quinta-feira, 17 de abril de 2008

Big Brother legislativo

Frei Betto

As CPIs andam precisando recorrer à UTI para uma cirurgia reparadora. Agem como delegacia em inquérito policial. Fulanizam denúncias de corrupção, como se meter a mão em dinheiro escuso decorresse apenas de desvios de caráter. Esquecem que a ocasião faz o ladrão, e não questionam as instituições nem a própria legislação do país, pela qual os parlamentares são responsáveis.

A exposição televisiva das CPIs fez delas uma espécie de Big Brother legislativo. O público fica de olho para ver quem vai para o paredão. Na onda do voyeurismo que assola o país, há uma perversa atração pelo espetáculo de humilhados e ofendidos por deputados que disputam a tapa as atenções da platéia de modo a angariar prestígio e votos. Prova disso é que poucos demonstram preparo para inquirir. Não investigam, não lêem relatórios, atuam movidos pelo ímpeto de destruir o partido adversário e blindar o próprio.

Uma casa legislativa não merece ser confundida com delegacia. Não condiz com a sua natureza pressionar os interrogados até que, sob tortura psicológica, passem à condição de réu. O ônus da prova cabe a quem acusa. A menos que o interrogado tome a iniciativa de admitir sua culpa, como ocorreu com vários acusados.

Não se pode reduzir a ética ao comportamento individual, como se fosse ele o único responsável pela corrupção. Há que levar em conta a teia de relações sociais e conexões institucionais configuradoras de realidade. Não basta identificar o corrupto, é preciso ir às causas da corrupção. Este o papel que distingue uma CPI de um inquérito policial.

Cabe ao Legislativo normatizar as instituições nacionais, imprimir-lhes legalidade, estabelecer seus direitos, deveres e limites, e também pesquisar as brechas na legislação que favorecem a corrupção. Como as empresas burlam o fisco e fazem caixa dois? Por que a facilidade em remeter fortunas ao exterior? O que dificulta a transparência na contabilidade dos partidos? Onde estão os furos nos financiamentos de campanhas? Por que tantas fraudes em licitações? Isso, sim, é legislar.

Uma CPI não deveria jamais encerrar seus trabalhos apresentando à nação um rol de suspeitos. Para não correr o risco de falso testemunho, melhor não nomeá-los se não há provas convincentes e contundentes. Toda pessoa, cuja honra é maculada levianamente em poucos minutos está fadada a passar o resto da vida tentando limpar o seu nome.

Cabe ao Ministério Público e à polícia investigar, apontar e punir os que comprovadamente infringiram a lei. As CPIs deveriam sobremaneira debruçar-se sobre o desempenho do Congresso e apurar as causas da corrupção, da malversação, da quebra do decoro parlamentar. E essas causas muitas vezes deitam raízes na própria legislação que rege as nossas instituições e que mais parece um queijo suíço, tantos os buracos pelos quais se introduz a ação criminosa. E a legislação tem sua origem no Congresso. Legislar é a função precípua dos que são eleitos parlamentares.

O povo tem o direito de fazer tudo que a lei não proíbe; contudo, as autoridades só deveriam fazer o que a lei permite. É desalentador ver uma CPI desaguar num mar de ilações, quando se esperava que, alertado por ela, o Congresso tomasse a si a tarefa de apressar a reforma política. O que é feito para impedir que partidos incorram novamente em maracutaias?

Desde que me entendo por gente observo que certas palavras resumem os paradigmas que mobilizam a nossa vida política. Nos anos 50/60, o tema era desenvolvimento; nos anos 70/80, democracia; nos anos 90, modernização; agora, ética.

A ética resvala para o moralismo udenista quando desvinculada da produção de sentido. Note-se que a moral tende a cair no moralismo, mas sequer existe o vocábulo ‘eticismo’. Porque a ética, tão bem enfatizada nas obras de Aristóteles, implica princípios universais, perenes, norteadores dos grandes projetos humanos. É ela que nos fornece os elementos para o “discernimento militante”, como diz Emmanuel Mounier.

