segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Informações esclarecedoras sobre o ISLÃ

No momento em que a mídia brasileira e internacional satanizam o islamismo colocando-o como uma religião que prega o terrorismo, torna-se necessário trazer a público esclarecimentos sobre o tema que possibilitem às pessoas que pensam e reflexionam se apropriarem da versão que dificilmente serão apresentadas na mídia tradicional capitalista e preconceituosa.


1. O que é o Islam?

A palavra "Islam" significa paz e submissão. Paz consigo próprio e com o que o rodeia e submissão à vontade de Deus Único. Um outro significado, mais amplo, do "Islam", significa alcançar paz através da submissão à vontade de Deus. Esta é uma religião única, com um nome que representa uma atitude moral e o estilo de vida. O Judaísmo foi buscar o seu nome à tribo de Judá, o Cristianismo a Jesus Cristo, o Budismo a Goutam Buda e o Hinduísmo ao Rio Indus. Os Muçulmanos derivam a sua identidade da mensagem do Islam, não da pessoa de Muhammad (vulgarmente conhecido em Português por Maomé), ou seriam intitulados "Mahometanos / Maometanos/ Muhammadistas".

2. Quem é Allah?

Allah é a palavra Árabe para "Deus Único". Allah não é somente o Deus dos Muçulmanos. Ele é o Deus de toda a Criação, porque Ele é o seu Criador e Sustentador. "

3. Quem é o Muçulmano?

A palavra "Muçulmano" significa aquele que se submete à vontade de Deus, o que é conseguido pela declaração de que "não existe outra divindade além de Deus Único e Muhammad é o (último) Mensageiro de Deus". Num significado mais abrangente, qualquer um que voluntariamente se submeta à vontade de Deus é um Muçulmano. Assim, todos os Profetas que precederam o Profeta Muhammad são Muçulmanos. O Alcorão menciona especificamente Abraão, que viveu muito antes de Moisés e Cristo, como: "ele não era Judeu nem Cristão, mas sim um Muçulmano", porque se submeteu à vontade de Deus. Com efeito, há Muçulmanos que não se submetem de todo à vontade de Deus, assim como existem Muçulmanos que fazem o seu melhor por levarem uma vida Islâmica. Não se pode avaliar o Islam pelos indivíduos possuidores de um nome Islâmico cujas ações não evidenciam uma vivência nem um comportamento digno de Muçulmanos. As implicações de se ser Muçulmano podem ir de encontro ao grau de submissão de cada um à Vontade de Deus, nas suas atitudes e ações.

4. Quem foi Muhammad ?

Em poucas palavras, Muhammad (a Paz esteja com ele) nasceu no seio de uma tribo nobre de Mecca, na Arábia, no ano 570 d.C.. A sua linhagem descende do Profeta Ismael (a Paz esteja com ele), filho do Profeta Abraão (a Paz esteja com ele). O seu pai morreu antes do seu nascimento, e a sua mãe quando ele tinha somente seis anos. Não freqüentou uma escola oficial por ter sido primeiramente criado por uma ama, como era habitual nessa altura, e seguidamente pelo seu avô e tio. Durante a sua juventude, era conhecido pela sua retidão e por meditar numa gruta. Aos 40 anos de idade, foi-lhe concedido o estatuto de Profeta, quando o anjo Gabriel lhe apareceu na gruta. Subseqüentemente, as revelações surgiram ao longo de 23 anos e foram compiladas na forma de um livro chamado Alcorão, considerado pelos Muçulmanos como a derradeira e última palavra de Deus. O Alcorão foi preservado, inalterado, na sua forma original e confirma a verdade patente na Torah, nos Salmos e no Evangelho.

5. Os Muçulmanos adoram Muhammad?

Não. Os Muçulmanos não adoram Muhammad nem nenhum outro Profeta. Os Muçulmanos crêem em todos os Profetas, incluindo Adão, Noé, Abraão, David, Salomão, Moisés e Jesus (a Paz esteja com eles). Os Muçulmanos acreditam que Muhammad (a Paz esteja com ele) foi o último dos Profetas. Eles crêem que só Deus deve ser adorado, e não os seres humanos.

6. O que pensam os Muçulmanos de Jesus (a Paz esteja com ele)?

Os Muçulmanos têm Jesus (Paz esteja com ele) em elevada estima, bem como a sua digníssima mãe, Maria. O Alcorão diz-nos que Jesus (Paz esteja com ele) foi fruto de um nascimento miraculoso sem pai: "Vede! O exemplo de Jesus, perante Deus, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó, e então disse-lhe: Seja, e assim foi" (Alcorão 3:59).
Foram-lhe permitidos muitos milagres, como Profeta. Estes incluem falar, pouco depois do seu nascimento, em defesa da honra de sua mãe. Os outros dons que lhe foram concedidos por Deus incluem curar os cegos e os enfermos, ressuscitar os mortos, criar um pássaro do barro e, mais importante ainda, a mensagem da qual era portador. Estes milagres foram-lhe atribuídos por Deus para o estabelecer como Profeta. Segundo o Alcorão, ele não foi crucificado, mas sim elevado ao Céu. (Alcorão, Capítulo Mariam).

7. Os Muçulmanos têm seitas?

Os Muçulmanos não têm seitas. Os que seguem o Alcorão Sagrado e o Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele), de acordo com os seus dizeres e ações, são chamados Muçulmanos e os que, seguem somente os dizeres e perspectivas do imam Ali (r.a.a) são designados Shia (xia,xiaa,xiita, xiitas do ali). A maior parte dos Shia vivem no Irã, Líbano e Iraque, enquanto o resto do mundo é essencialmente Sunnah. Os Shia são entre 2 a 3 por cento da população Muçulmana.

8. Quais são os pilares do Islam?

São cinco os principais pilares do Islam:

1) a crença (Iman) no Deus Único e em que Muhammad (a Paz esteja com ele) é o Seu mensageiro;

2) a Oração (Salat), a ser efetuada cinco vezes por dia;

3) o Jejum (Siyam), requerido durante o mês do Ramadan;

4) a Contribuição obrigatória (Zakat), a parcela da riqueza dos abastados devida aos pobres;

5) a Hajj, que é a Peregrinação a Meca, uma vez na vida, caso seja possível física e financeiramente.
Todos os pilares deverão possuir o mesmo estatuto e preponderância, para dar à construção a sua forma e proporção devida.
Não é possível empreender a Hajj sem Jejuar, nem fazer a Oração regularmente. Pensem num edifício só com pilares. Não pode ser chamado de edifício. Para fazer um edifício, necessita ter um teto, necessita ter paredes, necessita ter portas e janelas.
Para o Islam, estas determinantes são os códigos morais Islâmicos, como a honestidade, a verdade, a prontidão e muitas outras qualidades morais humanas.

Assim, para se ser Muçulmano, dever-se-ão não só praticar os pilares do Islam, como também possuir os mais altos atributos que fazem um bom ser humano. Só assim o edifício se completa e é belo.

9. Qual o objetivo do culto no Islam?

O objetivo do culto no Islam é estar consciente de Deus.
Deste modo o culto, seja em forma de oração, jejum ou caridade, é uma maneira de se ter sempre consciência de Deus, para que, quando esta é atingida, a pessoa encontra-se numa posição mais vantajosa para a obtenção dos favores d'Ele, neste mundo e no Outro.

10. Os Muçulmanos acreditam na outra Vida?

Deus é Justo e manifesta a Sua justiça, tendo sido Ele quem estabeleceu o sistema de responsabilidade. Os que praticam o bem são recompensados e os que praticam o mal são punidos de acordo. Criou o Céu e o Inferno, para os quais existem critérios de admissão. Os Muçulmanos acreditam que a vida presente é temporária. É um teste que, caso o passemos, ser-nos-á dada uma vida de felicidade permanente e na companhia de boa gente, no Céu.

