- O salário de um operário sul-africano equivale a
aproximadamente R$ 350,00.
- Segundo relatórios da ONU, a África do Sul é um dos
dez países com maior desigualdade de renda no mundo.
- 79,8% da população sul-africana é composta de negros,
9,1% de brancos, 8,9% de mestiços e 2,1% de hindus e asiáticos.
- 44% da população desse país vive na zona rural.
- Mas 5,7 milhões de pessoas (mais de 10% da população)
estão infectadas pelo vírus HIV (Aids). A cada ano são 500 mil
novos casos, 20% deles entre crianças. Estudos contabilizam uma
média de mil mortes por dia em decorrência da doença.
- 27% da população está desempregada. 65% dos
desempregados tem menos de 35 anos de idade.
- Na África do Sul ocorrem em média 28 mil assassinatos
ao ano, número quase absoluto entre as populações mais
empobrecidas.
- Dados do Banco Mundial apontam que 34% dos
sul-africanos vivem com menos de dois dólares por dia (menos de R$
4,00).
- Apenas 5% dos negros sul-africanos conseguem chegar à
universidade.
- Para a organização da copa do mundo de futebol, no
país, foram desembolsado aproximadamente R$ 4,5 bilhões.
Sul-africanos protestam contra o desrespeito e a exploração
Em sua luta contra o Apartheid1
o povo sul africano agitava a palavra de ordem "Amandla Ngawethu",
que quer dizer "Todo poder ao povo!" no idioma zulu.Após décadas de
luta, o povo sul-africano não conquistou o poder nem liberdade. Num
país massacrado pela rapina imperialista, a bilionária copa do mundo de
futebol movimenta outros bilhões em patrocínio, especulação de grandes
empresas e ainda mais exploração do povo daquele país.
Desde as vésperas da copa milhares de trabalhadores se levantaram em
combativas greves e protestos, revelando à força a África do Sul que as
câmeras do monopólio das comunicações imperialista tenta a todo custo
ocultar.
Em meados de maio último, poucas semanas antes da copa, os servidores
públicos entraram em greve na África do Sul. O mesmo ocorreu
com os trabalhadores dos transportes e os da estiva
(carregadores dos portos) que interromperam durante dias as
exportações de metais, carros, frutas e vinho para a Europa e a Ásia,
assim como as importações de peças de veículos e combustível,
provocando grande prejuízo às grandes empresas imperialistas sediadas
no país.
Com isso eles ainda impediram a chegada de diversos equipamentos
esperados para a realização da copa no país. Os operários afirmavam
através de suas combativas ações que sem o cumprimento com seus
direitos não haveria copa.
A greve nos transportes durou mais de três semanas
e
só foi encerrada com a promessa de atendimento das reivindicações dos
trabalhadores.
Faltavam duas semanas para o início da copa quando, em 26 de maio,
os
16 mil funcionários da Eskom, companhia de energia elétrica da África
do Sul, entraram em greve reivindicando aumento salarial de
18%.
No dia 17 de maio,
o sistema ferroviário nacional da África do
Sul foi paralisado pela greve dos trabalhadores desse setor.
Quando a greve completou seu nono dia quatro composições da Metrorail
Gauteng foram incendiadas em Parktown, uma das principais estações do
sistema urbano de Johannesburgo. Os trens ficaram completamente
destruídos, provocando um prejuízo de 15 milhões de rands à
empresa (cerca de R$ 3,55 milhões). Os empresários das ferrovias
correram à imprensa para acusar os trabalhadores ferroviários e seu
sindicato. Os poucos depoimentos de trabalhadores ferroviários
sul-africanos divulgados denunciam os baixos salários e o desrespeito
aos direitos trabalhistas.
Em 30 de maio, quando faltavam menos de duas semanas para o início da
copa,
os operários organizados pelo Congresso dos Sindicatos
Sul-Africanos - Cosatu entraram em greve contra o alto preço
do fornecimento de eletricidade e o alto custo de vida.
Em 31 de maio
os motoristas de ônibus de Johannesburgo entraram
em greve contra as péssimas condições de trabalho e baixos
salários. Esta foi a segunda paralização de rodoviários em maio. Além
das reivindicações econômicas os trabalhadores exigiam o reconhecimento
de seu sindicato Samwu. Como não tiveram suas reivindicações
atendidas, os motoristas de ônibus paralisaram novamente o trabalho no
primeiro dia dos jogos da copa como forma de pressionar os patrões pelo
cumprimento de suas promessas de melhora das condições de trabalho.
Após o jogo entre Alemanha e Austrália, na madrugada do dia 13 de
junho,
cerca de trezentos funcionários que trabalhavam em
diversas funções nos estádios realizaram um combativo protesto.
Eles haviam sido enganados pela organização da copa que pagou 190
rands (aproximadamente R$ 45) dos 1,5 mil rands (cerca de R$ 350)
prometidos. A polícia atacou os manifestantes com disparos de balas de
borracha, bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes e prendeu dez
pessoas. Os trabalhadores por sua vez responderam com pedras e garrafas
contra a tropa de choque.
Já na Cidade do Cabo, momentos antes do jogo entre Itália e Paraguai,
aproximadamente
100 funcionários contratados para organizar as torcidas abandonaram
seus postos de trabalho em protesto contra a falta de pagamento.
No dia 16 de junho centenas de
trabalhadores da copa,
pescadores locais, mulheres, estudantes, e representantes de sindicatos
reuniram em Durban para protestar contra as condições de
trabalho e a carestia de vida.
No mesmo dia
os funcionários responsáveis pela segurança de
quatro estádios iniciaram uma greve reivindicando melhores salários.
A paralisação atingiu os estádios Ellis Park, em Johanesburgo, Green
Point, na Cidade do Cabo, Moses Mabhida, em Durban, e Nelson Mandela
Bay, em Porto Elizabeth. Os seguranças alegam que foi acordado um
valor de 1.500 rands por dia de jogo (R$ 375), mas que recebem apenas
190 rands (R$ 47,50). O contrato é de 12 horas de trabalho por dia, mas
eles denunciam que a carga horária tem chegado a 16 horas. Além disso,
eles tem de pagar 1.200 rands (R$ 300) pelo próprio uniforme.
Esta é a verdadeira face da copa para os trabalhadores e as
massas populares sul-africanas: a mesma violência, exploração, miséria e
desrespeito de sempre, tudo acobertado pela maquiagem do monopólio da
imprensa que tenta apagar a realidade com vuvuzelas e o conto de uma
África do Sul exótica e "reconciliada".
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1
Apartheid quer dizer habitação separada no idioma
africâner (um misto de Holandês e Inglês. Considerado a língua imposta
pelo colonizador imposta como língua oficial na África do Sul).
Política de brutal discriminação e segregação racial praticada pelos
meios reacionários governantes da República Sul-Africana contra a
população africana autóctone e também, em grande parte, contra os
imigrados da Índia. Obriga os africanos a viver em reservas; os nativos
estão privados de direitos cívicos, o seu salário é muito inferior ao
dos brancos, etc. Qualquer transgressão da lei sobre a habitação
separada é considerada como um crime de direito comum. À época os
Estados socialistas e os países em desenvolvimento condenaram a
política de apartheid: um certo número de documentos adotados pela ONU
qualificaram o apartheid de crime contra a humanidade, de violação dos
princípios do direito internacional, nomeadamente dos fins e dos
princípios da Carta da ONU, e proclamam que ele constituia uma grave
ameaça para a paz e a segurança dos povos.
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