Se os nossos partidos políticos perdem de vista as estratégias históricas, trocam o projeto de nação pelo de eleição, deixam de produzir sentido à nação, e se tornam meros consórcios de disputa de poder, então a ética volatiliza-se na abstração dos discursos demagógicos e os políticos resvalam para o terreno da hipocrisia. Hipócrata era o ator que, no antigo teatro grego, fazia parte do coro que proclamava o contrário do que de fato ocorria no palco.

Mais grave que a corrupção é uma eleição desancorada de consistentes projetos capazes de fazer o Brasil não ter vergonha de si mesmo, de suas crianças consumidas pelo narcotráfico, de multidão deambulando sem-terra, enfim, projetos que alterem o mais grave de nossos problemas nacionais: a desigualdade social. Não é a um candidato que o eleitor quer dar o seu voto, é à esperança.

Frei Betto é escritor, autor de A mosca azul – reflexões sobre o poder (Rocco), entre outros livros.

TERROR TOTAL: PRESIDENTE DO PARAGUAI DIZ QUE PARTIDÁRIOS DE LUGO FARÃO ATAQUES DOMINGO

Blog do Azenha

SÃO PAULO - As eleições no Paraguai, marcadas para o próximo domingo, serão disputadas em um clima de grande tensão. O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, disse hoje que observadores equatorianos e venezuelanos, que estão hospedados em hotéis de Assunção, são na verdade agitadores que pretendem causar violência no próximo domingo.

"Falei com o procurador-geral e pedi que inicie investigações e envie seus agentes a alguns lugares que identificamos, onde existem grupos afins ao luguismo, acostumados à violência e à morte, que estão se organizando para causar uma onda de violência assim que for declarada a vitória contundente do Partido Colorado no próximo domingo", declarou ao visitar Caaguazú. O Partido Colorado, que tem como candidata a ex-ministra da Educação, Blanca Ovelar, está no governo há 61 anos.

Caaguazú fica a 150 quilômetros de Assunção e é uma importante base de apoio a Fernando Lugo, que lidera a Aliança Patriótica para a Mudança, uma coalizão que vai da centro-direita à extrema-esquerda.

"Temos a informação de que estes grupos planejam atacar postos de gasolina e lugares públicos. Também sabemos que em algumas rádios comunitárias de São Pedro estão escondendo explosivos. Assim, os promotores devem intervir e fazer buscas. Eu responsabilizo Fernando Lugo e Federico Franco por qualquer ato de violência que aconteça no dia das eleições depois de nossa vitória", afirmou o presidente.

Federico Franco, vice na chapa de Lugo, é do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) - uma espécie de PMDB do Paraguai.

O jornal La Nacion, que publicou as declarações, diz que checou em um hotel mencionado pelo presidente e não encontrou observadores hospedados. Nicanor atribuiu a partidários de Lugo dois acontecimentos que resultaram em violência nos últimos dias: uma passeata de sem-teto em Assunção, que foi duramente reprimida pela polícia, e um ataque de lavradores locais contra produtores brasileiros da cidade de Santa Rosa de Aguaray.

Para completar, Nicanor disse que um dos envolvidos no seqüestro e morte de Cecília Cubas, filha do ex-presidente Raul Cubas, fugiu do Paraguai usando um automóvel que pertencia ao então bispo Fernando Lugo.

Ao longo da semana, a mãe de Cecília Cubas apareceu continuamente na TV paraguaia, em entrevista gravada, acusando Lugo por envolvimento na morte da filha e pedindo aos eleitores que não votassem nele. Militantes de um partido de esquerda, o PPQ, estavam entre os presos, julgados e condenados pelo crime.