11. As boas ações dos não-crentes são irrelevantes?

Não, o Alcorão afirma categoricamente que "Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á. E quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á". (Alcorão, 99:7-Cool. Isto significa que os que não crêem, se tiverem praticado o bem, serão neste mundo recompensados pelas suas boa ações. Por outro lado, os que fazem o bem, se forem Muçulmanos, serão recompensados não só neste mundo como no Outro. Contudo, o Juízo final só a Deus pertence. (Alcorão, 2:62)

12. Qual a etiqueta de vestuário dos Muçulmanos?

O Islam dá ênfase à modéstia. Ninguém deverá ser visto como um objeto sexual. Existem linhas mestras a observar para os homens e para as mulheres, para que o seu vestuário não seja nem demasiado fino, nem demasiado justo para não revelar os contornos do corpo. Os homens devem pelo menos cobrir a área entre os joelhos e o umbigo, e as mulheres devem envergar vestuário que cubra tudo, menos as mãos e o rosto.

13. Quais as proibições do Islam relativamente à alimentação?

Aos Muçulmanos é dito, no Alcorão, que não comam porco ou derivados desse animal, carne de animais que tenham morrido antes de irem para o matadouro, ou de animais carnívoros (por estes comerem animais mortos), não bebam sangue nem bebidas intoxicantes como álcool, nem usem drogas ilícitas.

14. O que é a Jihad?

A palavra "Jihad" significa esforço, ou mais especificamente, esforçar-se pela causa de Deus. Todo e qualquer esforço no dia-a-dia pela causa de Deus pode ser considerada Jihad. Um dos níveis mais elevados da Jihad consiste em insurgir-se contra um tirano e proferir a palavra da verdade. O controlo de si próprio é igualmente uma grande Jihad. Uma das formas de Jihad é levantar armas em defesa do Islam ou de um país Muçulmano, quando o Islam é atacado. Este tipo de Jihad tem de ser declarado pela hierarquia religiosa ou governamental que segue o Alcorão e a Sunnah.

15. Como é o Ano Islâmico?

O Ano Islâmico principiou-se com a migração (Hijra = Hégira) do Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele) de Meca para Medina, no ano 622 d.C. É um ano lunar de 354 dias. O seu primeiro mês é designado por Muhar-ram. O ano 2007 d.C. (Era Cristã) equivale ao ano Islâmico 1428 d.H. (Era Hegiriana).

16. Quais são as principais festividades Islâmicas?

No islam só tem duas Festas:

Eid-ul-Fitr, que marca o fim do jejum durante o mês do Ramadan e é celebrado com orações públicas, festejos e troca de presentes.

Eid-ul-Adha, que marca o fim da Hajj ou Peregrinação anual a Mecca. Após as orações públicas, aqueles que podem sacrificam um cabrito ou cabra para simbolizar o significado da obediência do Profeta Abraão a Deus, mostrada pela sua prontidão em sacrificar o seu filho Ismael.

17. O que é a Shari'a?

A Shari'a é o nome dado ao conjunto das leis Muçulmanas, originado de duas fontes: o Alcorão e a Sunnah ou tradições do Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele). Cobre todos os aspectos da vida diária individual e coletiva. O objetivo das leis Islâmicas é a projeção dos direitos humanos básicos de cada indivíduo, como o direito à vida, propriedade, liberdade política e religiosa e a salvaguarda dos direitos das mulheres e das minorias. O baixo índice criminal das sociedades Muçulmanas deve-se à aplicação das leis Islâmicas.

18. Foi o Islam difundido 'pela espada'?

Segundo o Sagrado Alcorão, "Não há imposição quanto a religião" (2:256); como tal, ninguém poderá ser forçado a tornar-se Muçulmano. Embora seja verdade que em muitos locais onde os exércitos Muçulmanos libertaram pessoas ou terras, a espada foi usada por ser a arma utilizada na época; todavia, o Islam não se difundiu por meio da espada, como atesta o fato de em muitos locais onde hoje existem Muçulmanos, no Extremo Oriente, Indonésia, China, e muitas zonas de África, não subsistirem quaisquer registros da presença de exércitos Muçulmanos. Afirmar que o Islam foi espalhado pela espada equivale a dizer que o Cristianismo foi difundido com o auxílio de armas, F-16s e bombas atômicas, etc., o que não corresponde de todo à verdade. O Cristianismo foi difundido pelas obras missionárias dos Cristãos. Dez por cento de todos os Árabes são Cristãos. A "Espada do Islam" não foi bem sucedida na conversão das minorias não-Muçulmanas nos países Muçulmanos. Na Índia, onde os Muçulmanos governaram durante 700 anos, são eles próprios uma minoria. Nos EUA, o Islam é hoje a religião de crescimento mais rápido, com mais de 8 milhões de seguidores sem qualquer espada. Em França, o Islam é hoje a segunda religião, com mais de 5 milhões de seguidores sem qualquer espada. Em Portugal, onde os Muçulmanos governaram durante 700 anos, são eles próprios uma minoria. No entanto, atualmente, muitas vezes há conversões ao Islam, na Mesquita da Liga da Juventude Islâmica do Brasil, sem qualquer espada.

19. O Islam promove a violência e o terrorismo?

Não, o Islam é uma religião de paz e submissão que dá ênfase à santidade da vida humana. Um versículo do Alcorão refere [Capítulo 5, versículo 32] que, "quem salve uma vida, é como se tivesse salvo toda a humanidade, e quem matar outra pessoa (exceto em caso de assassínio ou malevolência na terra), é como se tivesse morto toda a humanidade."
O Islam condena toda e qualquer violência, como a que ocorreu quando das Cruzadas, em Espanha, na Segunda Guerra Mundial, ou devido a pessoas como o Rev. Jim Jones, David Koresh, Dr. Baruch Goldstein, ou ainda as atrocidades cometidas na Bósnia pelos Sérvios Cristãos. Quem cometa atos de violência não está decerto a praticar a sua religião.
Contudo, por vezes a resistência(chamada de violência ou terroristas pelos ocidentes) é a resposta humana à opressão de um povo, como acontece na Palestina e no Iraque. Eles encaram-na como uma forma de chamar a atenção para o seu problema.
Existe muito terrorismo e muita violência em áreas fora da presença Muçulmana. Por exemplo, na Irlanda, na África do Sul, na América Latina e no Sri Lanka.
Por vezes a violência deve-se a um conflito entre aqueles que têm e aqueles que não têm, ou entre os oprimidos e os opressores. Precisamos descobrir porque é que as pessoas se transformam em terroristas.
Infelizmente, os Palestinos que cometem atos de resistência são apontados como terroristas, mas não os colonos Judeus armados, quando fazem massacre, até aos seus. Como veio a ser o caso no atentado de Oklahoma City, por vezes os Muçulmanos são prematuramente culpados, mesmo que o terrorismo seja cometido por não-Muçulmanos. Por vezes aqueles que desejam a Paz e aqueles que a ela se opõem podem ser da mesma religião.

20. O que é o "Fundamentalismo Islâmico"?

O conceito do "Fundamentalismo" não existe no Islam. A mídia ocidental forjaou este termo para designar os Muçulmanos que desejam regressar aos princípios básicos fundamentais do Islam, e que moldam as suas vidas de acordo com isso. O Islam é uma religião de moderação e um Muçulmano praticante e temente a Deus não pode ser nem um fanático, nem um extremista.

