Os verdadeiros chefes do narcotráfico no Rio de Janeiro são ligados à
rede do crime organizado transnacional que movimenta no sistema bancário
internacional cerca de 400 bilhões de dólares por ano. Esses são os
grandes responsáveis pela violência e pelo tráfico de drogas e armas em
todo o mundo. A situação que vemos no hoje no Rio reflete um quadro
internacional, onde as polícias só conseguem apreender entre 3 e 5% das
drogas ofertadas no mercado. É preciso ter em mente essa dimensão global
do crime organizado na hora de buscar soluções para enfrentar o
problema em nossas cidades. A avaliação é do jurista Wálter Maeirovitch
(foto), colunista da revista Carta Capital e ex-secretário nacional
antidrogas da Presidência da República.
Compreender essa dimensão global é condição necessária para evitar
discursos e propostas de soluções simplistas para o problema.
Maierovitch dá um exemplo: “Os produtos principais do tráfico de drogas
são a maconha e a cocaína. Tomemos o caso da cocaína. Sua matéria prima,
a filha de coca, é cultivada nos Andes, especialmente no Peru, Bolívia,
Colômbia e Equador. No entanto, a produção da cocaína exige uma série
de insumos químicos e nenhum destes países tem uma indústria química
desenvolvida. O Brasil, por sua vez, possui a maior indústria química da
América Latina”. Ou seja, nenhum dos países citados pode ser apontado,
isoladamente, pela produção da cocaína. Essa “indústria” tem um caráter
essencialmente transnacional.
Novas tendências das máfias transnacionais
Presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências
Criminais, Wálter Maierovitch é um estudioso do assunto há muito tempo. O
livro “Novas Tendências da Criminalidade Transnacional Mafiosa”
(Editora Unesp), organizado por ele e por Alessandra Dino, professora da
Universidade Estadual de Palermo, trata dessas ramificações
internacionais do crime organizado. A primeira Convenção Mundial sobre
Crime Organizado Transnacional, organizada pela ONU, em 2000, em
Palermo, destacou o alto preço pago ao crime organizado internacional em
termos de vidas humanas e também seus efeitos sobre as economias
nacionais e sobre o sistema financeiro mundial, onde US$ 400 bilhões são
movimentados anualmente.
Em 2009, diante da crise econômico-financeira mundial, o czar
antidrogas da ONU, o italiano Antonio Costa, chamou a atenção para o
fato de que foi o dinheiro sujo das drogas funcionou como uma
salvaguarda do sistema interbancário internacional. “Os bancos não
conseguem evitar que esse dinheiro circule, se é que querem isso”,
observa Maierovitch. A questão da droga, acrescenta, é muito usada hoje
para esconder interesses geopolíticos. Muitos países são fortemente
dependentes da economia das drogas, como é o caso, por exemplo, de
Myanmar (antiga Birmânia), apontado pela ONU como o segundo maior
produtor de ópio do mundo (460 toneladas), e de Marrocos, maior produtor
mundial de haxixe. (Clique aqui para ler mais)
Foto 1: Divulgação
Foto 2: Marcelo Cassal Jr (Agência Brasil)
Foto 2: Marcelo Cassal Jr (Agência Brasil)
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