Semanas antes, o outro candidato da oposição, Lino Oviedo, já havia comparado Lugo a Evo Morales e Hugo Chávez, em propaganda que acabou suspensa pela Justiça Eleitoral. O ex-general Oviedo tem grande apoio entre os 300 mil agricultores brasileiros que vivem no Paraguai, dentre os quais estão alguns dos maiores latifundiários.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Olho grande sobre o urânio brasileiro

Um poderoso lobby age em silêncio, no Congresso e junto ao Executivo, para quebrar o monopólio estatal sobre o combustível. Interesse: exportá-lo em estado primário, num momento em que os preços internacionais não param de subir e o país desenvolveu tecnologia para processá-lo

Sergio Ferolla, Paulo Metri

O Balanço Energético Nacional de 2007 nos indica que, para a geração elétrica no mundo em 2005, foram utilizadas as seguintes fontes: o carvão mineral com participação de 40,3% do total gerado, o gás natural com 19,7%, a energia hidráulica com 16,0%, a nuclear com 15,2%, os derivados de petróleo com 6,6% e outras fontes com 2,2%. Com o preço do barril de petróleo ultrapassando a barreira dos US$ 100 e, obviamente, os preços dos derivados e do gás natural acompanhando essa escalada, somado ao fato da ameaça do efeito-estufa, em decorrência da queima dos hidrocarbonetos e do carvão, a humanidade enfrenta o desafio da busca de fontes geradoras de eletricidade mais limpas e competitivas. Alguns aproveitamentos hidráulicos causam fortes impactos ambientais, que proíbem seu uso, e muitas das fontes alternativas ainda não foram suficientemente desenvolvidas, como a solar, de forma que ainda fornecem eletricidade a preço proibitivo.

As necessidades de mais curto prazo estão a impor caminhos já conhecidos e a energia nuclear desponta sempre como forte candidata. Nesse contexto, os programas nucleares existentes no mundo começam a serem revisados, inclusive impondo-se a antecipação da construção de novas usinas. Como decorrência, prevê-se um crescimento considerável do consumo de urânio, em futuro próximo, com a acelerada valorização desse estratégico energético. Com o término da guerra fria, por volta de 1990, estoques de urânio destinados, inicialmente, para fins militares, foram ofertados em torno de US$ 10 por libra de urânio (U3O8), no mercado de geração elétrica, tanto pelos Estados Unidos como pela Rússia. Quando os estoques militares mostraram sinais de esgotamento, a libra de urânio atingiu US$ 130 em 2007, estando atualmente em torno dos US$ 95.

Aceitar a concessão seria cercear as conquistas da tecnologia nacional, para manter programas nucleares de países que não têm urânio, como França, Inglaterra, Japão, Alemanha, China e Índia

O Brasil, além de possuir 309 mil toneladas de reservas de urânio conhecidas, através da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), domina a tecnologia do enriquecimento, que agrega enorme valor ao produto, caso seja decida a exportação. O enriquecimento, em escala industrial, é realizado na INB, que também fabrica, depois do urânio ser enriquecido, os elementos combustíveis, significando nova agregação de valor ao produto final. Nossa capacitação tecnológica e industrial no setor nuclear precisa ser levada em consideração pelos órgãos federais e pelos congressistas, nesse momento em que algumas mineradoras, inclusive estrangeiras, demonstram a intenção de produzir urânio para exportá-lo na forma mais primária (U3O8).

Aceitar esse tipo de concessão significará o cerceamento das conquistas da tecnologia nacional, com a conseqüente limitação dos benefícios para toda a sociedade, permitindo que tais mineradoras abasteçam unidades de enriquecimento no exterior, para manter programas nucleares de países que não têm urânio, como França, Inglaterra, Japão, Alemanha, China e Índia. O lobby das mineradoras junto ao Executivo e ao Legislativo é enorme, pois, para poderem atuar nesse setor é necessário que o monopólio estatal do urânio seja extinto, sabendo-se que, para tal, um deputado já apresentou proposta de emenda à Constituição, a PEC 171.

