terça-feira, 23 de março de 2010

Críticas a Israel.....

Israel: defensores dos direitos humanos temem “caça às bruxas”


 Editado por Carlos Gorito - Le Monde – Paris
JERUSALÉM – Os especialistas falam de um clima de “caça às bruxas”, e Gideon Levy, editor independente do jornal Haaretz, não hesita em denunciar a orientação “macartista” do movimento Im Tirtzu. Defendendo os “valores do sionismo”, este lançou uma violenta campanha contra o New Israel Fund (Novo fundo israelense, NIV), uma fundação que financia as principais organizações de defesa dos direitos humanos israelenses, e sua presidente, a professora Naomi Chazan.
 
Segundo o Im Tirtzu, que recebeu o poderoso apoio do jornal popular Maariv, o NIV financia as dezesseis organizações não governamentais (ONG) que forneceram “92% das referências negativas” contidas na relação do juiz sul-africano Richard Goldstone, o qual acusa Israel de ter cometido “crimes de guerra” durante a guerra de Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Conhecido por sua orientação de extrema direita, o Im Tirtzu está próximo dos meios evangélicos americanos.
Ele acaba de obter uma primeira vitória: Naomi Chazan, editora respeitada do Jerusalem Post há dez anos, recebeu um e-mail anunciando-lhe que seu vínculo havia terminado. Mas o confronto não acabou: na Knesset, o Parlamento israelense, vários deputados comandam uma ofensiva brutal, qualificando as ONGs visadas de “traidoras” pertencendo a uma “quinta colônia”.
Uma proposta de criação de comissão de inquérito parlamentar foi apresentada, com o objetivo de desvelar as fontes de financiamento do New Israel Fund. Ele, que foi criado em 1979, tem sua sede em Washington. Recebe doações dos judeus americanos, e direcionou após sua criação mais de 200 milhões de dólares a numerosas organizações que partilham os ideais de democracia e de justiça social.
Entre elas temos B’Tselem, Breaking the Silence, a Associação pelos Direitos Cívicos em Israel, o Comitê Público contra a Tortura, Médicos pelos Direitos do Homem, Yesh Din, Adalah, Hamoked, etc., ou seja, as principais organizações que defendem os direitos dos Palestinos, dão a palavra aos soldados israelenses amordaçados pela censura militar e, de uma maneira geral, conduzem o combate da liberdade de expressão.
Movimento de repressão
Em nome de treze dessas organizações, a B’Tselem escreveu ao presidente Shimon Pérès, ao primeiro ministro, Benyamin Nétanyahou, e ao porta-voz da Knesset, Reuven Rivlin, para denunciar uma “campanha crescente e sistemática”.Uma democracia não deve reduzir ao silêncio as vozes críticas; defender os direitos do homem é vital”, sublinha esse manifesto.
As organizações humanitárias israelenses temem que a campanha do Im Tirtzu se insira em um movimento mais geral de repressão, como aquela que atinge os militantes palestinos e israelenses que protestam contra a “cerca de segurança” e as expulsões de famílias palestinas do bairro de Cheikh Jarrah, na parte leste de Jerusalém.


Laurent Zecchini
Tradução de Liziane Mayer

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