21. O Islam promove a poligamia?

Não, a poligamia no Islam é uma permissão, não uma injunção. Historicamente, todos os Profetas à exceção de Jesus, que não era casado, tinham mais de uma esposa. O fato de os homens Muçulmanos terem mais de uma esposa deriva da permissão que lhes é concedida no Alcorão, não para satisfação da luxúria, mas para o bem-estar das viúvas e dos órfãos da guerra. No período pré-Islâmico, os homens tinham habitualmente muitas esposas. Um tinha 11 esposas e quando se tornou Muçulmano, perguntou ao Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele): "Que deverei fazer com tantas mulheres?" e ele respondeu: "Divorcia-te de todas, exceto quatro. O Alcorão afirma: "podes desposar 2 ou 3, ou até 4 mulheres, desde que sejas igualmente justo com cada uma delas" (4:3). Dado que é dificílimo ser eqüitativamente justo para com todas as esposas, na prática, a maioria dos homens Muçulmanos não têm mais de uma mulher. O próprio Profeta Muhammad (Paz esteja com ele), entre os 24 e os 50 anos de idade, foi casado com uma só mulher, Khadija. Na sociedade Ocidental, a maioria dos homens com uma só esposa têm relações extraconjugais. Como tal, foi publicada uma sondagem na "U.S.A. Today" (4 de Abril de 1988, Seção D) que questionava 4.700 amantes acerca do estatuto que desejavam. Disseram "preferir ser uma segunda mulher a ser a 'outra', por não terem direitos legais, nem a igualdade financeira das esposas legalmente casadas, como se estivessem apenas a ser usadas por estes homens.".

22. O Islam oprime as mulheres?

Não. Muito pelo contrário, o Islam elevou o estatuto das mulheres há 1400 anos, ao permitir-lhes o direito ao divórcio, à independência e apoios financeiros, e a serem identificadas como mulheres dignas (Hijab), quando no resto do mundo, incluindo a Europa, as mulheres não gozavam de nenhum destes direitos. As mulheres são iguais aos homens em todos os atos pios (Alcorão 33:32).
O Islam permite à mulher manter o nome de solteira depois do casamento, manter o dinheiro que ganha e gastá-lo a seu bel-prazer, e pedir a homens que a protejam de ser molestada na rua. O Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele) disse aos homens Muçulmanos: "O melhor de entre vós é aquele que é melhor para a sua família". Não é o Islam, mas sim alguns homens Muçulmanos que presentemente oprimem as mulheres. Isto deve-se aos seus hábitos culturais ou à sua ignorância sobre a religião que praticam.
A mutilação genital feminina é um costume Africano pré-Islâmico, praticado por não-Muçulmanos, como os Cristãos Coptas.

23. O Islam é intolerante para com as outras minorias religiosas?

O Islam reconhece os direitos da minoria. Para assegurar o seu bem-estar e a sua segurança, os governantes Muçulmanos impuseram-lhe um imposto (Jezia).
O Profeta Muhammad (a Paz esteja com ele) proibiu os exércitos Muçulmanos de destruírem tanto Igrejas, como Sinagogas.
Os Judeus foram bem-vindos e floresceram na Espanha Islâmica, mesmo quando eram perseguidos no resto da Europa. Eles consideram essa parte da sua história como a Era de Ouro. Nos países Muçulmanos, os Cristãos vivem prosperamente, detêm cargos governamentais e vão à sua Igreja. Aos missionários Cristãos é permitido que estabeleçam e coloquem em funcionamento as suas escolas e hospitais. Todavia, esta mesma tolerância religiosa nem sempre está disponível para as minorias Muçulmanas, como se pode ver no passado, durante a Inquisição Espanhola e as cruzadas, e na atualidade, na Bósnia, em Israel e na Índia.
Os Muçulmanos reconhecem que, por vezes, as ações de um governante não espelham os ensinamentos da sua religião.

24. Qual a opinião Islâmica sobre:

O namoro, casamento temporário (mutaa - o casamento do prazer) e o sexo antes do casamento:

O Islam não aprova as relações íntimas entre os sexos, e proíbe sexo antes do casamento, bem como sexo extraconjugal. O Islam encoraja o casamento como um escudo para tais tentações e como uma forma de obter amor, compaixão e paz mútua.

A interrupção voluntária da gravidez:

O Islam encara o aborto como assassínio e não o permite, salvo para salvar a vida da mãe (Alcorão 17:23-31, 6:15 1).

A homossexualidade e a Sida:

O Islam opõe-se categoricamente à homossexualidade e considera-a um pecado. Não obstante, os médicos Muçulmanos são aconselhados a tratar os seus pacientes com Sida exatamente como tratariam os outros.

A eutanásia e o suicídio:

O Islam é contra o suicídio e a eutanásia. Os Muçulmanos não acreditam em medidas heróicas para prolongar a agonia de um doente terminal.

O transplante de órgãos:

O Islam dá ênfase à salvação de vidas (Alcorão 5:32); assim, os transplantes em geral são permitidos, desde que haja consentimento do doador. A venda do órgão não é permitida.

25. Como deverão os Muçulmanos tratar os Judeus e os Cristãos?

O Alcorão chama-lhes "O povo do Livro", aqueles que receberam as escrituras Divinas antes de Muhammad(a Paz esteja com ele). É dito aos Muçulmanos que os tratem com respeito e justeza, e que não entrem em conflito com eles, salvo se estes iniciarem as hostilidades ou ridicularizarem a sua fé. A esperança ulterior dos Muçulmanos é que todos se unam na adoração ao Deus único e se submetam à Sua Vontade.

- "Deixemos que a divisa do diálogo civilizacional seja o vers. 83 do Cap. 2 do Alcorão que diz: "Falai com brandura a todas as pessoas", e deixemos que a finalidade do diálogo seja a de adquirir a liberdade tão vasta como o universo. "Cheguemos a termos comum entre nós e vós: que não adoraremos ninguém senão Deus; que não Lhe associemos nenhum parceiro; e que não aceitemos outros por senhores além de Deus: e se depois eles se afastarem, dize-lhes: 'sede testemunhas que nós (pelo menos) submetemo-nos à Vontade de Deus'." (Cap. 3, vers. 64)".

26. Como Alguém se torna Muçulmano?

Simplesmente dizendo "Não há outro deus senão Allah e Muhammad é o Mensageiro de Deus", em árabe, "la ilaha illa Allah Muhammad rassul Allah". Com esta declaração, o crente anuncia sua crença em Deus, em todos os Seus mensageiros e nos livros que eles trouxeram, nos anjos, no Dia do Juízo Final e na Predestinação.

Em resumo, isto é ser muçulmano. Portanto, ao se defrontar com vizinhos, estudantes, empregados, operários, amigos muçulmanos não os veja como alienígenas, ou terroristas, ou fanáticos. Somos pessoas comuns que praticamos nossa religião em toda sua essência e apenas queremos ser respeitados por nossas convicções religiosas. E o respeito por nossa religião passa pela permissão de orar nos horários estabelecidos, pela forma de vestir, de jejuar e interagir socialmente de acordo com nossa crença.
_________________
Humam al-Hamzah
Oriente Médio Vivo
www.orientemediovivo.com.br

Fora Yeda-Porto Alegre...

Nós do 17º núcleo do CPERS-sindicato, de Bagé e região,juntamente com representande de outros tantos movimentos sociais estivemos em Porto Alegre participando do Ato-show pelo impedimento da governadora e da quadrilha que se instalou no piratini.Foram muitos onibus do interior do estado.No video abaixo temos uma mostra da importancia do ato...

Mercedez Sosa ficará para sempre....