A demanda por fontes de energia tem motivado guerras e tragédias sociais em várias regiões do globo, causando a denominada geopolítica do petróleo, presente nos planos e ações das grandes potências industriais e militares. A exaustão dos hidrocarbonetos, a agressão ao meio ambiente pela queima dos combustíveis fósseis e o irreversível crescimento de muitas nações emergentes, exigindo maior suprimento de energia, levará, em futuro muito próximo, à aparição da geopolítica do urânio. Para esse cenário de forte e disputada demanda por energéticos geradores de eletricidade, impõe-se preservar nossas reservas de urânio como monopólio inflexível do Estado, bem como expandir e aperfeiçoar as preciosas conquistas da engenharia e da técnica nacional, no domínio do combustível nuclear.

Por que a gente precisa ser mais responsável do que a Veja


Blog do Rovai


A revista Veja foi condenada a reparar o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) por danos morais. A sentença favorável ao parlamentar foi, segundo o site Vermelho, publicada na última quarta-feira (9/5). A Veja, segundo a sentença, teria denegrido a imagem pública do deputado com informações levianas e injuriosas a respeito dele na edição de 11 de janeiro de 2006.
De acordo com o juiz, a Veja e o jornalista, autor da matéria, extrapolaram no direito de informar e noticiar fatos. “Não se limitaram à conduta marcada pela vontade de narrar", diz trecho da sentença. “Mas quiserem ofender.”
“Ao noticiarem os fatos, com o uso de expressões injuriosas, fez a reportagem trabalho com menções e chamadas marcadas pela distorção”, prossegue o despacho. "Nesse sentido, o que se percebe é que a liberdade de expressão e de comunicação caminha juntamente com o direito de ter as pessoas atingidas pelo trabalho jornalístico, de uma forma ou de outra, o acesso à notícia real, verdadeira e sem ser ofensiva ou lesiva."
Pela decisão do juiz, a revista terá que pagar indenização ao parlamentar, além de publicar a sentença na íntegra, quando transitada em julgado (decisão final). Caso haja recurso, o processo seguirá para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, onde será julgado em Segunda Instância.
Segundo o jornalista Luis Nassif, o custo do departamento jurídico e das perdas de ações faz parte do cálculo do negócio da Veja. A Abril teria, segundo ele, R$ 8,2 milhões provisionados para o pagamento de ações cíveis de indenização por danos morais e ou materiais decorrentes de matérias publicadas.
Na opinião de Nassif, mais de 90% dessas perdas se devem à Veja. O número não está disponível porque, segundo o jornalista, a Abril não informa "o que é passivo gerado pelas campanhas de Veja e o que é das demais publicações”.
É por isso que a gente aqui na Fórum toma um cuidado imenso quando publica uma matéria, porque sabe que se o caldo engrossar vamos ter de sambar para pagar indenizações. No caso de Veja, faz parte da estratégia do negócio.
Aliás, vocês viram a capa da Veja desta semana? Lula com uns 75 anos de idade fazendo campanha em 2026... Pois é, a falta de seriedade jornalística é algo que leva a esse tipo de situação deprimente.

Uma pequena biografia

Em seu livro Patronos e Acadêmicos - referente às personalidades da Academia Norte-Riograndense de Letras -, Veríssimo de Melo começa o capítulo sobre Nísia da seguinte maneira: “Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra”.

De fato, a história e a obra de Nísia são de uma importância rara. “Infelizmente, a falta de divulgação da obra de Nísia tem sido responsável pelo enorme desconhecimento de sua vida singular e de seus livros considerados de grande valor”, diz Veríssimo.

A educadora, escritora e poetisa nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Nísia é o final de seu nome de batismo. Floresta, o nome do sítio onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta.

