Uma Escolha a fazer
Acredito que chegamos ao fundo do poço da atuação da mídia brasileira, a menos que alguém sugira que ela pode fazer por aqui o que fez sua congênere venezuelana em 2002, o que, por enquanto, ainda me parece improvável, porque um golpe de Estado não se faz só com jornais e televisões e a oposição de direita ainda parece achar que pode retomar o poder pelo voto, por mais que essa disposição pareça estar diminuindo.
Mas, de uma coisa, ninguém duvida: a direita está radicalizando sua oposição ao governo Lula com vistas a retomar o poder em 2010, e a estratégia insana escolhida por Fernando Henrique Cardoso, José Serra e as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita parece ter sido a de um bombardeio de saturação daquele tipo que promovem os exércitos norte-americanos em guerras como a do Iraque, nas quais despedaçar mulheres e crianças é considerado “efeito colateral”.
Como numa guerra, vale tudo. Parece que não há mais custo a ser considerado inaceitável pela oposição político-midiática. Nem para o país, nem para a ética, nem para o futuro. Vale sabotar a economia – no momento em que ela enfrenta a maior ameaça externa em um século –, as instituições, a Saúde Pública ou a ordem econômica, tudo isso visando tirar a esperança dos brasileiros numa melhora do país, a fim de que mudem o comando do Estado no ano que vem.
Há um prêmio que tornou ainda mais desejável o controle do Estado brasileiro e que poderá construir fortunas impressionantes à custa do roubo daquele prêmio por um eventual novo governo do PSDB, o qual entregará o produto do roubo a grupos empresariais nacionais e estrangeiros ligados às empresas de comunicação das famílias supra mencionadas.
Para quem não adivinhou ainda, refiro-me ao pré-sal. Esse é o objetivo da luta virulenta a que se entregou a oposição político-midiática. Com as novas e vastas reservas de petróleo do país se farão fortunas, caso o PSDB e o PFL consigam retomar o controle do Estado. Farão a privataria da era FHC parecer pinto. Entregarão tudo a preço de banana e aumentarão o próprio poder econômico de maneira inimaginável.
Isso sem falar do “arroz com feijão” que poderão “privatizar” governando um país como o Brasil, pois é para isso que estão na política, para ajudar o estreito setor da sociedade que concentra quase toda a renda no Brasil a manter o que concentrou e a ampliar essa concentração de renda, invertendo o processo de distribuição ora em curso.
Eu e vocês, leitores, não perderemos muito com isso. A maioria de nós já se estabilizou na vida – uns mais, outros menos. Pode-se dizer, assim, que todos os que aqui estamos temos conseguido sobreviver com dignidade e com mais ou menos conforto, de maneira que muitos estarão tentados a empurrar com a barriga essa situação e a se conformarem se ela agraciar com a vitória esses pretensos saqueadores do Brasil que tentarão governá-lo a partir de 2011.
Não direi que não sofro essa tentação de me acomodar. Tem sido muito desgastante viver esse embate contra um poder imenso diante do qual um mero cidadão sente-se muito mais do que impotente, chegando a sentir-se insano por desafiar uma máquina que é preciso muito mais do que palavras para desarticular.
A gente tem que conviver o tempo todo com elogios agradáveis, mas também com ataques terríveis. A caixa de comentários deste blog, em sua gaveta de comentários bloqueados, constitui material para um livro que aos poucos vou escrevendo e que pretendo publicar um dia, que em certo capítulo abordará o lado negro, imoral, impiedoso, mesquinho e até assustador do ser humano.
Só os insultos já fariam qualquer um desistir, mas há ameaças também. Há gente escrevendo aqui que “pagarei” em algum lugar “no futuro” pela luta que tenho travado contra esse poder discricionário. Está tudo registrado. Se algum dia me acontecer alguma coisa, todos saberão onde procurar os culpados. Seus comentários estão registrados aqui com número de IP, dia, hora e tudo mais.
A vontade de desistir, portanto, é atraente – e quase compulsória. Os elogios são bons, claro, mas os ataques são ferinos e assustadores. Com efeito, uma carícia produz muito menos efeito do que uma facada.
Minha mulher, por exemplo, é contrária ao meu ativismo político e ao jornalismo cidadão no qual invisto meu tempo. E posso entender seus motivos. Temos a questão da criança dependente da qual teremos que cuidar e sustentar para o resto de nossas vidas e ganhar a vida anda dificílimo, sobretudo num momento de crise.
Por outro lado, temos a situação política no Brasil que descrevi acima. O país está sob uma ameaça poucas vezes vista em mais de cem anos de história republicana. Está, pois, em nossas mãos ajudar este país a dar um salto imenso e a se tornar uma potência, um país de Primeiro Mundo em não mais do que uma década, se nos dispusermos a enfrentar aquele setor minúsculo da sociedade que impediu até hoje que esta pátria fosse o que já deveria ser há muito tempo.
Eu e vocês temos que fazer uma escolha. Todos os cidadãos responsáveis e lúcidos deste país têm que fazer essa mesma escolha. Estão dispensados apenas os que usufruem deste status quo iníquo, imoral, cruel que vige no Brasil, pois não se pedirá ao câncer que se auto-extirpe. E a escolha é entre nossas questões pessoais e mundanas e o interesse maior da nação.
De minha parte, sinto-me sempre inclinado a lutar pelo que é mais alto e relevante para todos, pois, em meu ideário de vida, o benefício generalizado é o melhor e mais justo para o interesse individual, pois quando se pensa na coletividade o lucro individual é generalizado, extensível a todos, sem deixar ninguém de fora. Já o interesse individual, trabalha para retirar de seu principal interessado o benefício que viria para todos.
Contudo, minha escolha individual dependerá das escolhas de todos aqueles para os quais faço esta pregação diária independentemente de ser fim de semana, feriado e de ser horário comercial ou não, sempre de forma absolutamente voluntária e sem qualquer interesse econômico ou profissional.
Estou engendrando um plano de ação. Eles radicalizaram, então nós também temos que radicalizar. E, mais uma vez, estou disposto a assumir os riscos de promover uma ação concreta e de visibilidade contra essa hidra político-midiática que ameaça o Brasil. Só que terá que ser uma ação inédita, a maior de todas, não importando quanto tempo leve para ser organizada, mas que chame com força a atenção da sociedade para o plano da direita golpista de saquear as riquezas nacionais.
Ainda não tenho o plano engendrado, ainda que tenha um embrião de idéia em gestação. Em algumas semanas deverei fazer um comunicado aqui que irá surpreendê-los, e isto é só o que posso lhes dizer neste momento. Mas também estou refletindo e analisando outras opções. Quem quiser fazer sugestões corajosas, ponderadas e sobretudo viáveis, contará com meu agradecimento e minha admiração.
Mas o fato é um só: todos os que têm um mínimo de amor por este país temos uma escolha muito séria a fazer – eu, inclusive. Ou lutamos com a mesma disposição dos saqueadores privatistas ou nos convertemos em cínicos que só trabalham com a retórica ao exigirem de outros o que não se dispõem a fazer. As reações que se vier a colher às propostas que serão feitas aqui proximamente determinarão se agiremos ou se penduraremos nossas chuteiras cívicas.
Escrito por Eduardo Guimarães