LA NEGRA MERCEDES

Descansou no dia quatro de outubro para nossa tristeza, Mercedes Sosa, uma mulher símbolo  da América Latina, símbolo da resistência, de luta, de expressão, do amor ao próximo. Uma mulher  que emprestou sua voz  ao índio dizimado, ao negro explorado, a mulher submissa, ao estudante rebelde e a todos que lutaram por uma América latina livre e soberana, sem ditaduras, torturas, mortes, sem submissão ao imperialismo .
Mercedes foi presa junto de seu público enquanto fazia um show, banida da Argentina onde só pode voltar depois de estabelecida a democracia, sentiu o peso da tirania e da pressão dos ditadores que assolaram nossa América no século passado.
Colocou sua voz na defesa dos oprimidos, quando cantava  La voz de la zafra, quando afirmava que  Yo no canto por cantar, quando cantava para ti  Mujeres argentinas,  Traigo un pueblo en mi voz, quando se doava Vengo a ofrecer mi corazón e nós aceitávamos com muito orgulho,quando banida ecoava seu grito En vivo en Europa,  Escondido en mi país, quando retornou  com seu Corazón Libre, e pedia a Deus que a dor não te fosse indiferente, e que a única maneira de ser feliz é Honrar la vida.
A dor não te foi indiferente, deixaste tua vida gravada na memória latina, morreu lutando e cantando a dor dos teus irmãos argentinos, bolivianos, peruanos, etc. Fica o exemplo e a obrigação para nós historiadores, professores, alunos e cidadãos latino americano de lembrar sempre esta mulher mestiça que se fez exemplo para o mundo todo. Dorme negrita.

ROBSON LEMES

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Raul Seixas

Duas palavras bastam para definí-lo: Incomparável e genial.

senha/password: lagrimapsicodelica


1968 - Rauzito E Os Panteras: Download
1971 - Sessão das Dez: Download
1973 - Krig-Há, Bandolo!: Download
1973 - Os 24 Maiores Sucessos Da Era Do Rock: Download
1974 – Gitá: Download
1975 - Novo Aeon: Download
1976 - Há 10 Mil Anos Atrás: Download
1977 - Raul Rock Seixas: Download
1978 - Mata Virgem: Download
1978 - O Dia Em Que A Terra Parou: Download
1979 - Por Quem Os Sinos Dobram: Download
1980 - Abre-te Sésamo: Download
1983 - Raul Seixas: Download
1983 - Segredo Do Universo: Download
1984 - Metrô Linha 743: Download
1985 - Let Me Sing My Rock N' Roll: Download
1986 - Raul Rock Seixas 2: Download
1987 - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Beín-Bum: Download
1988 - A Pedra Do Gênesis: Download
1989 - A Panela Do Diabo: Download
1992 - O Baú Do Raul: Download
1995 - Se O Rádio Não Toca: Download
1998 – Documento: Download

UDR derrotada no Congresso....

Ruralistas são derrotados e CPI do MST vai para o arquivo

A bancada ruralista no Congresso bem que tentou, mas acabou sendo derrotada na intenção de criar uma CPI mista para investigar o repasse de recursos do governo federal ao MST. A retirada das 42 assinaturas de deputados do pedido de instalação da comissão foi o golpe fatal. Eles precisavam do apoio de 171 parlamentares na Câmara, mas no final acabaram obtendo 168. No Senado, onde necessitavam de no mínimo 27, mantiveram as 36 assinaturas.

Os ruralistas ainda conseguiram na quarta (30) que o requerimento criando a CPI fosse lido na sessão do Congresso, principal exigência para que as lideranças partidárias indicasse os nomes. No entanto, parlamentares da base governista usaram o tempo regimental para retirarem as assinaturas que faltavam para derrubar a proposta.

Eles queriam investigar as denúncias publicadas pela revista Veja e o jornal O Estado de S.Paulo nas quais o MST é acusado de usar os repasses feitos pelo governo à ONGS para financiar invasões de prédios.

Com a derrota, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos entusiasta da CPI, acusou o governo de usar a liberação de emendas parlamentares para forçar a retiradas das assinaturas.

“Isso não aconteceu. Fui eu que coordenei e articulei a retirada das assinaturas. Não houve nenhuma exigência”, disse ao Vermelho o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), presidente da Frente Parlamentar da Terra.

Matérias requentadas

Dr. Rosinha explicou aos colegas de parlamento que todo o material usado para o pedido de CPI era requentado. Foi o mesmo conteúdo, segundo ele, de quatro anos atrás quando a bancada ruralista aprovou um relatório na CPI da Terra dizendo que o movimento praticava atos terroristas.

“Eles foram enviados (casos) novamente à revista Veja e ao Estadão que publicaram como se fossem novo. Foram requentados. Eu fiz uma demonstração disso e mostrei que não havia novidade”, disse o parlamentar. O deputado lembrou também que não havia objeto a ser investigado. “Eles não especificaram nenhum caso no requerimento, apenas citam as reportagens.”

Sobre a intenção da oposição de reapresentar o pedido de CPI, Dr. Rosinha foi taxativo: “Isso é de quem não quer trabalhar (...) É uma demonstração nítida de quem se move pelo ódio e não pelo trabalho. Ódio porque eles odeiam o MST e os movimentos sociais e fazem tudo para incriminá-los.”

Na opinião dele, os ruralistas foram derrotados porque os dados do IBGE demonstram que a agricultura familiar e os assentamentos no Brasil dão certo. “Eles estão ressentidos com os dados do IBGE que mostram que eles geram renda, mas não dividem e não colocam comida na mesa do brasileiro”, diz.

Chamou os ruralistas de mentirosos. “Se eles realmente produzem o que falam que produzem porque não pode haver um novo índice de produtividade. São ressentidos políticos que deveriam respeitar a decisão. Eu não tenho que a cada 15 dias insistir numa posição na qual fui derrotado. Eu acho uma barbaridade”, argumentou.

Brasília,
Iram Alfaia - blog do vermelho

O homem que plantava árvores - 1987



SINOPSE

O filme, baseado num belíssimo conto do francês Jean Giono, de 1953, foi realizado por Frédéric Back, considerado por muitos um gênio da arte e da animação. Conta a estória de Elzeard Bouffier, um pastor de ovelhas que durante anos cultivou uma floresta esplendorosa numa área desértica da França. O conto é narrado por um jovem viajante (o esplêndido Philippe Noiret, no áudio francês), que um dia encontra este homem nas suas viagens e acompanha a mudança na paisagem no decorrer dos anos. A beleza calma da paisagem contrasta com a fúria das duas Grandes Guerras que o narrador assiste e o feito notável do pastor oferece um olhar do poder inspirador da natureza e da esperança, que podem emergir no mais improvável dos lugares.

DADOS DO ARQUIVO
Formato: RMVB
Áudio: Francês / Inglês
Legendas: Português/BR
Duração: 30 min
Tamanho: 405 MB
Partes: 3
Servidor: Rapidshare

LINKS
Parte 1
Parte 2
Parte 3

Créditos: Jack Frost - Laranja Psicodelica

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Desconstruir o falso para construir o novo






Milton Temer

Milton Temer
Milton Temer
A despeito da incontestável hegemonia de uma espécie de restauração neoliberal da vida pública - marcada essencialmente pela imposição da falsa dicotomia entre a velha e a nova direita nas eleições presidenciais de 2010 -, há um clima crescente de intensa reflexão na esquerda revolucionária brasileira. Está em pauta a busca das mais eficazes alternativas ao imbróglio em que se viu mergulhada a partir da extinção do chamado "socialismo real" no leste Europeu. Aquilo que lá existia atendias às exigências, como modelo, de muito poucos. Mas constituía, para os minimamente informados sobre a realidade da distribuição de forças entre as potências mundiais, um contraponto importante à permanente ameça belicosa do imperialismo ocidental. E, bem ou mal, estabelecia pontos de referência marcantes em nosso debate interno.