Neste mesmo ano, o pai de Nísia havia sido assassinado no Recife, para onde a família havia se mudado. Em 1831, ela dá seus primeiros passos nas letras, publicando em um jornal pernambucano uma série de artigos sobre a condição feminina. Do Recife, já viúva, com a pequena Lívia e sua mãe, Nísia vai para o Rio Grande do Sul onde se instala e dirige um colégio para meninas. A Guerra dos Farrapos interrompe seus planos e Nísia resolve fixar-se no Rio de Janeiro, onde funda e dirige os colégios Brasil e Augusto, notáveis pelo alto nível de ensino.

Em 1849, por recomendação médica leva sua filha, gravemente acidentada, para a Europa. Foi em Paris que morou por mais tempo. Em 1853, publicou Opúsculo Humanitário, uma coleção de artigos sobre emancipação feminina, que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte, pai do positivismo.

Esteve no Brasil entre 1872 e 1875, em plena campanha abolicionista liderada por Joaquim Nabuco, mas quase nada se sabe sobre sua vida nesse período. Retorna para a Europa em 1875 e, três anos depois, publica seu último trabalho Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques.

Nísia faleceu em Rouen, na França, aos 75 anos, a 24 de abril de 1885, de pneumonia. Foi enterrada no cemitério de Bonsecours. Em agosto de 1954, quase 70 anos depois, seus despojos foram transladados pra o Rio Grande do Norte e levados para sua cidade natal, Papari, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no sítio Floresta, onde ela nasceu.

Sua mais completa biografia - Nísia Floresta - Vida e Obra - foi escrita por Constância Lima Duarte, em 1995. Um livro de 365 páginas, editado pela Editora Universitária (da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) que, em 1991, havia sido apresentado como Tese de Douturamento em Literatura Brasileira da autora, na USP/SP.


A poetisa
Aqui sob esta abóbada

A escritora e educadora
Opúsculo Humanitário - Capítulo XXV

Bibliografia
Livros editados em vida e obras póstumas


créditos: MemoriaViva

Thelonious Monk & Sonny Rollins - 1953





1 The Way You Look Tonight 5:14
2 I Want to Be Happy 7:45
3 Work 5:19
4 Nutty 5:18
5 Friday the 13th 10:33

No se puede mostrar la imagen “http://www.ejn.it/mus/rollins.jpg” porque contiene errores.

http://img108.imageshack.us/img108/4987/monk1wp3.png

Thelonious Monk - piano
Sonny Rollins - tenor saxophone
Tommy Potter - upright bass
Julius Watkins - French horn
Willie Jones - drums

Download aqui



Charge de Kayser, de 11 de abril:

A governadora Yeda Crusius estava em estado de graça na manhã desta terça-feira ao receber a direção da Aracruz no Palácio Piratini para anunciar a ampliação da fábrica da empresa em Guaíba. “É o maior investimento da história do Rio Grande”, exultou a governadora. O investimento é de R$ 4,9 bilhões para a ampliação da Unidade Guaíba. Yeda e o diretor de Operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, destacaram a “superação” de um dos maiores “obstáculos” para o empreendimento: as licenças ambientais!

Yeda colocou a “conquista” das licenças ambientais no mesmo patamar da construção do Pólo Naval de Rio Grande. "É a hora do Rio Grande, hora do Brasil mudar seu padrão de desenvolvimento, começando pela cidade de Rio Grande, com o Pólo Naval, com as licenças ambientais e aqui com a Aracruz, Stora Enso e Votorantim". Além da licença ambiental, precisávamos da licença social, que pedimos a sociedade gaúcha, para trazer esse investimento que é uma e meia GM".

O diretor da Aracruz, por sua vez, elogiou "a coragem da governadora Yeda e de seus colaboradores em enfrentar as dificuldades naturais em investimentos deste porte”. Leia-se, coragem para flexibilizar a legislação ambiental e atropelar as organizações ambientalistas que lutam contra a transformação da política ambiental gaúcha em um balcão de negócios.

