Já são muitos anos de luta pelo fim
da violência contra as mulheres no Brasil e no mundo. No final dos anos
70, movimentos de mulheres e feministas já realizavam esforços para
tirar o problema da invisibilidade e torná-lo uma questão da esfera
pública. A luta não cessou.
Raquel Viana *
Entre avanços e recuos, ela se ampliou, sensibilizou outros setores,
conquistou aliados. Mas ainda é necessária, pois, se é impossível não
reconhecer os avanços obtidos com uma maior conscientização das
mulheres, com as políticas publicas implementadas, em especial, pelo
governo do presidente Lula – como a Lei Maria da Penha –, é preciso
reconhecer que há um longo caminho a trilhar.
Ainda é forte a naturalização dessa violência. Parece natural que
mulheres tenham suas vidas interrompidas, que sejam desqualificadas e
tratadas como mercadorias, que sejam impedidas de realizar sonhos, seja
de estudar, de trabalhar, de ser dona do próprio destino, assim como o
fato de muitas mulheres violentadas sexualmente sejam obrigadas a seguir
com uma gravidez que não desejaram, porque poucos se importam com a
defesa de suas vidas.
Não foi à toa que, em 2010, o tema escolhido pela Prefeitura de
Fortaleza para a campanha de prevenção e enfrentamento à violência
contra a mulher tenha sido Violência contra a mulher: isso não é
natural. Devemos desconstruir essa ideia da naturalização da violência. É
preciso reforçar que ela é fruto de relações desiguais entre homens e
mulheres.
E é lamentável ver o machismo continuar a matar todos os dias.
Milhares de mulheres são brutalmente assassinadas no Brasil. No Ceará,
foram 153 somente em 2010, segundo a Delegacia de Defesa da Mulher.
Avançam em números e na crueldade com a qual são praticados, como das
duas vítimas estupradas, assassinadas e jogadas literalmente no lixo, ou
da mulher, grávida de cinco meses, assassinada por seu ex-marido. Mesmo
quando os crimes têm como causa o tráfico de drogas, o componente da
violência sexista está presente, através da violência sexual. Será que
isso nos diz alguma coisa?
O machismo, as relações desiguais e a opressão, combinados à
impunidade, são fatores importantes para entender a problemática da
violência sexista. É preciso que a sociedade se debruce mais sobre o
tema. Necessário se faz efetivar a Lei Maria da Penha na sua
integralidade, bem como ampliar cada vez mais as políticas públicas.
Mas é importante que se diga: as mulheres estão reagindo e continuam
protagonizando esta luta, a exemplo da Rede de Mulheres pelo Fim da
Violência, apoiada pela Coordenadoria de Políticas para Mulheres, que
articula uma ação de conscientização de outras mulheres, de socialização
de informações sobre direitos e serviços. Tudo isso aliado aos esforços
dos demais setores da sociedade é instrumento para vencer a luta contra
a violência sexista.
* Raquel Viana é secretária municipal de políticas para as mulheres da Prefeitura de Fortaleza.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 17 de março de 2011
O machismo que mata e destroi todos os dias
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