Não são fáceis os obstáculos a superar, no Brasil de hoje, para que se retome um clima de contestação transformadora presente, por exemplo, na quase totalidade da década de 80, com mergulhos na de 90.

A nova direita, ora ocupando o Planalto, e compondo as mais esdrúxulas alianças parlamentares, demonstra sua competência de servir às classes dominantes; de colocar o aparelho do Estado a seu inteiro dispor, através de uma desavergonhada política macroeconômica. Mas produz movimentos contraditórios, supostamente voltados ao atendimento de demandas dos que, naturalmente, se opõem à ordem vigente. Movimentos que não abalam em nada os interesses essenciais dos de cima, mas que exercem especial poder de imobilização sobre os que mais necessitam se opor a tal ordem. Aos que deveriam compor, por militância ativa, ou mesmo por simples apoio simpatizante, o campo da insurgência. Movimentos, enfim, que introduzem o falso conceito de estar nessa nova direita - na prática, agente mais eficaz na gestão executiva dos propósitos das classes dominantes do que a velha direita truculenta - o limite de ação de uma "esquerda possível" , considerando os marcos da fase atual da globalização capitalista.

Para além das políticas assistenciais imediatistas, estabelecidas desde o primeiro mandato, o comportamento recente da sua diplomacia em relação ao golpe em Honduras é um exemplo incontestável.

Inscreveu-se no protesto internacional unânime - inclusive do Império, que mudou métodos para preservar a estratégia de sempre -, manifestando apoio incondicional ao retorno de Zelaya à presidência da República. Foi mais longe, na simbologia: deu-lhe abrigo na própria embaixada em Tegucigalpa. Algum problema para os grandes banqueiros ou para o agronegócio, setores hegemônicos do grande capital, que dão total sustentação à nova direita? Nenhum. Mas imenso problema para os porta-vozes da velha direita truculenta que mal disfarçam sua simpatia pelo golpe inaceitável para todos; da ONU à desacreditada OEA; de Obama a Chavez. A despeito de tal unanimidade há sempre uma página ou coluna do Globo para tentar dar nó em pingo d'água, ao buscar fundamentos jurídicos para provar que golpe não houve.

A esquerda combativa, por causa disso, deixa de apoiar a iniciativa do governo da nova direita? Nem pensar. Deve aliar-se incondicionalmente aos segmentos hondurenhos, e a seus aliados internacionais, no apoio à luta pela imediata recondução de Zelaya à presidência do país. Deve aplaudir quando o chefe da nova direita, do púlpito da Assembléia Geral da ONU, dá prioridade a esse tema, mesmo que o discurso irrite os verdes e sua candidata no pleito de 2010, que assim como seu principal porta-voz no Congresso, não vê outro tema essencial para o combate à barbarie do que os exclusivamente vinculados à busca de soluções técnicas para a preservação ambiental.

Evidentemente existem razões ideológicas consolidadas para essa aversão a Zelaya. Porque foi das forças progressistas da América Latina que partiu o apoio material inicial a Zelaya. Tais forças - Chavez à frente - jogaram na contradição gerada a partir da introdução dos novos métodos de intervenção externa na Casa Branca para entrar decisivamente no embate. Afinal, não é invocando "valores democráticos" burgueses que o Império veta o retorno de Cuba à OEA?

A velha e truculenta direita; a que contesta a nova direita não por razões programáticas, mas para lhe disputar o controle sobre o Tesouro e os cargos diretivos no aparelho do Estado e nas poderosíssimas empresas sobre controle estatal; essa entre em desespero. Insiste em justificar o afastamento do presidente Zelaya, por ter cometido o "crime" de propor uma consulta popular sobre alterações na Constituição. A mesma velha direita que não viu nada demais na manobra bastarda, cheia de indícios sobre compra de votos no Congresso, do governo Fernando Henrique Cardoso, quando propôs a emenda permitindo sua reeleição. Mudança constitucional inimaginável, quando se considera que a própria ditadura resultante do golpe de 64 nunca descuidou de trocar de generais a cada quatro anos.

Nesse contexto cheio de jaça, até os menos dotados são capazes de gerar um repente: É tudo na mesma medida/ Aqui mais verde, ali mais poluído./ Mas, no fundo, tudo no mesmo sentido:/ defender o capital apodrecido.

Fica, então, a equação que a esquerda brasileira precisa elucidar muito rapidamente. Qual é a prioridade? Concentrar esforços na elaboração de um desenho definitivo da utopia; do que entendemos como modelo socialista, independentemente do determinismo aí embutido? Ou concentrar esforços na elaboração de ações táticas que desconstruam a ordem vigente e sua falsa dicotomia?

A resposta pode estar na afirmativa simultânea. Temos que ser capazes de encaminhar as duas vertentes ao mesmo tempo, dentro do que Marx preconiza na abertura do seu 'O XVIII Brumario de Luis Bonaparte': "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".

Traduzir essa importante formulação para a realidade brasileira significa o quê? Significa examinar a conjuntura e eleger os espaços onde, de forma mais eficiente, os partidos da esquerda socialista, os movimentos sociais combativos e a cidadania indignada, mas fragmentada, se vejam atraídos a uma convergência de ações contra a ordem vigente. Ou seja; dentro do que a ordem vigente pauta, encontrar os espaços e instrumentos para desconstruí-la, através do aprofundamento de suas contradições internas.

É o que se apresenta com o processo eleitoral de 2010. Salvo por um excepcional raio em céu azul, não há perspectivas perceptíveis de um ascenso das lutas sociais no futuro imediato. As greves que não cessam de ocorrer nas mais diversas categorias e Estados da União não são suficientemente amplas para apontarem algum clima de insurgência real no horizonte do curto prazo. Não se expandem para além do cenário dos interessados diretos. Mas o processo eleitoral abre espaços para que os partidos onde tais movimentos depositam mais, ou menos, representatividade possam servir de pólos aglutinadores em torno de temas concretos, do interesse desses movimentos e do conjunto do povo trabalhador.

A campanha presidencial, em particular, é um terreno de amplíssimas possibilidades, e isto foi bem demonstrado pelo que realizou a senadora Heloisa Helena, em 2006, na condução da Frente de Esquerda - PsoL, PSTU e PCB.

Foi a partir de sua intervenção no primeiro turno que o então já quase falecido tema da privatização da Vale do Rio Doce se transformou em tema decisivo do embate entre Lula e Alkmin, no segundo.

Uma campanha de esquerda, combativa, mas com pé no chão; sem se perder no doutrinarismo puramente propagandístico, compatibilizando os movimentos táticos ao objetivo estratégico da desconstrução dessa ordem predatória e anti-humana, pode resultar em algumas conquistas.

Pode nos garantir, por exemplo, a ocupação dos espaços parlamentares essenciais para que a direita não navegue em céu de brigadeiro na legalização de sua perversa e criminosa forma de relação com o mundo do trabalho, no campo e na cidade.

Pode, através de campanhas que se pautem, de pronto, numa batalha por uma reforma tributária que inverta a lógica atual. Impondo a taxação da renda e propriedade, por conta da redução de cobrança na produção e no consumo, a esquerda estará defendendo interesses de uma imensa parte dos que vivem do trabalho autônomo, dos pequenos e médios produtores e comerciantes. E estará atacando, na essência, os interesses do agronegócio exportador de matéria prima e eliminador de condições e postos de trabalho nas áreas rurais. Estará atacando, na essência, os interesses dos grandes rentistas - os grandes bancos, em particular -, hoje privilegiados por inaceitáveis isenções e anistia para suas manobras de sonegação. Mas estará defendendo, por exemplo, os interesses até dos que recebem bolsa-família, cuja tributação através de impostos indiretos chega a 50% do que recebem.