O governo federal tem uma participação importante no negócio. O BNDES financiará 60% do valor total do investimento e 40% virão da empresa. Não há qualquer contrapartida do Estado no empreendimento. (Foto: Jefferson Bernardes/Palácio Piratini)

créditos:

Astor Piazzolla - Double Best Collection

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpfJ27C13vqq1Q0viPzt_ggMslvfPm1QHjAhoV58qt-RPPNl-YbsHf5O0IY2c0_i5G4HsXNUMuIf8GD7Wcd0JTbjgopa17Nx3lNvr4lLZF30m6GRYMiPzVHLl5PxIXZZPZJMH14wpP7oo/s320/FOLDER.jpg


CD1
01. Libertango
02. Amelitango
03. L'evasion
04. Buenos Aires Hora Cero
05. Anos De Soledad
06. Los Pajaros Perdidos
07. Bandoneon
08. Zita
09. Adios Nonino
10. Balada Para Mi Muerte
11. Balada Para Un Loco

CD2
01. Suite Punta Del Este (Intro-choral-fugue)
02. Adios Nonino
03. Mumuki
04. Verano Porteno
05. Chin Chin
06. Libertango

Downloads abaixo:
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A televisão e a obesidade


Riad Younes

A televisão, a internet, os videogames e a ingestão de alimentos com alto teor de calorias são considerados hoje os grandes vilões da obesidade infantil. E não adianta fugir da realidade. Nossas crianças estão ficando cada vez mais gordas. Obesas até!

O ganho de peso, além dos aspectos de auto-estima e de relacionamento social, representa um perigo potencial enorme. Estudos científicos têm comprovado que crianças obesas se tornam adultos portadores de várias doenças. Diabetes, hipertensão, câncer, dores articulares e derrame, entre outras tragédias de saúde. Mais da metade dos adolescentes gordos, com sobrepeso, se tornam doentes crônicos quando chegam aos 50 anos. A maioria continua gorda. Alguns (20% a 25%) são diagnosticados com obesidade mórbida.

Tendo em vista essa epidemia mundial de obesidade, que caracteristicamente começa na idade precoce, a Organização Mundial da Saúde recomendou aos centros acadêmicos e de pesquisa, ao redor do mundo, a produção de estudos científicos para identificar fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade, suas causas e o modo mais apropriado para vencer esse mal e evitar as doenças crônicas graves. Vários cientistas se empenharam nessa tarefa.

Recentemente, uma pesquisa extensa realizada por médicos e epidemiologistas da Universidade de Nova York, em Buffalo, nos Estados Unidos, publicada na revista Archives of Pediatric and Adolescent Medicine, demonstrou que a televisão e o computador podem ter influência importante no ganho de peso. Os cientistas escolheram 70 crianças, com idades variando entre 4 e 7 anos, todas com sobrepeso (gordas), e que assistiam a programas de televisão ou jogavam videogames durante mais de 14 horas por semana (média de duas horas por dia). Conversaram com os familiares dessas crianças que aceitaram instalar, na tela dos televisores ou dos jogos eletrônicos, um aparelho que consegue limitar o tempo de exposição das crianças.

Sortearam os voluntários em dois grupos. O primeiro tinha acesso não bloqueado às telas de televisão. O segundo grupo tinha seu acesso à televisão diminuído progressivamente. O aparelho não permitia que as crianças ultrapassassem sua “cota” diária de televisão. Todas foram observadas e seguidas durante dois anos pelos cientistas. O grupo “restrito” diminuiu o tempo gasto na frente da televisão a não mais que cinco horas por semana. O outro grupo manteve seu tempo normal de 17 horas por semana.

O resultado mais interessante foi observado pelos pesquisadores quando avaliaram a evolução do peso das crianças. O peso do grupo cujo acesso às telas de televisão foi limitado diminuiu muito em relação ao outro grupo. Além de aumentarem suas atividades físicas, com mais brincadeiras e exercícios, e menos sofá, elas consumiram menor quantidade de alimentos ricos em calorias, como refrigerantes e doces. Os pesquisadores concluíram que a televisão apresenta uma influência muito ruim sobre o peso das crianças, tornando-as obesas e aptas a desenvolver doenças graves quando adultas. Essa influência tem dois aspectos: vida sedentária, sem exercício físico significativo durante o tempo em que assistem à televisão, e a propaganda que induz as crianças a consumir grandes quantidades de alimentos não muito saudáveis, como doces, chicletes, batatas fritas e refrigerantes. Resultados valiosos e de aplicação imediata e óbvia para todas as famílias.

