As
mais recentes revelações do site WikiLeaks mostram uma faceta do
ex-senador Heráclito Fortes (foto) que muitos já imaginavam existir. O
ex-senador prefere negar, como outros indicados pela WikiLeaks o
fizeram. Heráclito não tem coragem de admitir ter sugerido ao então
embaixador estadunidense Clifford Sobel que o governo dos Estados Unidos
estimulasse a produção de armas no Brasil para conter supostas ameaças
de Venezuela, Irã e Rússia, como revelou o site WikiLeaks.
O povo do Piauí
julgou este senhor nas urnas, impedindo que ele tivesse mais oito anos
de mandato no Senado. Na verdade, o Piauí livrou-se de um político
pernicioso aos interesses nacionais. Quando Heráclito Fortes tinha
mandato, os meios de comunicação de mercado lhe proporcionavam grandes
espaços, sobretudo ao criticar pontos positivos da política externa do
governo Lula e o próprio Presidente da República. Portanto, o Brasil
consciente agradece ao povo do Piauí por mandar este Heráclito Fortes
para o lixo, de onde se espera nunca mais saia.
Tem políticos do
Demo e do PSDB que continuam por aí seguindo a mesma linha de Fortes. As
revelações do site WikiLeaks mostram também como são promíscuas as
relações de alguns políticos brasileiros com diplomatas estadunidenses.
A patota do
Heráclito Fortes e adjacências não vai gostar nada da informação segundo
a qual o governo da Venezuela anunciou ter ampliado suas reservas
petrolíferas para 297 bilhões de barris. Se o fato for mesmo confirmado
pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a República
Bolivariana da Venezuela se transformará no país com a maior reserva de
petróleo do mundo, maior até do que a Arábia Saudita, aliadíssima dos
Estados Unidos.
Falando em mundo
árabe, a Tunísia está dando um exemplo de como é fundamental a
mobilização popular. O povo nas ruas tirou um ditador corrupto, Zine El
Abidine Ben Ali, que fugiu exatamente para a Arábia Saudita, levando
ouro e tudo mais para viver nababescamente.
Na área de
imprensa, os jornalistas tunisinos estão fazendo uma revolução que deve
servir de exemplo em muitas partes do mundo. Segundo o Le Monde, ao
levarem a cabo a “Revolução do Jasmim”, os jornalistas estão
assenhoreando-se da linha editorial nas redações, sem, por enquanto,
exigir a saída de sua direção. Formam comitês de redação nos meios de
comunicação do Estado, nos jornais privados vinculados ao antigo regime e
até naqueles do ex-partido no poder, a União Constitucional
Democrática, cuja dissolução as massas populares estão a exigir nas
ruas. «Somos nós que vamos decidir doravante a linha editorial»,
garantiu o jornalista Faouzia Mezzi. O jornalista Taukif Ben Brik,
ferrenho opositor do regime de Ben Ali, será candidato na eleição
presidencial que deverá ocorrer dentro de seis meses.
Os donos do poder
na Tunísia querem trocar o seis pelo meia dúzia, ou seja, que permaneça
no poder o esquema anterior, apenas com a saída de Ben Ali. O povo e os
jornalistas não aceitaram o jogo e almejam um novo país, sem esquemas
corruptos e ditatoriais, do tipo que se subordina sem pestanejar aos
ditames do mercado financeiro. O povo percebeu a manobra e segue nas
ruas exigindo virar a página em definitivo.
Por aqui seguimos
sob o impacto da tragédia na região serrana. Um esclarecimento, o que
houve na região serrana não foi o evento natural com o maior número de
mortos. O maior até agora ocorreu em 1967 na Serra das Araras, quando a
encosta desabou matando entre 1.500 e 1700 pessoas, cujos corpos ficaram
lá mesmo e não foram encontrados. Como naquele ano o país vivia em
plena ditadura, muitas informações foram omitidas, mas não dá para
esquecer o fato, como fizeram os jornalões e telejornalões de hoje.
E, para finalizar,
vale assinalar que o município de São Lourenço segue sob a influência
nefasta da Nestlé, que vem utilizando os poços de água mineral daquela
cidade para fabricar água marca PureLife. Diversas organizações da
cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões.
Segundo informa a jornalista Carla Klein, para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde,
desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente. E a
desmineralização de água é proibida pela Constituição. Cientistas
europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e
acrescenta sais minerais em larga escala as águas minerais naturais, o
que pode ter reflexos em outras cidades vizinhas.
Tem mais: como na
Europa a campanha contra a Nestlé se intensificou e conta com apoio de
Igrejas que denunciam o que acontece em São Lourenço, o próprio
presidente da empresa tinha cedido às pressões e prometeu o fim dos
trabalhos na cidade mineira. Aí sabem o que fez o governo tucano de
Aécio Neves logo após a promessa do chefão da Nestlé? Baixou portaria
regulamentando a atividade da empresa em São Lourenço. Ou seja, permitiu
que a empresa multinacional continuasse a fazer o que sempre fez na
corrida pelo lucro em detrimento da população. E tudo isso acontece sob o
silêncio da mídia de mercado, que tem a Nestlé como grande ($$$$)
aliada.
Mario Augusto JakobskindÉ
um dos fundadores de Pátria Latina, correspondente no Brasil do
semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da
Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa.
Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor,
entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes
- Fantástico/IBOPE
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