Na campanha essencial para explicar a reforma tributária que realmente interessa ao mundo do trabalho, a esquerda pode vincular a mudança do eixo na obtenção de receita com a mudança do eixo na distribuição dos recursos públicos. Pode sufocar o ensino e a saúde privados, não pela forma aterrorizante e pouco eficaz da pura estatização do setor privado. Pode fazê-lo pela efetiva melhoria qualitativa da área pública, por salários e melhores condições de trabalho aos profissionais do setor, se sobrepondo à lógica perversa e predatória da área privada, concentrada na maior e mais rápida obtenção de lucros, através da transformação de saúde e educação em mercadorias.

A campanha presidencial pode também despertar consciência quanto à política de juros e serviços da dívida pública, hoje alcançando a gigantesca cifra de R$ 1,3 trilhões, dobro da herdada do mandarinato FHC. Despertar de consciência, por exemplo, para a separação do joio do trigo. O que desta dívida pública está em mãos do cidadão que coloca a sobra do salário - quando isso é possível - num fundo de investimentos, e o que está em mãos dos grandes especuladores do famigerado "mercado"? Para isso, uma forte bancada parlamentar é instrumento essencial no estabelecimento de uma auditoria, cujo primeiro passo pode estar na campanha pela CPI já instalada na Câmara, por iniciativa exatamente da bancada federal do PsoL.

E tal bancada não se constrói apenas por uma campanha propagandística focada na educação dos iniciados para a idéia de que tudo só se resolve a partir da implantação do socialismo. Tese, aliás, que faria com que Marx, Engels, Lenin e Gramsci saltassem de seus repousos eternos para protestar.

A partir de tal auditoria, um governo comprometido com as transformações qualitativas que a realidade nos exige, pode estabelecer políticas discriminatórias sobre o cumprimento de compromissos.

A campanha pode ser também o atalho para algo fundamental, ainda nesse terreno do sistema financeiro. Pode abrir a discussão sobre a eficácia do combate pela extinção do sistema privado, não pela visão puramente estatista, e que se revelou ineficaz em exemplos históricos anteriores - no Portugal da Revolução dos Cravos, e na França da "Union de la Gauche", do primeiro governo Mitterrand, apenas para citar dois casos -. Mas, pela utilização dos bancos públicos como instrumento de emulação econômica voltada para um modelo distributivo e não de competição em eficiência lucrativa, como até agora têm sido utilizados. Jogando-os na batalha, com recursos do Tesouro que lhes dêem condição de quebrar o sistema privado na própria lógica do mercado.

A campanha de 2010 é, enfim, um instrumento essencial para que, como dissemos lá na abertura, na ausência de uma representação da esquerda combativa, a que não se rendeu nem se vendeu, não se permita que a falsa dicotomia demo-tucanos x lulismo termine por transformar, no inconsciente de muitos que simpatizam com a insurgência, a nova direita em "esquerda possível".

Milton Temer é jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos

Seráphine - 2008




SINOPSE


Narra a extraordinária vida da francesa Séraphine de Senlis, uma mulher nascida em 1864 que foi pastora e dona de casa antes de se transformar em pintora e submergir-se na loucura. Em 1914, Wilhelm Uhde, um famoso crítico, colecionador de arte e marchand alemão, aluga um apartamento na cidade de Senlis, quarenta quilômetros fora de Paris, com a intenção de escrever e descansar da vida agitada que levava na capital. A faxineira é uma mulher rústica na faixa dos quarenta anos e que é objeto de risada das demais. Um dia, Wilhelm, que tinha sido convidado por sua senhoria a ir em sua residência, nota uma pequena pintura em um canto da sala. Ele fica surpreso em saber que a artista não é outra senão Séraphine, a faxineira de seu apartamento.

DADOS DO ARQUIVO
Gênero: Drama
Origem/Ano: FRA/BEL - 2008
Formato: rmvb
Áudio: Inglês/Francês
Legendas: Português/BR (embutidas)
Duração: 120 min
Tamanho: 192 MB/200 MB
Servidor: Rapidshare (4 partes)

LINKS
Dvd 1
Parte 1
Parte 2

Dvd 2
Parte 1
Parte 2

Créditos: Bukowski - Laranja Psicodelica

Ato show do Fora Yeda reunirá grandes nomes da música gaúcha





Grandes nomes da música gaúcha estarão reunidos no domingo, dia 4 de outubro, durante ato show em Porto Alegre. Denominado Fora Yeda – Impeachment Já, o ato será realizado no Parque Marinha do Brasil, em frente ao Praia de Belas Shopping, a partir das 15 horas.

Entre os nomes que subirão ao palco estão Nei Lisboa, Leonardo, Sombrero Luminoso, Família Sarará, Nelson Coelho
de Castro, Pedro Munhoz, Nancy Araújo e Eduardo Solaris, Lolly Pop e Banda Mariposa.

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Pacto Germano-Soviético num debate polémico entre Historiadores


Annie Lacroix-Riz






No mais completo respeito pela tradição civilizacional judaico-cristã, de reescrever a história, as classes no poder têm recorrido à falsificação, rasura, emenda e truncagem de factos e documentos, na sua tentativa de reescrever à História.
Publicamos hoje um texto sobre o pacto germano-soviético da historiadora francesa Annie Lacroix-Riz, em resposta a um apelo de Bernard Fischer. (Odiario.info)


Annie Lacroix-Riz

RESPOSTA A BERNARD FISCHER SOBRE O PACTO GERMANO-SOVIÉTICO E QUESTÕES RELACIONADAS


Caro camarada,

O tambor do pacto germano-soviético começou a soar, depois do de Katyn, há alguns meses e em todas as ocasiões possíveis (não há falta de aniversários e de comemorações). Mme Marie Jégo, cujos dias e noites são assombrados pelos bolcheviques, quer estejam em actividade ou não, ainda ontem ironizava no Le Monde, a propósito de “Moscovo tentado a reabilitar o pacto”, rezando assim : “Assinado em 23 de Agosto de 1939 por Viatcheslav Molotov e Joachim von Ribbentrop, os ministros dos negócios estrangeiros da URSS e da Alemanha nazi, o pacto ”de não-agressão” depressa se tornou numa aliança entre Estaline e Hitler, prontos a desmembrar a Europa de leste e do norte, desde a Finlândia aos países bálticos, passando pela Polónia”. Este discurso tão categórico quanto errado está de acordo com a prosa que o Le Monde há muito oferece aos seus leitores; o seu dossier organizado para o quinquagésimo aniversário da morte de Estaline em Março de 2003 constituiu um dos topos dessa actividade notável do “diário de referência”. Mas não basta que uma funcionária do “diário dos assuntos Vedomosti, a jornalista Andreï Kolesnikov” se entregue ao género psico-trágico (“O cocktail Molotov-Ribbentrop é de detonação lenta. Explode na cabeça das pessoas. Mutila a consciência da nação russa”) para transformar uma jornalista anti-soviética numa historiadora a sério.