Os cientistas aconselham os pais a lutar contra a obesidade infantil e a limitar progressivamente o tempo que as crianças perdem grudadas na tela dos televisores ou dos jogos eletrônicos. Seus olhos, sua mente e seu corpo agradecerão por muitos e muitos anos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A culpa não é dos pobres


Márcia Pinheiro

Houve um tremendo frisson mundial nos últimos dias, por conta de análises preocupantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial sobre a escassez global alimentos, o maior motor inflacionário atual. Lula afirmou que o fato era, de certo modo, bem-vindo, uma vez que os pobres estariam comendo mais.

O presidente tem razão. Há um acelerado aumento do poder de compra de famílias que nem sequer chegavam perto de vendinhas, e hoje podem bicar o mercado de consumo. O fenômeno acontece na maioria dos países emergentes, com vastas populações.

O tema segurança alimentar, finalmente, deixou de ser pauta apenas das reuniões dos economistas com viés humanitário. Mas não é o caso de se culpar os pobres e o etanol. Ou apenas os pobres e o etanol. Tem mais gente na jogada.

Segundo blogs especializados, diante da crise financeira, os hedge funds (fundos especulativos) estão migrando para o mercado de commodities. Os recursos aplicados em metais e produtos agrícolas cresceram 83%, de 14 bilhões de dólares em 2005 para 55 bilhões de dólares em 2007. É uma oportunidade de negócios e de lucros, com as bolsas em queda no mundo inteiro.

Essa invasão dos financistas na produção física global é, hoje, um dos propulsores do crescimento vertiginoso dos preços dos alimentos. E só tende a se acentuar, com a queda do juro americano.

Falta ainda alargar a discussão. Ladislau Dowbor, consultor e professor da Pós-Graduação da PUC-SP, considera que não há mais o clássico dilema econômico entre produzir manteiga ou canhões. Na avaliação do economista, o mundo produz bens inúteis demais, substituíveis demais, efêmeros demais, para uma meia dúzia de sempre.

Está na hora de se discutir a oferta de alimentos de maneira não-alarmista. O problema não pode mais ser tratado com leviandade entre os preconceituosamente chamados de eco-chatos e o mercado financeiro.

Dica econômico-cultural
Para os interessados no aprofundamento do tema, digitem http://www.earth-policy.org. É o site do Earth Policy Institute, dirigido por Lester Brown, um dos maiores economistas contemporâneos especializado em meio-ambiente e segurança alimentar.

Na batida da semana
Os próximos três dias serão dedicados ao Copom, que se reúne na terça-feira 15 e quarta 16 e anuncia sua decisão sobre a taxa básica de juro. Já houve ruído suficiente, com interpretações exóticas sobre uma declaração de Lula na Holanda, na sexta 11, traduzida pelos jornais como um recado de que ele havia dado aval ao Banco Central para aumentar o juro. O presidente negou a fantasia, no sábado 12, quando visitava a República Theca. Esse será o tema predileto dos oráculos de plantão no mercado financeiro.

Na terça 15, o IBGE divulga os dados de vendas do comércio varejista no País em fevereiro, que devem mostrar arrefecimento. Mas isso não demoverá os altistas de alardear a alta da Taxa Selic.

Lá fora, o mais importante são os dados americanos sobre o índice de preços ao consumidor, a construção de novas moradias e a produção industrial, referentes a março. Saem todos na quarta 16, além do Livro Bege, um extensivo levantamento sobre a situação econômica dos Estados Unidos.

original em www.cartacapital.com.br