse - e nem sequer por excesso de modéstia -, era sua vocação pela leitura. Pré-adolescente asmático, sem poder realizar grandes esforços físicos, a doença o obrigava a permanecer tranqüilo, o tempo que aproveitava para ler obras de aventuras e personagens míticos. Desfilaram ante seus olhos Julio Verne, Alexandre Dumas e Emilio Salgari. Leu, também, o "Pequeno Príncipe" de Saint-Exupery ao tempo que mostrava notável interesse pela arqueologia e a antropologia.

Depois, as leituras de Paul Verlaine, de Baudelaire e Sartre, diretamente do francês e acompanhadas dos comentários da sua mãe – Célia de la Serna –, marcariam um aprimoramento da sua sensibilidade.

Caminhou, andou de bicicleta, praticou rúgbi, natação e alpinismo, estudou grafologia e decidiu-se primeiro a estudar engenharia, até que, em 1947, se inscreve na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires. Paciente de um famoso alergista da época – o Dr. Salvador Pisani –, passou, pouco depois, a ser seu colaborador.

Quando em dezembro de 1951 inicia sua viagem com Granado pela América Latina na motocicleta batizada como "A Poderosa", é indubitável que as motivações da leitura o acompanham, ainda que a desculpa oficial seja a visita a alguns leprosários com o objetivo de desenvolver pesquisas sobre alergias e vacinas. O desejo de conhecer o continente, de procurar o sentido da sua própria liberdade, será determinante no futuro e, nesse processo, suas leituras mudam, ligadas agora mais a conhecer a literatura hispano-americana.

Conhece a América desde o Chile até a Venezuela e, de volta a Buenos Aires, forma-se em medicina para, em julho de 1953, partir novamente, agora com preocupações que conjugam a ciência e o desenvolvimento do social.

De fato, a visão da difícil realidade econômica dos povos da América o impacta desde a sua primeira viagem e inspiram novos horizontes temáticos. Tudo o que é humano interessa, os ritos, as tradições, as lendas. Daí suas visitas a Machu Picchu, mas também às ruínas do antigo Império Maia na Guatemala em 1954 e às do Império Asteca em 1955.

Na Guatemala, no início de 1954, começa a trabalhar no projeto de escrever uma obra sobre a função do médico na América Latina. É a época de Jacobo Arbenz, o presidente que nesse país centro-americano promove um processo de reformas democráticas. Che prontamente se dispõe a trabalhar com o governo, até que a intervenção da CIA dará lugar ao golpe de Estado que conduzirá o Coronel Castillo Armas ao poder. Refugiado na embaixada Argentina, obtém uma bolsa para realizar estágio no Hospital Geral de México.

Em carta a sua mãe, em abril de 1954, declara: “De dos cosas estoy seguro: la primera es que si llego a la fase auténticamente creativa, entre los 30 y 35 años, mi ocupación exclusiva o al menos la principal será la física nuclear, la genética o una materia de este tipo, que reagrupe muchas de las cosas más interesantes del conocimiento; la segunda es que América Latina será el teatro de mi aventura con un peso mucho más grande de lo que había creído” .

No México, em 1955, Che começa a colaborar com um grupo de exilados cubanos que preparam a expedição à ilha, no intuito de lutar contra a ditadura de Fulgêncio Batista.

Ali, nesse instante, define-se muito de seu futuro, mas também do futuro de outros muitos.

Essa é uma história que também merece ser lembrada.

Pietro Alarcón, advogado, colombiano, é professor da PUC-SP.