Em ‘Le Choix de la défaite : les élites françaises dans les années 1930’, Paris, Armand Colin, 2006, 671 p., reeditado em 2007, e em ‘De Munich à Vichy, l'assassinat de la 3e République’, 1938-1940, Paris, Armand Colin, 2008, 408 p., estudei pormenorizadamente as questões internacionais suscitadas pelo teu e-mail de hoje aquilo a que chamas “a questão das consequências reais [das] relações [germano-soviéticas] do ponto de vista de um determinado número de países europeus geograficamente intermédios como, por exemplo, a Finlândia, a Polónia e a Checoslováquia; é a famosa questão da assinatura dos acordos de Munique e da anexação da região dos sudetas pela Alemanha de Hitler. Na Polónia, há uma questão de verdade histórica importante no que se refere à questão dos massacres de Katyn. Na União Soviética, há a questão das relações entre Estaline e o estado-maior do exército vermelho, por exemplo, um tal Toukhatchevsky”, o qual foi incontestavelmente culpado de traição (ver o índice, e quanto à questão de Toukhatchevski stricto sensu, ‘Le choix de la défaite’, p. 393-399).

Quanto a Katyn, será de ler com proveito a interpretação do meu colega britânico Geoffrey Roberts, em ‘Stalin's Wars: From World War to Cold War’, 1939-1953, New Haven & London : Yale University Press, 2006. Infelizmente, esta obra excelente, tal como todas as que redigiu antes (‘The unholy alliance: Stalin's pact with Hitler’, Londres, Tauris, 1989, e ‘The Soviet Union and the origins of the Second World War. Russo-German relations and the road to war’, 1933-1941, New York, Saint Martin's Press, 1995), não está traduzida em francês, enquanto que todos os livros que arrasam Estaline (desde o seu nascimento até à sua morte) e a sua comitiva foram traduzidos logo no ano seguinte à sua publicação, nomeadamente os disparates horríveis do publicista Simon Sebag Montefiore sobre ‘La cour du tsar rouge ou Le jeune Staline’). Podemos encontrar uma certa repetição na longa re-análise, “Geoffrey Roberts, ‘Stalin's Wars: From World War to Cold War, 1939-1953: un événement éditorial’”, que coloquei no meu site (www.historiographie.info) em 2007, aqui anexa, “Geoffrey Roberts, ‘Stalin's Wars, From World War to Cold War, 1939-1953: un événement éditorial’”.

Também encontrarás no meu artigo “Le PCF entre assaut et mea culpa: juin 1940 et la résistance communiste” (www.historiographie.info) igualmente anexo ao meu e-mail, elementos de resposta à polémica tão infindável como infundada sobre o pacto germano-soviético e as suas consequências sobre o movimento operário internacional, neste caso francês. Este artigo pretendia demonstrar a desonestidade duma operação mediática inimiga destinada a uma enorme confusão, o livro, lamentável pela ausência de informação e de documentação original, de Jean-Pierre Besse et Claude Pennetier: ‘Juin 40, La négociation secrète. Les communistes français et les autorités allemandes’. Venerado pelo Le Monde e pelo Libération (entre outros), alcançou logicamente grande crédito junto do PCF, habituado desde que conquistou a respeitabilidade de membro da “esquerda europeia” (e renunciou ao mesmo tempo à sua identidade comunista) a atirar a culpa para cima do seu muito honroso passado. De Munique a Vichy, fortemente consagrado às questões internas (e em especial à repressão anticomunista), trata do aspecto “francês” do pacto germano-soviético durante o período que precede o do artigo.

Como ainda ontem recordei a um amigo belga que mo pediu a propósito do pacto germano-soviético, não sem antes evocar as “perversões” presumidas do estalinismo (termo intelectual minimal, na gama dos crimes e horrores estalinistas com que a população francesa, “europeia”, etc. é inundada quase quotidianamente), não pude publicar a crítica do importantíssimo livro de Roberts “nos presumíveis Cahiers d'histoire critique, herdeiros (devotados) dos Cahiers d'histoire de l'institut de recherches marxistes, que outrora acompanhei, com a desculpa de que a dita revista crítica não podia correr o risco de “cobrir” a minha indulgência para com os soviéticos: o que eu escrevi sobre a Polónia dos coronéis e o seu papel abominável no período entre-duas-guerras (‘Le choix de la défaite’ e ‘De Munich à Vichy’), o que Roberts, Carley e eu própria demonstramos quanto ao isolamento diplomático e militar da URSS na época da “guerra de inverno” dá toda uma luz diferente à alegada “matança” que a URSS deveria reconhecer e explicar, se é que a executou (conservo uma certa dúvida, dado, por um lado, a natureza da decisão e o seu carácter estritamente excepcional e, por outro lado, a ausência de qualquer informação de arquivo internacional sobre estes acontecimentos no início de 1940 – mas talvez tenha “falhado” os bons correios) ; tal como deveria reconhecer e explicar, pelo menos depois da guerra, o incontestável acordo secreto sobre a “partilha” germano-soviética de 1939 das zonas de influência, incluindo a Polónia)” (extracto de um correio de 29 de Agosto).

Também me referia acima à excelente obra do historiador americano-canadiano Michael Jabara Carley, ‘1939, the alliance that never was and the coming of World War 2’, Chicago, Ivan R. Dee, 1999, felizmente traduzida, ‘1939 : l'alliance de la dernière chance: une réinterprétation des origines de la Seconde Guerre mondiale’, Presses de l'Université de Montréal, 2001, ainda por cima disponível on-line. Carley detesta o comissário do Povo dos negócios estrangeiros Molotov, ao qual, segundo a moda da época, atribui todas as características do horrível estalinista acanhado; lamenta profundamente o seu predecessor Litvinov, que recebeu a paga a 3 de Maio de 1939 por causa do comportamento dos anglo-franceses assim como as suas próprias ilusões quanto a estes últimos; mas reconhece, tal como Roberts (e eu própria), a ausência de responsabilidade dos soviéticos no acontecimento de 23 de Agosto de 1939, e a estrita manutenção da linha externa soviética na era Molotov.

Soube ontem, depois de ter redigido a mensagem acima referida, que as autoridades russas acabavam de publicar uma série de documentos sobre a política externa polaca a partir de 1934. Julguei perceber que esses textos continham os acordos secretos entre Berlim e Varsóvia, na sequência da assinatura do “acordo amigável” germano-polaco de 26 de Janeiro de 1934 (firmado por dez anos). Irei lê-los com um prazer tanto maior quanto os arquivos franceses e alemães (em especial) dos anos 1933-1939 já me forneceram muitos pormenores. Recordemos que, ao lado de Pilsudski, o funcionário polaco das decisões, o coronel Beck era um conhecido assalariado de Berlim segundo os arquivos originais diplomáticos e militares franceses (o que também é claro nos alemães publicados), e que assim se manteve mesmo depois da derrota ignominiosa da Polónia (tão ignominiosa como o desastre francês). Pilsudski nomeara-o chefe da política externa polaca a partir do Outono de 1932, e Beck conquistou em Maio de 1935 a sucessão do seu benfeitor (já morto) na chefia da ditadura. Estes dois oficiais dum exército em ruínas desde a sua origem (ver o texto de arquivos anexos, “L'Armée polonaise au début des années vingt”) eram apenas os mandatários dos privilegiados polacos, como “o príncipe Janusch Radziwill, um dos latifundiários mais importantes não apenas da Polónia, mas de toda a Europa”: unido não só aos Junkers alemães como aos grandes siderúrgicos alemães, este nobre de nascimento alemão foi um dos principais inspiradores de uma política pro-alemã que significava a morte da Polónia enquanto Estado, e de uma ditadura perfeitamente adaptada, sobretudo depois do golpe de estado de Pilsudski de 1926, no “interesse dos grandes proprietários” (EMADB, renseignement militaire Depas 866, 17 de Junho 1935, 7 N 3024; “Principales personnalités que pourra rencontrer” le MAE (Laval, aquando da sua viagem a Varsóvia), nota anexa à carta 247 de Laroche à Laval, Varsóvia, 10 Abril 1935, URSS 1918-1940, 982, arquivos do MAE).

A Polónia do trio infernal Beck-Pilsudski-Radziwill passava por ser um pivot do “cordão sanitário” franco-inglês, o que lhe valera em 1920-1921 a atribuição, graças à ajuda militar francesa, via Weygand (e o seu adjunto de Gaulle), da Galícia oriental, apesar de prometida à Rússia pela “Linha [étnica] Curzon”. Passou a ser o caniche do Reich hitleriano a partir do acordo de 26 de Janeiro de 1934, sem abdicar das suas funções de cão de guarda do “cordão sanitário” útil para todos, incluindo os “Aliados” ocidentais ; mas não de garantia da submissão do povo polaco a uma das ditaduras (regime particularmente conveniente para a missão de “cordão sanitário”) das mais sangrentas no período entre-duas-guerras: na rica panóplia do leste da Europa francês, Varsóvia, quanto a esse respeito, disputava o primeiro lugar com Belgrado e Bucareste; sabe-se, de resto, a importância que, nessa altura tal como hoje, Paris, paladino dos “direitos do Homem” deu à “democracia burguesa” que reinava em Praga. No entanto, o rolo compressor da propaganda repetiu, a partir dos anos 90, que a Europa oriental, com a queda da URSS e a libertação consecutiva das nações escravas satélites, “reencontrara” a “democracia” que perdera “a partir de 1945” (1918-1939, um paraíso democrático; 1939-1945, o nirvana democrático).

Podemos encontrar nas duas obras acima referidas, a confirmação das minhas afirmações que podem parecer brutais e, em especial, informações documentadas sobre a participação directa dos coronéis polacos, com Beck em primeiro lugar, “abutres” ou “hienas”, segundo os amáveis qualificativos dos seus cúmplices alemães, franceses, ingleses, etc., na liquidação da Checoslováquia, na da Petite Entente (teoricamente) anti-alemã que agrupava a Checoslováquia, a Jugoslávia e a Roménia, e na perseguição dos judeus da Polónia. Juntarei factos precisos suplementares e apresentarei novas fontes na minha contribuição destinada ao colóquio internacional de Varsóvia previsto para meados de Outubro sobre a campanha da Polónia de 1939 (“La Pologne dans la stratégie politique et militaire de la France (octobre 1938-août 1939)”, colóquio em que também participará Geoffrey Roberts.

Que a política polaca foi conduzida numa cumplicidade total com o Reich hitleriano não atenua em nada, como demonstram as obras referidas, a esmagadora responsabilidade dos dirigentes económicos e políticos da França, ébrios de anti-sovietismo, tão lestos a baixarem-se diante da Alemanha como os seus homólogos polacos, e actores de primeiro plano desde 1938 quanto à perseguição dos judeus da Polónia refugiados em França (entre outros judeus estrangeiros), questão tratada em ‘De Munich à Vichy’. De notar que os dirigentes “republicanos” deram toda a liberdade aos fascistas italianos e aos nazis alemães para perseguirem os seus inimigos em território francês, respectivamente desde 1922-1923 e 1933 (ver ‘Le choix de la défaite’). Isto também se aplica, evidentemente, aos Apaziguadores de Londres e de Washington. A Polónia era uma pequena potência submetida às grandes potências imperialistas, incluindo a França na altura, e as responsabilidades que os seus dirigentes assumiram 1º nos crimes praticados contra os povos eslavos (incluindo os polacos) e contra os judeus e 2º no seu desaparecimento enquanto Estado, de 1939 a 1945, foram amplamente partilhadas pelos seus tutores estrangeiros. Para citar apenas um exemplo, não era só a Polónia que tinha o poder de impedir a entrada do exército vermelho em território polaco em 1938 (para salvar a Checoslováquia) ou em 1939 (para salvar a própria Polónia) mas também os seus mestres franceses e ingleses, que além disso ainda tinham “garantido” no papel as suas fronteiras em Março-Abril de 1939, e que a encorajaram a tratar Moscovo como “lacaio” segundo a expressão de Jdanov (Junho de 1939). Exactamente do mesmo modo que as elites checoslovacas, com receio de classe e com medo de ver as suas fronteiras salvas pelo exército vermelho, cederam às pressões exercidas por Paris e por Londres para obter delas a destruição do seu próprio Estado.

Os dirigentes russos parecem dispostos, por razões que só eles sabem, a abordar a sua história nacional do período entre-duas-guerras e da Segunda Guerra mundial dum modo mais sério do que até aqui, não só o fim da URSS, mas da era de Khrouchtchev. O qual modo tratava com um alto grau de fantasia a história dos anos 1920-1950, como observou em ‘La Russie en guerre’ o excelente jornalista e escritor britânico Alexander Werth, um russófilo de longa data, pai de Nicolas, o papa francês duma “sovietologia” armada em história dos “crimes de Estaline”. A historiadora que eu sou congratula-se com esta viragem perceptível desde há algum tempo, e aprecia o que se anuncia pelo menos como o fim da fase de intoxicação pura e simples que caracterizou as três últimas décadas no que se refere à URSS e à sua história. A cidadã também. As duas esperam com impaciência saber como é que a ideologia dominante nos vai dar contas em Maio-Junho de 2010 do 70º aniversário do Desastre francês de Maio-Junho de 1940, sobre o qual há tanto a dizer.

Cordialmente.

Annie Lacroix-Riz

30 de Agosto de 2009


Carta de Bernard Fischer a intelectuais comunistas franceses

Camaradas

Podem ver abaixo uma mensagem para o fórum de discussão do site www.comite-valmy.org na sequência da publicação nesse site de uma mensagem de um jornalista russo relativa ao septuagésimo aniversário do pacto germano-soviético.

No dia 3 de Setembro de 1939, faz agora setenta anos, uma semana depois da assinatura do famoso facto germano-soviético, dá-se a invasão da Polónia pela Alemanha de Hitler, é o início da segunda guerra mundial.

Toda a história da segunda guerra mundial é polémica. Passados setenta anos, há um grande número de versões relacionadas com os principais acontecimentos desta guerra, e a assinatura do pacto germano-soviético é efectivamente um acontecimento importante desta guerra. Este ano não aparecerá nenhuma nova versão, nem da Ria Novosti, nem deste site, nem de qualquer outro sítio e nenhum juízo moral seja em que sentido for alterará o que quer que seja à história.

Do meu ponto de vista, as questões mais importantes são as questões das causas da segunda guerra mundial, a questão da situação política na Alemanha entre 1933 e 1939, a questão da luta contra o fascismo, a questão da política do partido comunista alemão entre 1933 e 1939, a questão das relações entre a Alemanha e a União Soviética entre 1933 e 1939 e a questão das consequências reais dessas relações do ponto de vista dos governos de um determinado número de países europeus geograficamente intermédios como, por exemplo, a Finlândia, a Polónia e a Checoslováquia; é a famosa questão da assinatura dos acordos de Munique e da anexação da região dos sudetas pela Alemanha de Hitler. Na Polónia, há uma questão de verdade histórica importante no que se refere à questão dos massacres de Katyn. Na União Soviética, há a questão das relações entre Estaline e o estado-maior do exército vermelho, por exemplo, um tal Toukhatchevsky.

Vocês conhecem certamente essas questões e certamente têm a vossa opinião particular. A minha única pergunta é a seguinte : Quantos historiadores trabalham actualmente nestas questões, na Rússia, na França ou noutros países ? Por exemplo, façamos essa pergunta a Annie Lacroix Riz ou então a Bruno Drweski

Saudações militantes.
Bernard Fischer